Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise histórica da contribuição dos migrantes gaúchos pelas novas fronteiras agrícolas do país.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Análise histórica da contribuição dos migrantes gaúchos pelas novas fronteiras agrícolas do país.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2008 - Página 6056
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANALISE, DADOS, DIMENSÃO, MIGRAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), BUSCA, FRONTEIRA, AGRICULTURA, BRASIL, DIVULGAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, ETICA, TRABALHO, CULTURA, TRADIÇÃO, FOLCLORE, COOPERAÇÃO, COMUNIDADE, ECONOMIA FAMILIAR, COMENTARIO, OCORRENCIA, TERRAS, PAIS ESTRANGEIRO, AMERICA DO SUL.
  • IMPORTANCIA, REGISTRO, ORIGEM, SUPERAVIT, HISTORIA, ECONOMIA NACIONAL, EXPORTAÇÃO, AGROPECUARIA, AGROINDUSTRIA, RESPONSABILIDADE, MIGRANTE, DESCENDENTE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • DETALHAMENTO, HISTORIA, OCUPAÇÃO, AGRICULTURA, COLONIZAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ESTADO DO PARANA (PR), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DA BAHIA (BA), ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DO AMAPA (AP), MIGRANTE, DESCENDENTE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • COMENTARIO, HISTORIA, EMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, ITALIA, DESTINO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), MODELO, COLONIZAÇÃO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, DIREITO HEREDITARIO, INCENTIVO, MIGRAÇÃO, DESCENDENTE.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), PERIODO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, MIGRAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), COLONIZAÇÃO, REGIÃO, ESTADO DO PARANA (PR), REFERENCIA, CRIAÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADO DO AMAZONAS (AM), PRODUÇÃO, SOJA, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • ANUNCIO, CONTINUAÇÃO, ANALISE, IMPORTANCIA, MEMORIA NACIONAL, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, POVO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), AGRICULTURA, BRASIL.
  • EXPECTATIVA, MIGRAÇÃO, AGRICULTOR, BUSCA, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ALTERAÇÃO, SITUAÇÃO, LATIFUNDIO, MISERIA, POVO.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu venho hoje a esta tribuna para falar de um acontecimento épico: a diáspora do povo gaúcho, que já dura mais de um século. Estou-me referindo à movimentação de proporções bíblicas do povo sul-rio-grandense pelas novas fronteiras agrícolas de todo o nosso Brasil.

            Posso dizer sem medo - sem nenhum medo de errar - que, em todos os lugares deste imenso País em que novas terras foram incorporadas à produção agrícola, lá estavam os gaúchos.

            Além do hábito cotidiano do chimarrão e do churrasco, levavam na bagagem a ética do trabalho duro que herdaram de seus ancestrais. Para todos os lugares para onde migraram, nossos colonos carregaram consigo suas danças, sua cultura, sua música, sua poesia. Centenas de Centros de Tradição Gaúcha, os tradicionais CTGs, espalham-se hoje do Oiapoque ao Chuí. Em todas as novas terras que ocuparam fizeram prevalecer o hábito do trabalho cooperativo, de forte coesão comunitária. Trabalho familiar, família com família.

            Estima-se que mais de 2,5 milhões de gaúchos, afora seus descendentes, vivem hoje fora do Rio Grande do Sul. Esse número supera em muito o dos grandes Estados do Nordeste, tradicionalmente considerados os principais pólos de migração interna.

            Pode-se dizer que um de cada nove gaúchos mora fora da terra que o viu nascer.

            Se uso aqui esta palavra forte - diáspora! -, é porque a movimentação dos gaúchos guarda alguma coisa de dispersão dos judeus, que, mesmo espalhados pela Terra, ao longo dos séculos, mantiveram seus rituais e sua crença.

            Aliás, é importante ressaltar que os gaúchos não se espalharam apenas pelo território brasileiro. Lá estão eles no Paraguai, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, levando as suas idéias e a sua cultura.

            Hoje a palavra diáspora serve para indicar a dispersão de um povo em conseqüência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica. No caso do Rio Grande do Sul, o problema que afastou a nossa gente foi sempre a natureza econômica e a busca do melhor.

