Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem prestada a S.Exa. pelo Pólo Institucional Eadcon, no Estado do Piauí. Elogios à entrevista concedida à revista Veja pelo ex-Ministro Marcílio Marques Moreira, que pediu afastamento da Presidência da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Homenagem prestada a S.Exa. pelo Pólo Institucional Eadcon, no Estado do Piauí. Elogios à entrevista concedida à revista Veja pelo ex-Ministro Marcílio Marques Moreira, que pediu afastamento da Presidência da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2008 - Página 6079
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, NOTICIARIO, DIVULGAÇÃO, PRECARIEDADE, TRATAMENTO, DOENTE, HOSPITAL, ESTADO DO PIAUI (PI), REPUDIO, GESTÃO, GOVERNADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APREENSÃO, RETROCESSÃO.
  • LEITURA, HOMENAGEM, RECEBIMENTO, ORADOR, CONTRIBUIÇÃO, UNIVERSIDADE, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • REPUDIO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), IMPEDIMENTO, FUNÇÃO LEGISLATIVA, SENADO, CONCLAMAÇÃO, EXERCICIO, FUNÇÃO FISCALIZADORA, CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, COMPARAÇÃO, TRABALHO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, BIOGRAFIA, IDONEIDADE, COMPETENCIA.
  • LEITURA, TRECHO, DECLARAÇÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, EX PRESIDENTE, COMISSÃO DE ETICA, GOVERNO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, DESRESPEITO, LEIS, FALTA, ETICA, DIRIGENTE, IMPUNIDADE, DESVIO, INFRAÇÃO, COBRANÇA, PRESTAÇÃO DE CONTAS, GASTOS PUBLICOS.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ANALISE, RESULTADO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INFERIORIDADE, PRISÃO, CRIMINOSO, CORRUPÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, DADOS, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, PREVENÇÃO, CORRUPÇÃO, BENEFICIO, DEMOCRACIA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Azeredo, que preside esta sessão; parlamentares presentes; brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Senador Paulo Paim, há um jornalista do Piauí e que foi Deputado Estadual comigo, que nos comentários na Rádio Pioneira - a melhor rádio histórica do Piauí - dizia: “É uma lástima!”.

            Azeredo, o Boris Casoy ia mais ou menos no rumo e dizia: “É uma vergonha”, e tiraram ele.

            Agora, é uma vergonha isso aqui: Olha, faz de conta que é essa turma do PT - bota bem grandão aí um outdoor - faz de conta que é um Senador aí do Governo. Olha aqui, Azeredo, Paim... Luiz Inácio, aquele negócio... Isso aqui, ô Cristovam Buarque, Raupp, a vergonha.

            Este é o jornal Meio Norte, grande jornal do Piauí, e a reportagem é de Efrém Ribeiro: Um doente no chão! No chão! No Brasil do PT, no Piauí do PT, no chão, tomando soro. Isso não tinha antes, não. Essa é a verdade. Ô Luiz Inácio, é um desgoverno!

            Sr. Presidente, V. Exª governou o Estado de Minas, eu governei o Piauí. Ô Cristovam, olha a primeira página do jornal Meio Norte. O que você vê? No Piauí, um doente no chão. Eu sou médico, tenho muitos quilômetros rodados. Formei-me em 1966. Isso aqui é uma barbárie. Então, o que nós queremos advertir é que o Luiz Inácio está tomando o rumo errado. Pensa ele que uma mentira repetida se torna verdade. Este Brasil, ô Azeredo, nunca esteve tão mal governado. Ainda bem que chegou a Senadora e professora do PT.

            Cristovam Buarque, estivemos no Piauí. Ô Cristovam, V. Exª foi homenageado, nós dois fomos homenageados. Está aqui: "O futuro é agora". O Piauí tem marcado pontos na educação. Vencemos com o melhor educandário particular do Brasil, o Dom Barreto.

