Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa de investimentos de grande porte no Estado do Maranhão. (como Líder)

Autor
Roseana Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: Roseana Sarney Murad
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Defesa de investimentos de grande porte no Estado do Maranhão. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2008 - Página 6075
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • QUALIDADE, EX GOVERNADOR, COMENTARIO, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), CONSTRUÇÃO, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, ENERGIA, VITORIA, OBSTACULO, SUBDESENVOLVIMENTO, DETALHAMENTO, SITUAÇÃO, FERROVIA, PORTO, USINA HIDROELETRICA, ATENDIMENTO, CORREDOR DE EXPORTAÇÃO, PREPARAÇÃO, RECEBIMENTO, INVESTIMENTO, MINERAÇÃO, SIDERURGIA, TURISMO, AGRICULTURA, EXPORTAÇÃO, APREENSÃO, ATUALIDADE, PARALISAÇÃO, PERDA, OPORTUNIDADE, ESPECIFICAÇÃO, DESISTENCIA, EMPRESARIO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, SUPERIORIDADE, TRANSFERENCIA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), REFINARIA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), SAIDA, PROTESTO, INDUSTRIA SIDERURGICA, PLANTIO, EUCALIPTO, MUNICIPIOS.
  • CONCLAMAÇÃO, POLITICO, AUTORIDADE, EMPRESARIO, MOBILIZAÇÃO, ATUAÇÃO, INVESTIMENTO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), REGISTRO, GESTÃO, ORADOR, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD).

            A SRª ROSEANA SARNEY (PMDB - MA. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago a esta tribuna um tema da maior relevância para meu Estado e sobre o qual desejo chamar a atenção desta Casa e da Nação. Trata-se da repetição cada vez mais angustiante do desperdício de oportunidades para fazer valer a magnífica infra-estrutura que implantamos no Maranhão.

            A nossa relação político-administrativa com o Maranhão vem de um tempo em que o Estado era só um retalho do mapa do Brasil, distante das vias de interligação asfaltadas com as demais regiões do País.

            O nosso litoral era nada em termos de logística, e o máximo que se via era uma ou outra barcaça buscando o Cais da Sagração depois de longas e tensas viagens entre a capital e cidades com as quais não se tinha contato por terra.

            A energia elétrica era o que se gerava com a queima de combustíveis fósseis, dispendiosa, restrita e impeditiva de qualquer ensaio de desenvolvimento.

            Foi daí que partimos de um Estado que não era só pobre. Era pobre e sem perspectivas.

            Uma a uma das engrenagens dessa magnífica infra-estrutura que nos diferencia hoje foi sendo montada, com visão de futuro, quebrando lanças com um e outro Estado fronteiriço.

            Fizemos prevalecer os potenciais naturais de nossa terra, nós nos impusemos através de razões técnicas, a despeito do maior peso político de outros pontos de interesse.

            Hoje o Maranhão é desembocadouro do Corredor Norte de Exportação, das ferrovias Carajás, Itaqui e da Norte-Sul, esta última ainda em construção, mas com trechos já em operação a partir do Tocantins.

            Essas ferrovias possibilitam não só transportes de riquezas, mas, acima de tudo, estabelecem veios potenciais de desenvolvimento, sensíveis a qualquer ensaio de política indutora de geração de emprego e renda.

            O Maranhão se tornou tronco de distribuição da energia elétrica gerada por Tucuruí e, por meio disso, adquiriu sua auto-suficiência também nesse setor. Agora mesmo, um consórcio de empresas privadas constrói, no rio Tocantins, uma das únicas, senão a única grande hidrelétrica em construção no Brasil, que vai acrescentar mais de mil megawatts à capacidade geradora do País.

            Os portos de São Luís, também fruto da nossa relação político-administrativa com o Estado e da capacidade realizadora que ali se estabeleceu por algumas décadas, são os mais estratégicos em termos de logísticas, tanto pela generosidade da natureza, que nos deu calado de mais de 23 metros, quanto pela localização geográfica que posicionam o Itaqui e o Ponta da Madeira como os mais próximos de importantes centros comerciais do mundo.

            E o que não dizer das ferrovias que nos interligam à maior mina de minério de ferro do mundo e que nos dão a condição de extremidade do Corredor Centro-Norte de Exportação?

            São esses os recursos de que o Maranhão de hoje dispõe. Um Estado ainda pobre, mas equipado para continuar um processo de investimento em setores de mineração e siderurgia, agronegócio e turismo, serviço de infra-estrutura e comércio.