            Antes de entrar propriamente nessa saga moderna, eu gostaria de chamar a atenção dos Senadores para um aspecto relevante da economia brasileira que nunca foi examinado com a profundidade que merecia. A verdade é que os grandes superávits brasileiros das últimas décadas, obtidos em grande parte com a exportação de nossos produtos agrícolas, pecuários ou de agroindústria, foram gerados principalmente por esses migrantes gaúchos espalhados pelo Brasil inteiro, afora os do Rio Grande do Sul.

            Ocorre que todos os principais Estados exportadores de produtos agropecuários no Brasil receberam, em um ou outro momento, grande leva de imigrantes gaúchos ou de descendentes de gaúchos nascidos em outros Estados. Por exemplo, foram os gaúchos que levaram o progresso e o desenvolvimento ao oeste do Paraná e de Santa Catarina, e os filhos desses gaúchos no Paraná e em Santa Catarina foram para o Mato Grosso, para a Amazônia e para outros Estados.

            Dou um exemplo concreto, repito. O setor agrícola brasileiro fechou o ano de 2007 com um superávit recorde de cerca de US$50 bilhões. Exportamos US$58,4 bilhões de produtos agrícolas contra importações de US$8,7 bilhões. Exportamos, repito, US$58,4 bilhões de produtos agrícolas e importamos US$8,7 bilhões de produtos agrícolas. Como o saldo da nossa balança comercial foi de R$40 bilhões, pode-se dizer que, sem o agronegócio, não teríamos saldo positivo. Pelo contrário, teríamos um saldo negativo de R$10 bilhões.

            O impressionante recorde do setor agrícola do ano passado basta para aprovar o que digo: gaúchos ou seus descendentes estão na origem das sucessivas safras recordes de grão, de aumento das exportações de carne, de sucessivos aumentos da nossa agroindústria ao longo dos últimos dez anos. Isso é o que precisa ser registrado.

            O que estou afirmando sobre a importância dos migrantes gaúchos pode ser testemunhado por inúmeros Senadores aqui presentes. Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Piauí, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Amapá são hoje os grandes centros da agroindústria e da produção agropecuária. Ora, esses são justamente os Estados que mais receberam agricultores sul-rio-grandenses ou seus descendentes, já nascidos em outras Unidades da Federação.

            No último caso, está Rondônia, Estado que recebeu um grande número de gaúchos, mas cujo maior fluxo de migração veio do Paraná. No entanto, esses paranaenses, em grande parte, são os descendentes dos gaúchos que foram para o Paraná. Eles chegaram ao oeste e ao sudoeste do Paraná a partir de 1940, e seus filhos e netos é que foram para Rondônia.

            Srªs e Srs. Senadores, o Rio Grande do Sul recebeu, no século XIX, dois grandes fluxos migratórios vindos de uma Europa então empobrecida e com gente passando fome. Como a região do pampa, de terras planas, já estava ocupada desde o século XVIII, os imigrantes europeus, notadamente italianos e alemães, foram trazidos para domar as florestas e as serras que ficavam no norte do Rio Grande do Sul.

            Os germânicos começaram a chegar a partir de 1824, e os italianos desembarcaram meio século depois, em 1875. A pequena propriedade, em que se mescla a produção de alimentos e de animais para consumo próprio - vendendo-se apenas os excedentes - será a marca comum da colonização levada adiante por duas etnias.

            Por terem chegado antes, os alemães receberam terras às margens dos rios. Isso explica a rápida ascensão econômica de muitos imigrantes dessa nacionalidade, em especial os que passaram a vender o que era produzido na colônia aos comerciantes de Porto Alegre.

            Já aos italianos foram destinadas as serras íngremes, então tomadas pelas florestas. Ali foram obrigados a enfrentar uma natureza que desconheciam, de matas cerradas, com clima muito diferente daquele com o qual estavam acostumados. Em muitos lugares, tiveram de se proteger do assalto dos índios que reagiam ao avanço dos brancos.

            Sem o apoio das autoridades que os haviam atraído ao Brasil e vivendo num País cuja língua não dominavam, esses imigrantes acabaram desenvolvendo um forte senso de vida comunitária. Em torno de uma igreja, luterana ou católica, alemães e italianos construíram suas escolas e hospitais. Dotados de forte sentido de união, criaram associações de mútuo socorro: santas casas, escolas e clubes.

            Tem origem nos primórdios da nossa colonização no Rio Grande do Sul a adesão entusiasmada que os gaúchos sempre demonstraram pelo cooperativismo, ainda hoje um traço diferenciador das nossas comunidades espalhadas pelo Brasil.