            Isto aqui, Azeredo, é do Eadcon. Vou ler aqui o meu. Cristovam foi homenageado também:

            O Pólo Institucional Eadcon, no Piauí, homenageia o Excelentíssimo Senador da República Mão Santa pela sua contribuição histórica na transformação da Uespi em uma das maiores universidades do Brasil.

            É o nosso reconhecimento pelo seu grandioso trabalho.

            Cléia Maria Brito Magalhães

            Coordenadora”

            Ao mesmo tempo em que a iniciativa privada tem essa evolução da universidade a distância - só no Piauí há mais de dois mil alunos -, o Governo deixa uma pessoa tomando soro e medicamentos no chão. Setenta por cento dos que fazem diálise peritoneal afirmam que, quando vão fazer o diagnóstico de insuficiência renal, já é preciso hemodiálise ou transplante de rins. Quero dizer, assim está a saúde no Brasil.

            Agora, tiraram o Boris Casoy. Isto é uma vergonha! Luiz Inácio, não vão me tirar daqui. Não vão!

            A função do Senado é, primeiro, para fazer leis boas e justas. Nós não fazemos, mas não é por nossa causa, não, Cristovam. É porque inventaram essa medida provisória. Eu li a última, estava presidindo a sessão, como V. Exª. O Regimento nos manda lê-las. Cristovam Buarque, li a de nº 406. Atentai bem: a nossa Constituição tem 250 artigos; as medidas provisórias estão em maior número do que os artigos da Constituição. Isso é ridículo, isso é deboche, isso é o despreparo. Não existe isso. E diz o Regimento que, quando ela chega, pára tudo. Então, não fazemos lei, nem eu. Não adianta.

            Segundo, é para fiscalizar. Acho que o Senado tenta, fazendo as CPIs. E a terceira função do Senado é denunciar.

            Eu posso dizer o que o povo não pode. Eu posso dizer que esse Governo de Luiz Inácio foi o pior Governo da História do Brasil. Eu posso, eu sei, eu entendo as coisas. Aquela história do Luiz Inácio dizer “eu fiz”...Eu sei as coisas, eu entendo. Foi longo o caminho para chegar aqui, estudando e trabalhando, numa estrada longa e sinuosa.

            Professor Cristovam, leia quem foi Pedro II: 49 anos, obstinado, competente, estadista. Leiam! Mas eu terminei lá no meu Piauí agora, ô Paim, ô Luiz Inácio - nunca mais, eu estou avisando para ele não fazer, para eu não ter de dizer a verdade aqui, está ali no meu gabinete - eu acabei de ler o Diário de Getúlio Vargas, de 1930 a 1942. É dia como o quê, são 365 dias vezes doze. Diário. Ô estadista, Luiz Inácio, ô homem trabalhador! Eu estou dizendo, porque eu sei. Está todo riscado. No dia que o Luiz Inácio...Eu estou avisando para ele não fazer essa besteira. Eu estou é ajudando. Porque eu venho aqui e vou dissecar. Eu estou com o diário na mão riscado.

            Olha, o Getúlio trabalhava. Cristovam, está riscadinho, você sabe como eu leio. E eu lia mais -- Natal, Carnaval, todo mundo malandrando e o Getúlio criando as coisas. E o Luiz Inácio: “Eu que fiz”. Ninguém fez nada!”

            É. A ignorância é audaciosa, dizia meu professor de cirurgia Mariano de Andrade.

            Olha, esse Getúlio trabalhou muito. E vou dizer por que estou me aprofundando, Azeredo. V. Exª sabe: existe a psicologia e a filhote neurolingüística. Aí, dizem que há um modelo - a modelagem. Quer ser um professor? Vou ser igual ao Professor Cristovam. Quero ser um jogador? Vou ser igual ao Pelé. Cantor? Roberto Carlos. E eu, que sempre gostei de política e médico, o meu modelo foi Juscelino. Foi o encanto que fez isso: médico como eu, cirurgião da Santa Casa, prefeitinho, governador, não sei o quê.

