Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Condenação aos incentivos do governo aos financiamentos de longo prazo. Defesa pelo reajuste dos benefícios dos aposentados.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL. SENADO.:
  • Condenação aos incentivos do governo aos financiamentos de longo prazo. Defesa pelo reajuste dos benefícios dos aposentados.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2008 - Página 6440
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL. SENADO.
Indexação
  • ADVERTENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SIMILARIDADE, APROVAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, GESTÃO, GARRASTAZU MEDICI, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, REGIME MILITAR.
  • COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, LIVRO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, EXCESSO, DIVIDA, APOSENTADO, MOTIVO, INSUFICIENCIA, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, DEFESA, PROJETO, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, MELHORIA, APOSENTADORIA.
  • COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, LIVRO, AUTORIA, JORNALISTA, ANALISE, NECESSIDADE, MELHORIA, CRITERIOS, GASTOS PUBLICOS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), EXCESSO, DISCURSO, SENADOR, CRITICA, INSUFICIENCIA, PROJETO, JUSTIFICAÇÃO, ORADOR, PARALISAÇÃO, TRAMITAÇÃO, PROPOSTA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma que preside esta sessão de 19 de março de 2008, Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Paim, hoje o sistema de comunicação, Romeu Tuma, nos possibilita ver o que o País pensa. É incrível a penetração e a credibilidade dos órgãos de comunicação do Senado! Acho que o povo busca a verdade. Paim, a gente recebe milhares de e-mails. Isso me preocupa. De vez em quando, um aloprado do PT manda e-mail e insulta minha mãe, a minha mulher. Isso acontece. Mas a quase totalidade é muito preocupada com este País.

Professor Cristovam, e me preocupa...- não que eu não deseje...

O Presidente Luiz Inácio, no qual votei em 1994... opinião pública.

Nasci em frente do mar. Lembro-me do mar: vai, vem, vai e vem.

A História nos ensina, aqui na Semana Santa, ô Tuma: domingo, Cristo. Domingo de Ramos! Estamos com Cristo! Estamos com Cristo! Domingo, segunda, terça, quarta, quinta - manhã, afaste-me esse cálice -, sexta-feira estava no pau. A História, Suplicy... Suplicy, desliga aí que o aprendizado está aqui na tribuna.

Atentai bem, Paim, Senado, Roma, Júlio César: “Até tu, Brutus?”. Entendeu, ô Tuma? Brutus! E os outros, cobrador de imposto, desgraçado. E aí chegou Marco Antônio, descrito por Shakespeare, Professor Cristovam - Shakespeare, o discurso mais bonito -, e quase não deixaram ele falar nas exéquias, na despedida, de Júlio César. E ele conseguiu aos poucos, com o testamento de César. Aí deu aquela expectativa, deixaram-no falar. A opinião pública que ovacionava os que mataram César tiveram de sair, e veio um triunvirato.

Cristovam, período revolucionário.

Ó, Suplicy, Emílio Garrastazu Médici... Ó, Luiz Inácio, eu estou recordando. Nós temos que ser os pais da pátria. No período revolucionário, Garrastazu Médici: “Brasil, ame ou deixe-o”. Ia ao Maracanã, Cristovam, e era ovacionado, tinha 84% na pesquisa. É história: Garrastazu Médici. Sem dúvida nenhuma a história os julga.

Dos cinco, eu conheci três e os achei muito bons: Castello Branco, Geisel e o irrequieto e puro João Baptista Figueiredo, com quem tomei dois porres. Gente boa, honesto, honrado. Se assim não fosse, estaria aí... Todo mundo já dissecou a vida dele. Eu desafio... In vino veritas: no vinho está a verdade. O Governador Lucídio Portela, Cristovam, o recebia e, como ele não tomava, botava os que podiam acompanhar o Presidente. Não conheci os outros, o Costa e Silva e o Garrastazu. Mas o Garrastazu, Cristovam, tinha 84% na pesquisa. Viu, Luiz Inácio?

Eu estou preocupado com o País.

Cristovam, é lógico que nós acreditamos no estudo. Eu acredito em Deus, no amor, que é a semente da família, no estudo, que leva à sabedoria, no trabalho, que faz a riqueza - Rui falou da primazia do trabalho e do trabalhador. O Paim está aí. Eles vieram antes fazer riqueza. Ô, Cristovam, sei que você sabe quase tudo. V. Exª é o nosso Sócrates aqui.

A Lei do Triunfo é o melhor livro de formação e orientação para a mocidade. É como uma bíblia. Cada um escreve, interpreta e vende livros, mas a Bíblia é a base. Esse livro, Tuma, o autor levou 25 anos para fazer.

Um jovem advogado, em uma festa rica, encontrou-se com o homem mais rico do mundo de então, Andrew Carnegie, o rei do aço. As estradas de ferro, os trilhos eram dele. Carnegie se aproximou - a festa era na casa de sua sobrinha -, tinha achado o jovem simpático, e começaram a conversar. O homem mais rico da época, Andrew Carnegie, perguntou o que o jovem fazia. Ele disse que havia terminado Direito. Andrew simpatizou e disse: “Olha...

O americano tem essa formação cultural: pesquisa tudo, investe, quer saber. É diferente do japonês. A garagem da casa de um americano é uma oficina. Ele é um pesquisador em todas as áreas, na Medicina, na tecnologia, no serviço de polícia.