            O instituto da cooperação será, repito, um dos traços mais marcantes da diáspora gaúcha.

            No início do século XX, as terras do norte e do nordeste do Rio Grande do Sul já estavam integralmente ocupadas. Naquela época, 12% da população do Rio Grande do Sul era formada por estrangeiros. Os integrantes da primeira geração nascida na nova terra começavam a chegar à idade adulta. Os imigrantes chegados em meados do século anterior estão velhos. Morrem. Isso cria um problema: como fazer a sucessão?

            As famílias de então eram numerosas, porque os pais precisavam de muitos braços para o duro trabalho no campo. Sem falar, é claro, das doenças que dizimavam um grande número de recém-nascidos. Era comum que, de uma dezena de filhos, apenas seis ou sete chegassem à idade adulta.

            Em média, uma propriedade de colonização tinha 25 hectares. Ora, a sua divisão entre vários filhos inviabilizaria a sustentação econômica de qualquer um deles.

            Tradicionalmente entre os europeus, a propriedade era herdada pelo primogênito. Assim, os demais filhos tinham que buscar novos horizontes. É isso que vai desencadear a passagem de agricultores gaúchos para os intocados campos do oeste de Santa Catarina.

            Na virada do século, a economia daquela região catarinense estava calcada na erva-mate e na extração de madeira. Entre 1912 e 1916, ocorre na região limítrofe entre Paraná e Santa Catarina um conflito sangrento, conhecido como Guerra do Contestado, que tem características semelhantes à Guerra de Canudos, mas fez um número bem maior de vítimas: 20 mil.

            Terminada a Guerra do Contestado, tem início a migração gaúcha. A maior cidade do oeste catarinense, Chapecó, hoje com 160 mil habitantes, foi fundada por um sul-rio-grandenses em 1917. Todos os maiores Municípios do oeste - Concórdia, Xanxerê, São Miguel do Oeste - nasceram de modo semelhante. Também foi fortíssima a influência de migrantes gaúchos na formação de cidades do Meio Oeste, outra região rica de Santa Catarina.

            Quando os gaúchos chegaram, grande parte das florestas catarinenses tinha sido derrubada por madeireiras de capital estrangeiro, que exploravam as terras às margens da Ferrovia São Paulo - Rio Grande do Sul.

            Naquele Estado, repete-se a colonização de pequenas propriedades. Isso vai garantir ao Estado de Santa Catarina o título que ostenta hoje de unidade da federação que tem a melhor divisão de renda do País.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, vamos agora dar um salto no tempo que nos levará aos anos 40 e ao Paraná.

            Sobre a colonização pelos gaúchos do oeste do Paraná, o repórter Luiz Sujimoto, do Jornal da Unicamp, escreveu em março de 2006:

“Está fazendo 60 anos que 21 gaúchos partiram para uma extenuante viagem até o extremo oeste do Paraná, só alcançando o destino graças a trilhas abertas pela tropa do Marechal Rondon em perseguição à Coluna Prestes. Eram desbravadores em região inóspita, que iniciaram a demarcação das terras ricas em madeira e de solo roxo, com o propósito de vendê-las a agricultores gaúchos. A notícia correu rápido em Porto Alegre e na Serra Gaúcha, entre famílias sem chance de inserção nas áreas rurais ou urbanas no Estado...”

            E prossegue o repórter do Jornal da Unicamp:

“Em 1940, havia 7.645 habitantes em todo o extremo oeste do Paraná. A população saltou para 16.421 em 1950 e para 135.697 em 1960. Pesquisa realizada por um grupo de geógrafos, em 1958, apontou que esse fluxo foi basicamente de gaúchos - vindos do norte e nordeste do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina [filhos dos gaúchos em Santa Catarina] - que naquele ano representavam 69% do total de imigrantes.”

            O oeste do Paraná foi conquistado na Guerra do Paraguai, mas, em função de dívidas assumidas na época, foi em parte explorado por uma empresa madeireira inglesa que, em meados da década de 40, devolve a terra ao Governo brasileiro.

            E conclui o jornalista da Unicamp:

“Foi quando os desbravadores gaúchos, que já vinham exercendo atividade de colonização no oeste de Santa Catarina, souberam que as glebas seriam disponibilizadas a bom preço e se cotizaram para criar, em Porto Alegre, a Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná, empresa privada de colonização. A intensa campanha de vendas, principalmente junto a descendentes alemães e italianos na Serra Gaúcha, estimulou grandes [imensos] fluxos de migrantes para o oeste paranaense”.