            Cícero Lucena, um ex-presidente da OAB Reginaldo Furtado me disse assim: “Mão Santa, o Getúlio é melhor.”

            Olha, eu fiquei perplexo. Eu, encantado com o meu modelo, Juscelino. Aí o ex-presidente da OAB disse: “Ele estava para lhe receber, estava lá em cima, mas saíram. Ele é do seu partido - Reginaldo Furtado”. Aí eu tomei um choque: “O Getúlio é melhor.”

            Eu tinha conhecido, pessoalmente, o Getúlio: em agosto de 50, ele foi a Parnaíba, minha cidade, onde meu tio era prefeito. Ele falou na Praça Nossa Senhora da Graça, saiu, foi almoçar, depois um charutão. O Negrão lá, o Gregório vestido de Branco. PT. Agosto de 50. Mas eu, encantado.

            Aí eu comecei, Azeredo, a estudar o Getúlio.

            Olha, esse homem trabalhou! Tudo foi ele quem fez: o voto das mulheres, o TRE...

             “O homem é o homem e sua circunstância”. Ninguém escolhe a época de governar, Luiz Inácio. Quando ele governou, foi uma guerra para entrar, os paulistas quiseram tirar, outra guerra. E depois houve a Guerra Mundial.

            Por que o diário dele, Cristovam, só vai até 1942, se ele ficou até 1945? Houve um acidente de carro e ele quebrou a perna. Ele disse que se magoou, que não tinha mais razão e não ia mais escrever. Mas de 1930 a 1942, diariamente, você vê aquele estadista. Tudo! O Dasp, esses mecanismos...

            E mais, atentai bem, aloprados do PT, aprendam! Quando ele saiu do Governo, ô Cristovam, ele não tinha uma geladeira a querosene! Você conheceu a geladeira a querosene? Só para vocês, e é até constrangedor eu dizer isso, mas o meu avô, que era industrial no Piauí, tinha três: uma na fábrica, uma em casa, no sobrado e outra na casa de praia dele.

            E ele dizia: “Menino!” Aí a gente tinha de meter a cabeça debaixo dela porque tinha um negócio de uma chama. Quando dava fumaça, não gelava. E ele gritava: “Menino! Olha aí, está fumaçando!” e não gelava. Eu não sei se você pegou. Então, só para dizer, meu avô tinha três e Getúlio Vargas...Atentai bem, PT, aprenda. Aloprados, corruptos, ladrões. Getúlio, com 15 anos, saiu, Azeredo.

            Fenômeno internacional. Aliamo-nos aos democratas, não podia ficar um governo ditatorial. Então, ele entregou, democraticamente, para o Dutra e se recolheu.

            Primeiro, Cristovam, a fazenda dele...Ó Azeredo, ele era um homem como você - eu conheço a sua austeridade. A fazenda do Getúlio não tinha energia elétrica. O que é que esses aloprados logo aprendem? Levam logo para a casa deles, para a fazenda, para o diabo, tudo do Governo.

            Não tinha. Aí ele passou em São Paulo e um empresário - o que é muito natural, você foi Governador - disse que ia lhe dar uma geladeira. Ele não quis, ficou constrangido. Mas um amigo diz: “Rapaz, se ele quer aceita, aceita”! E, aí, depois, na biografia, ele escreve, assim: “Sabe que foi bom! De noite, eu tomo um sorvete de chocolate”. Olha a pureza e a decência desse estadista. Você entendeu? E isso aqui é que a gente tem de ver.

