A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, tenho certeza de que o Senador Cristovam vai me permitir usar da palavra antes dele, até porque S. Exª esteve presente na instalação da Subcomissão Permanente dos Direitos das Mulheres, sob a Presidência do Senador Paulo Paim, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

     Realizamos uma belíssima audiência, com a presença da nossa Ministra Nilcéa Freire, da Ministra do Superior Tribunal de Justiça, de artistas como a Tizuka Yamasaki, a nossa cineasta, de Leci Brandão, de representantes da sociedade civil, dos organismos de articulação das mulheres, da nossa querida Hortência, representando as atletas brasileiras.

     Ao final da audiência, Senador Cristovam Buarque - V. Exª já não mais se encontrava -, a Justina Cima, que estava falando pelo movimento que acompanha toda a questão da Previdência relacionada às mulheres, chamou uma agricultora do Rio Grande do Sul, que prestou um depoimento extremamente forte, emocionado, transmitido pela TV Senado. As cenas foram realmente muito chocantes, porque a agricultora mostrou os ferimentos que tinha sofrido num enfrentamento no Rio Grande do Sul com a Polícia Militar. Recentemente, naquele Estado, uma empresa internacional, a Estora Enzo - é assim, Senador Sibá? -, que não poderia constitucionalmente comprar terras na área de fronteira, utilizou-se de laranjas para comprar terras. A Via Campesina ocupou o espaço, mas foi brutalmente retirada da área, e várias mulheres foram feridas.

     Então, queria fazer esse registro, porque o depoimento da agricultora e os ferimentos que ela mostrou durante a reunião trouxeram-nos grande preocupação e estão tendo repercussão. Já recebemos várias telefonemas pedindo informação sobre as providências que a Subcomissão de Direitos Humanos vai adotar.

     Agradecemos a todos os Senadores e a todas as Senadoras que compartilharam da bela audiência pública, mas dali já saímos com uma tarefa muito delicada, até porque a internacionalização de terra brasileira foi tema, esta semana, de uma audiência pública realizada na Comissão de Agricultura, onde tivemos um bom debate.

     No entanto, o problema não é só o debate, porque concretamente o enfrentamento já está se dando entre aqueles que entendem que a soberania nacional não pode ser violada e não pode ser afrontada nossa regra constitucional de preservar as terras de fronteira na mão de brasileiros. E quando corajosas mulheres fazem esse enfrentamento, colocam-se contrárias a uma afronta constitucional, sofrem violência como as agricultoras do Rio Grande do Sul.

     Então, propusemos ao Senador Paulo Paim organizarmos rapidamente uma visita da Comissão de Direitos Humanos ao Rio Grande do Sul, para que possamos fazer frente a essa violência.

     Volto a dizer que essa situação está relacionada à soberania do País e à violência, principalmente, contra as mulheres, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, a ser comemorado no dia 8 de março.

     Era esse o registro, Sr. Presidente, que eu não poderia deixar de fazer, até por conta do volume significativo de telefonemas que o nosso gabinete está recebendo, perguntando se alguma providência vai ser tomada, porque realmente o depoimento, a cena com a agricultora mostrando os ferimentos, transmitida pela TV Senado, foi muito chocante.