            A produção de milho, soja, algodão e trigo avançou rapidamente, arrastando consigo a criação de suínos e de aves. As cidades de Cascavel e Toledo, principalmente, cresceram num ritmo intenso. No entanto, já no final da década de 70, muitos dos descendentes dos que haviam chegado ao oeste do Paraná tiveram que migrar para as novas fronteiras agrícolas em busca de melhores oportunidades. Mato Grosso do Sul e Rondônia serão os principais destinos dessa nova geração.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora se considere que foi na década de 50 que começou a imigração dos gaúchos e seus descendentes para o hoje Mato Grosso do Sul, a história registra que os primeiros sul-rio-grandenses a desembarcarem naquela região teriam chegado pouco depois da Revolução Federalista.

            Esses gaúchos pioneiros dirigiram-se para lá, com suas carroças e cargueiros, por terem sido informados sobre as semelhanças entre os campos do sul e os da nova terra, também planos e apropriados à criação de gado.

            Essa imigração inicial concentrou-se na região dos atuais Municípios de Ponta Porã, Bela Vista e Amambai. Ali, onde originariamente só se explorava erva-mate, os gaúchos desenvolveram a pecuária extensiva.

            Na década de 70, uma nova leva de migrantes gaúchos estabeleceu-se em Mato Grosso do Sul, seguindo padrões de colonização diferentes da primeira. Em vez da pecuária, o que atraía o sul-rio-grandense era a possibilidade de cultivo mecanizado da soja na região centro-sul do Estado. Como as terras ainda eram baratas, os colonos vendiam suas terras no Rio Grande do Sul e podiam comprar extensões muito maiores em Mato Grosso do Sul.

            A segunda maior cidade do Estado, Dourados, já nos anos 60, sofreu um acelerado aumento populacional graças à migração, que tinha os gaúchos como maioria. Mas havia também muitos catarinenses e paranaenses, por sua vez, descendentes de gaúchos. Os sul-rio-grandenses introduziram uma cultura agrícola que consistia especialmente no tratamento do solo. Fizeram explodir a área plantada.

            No caso do Mato Grosso do Sul, merece especial atenção a cidade de São Gabriel do Oeste, Município com 25 mil habitantes, fundada no final dos anos 70 por gaúchos. O churrasco e o chimarrão são hábitos locais. Sua base econômica está na produção agrícola, sendo a soja o principal produto, seguido por milho e sorgo. Só para se ter uma idéia do progresso desse Município, basta dizer que ele é o maior produtor de soja e o segundo maior produtor de milho de Mato Grosso do Sul. Mas é também o maior produtor de sorgo do Brasil! Além disso, é o maior produtor de suínos e de avestruzes do Estado!

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores:

            Vou falar um pouco da migração gaúcha para o Mato Grosso. Destacarei apenas a presença gaúcha em três Municípios porque julgo que eles são emblemáticos dos motivos que levaram nossos agricultores àquele Estado, nos anos 70.

            O Município de Canarana, hoje com 30 mil habitantes, surgiu no início dos anos 70, quando se instalam os primeiros agricultores recrutados no Município gaúcho de Tenente Portela, pela Cooperativa Colonizadora 31 de Março, fundada e dirigida pelo pastor Norberto Schwantes e pelo economista José Roberto Schwantes.

            A cooperativa colonizadora não visava lucro, já que o objetivo de seus criadores era assentar famílias gaúchas luteranas em território mato-grossense. A iniciativa tinha o apoio do Governo Federal e do então Governo do Rio Grande do Sul - sobre esse assunto falarei oportunamente -, que desejavam tanto atrair empresários rurais para a região quanto diminuir as tensões nos conflitos de terras que começavam a explodir no Rio Grande do Sul.

            A cidade de Sorriso também nasceu em decorrência de incentivos do Governo Militar para colonização e ocupação da chamada Amazônia Legal no final da década de 70 do século passado. Apesar de a colonização ter muitos paranaenses e catarinenses, atraídos pela Colonizadora Feliz, também são numerosos os gaúchos, principalmente os da região de Passo Fundo.