            Mas, com tantos exemplos, não me venha mais, Luiz Inácio, não me aborreça, não, porque eu estou sendo muito delicado. Nunca mais diga esta besteira: “Fui eu que fiz, não teve.” Este é um País que tem 508 anos. Capitania Hereditária: Mem de Sá, Tomé de Souza, Duarte da Costa, esse Dom João VI que chegou há 200 anos, Pedro I, um grandioso. Fez aqui, saiu e foi lá tomar lá. É o Pedro IV. Esse Pedro II, quando ele morreu, foi para Paris. Sabe o que eles disseram lá? Se nós tivéssemos um rei desses, nós nunca tínhamos derrubado. Não ia ter aquele negócio de liberdade, igualdade e fraternidade. Estadista. Aí se sucederam todos esses Presidentes. O próprio Juscelino, estadista.

            Então, o que eu quero dizer é o seguinte: nós estamos regredindo. E eu trago o fato. Professor, o cientista político atual mais aceito é Norberto Bobbio, não é verdade? Norberto Bobbio, da Itália, da Itália do Renascimento, da Itália de Roma. Na Itália, é diferente; no Senado, são escolhidos cinco Senadores vitalícios pelos méritos. Até outro dia, era Norberto Bobbio. O melhor livro. Ele diz: “O mínimo que se tem de exigir de um governo é segurança, a vida, a liberdade e a propriedade”. Pergunto: “Brasileiras e brasileiros, nós temos segurança?”

            Cícero Lucena, eu gostava muito desse fenômeno. Eu lembro que fui a sentinela do pai desse Reginaldo Furtado. Chamamos lá de sentinela, velório. Era um costume. Morria, passava a noite rezando. Outro dia, Azeredo, fui a Teresina e pensei: “À noite vou lá”. Quando cheguei, disseram-me: “Já enterramos”. “Mas ele não morreu às cinco e meia?” “Enterramos logo porque assaltaram a casa da vizinha, durante um velório.” Este é o País. Isso era Teresina outro dia. Eu era Governador do Estado e andava a pé. A casa ficava a 12 km. Meia noite eu fazia cooper, andava sozinho. Hoje é uma barbárie! Não temos segurança.

            Saúde? Está aqui. Mostra aí. O doente está no chão na capital, Teresina! No chão?!

            Cristovam, V. Exª esteve lá e, enquanto nós estávamos inaugurando uma Eadcon, uma rede de ensino a distância em universidades, nesse governo - está aí o Cristovam para confirmar -, a falácia da educação pública. Aumentou o número de faculdades privadas. Há faculdades de Medicina privadas que cobram R$4 mil a mensalidade. Quatro mil por mês! Qual a perspectiva que vai ter um pobre? Sonhar um filho... As públicas estão acabando, Cícero Lucena.