            Essa preparação exigiu planejamento, capacidade de realização e um longo tempo de execução, etapas que se entremearam por disputas regionais que chamaram a atenção do Brasil, todas elas vencidas por nós, graças às potencialidades que o Maranhão traz da sua origem, da consistência dos nossos projetos e da nossa disposição para atrair parceiros e investidores.

            O tempo da montagem dessa infra-estrutura e da transformação do Maranhão nessa terra de excelentes oportunidades se cumpriu. Governadora por dois mandatos consecutivos, consegui implantar grandes projetos estruturantes e complementar outros iniciados, graças ao trabalho e à visão de futuro de Governantes como José Sarney, Edison Lobão, Epitácio Cafeteira e João Alberto.

            Infelizmente, Sr. Presidente, há quase seis anos, o meu Estado tem se transformado na “terra das oportunidades perdidas”. A começar pela siderúrgica dos chineses da Boasteel, um investimento de US$2,5 bilhões, 10 mil empregos na fase de implantação e 3 mil empregos diretos a partir do seu funcionamento. Houve de tudo: visita dos chineses ao Maranhão; visita do Governo do Maranhão aos chineses em Xangai; protocolo de intenções, e o estabelecimento dos encargos que o Governo do Maranhão deveria cumprir para que o projeto se realizasse.

            O tempo passou e os chineses, infelizmente, mudaram de pouso. Foram construir a siderúrgica em Vitória, no Espírito Santo, cansados das indefinições e descompassos das autoridades maranhenses. Quantos empregos foram jogados fora.

            Antes, outro Governo já deixou passar outra oportunidade: a refinaria que a Petrobras está construindo no Nordeste foi para Pernambuco. Quem vai se abastecer com os produtos da refinaria pernambucana são os Estados do Maranhão, do Tocantins, de Goiás, de Mato Grosso e do Piauí. O excedente poderia ser exportado, graças às vantagens de logística do Corredor Centro-Norte, que tem, em uma de suas pontas, o Porto do Itaqui. Portanto, mais empregos jogados fora.

            Por último, já no atual Governo, deixa o Maranhão o Grupo Gerdau, que comprou o projeto da Margusa, no Município de Bacabeira, que produz ferro-gusa. Era intenção do grupo desenvolver um plantio de eucalipto em áreas dos Municípios do Baixo Parnaíba, mais precisamente em Santa Quitéria, Belágua, Urbano Santos e outros Municípios igualmente carentes de investimentos e oferta de empregos, e, futuramente, construir uma aciaria.

            Submetidos a exigências absurdas, cancelamentos sucessivos de audiências públicas, atrasos e descaso das autoridades estaduais aos projetos submetidos à análise, cansaram-se também. Foram procurar outra freguesia.

            Boasteel, Petrobras e Gerdau: juntos, os projetos frustrados somam quase US$5 bilhões de investimentos; os empregos que seriam ofertados ultrapassariam a casa de 20 mil postos de trabalho.

            Agora mesmo vemos o anúncio da implantação de uma usina siderúrgica no Pará. E o que nos inquieta não é só o compreensível pecado da inveja. Afinal, grupos privados estão construindo siderúrgicas no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e mais uma no Ceará. O que nos dói é constatar que, apesar de tudo o que construímos em infra-estrutura e logísticas nos últimos 40 anos, estamos sendo expulsos da fila de oportunidades dos grandes investimentos nesses últimos cinco ou seis anos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o momento requer uma tomada de atitude. Não basta ter o nome na história como partícipe da construção do ambiente que hoje existe no Maranhão para o seu desenvolvimento e para a construção da felicidade do seu povo.

            Estou determinada a levantar uma frente pelo fim dessa seqüência angustiante de oportunidades perdidas.

            Já falei com o Presidente Lula, que se mostrou interessado. Já iniciei contatos com a Vale do Rio Doce. Já falei com o Ministro Edison Lobão e, juntos, haveremos de conseguir, com a graça de Deus, um investimento desse porte para o nosso Estado.

            Quero daqui convocar os empresários da minha terra para que unamos forças nessa direção, ao mesmo tempo em que apelo aos nossos governantes para que não atrasem mais a chegada do desenvolvimento ao nosso Estado.

            Vamos reunir as forças políticas, trabalhadores, empresários, buscar o conhecimento e a experiência dos técnicos, dos professores da academia, sem esquecer da juventude esperançosa da nossa terra, tão necessitada de novas oportunidades de trabalho e renda, e lutar para não ficarmos à margem desta onda de progresso que o Brasil experimenta hoje.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2008 - Página 6075