            Elevada à condição de Município em 1986, Sorriso tem hoje 55 mil habitantes. A explosão demográfica decorreu em função da pavimentação da BR-163, que barateou o escoamento da produção. Atualmente, é considerado o maior produtor de soja do País; Também se destaca pela produção de algodão e milho. É o Município que, individualmente, mais produz grãos no Brasil: 3% da produção nacional e 17% da produção estadual.

            Cito exemplo ainda de Lucas do Rio Verde. Hoje, com 30 mil habitantes, é Município modelo, que ocupa um lugar de destaque no ranking dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) em nosso País. O interessante é que, até final dos anos 90, a cidade - cuja população é predominante sulista - não era servida nem por rede de energia elétrica.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Pedro Simon...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só um pouquinho. Eu já lhe darei o aparte com o maior prazer.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Aguardo ansiosamente.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com o maior prazer.

Os estudiosos de demografia consideram que são três as fases de migração brasileira com o objetivo de ocupação de fronteiras agrícolas.

A primeira, que vai dos anos 30 até a década de 60, corresponde à ocupação, pelos gaúchos, do oeste de São Paulo, oeste de Santa Catarina, norte e oeste do Paraná e sudeste de Mato Grosso.

            A segunda grande onde migratória se espalha por Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão, sendo que a construção de Brasília - ao mesmo tempo em que se abriam estradas para o centro do País - foi o fator essencial dessa movimentação.

            A terceira e última fase é a da ocupação da Amazônia, desencadeada a partir dos anos 70, por iniciativa do Governo militar, cuja idéia central era ocupar aquele imenso espaço vazio.

            A colonização de Rondônia se enquadra nessa terceira etapa. Os maiores contingentes dos que para lá se dirigiram, nos anos 70 saíram do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Os paranaenses e catarinenses, em muitos casos, eram descendentes de gaúchos que foram para aqueles estados em décadas anteriores.

            No Estado do Amazonas, também são numerosos os gaúchos. Escrevendo na revista Veja, em 1996, o jornalista João Flávio Caminoto conta a saga de uma cidade, Apuí, no sul daquele Estado, que foi criada por imigrantes do Rio Grande do Sul:

“Em 1975, Arlindo e Zulmira Marmentini, ele catarinense filho de gaúchos, ela, gaúcha de Caxias do Sul, faziam uma viagem pela Transamazônica num trailer e se impressionaram com a topografia e o tamanho colossal das árvores da região. “Ainda vamos morar neste lugar”, disse Arlindo. Não deu outra: o casal largou uma vida confortável em Curitiba, onde tinha uma empresa de transportes, e mudou-se para a floresta...”

        Em 1996, a cidade já chegava a 20 mil habitantes e era considerada o celeiro do Amazonas.

            E acrescenta o jornalista: “Todas as crianças estão na escola. A mortalidade infantil é insignificante. Uma centena de imigrantes do Sul desembarca todo mês em busca de terra, distribuída de graça pelo Governo.”

            O repórter da Veja escreve ainda sobre outra cidade do Amazonas:

“O preço do hectare nas cercanias de Humaitá, a principal cidade do sul do Estado do Amazonas, triplicou nos últimos meses. A valorização coincidiu com a chegada de uma nova leva de gaúchos. É sempre assim: um gaúcho chama outro e, em pouco tempo, forma-se uma cidade.”

            A partir dos anos 80, começam também a se estabelecer na Bahia, no Maranhão, em Roraima, no Piauí e em Palmas.

            No caso da Bahia, é de se destacar o extraordinário surto de desenvolvimento registrado nas duas últimas décadas, na área que tem Barreiras como cidade principal. Aquela região é responsável por 60% da produção de grãos do Estado, e sua renda per capita é uma das maiores do interior do Nordeste. As demais cidades da região - Desidério, Formoso do Rio Preto, Baianópolis, Correntina e Riachão das Neves - são grandes produtores de soja. Mas o maior destaque fica mesmo para a cidade de Luís Eduardo Magalhães, a mais gaúcha delas, cujo crescimento explosivo em pouco tempo causas espanto.

            Em 2004, a população da cidade de Luís Eduardo Magalhães não passava de 20 mil habitantes. Atualmente, são cerca de 50 mil habitantes, grande parte deles migrantes do sul. A presença esmagadora de gaúchos tem forte influência tanto na maneira de se comportar e falar como na maneira de se alimentar. Apesar de criada há menos dez anos, a cidade de Luís Eduardo Magalhães possui a décima economia do Estado da Bahia. Seu parque industrial conta com inúmeras grandes empresas, muitas delas multinacionais. Sua agricultura é pujante, diversificada e de grande produtividade, possuindo grandes áreas irrigadas. Sua pecuária é de alta qualidade, tanto na área genética como na tecnológica.