            Concedo um aparte ao ícone da nossa educação, o Sr. Educação, Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Eu gostaria de debater com V. Exª para aumentar ainda mais os elogios a Getúlio Vargas, mas fica para outra vez. Hoje eu quero dizer da satisfação que tive - e o senhor foi em parte responsável por isso, porque foi quem me trouxe o convite - de ver duas coisas em Teresina, neste fim de semana, as quais me deixaram muito orgulhoso como brasileiro. Uma delas é essa nova universidade, dirigida pelo professor Jurity, que vai levar ensino a distância a todo o Piauí e, creio mesmo, a todo o Nordeste. As instalações que vi ali são de deixar orgulho a Teresina em relação a qualquer outra universidade aberta. Agora, realmente, acima de tudo, Senador Eduardo Azeredo, o que me chamou a atenção foi ver por que uma escola de segundo grau, primeiro grau e maternal de Teresina, o Instituto Dom Barreto, ficou em primeiro lugar no Brasil. Mesmo eu, como nordestino, ao ver aquela notícia, perguntei-me: “Será verdade?” Eu fui ver. Não há a menor dúvida de que aquele Instituto tem toda a chance de estar entre os primeiros e, portanto, de ter sido o primeiro no Enem do ano passado, porque ele faz tudo aquilo que todo mundo sabe que, em se fazendo, a educação é boa. Primeiro, seleciona muito bem os professores, paga bem aos professores - e muito bem - e dá liberdade, incentiva, dá licença para que eles estudem. Isso é o principal. Segundo, os alunos do ensino médio ficam ali em horário integral, como deveria ser em todos. No ensino fundamental, uma parte é em horário integral. Os pequenininhos é que não ficam, obviamente, como não devem, em horário integral. Terceiro, a infra-estrutura. Há uma biblioteca de sessenta mil livros; uma biblioteca que tem oitenta revistas assinadas. Veja bem: oitenta tipos de revistas têm assinatura nessa escola. Depois, o método que se usa na educação: usa-se leitura em grande quantidade, inclusive leitura de periódicos. Outro ponto é a carga do ensino de línguas. Não apenas português e inglês, que é o usual, mas há professores de outras línguas. Os que quiserem, estudam japonês. Há aulas de latim. Finalmente, para não continuar falando, há o envolvimento das famílias. As aulas de línguas são dadas também para os pais que querem. As aulas de dança e os esportes são feitos também para os pais. E tudo isso a um custo que não é muito elevado, porque a escola se nega a ter lucro; o dinheiro vai todo para ela e para financiar uma escola igual para quinhentos meninos e meninas que não podem pagar pela escola. Então, existe a escola onde se paga e, graças a esse pagamento, mantêm-se quinhentos estudantes em uma escola gratuita, livre, com a mesma qualidade. Isso acontece em Teresina, no Piauí, Estado do Senador Mão Santa. Fiquei bastante bem impressionado. Digo mais: quando a gente faz as contas, vê que não seria difícil fazer isso no Brasil inteiro. Não seria difícil! O custo per capita ali, pago pelos pais, é apenas três vezes o que se gasta por criança da escola pública brasileira. Não seria difícil fazer isso, não de uma vez, mas aos poucos, no Brasil inteiro. Voltei de lá, Senador, entusiasmado com a universidade à distância - faculdade que foi criada - e, especialmente, com o Instituto Dom Barreto, cujo dirigente foi um exemplo para todos nós: o Marcílio Rangel. Eu agradeço muito que esse convite tenha vindo por suas mãos, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Cristovam, o Piauí agradece. Aí, ele mostra a grandeza do homem, do brasileiro e da brasileira, do homem piauiense e da mulher piauiense; mostra um colégio privado. Eu estou mostrando uma iniciativa, Eadcon, do Francisco Martins Jurity. Ensino privado!

            E o Governo está aqui, envergonhando-nos! É na saúde desse jeito! É isso... Só na mídia...

            Para encerrar, sendo otimista, Juscelino, que é a minha modelagem, disse que é melhor ser otimista, porque o otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errando.

            Azeredo, em homenagem a Minas, Juscelino e a V. Exª - esse aqui acho que é de lá, não sei se é mineiro - atentai bem à vergonha.

            Ô, Cícero Lucena, Jayme Campos: “Escassez de ética”. Essa é a entrevista de um homem com 50 anos de vida pública, Marcílio Marques Moreira, que trabalhou em vários governos e era Presidente da Ética do Governo. Saiu. Olha o que ele diz, atentai à gravidade. Eu dou muito valor a isso, Cristovam, porque nós, médicos, fazemos o Juramento de Hipócrates, que é um código de ética, e temos a Deontologia Médica. Olha o que diz esse homem, que saiu, jogou a toalha pela imoralidade que está esse Governo. Afirma a revista Veja: “O ex-presidente da Comissão de Ética diz que falta sensibilidade ao Governo e que, hoje, quem respeita à lei é considerado imbecil, otário”. O ex-presidente da Ética do Governo!

            Cristovam, somos otários, cumprindo o dever. Aqui são os aloprados, os traquinas... Essa é a república de Luiz Inácio.

            Disse o entrevistado: “Preocupa-me ouvir declarações de autoridades no sentido de que transgressões são rotineiras na vida pública brasileira. Isso é inaceitável”.