            Passo agora, Sr. Presidente, aos Estados da região que antigamente se chamava Meio-Norte: Maranhão e Piauí.

            No Maranhão, os gaúchos se concentram no sul, principalmente na cidade de Balsas, cuja população anda em torno de 70 mil habitantes. Com crescimento de 20% ao ano, o Município tem forte influência do sul e dos imigrantes do Rio Grande do Sul.

            A produção se dá em lavouras mecanizadas, que usam a tecnologia desenvolvida para a exploração do cerrados, transformados em imensos e ricos campos de soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. A pecuária também tem uma participação importante na economia do Município, bem como a piscicultura.

            A partir de 1992, a região de Balsas começou a produzir soja para o mercado externo, transportando-a através do Corredor Norte de Exportação. Em dez anos, a produção de grãos cresceu mais de 1.700%. Repito: mais de 1.700%.

            Passo agora ao Piauí, do meu querido irmão Senador Mão Santa.

            Na Folha de S.Paulo, em maio de 2005, depois de mencionar a grave seca que se abateu naquele ano sobre o Rio Grande do Sul, o jornalista Mauro Zafalon escreveu:

“Os gaúchos do sul estão com produtividade de 560 quilos de soja por hectare. [Os gaúchos do sul, fruto da seca, estão com produtividade de 560 quilos de soja por hectare.] Os [gaúchos] do Piauí conseguem 3.200 quilos... Os sinais da pujança desses gaúchos no Nordeste na produção de grãos começam a ficar evidentes nas estradas que levam às novas fronteiras de produção: dezenas de caminhões transportam para as novas fronteiras as colheitadeiras que estão sendo pouco utilizadas no sul.”

        O jornalista fala então de Uruçuí uma pequena cidade que tem forte presença de agricultores gaúchos e que vem registrando crescimento anual de 20% na sua produção agrícola:

“Há poucos anos, a soja não era cultivada no Município. Atualmente, são 90 mil hectares. O Piauí, que há cinco anos plantava apenas 62 mil hectares com grãos, deve atingir 240 mil hectares neste ano... O Estado tem 4 milhões de hectares à disposição. A produtividade é boa na região porque os agricultores aprenderam as primeiras lições no Sul, aprimoraram-se no Centro-Oeste e já chegaram formados e experientes [ao Piauí].

Depois de entrevistar vários agricultores gaúchos, o jornalista da Folha conta a história José Antônio Görgen, conhecido como Zezão, pioneiro no plantio de soja, que foi chamado de “louco” quando decidiu ir para o Piauí. Hoje, ele já cultiva 10,3 mil hectares no Piauí e 2,1 mil no Maranhão.

Já Anacleto Barrichelo, da cidade de Nova Santa Rosa (cidade piauiense que repete o nome de uma cidade gaúcha), que chega a colher até 75 sacas de soja por hectare em algumas áreas de sua fazenda, diz que só tem uma coisa a lamentar: “Pena que não vim para cá dez anos antes”.”

        Sr. Presidente, agradeço a tolerância de V. Exª. Hoje é uma segunda-feira tranqüila, início da Semana Santa. Voltarei a esta tribuna, porque há uma série de análises que pretendo fazer. Tratarei de outros Estados: Minas Gerais, Goiás, Roraima. Voltarei a me aprofundar nesse tema.

            O que quero é, com esses pronunciamentos, falar a todos os brasileiros, do campo e da cidade: reconheçam a saga desses novos bandeirantes. Sim, os gaúchos são os bandeirantes do século XX. Foram os gaúchos que alargaram as fronteiras agrícolas deste País, com seu trabalho e seu suor, e continuam a ser desbravadores de novas terras no início de século XXI.

            O Brasil muito deve a eles. Os seguidos superávits da nossa balança, as nossas cooperativas, o trabalho desenvolvido devem ser reconhecidos. Merecem respeito.

            É com muita alegria que ouço meu querido irmão Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, eu realmente estava ouvindo V. Exª atentamente. Então, veio a minha mente a Antiguidade, quando um filósofo disse: “Muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano”. E é isso o Rio Grande do Sul. Na política todo o Brasil reconhece Bento Gonçalves, Oswaldo Aranha... Acabei de ler o diário de Getúlio Vargas. Papaléo, é o diário que ele fez de 1930 até 1942. Ô homem trabalhador! Luiz Inácio, pelo amor de Deus, nunca mais diga que fez o Brasil. Olhe Getúlio Vargas! Papaléo, eu li de 30 a 42. Houve um acidente, foi no período da guerra, ele se chateou e disse que não tinha... passou uns 4 meses hospitalizado... que não ia mais. Mas eu li 12 anos - agora que eu terminei - do diário de Getúlio Vargas. Ele simboliza tudo o que foi feito por Getúlio Vargas. Luiz Inácio, pelo amor de Deus, nunca mais diga uma loucura destas: que fez tudo no Brasil. Eu vou dizer, eu estou com dois volumes riscados. No dia em que vir uma manchete dizendo “fui o único que fiz”, eu trago os dois, que estão em meu gabinete, e entrego ao Paim, em respeito aos Presidentes. V. Exª vai dar uma aula sobre Pedro II, 49 anos do estadista. Getúlio Vagas... Eu estou no ponto. Ó Luiz Inácio, não faça essa besteira, está entendendo? Olha, eu li. Natal, carnaval... Esse Getúlio é o símbolo; Oswaldo Aranha, e não sei quem, Pinheiro Machado, João Goulart; e vocês aqui.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Flores da Cunha...

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - E, na literatura, Olhai os Lírios do Campo, etc. Agora, isto é o que eu queria dizer: Pedro, eu tenho que agradecer ao Rio Grande do Sul. V. Exª conhece o Piauí. Pedro Simon, quando me candidataram a governador, era para ser boi de piranha, para eleger uns deputados federais. Porque eu sou é de Parnaíba, no litoral. Formei-me no Ceará, e, no Rio, vou lhe contar, a minha vida era com Adalgisa. Aí disseram: não conhece o Piauí, não conhece Picos? Eu disse: eu não conheço mesmo. Eu não era hippie e vagabundo para andar por aí, mas vou conhecer os problemas. Sabe por que eu ganhei? Porque lá estava impregnado de homens do Sul, de gaúchos, trabalhando. E eles acharam o candidato do PT. Tinha uma Rural, eles queriam tomar; o outro representava a oligarquia. Eles pegaram a minha candidatura. Mas quero dizer o seguinte: então, como gratidão e admiração a V. Exª, eu os recepcionava. Num dia só, Papaléo, chegaram trezentas famílias gaúchas, cooperativas Cotrirosa e Bom Jesus. Trezentas famílias! Lá, havia um gaúcho, Gabriel - para mim, foi igual àquele anjo Gabriel -, que era gerente da Bünge, antiga Ceval, que fui buscar e, hoje, está implantada lá. Pedro Simon, os gaúchos transformaram, nós mudamos, eles nos educaram. Então, na região sul, onde há o cerrado, hoje é uma mistura feliz, a produção cresceu. Senador Pedro Simon, nós mudamos, os gaúchos nos educaram. Onde há cerrado, hoje é a mistura feliz, e essa produção cresceu. Quero, pessoalmente, uma vez ter o prazer de levá-lo ao sul do Estado para V. Exª ver a contribuição do homem e da mulher gaúcha na formação de educação do povo piauiense e na produção local. Assino embaixo a grandeza, a saga, o exemplo. Deus me permitiu, quando fui médico residente, e vou cobrar de V. Exª. Os meus melhores amigos eram Jaime Pietá, médico residente, que tem um irmão que é Prefeito de Guarulhos, e Leo Gomes, de Dom Pedrito. Desde então aprendi a admirar a inteligência, a decência do homem gaúcho. Escolhi V. Exª como meu Líder no PMDB, e líder político.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Fico muito agradecido a V. Exª.

            Tenho certeza, Sr. Presidente, de que o depoimento do Senador Mão Santa, falando da presença dos gaúchos no Piauí, vários Senadores poderão repetir em seus Estados.

            Queria dar um aparte aos meus amigos, principalmente para o Senador Eduardo Suplicy. Porém, peço-lhes desculpas, pois, em face de meu tempo tão alongado, recebi uma determinação: “Simon, só não dê mais apartes”. Os senhores entendam. Obrigado. Apenas encerro.