            E diz mais: “(...) Ética não é uma característica marcante dos ocupantes de postos importantes em Brasília, principalmente no Palácio do Planalto”.

            Ele, por 50 anos, trabalhou, foi Ministro de outros governos, de João Goulart, de Collor e, agora, joga a toalha, envergonhado, e está aqui nas páginas amarelas da Veja. Mas faço uma reflexão. É rápido. Essa é uma grande oportunidade. Minas: “Libertas quae sera tamen”. Tanto sacrifício de Tiradentes para esse mar de corrupção que enfrentamos.

            Olha o que ele diz: “Quem anda dentro da lei é considerado um imbecil. Permeia a sociedade a leniência com desvios, com transgressões, começando com as pequenas, como jogar papel na rua, furar o sinal de trânsito, dar uma ‘cervejinha’ ao guarda que quer multar”.

            Quer dizer, esse é o exemplo que ele leva à sociedade. Então, está aqui.

            E ele vai mais e diz: “Ninguém no serviço público pode gastar sem prestar satisfação”. Ele está contestando esse negócio. O Presidente da República tem de prestar conta dos seus dados. Diz o nosso Marcílio Marques Moreira, que está nas Páginas Amarelas... Isso é importante para o País. Nós podemos ter a Veja, nós somos Senadores, mas o povo não tem, não. Esse aqui é um homem de vergonha, 50 anos de vida pública. Olha o que ele diz aqui - Ó, Luiz Inácio, atentai bem!

            “Ninguém no serviço público pode gastar sem prestar satisfação. Apenas o que for realmente relativo à segurança tem de ser preservado. Mas os gastos comuns que envolvem Presidente e seus familiares precisam de transparência. A Constituição diz que toda a administração pública tem de se guiar por cinco princípios: legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade e eficácia. Ninguém pode escapar disso, nem o Presidente nem seus familiares.”

            Ele deixou, jogou a toalha, envergonhado, porque não acredita num país sem ética. Então, lê quem pode a Veja.

            Mas essa revista Época é muito boa. Ela é um complemento da outra. O título é “Lugar de corrupto não é na cadeia”, mas a palavra “não” aparece riscada. Ela prova o que tem essa falácia, essa mentira, essa fanfarra, dizendo quem combate o crime. É a Época, a imprensa livre, que tem se comportado bem.

            Olhem o que ela diz:

            “Época faz um estudo inédito das mais de 200 operações da Polícia Federal - [mídia, mídia, mídia] - para desbaratar quadrilhas de corruptos realizadas desde 2003.

            O lado positivo: a polícia nunca trabalhou tanto.

            O lado negativo: de cada 100 envolvidos nas denúncias, apenas 7 estão presos.”

            Então, aquilo tudo é só mídia para desviar a atenção. Dizem “somos sérios” Não são, não; são é aloprados. A impunidade nunca esteve tão grande.

            Olhem o que a Época diz: “Investigar, identificar e prender suspeitos é o primeiro passo no combate aos corruptos. O Brasil perde, a cada ano, 5% do PIB só nessa roubalheira.” Isso daria para salvar a educação, que é o seu ideal, o sonho e a salvação do País.

            Mas termino com o seguinte: “Transparência tende a inibir os corruptos. Como os dados podem ser rastreados, fica perigoso roubar.” Aqui, ela demonstra os bilhões que desaparecem. É muito interessante.

            Para terminar, fico com Ulysses. Eu, que lidero o PMDB, posso falar em nome de Ulysses, eu posso falar em nome de Tancredo, eu posso falar em nome de Ramez Tebet, eu posso falar em nome de Juscelino. E faço nossas as palavras de Ulysses, que está encantado no fundo do mar: “A corrupção é o cupim que corrói a democracia”.

            E eu nunca vi tanto cupim quanto existe hoje na política do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2008 - Página 6079