            O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Apenas peço a compreensão do Senador Eduardo Suplicy, considerando...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Se me permitir um aparte, eu serei brevíssimo.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Quem concedeu o aparte a V. Exª foi a Mesa, e eu fico muito feliz com isso.

            O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Desde que V. Exª consiga ser brevíssimo, tem o aparte, nobre Senador.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Pedro Simon...

            O SR. PEDRO SIMON (PDMB - RS) - Pois não.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª traz aqui um testemunho formidável a respeito do valor dos gaúchos no desenvolvimento do seu próprio Estado, mas levando o seu conhecimento a todos os lugares do Brasil, inclusive até o Estado do Senador Mão Santa, o Piauí. V. Exª destacou o valor extraordinário dos rio-grandenses-do-sul em promover atividade na agricultura, nas formas cooperativas de produção em tantas instituições. V. Exª foi um dos Senadores que, ainda que do PMDB, ressaltou também inovações como as que foram realizadas primordialmente pelo PT em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, como o Orçamento Participativo. Mas, sim, o Partido de V. Exª, o PMDB, também tem realizado prévias ali muitas vezes extraordinárias. Mas eu gostaria de ressaltar que o Rio Grande do Sul deu um bom exemplo de prática jurídica neste final de semana, ontem, na disputa tão equilibrada entre Miguel Rossetto, ex-Ministro, e a Deputada Maria do Rosário, para ver quem seria escolhido candidato a prefeito, e o resultado foi muito equilibrado.Portanto, os dois tiveram extraordinário mérito. Quatro mil trezentos e setenta e nove filiados votaram: 2.137 para Rosseto, 2.193 para Maria do Rosário, com uma diferença de apenas 56 votos. Mas eu quero sobretudo cumprimentar algo importante do Rio Grande do Sul: esse exemplo de prática da democracia, em que ambos os lados tiveram um embate bonito e que todo o País acompanha.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço a V. Exª. Realmente foi um exemplo muito bonito essa prévia. Esperava-se a vitória do ex-Vice-Governador, mas a Maria do Rosário, em uma demonstração de que a época está se abrindo para as mulheres, surpreendeu a todos. Mas eram dois grandes candidatos. Acho que o PT irá com um grande candidato.

            Eu agradeço a V. Exª, Sr. Presidente. E voltarei a esta tribuna para abordar dois aspectos.

            Um, que é muito interessante: é muito difícil encontrar outra realidade semelhante a esta: os gaúchos que estão lá na cidade do interior, em qualquer lugar do Brasil, se dedicam, amam a sua terra, o seu novo Estado. Mas eles guardam uma dedicação aos usos e costumes, aos hábitos, são arraigados no ideal que eles trouxeram: eles estão com a bombacha no Nordeste, eles estão tomando chimarrão e comendo churrasco no meio da seca e do calor. Há milhares de CTGs espalhados pelo Brasil. Eu fui a Mato Grosso - o Tebet me levou -, em uma cidade do interior, onde fomos assistir ao Congresso Estadual dos CTGs de Mato Grosso do Sul. Eles levam aquela história e aquela tradição.

            A segunda coisa - vou voltar a esta tribuna para dizer, Sr. Presidente - é que vejo com muito carinho esse trabalho, mas o que lamento é que nós, os Governadores do Rio Grande do Sul e a gente do Rio Grande do Sul, não tivemos a competência. Uma metade do Rio Grande tem esse exagero até de população - pelo que me conste, são milhões -, mas, na outra metade, tem o latifúndio. Isso que eles fizeram em Santa Catarina, no Paraná e no Mato Grosso poderia ter sido feito lá no Rio Grande do Sul, naquela outra metade, que, em vez de ser uma metade vivendo, sofrendo, pobre, seria uma região realmente muito rica.

            Eu era Deputado Estadual quando formaram as cooperativas para levar essa gente de ônibus e de avião para a Amazônia. Eu dizia: “Tudo bem que levem para lá, mas por que não levam uma parte para aqueles milhares de hectares de latifúndios, com fazendas, algumas produtivas e muitas sem produzir nada, onde poderíamos fazer ali também um grande desenvolvimento?”

            Talvez ainda haverá esse dia em que aquela metade do Rio Grande vai ver essa gente do próprio Rio Grande levar para o Rio Grande o crescimento que levou para o Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2008 - Página 6056