Ele disse: “Você vai me fazer um serviço. Eu sou muito preocupado, porque pessoas têm sucesso e pessoas fracassam. Você vai ganhar uma bolsa, 25 anos, para estudar homens que têm sucesso e homens que fracassam”. Esse livro é o resultado de 25 anos de trabalho.

Lá em Ribeira do Piauí, um extraordinário homem, médico e coisa e tal, teve a capacidade de sintetizar isso e jogar para a mocidade, a neurolingüística, mas aqui é o básico. Nesse livro a que eu me referia tem um capítulo intitulado “A Escravidão das Dívidas”. Senador Suplicy, eu não creio nesse entusiasmo. E o autor tem um capítulo: “A Escravidão das Dívidas”. Essa satisfação eu não contesto. Pode até ser que o Luiz Inácio tenha mais hoje do que o Garrastazu Médici. Pode ser que ele tenha mais do que o Brutus naquele momento, mais do que Cristo quando chegou do Domingo de Ramos, do que o Fernando Collor quando foi eleito, mas isso são movimentos. É por isso que não acredito na dívida.

Olha...Ô, Suplicy, V. Exª disse e o Mercadante sabe: o sujeito comprar um carro em cem meses é loucura! Abraham Lincoln disse o seguinte: “Não baseie sua prosperidade com o dinheiro emprestado”. Essa é a filosofia do americano. Comprar um carro em cem meses, Luiz Inácio? Isso é loucura!

Sou médico, sou Senador da pátria! Eu sei que, de vez em quando, esses aloprados não gostam de mim não, porque digo a verdade. Cem meses! Ô Romeu Tuma, V. Exª, que é o xerife do nosso Brasil: em quantos meses Juscelino fez Brasília? Quatro anos ele governou, mas foi menos, porque não começou no primeiro dia. Ele deve ter feito em 38 meses. Cem meses! Você tem que disciplinar... É a escravidão do mundo moderno. Cem meses, está morto! Eu fiz Medicina em 72 meses, ou seja, em seis anos. Cem meses para pagar um carro? Morreu! Acabou a vida! Não é por aí. Esse carro valeu quanto? Deu quanto de dinheiro para os bancos? E quem ficou escravo? Essa é a escravidão moderna.

Aí pegaram os velhinhos, os velhinhos aposentados, que estão com a vista cansada. Aí se aproveitaram os banqueiros daquelas letras miúdas. Miopia é quando a gente não vê longe; hipermetropia é quando não vê perto - é o que se chama vulgarmente de vista cansada, que atinge os nossos velhinhos. Os velhinhos não vêem perto, aí oferecem dinheiro em tudo que é bodega, com uns contratos com umas letrinhas tão miúdas que os velhinhos não podem enxergar. E os velhinhos entraram nesses empréstimos, os nossos aposentados.

Paim, Paim, Paim, Pedro negou Cristo três vezes, e o Paim não vai ficar como Pedro, negando os aposentados e os nossos pensionistas e os nossos velhinhos. Porque esse Governo aí, Luiz Inácio, arrota: “Não devo mais”. Atentai bem, Cristovam: “Não devo mais aos banqueiros americanos”. Está certo que pagou, mas ele deve - aí é que é, Luiz Inácio - aos velhinhos, aos aposentados. Os velhinhos, os aposentados assinaram um contrato com o País, com o Governo, e o Governo é V. Exª. Eles pagaram para ter aposentadoria de dez salários mínimos, calcularam, se endividaram, têm famílias, filhos, netos; têm doenças que a velhice traz. Planejaram. O Governo assinou. Todos eles estão...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Romeu Tuma, conceda-me um tempo a mais.

Eles planejaram e, agora, quem tinha direito a dez salários mínimos está ganhando quatro; quem tinha direito a cinco está ganhando dois. E esse é o lamentar, essa é a penúria, esse é o sacrifício.

Então, nesta Semana Santa, Paim, uma hora para reflexão. Não está direito essa euforia, esse entusiasmo e este Governo, que é forte. Um ou outro malandro, abusado, picareta, que entrou pela porta larga de 25 mil nomeados sem fazer concurso, muitos deles ganhando, com um DAS-6, R$10.448,00.

Mas eu queria ler o que fala o autor Napoleon Hill, em A Lei do Triunfo:

A ESCRAVIDÃO DAS DÍVIDAS

A dívida é um senhor impiedoso, um inimigo fatal do hábito da economia.

A pobreza, por si só, é suficiente para matar a ambição e destruir a autoconfiança e a esperança, mas acrescente-se a ela a responsabilidade das dívidas e toda e qualquer vítima desses dois cruéis senhores estará inevitavelmente condenada ao fracasso.

Sob o peso das dívidas, nenhum homem é capaz de dar o seu melhor trabalho, ou de expressar-se em termos que infundam respeito, de criar ou levar avante um objetivo definido na vida. O homem que se deixa escravizar pelas dívidas é tão desamparado como o escravo limitado pela ignorância ou preso aos grilhões (...)

É terrível pensar em atravessar a vida como uma vítima, acorrentada inteiramente aos outros por dívidas.

A acumulação de dívidas é um hábito, começa de modo modesto, até que as dívidas vão assumindo proporções enormes, pouco a pouco, dominando inteiramente o indivíduo.

Um homem escravizado pelas dívidas não encontra tempo nem gosto para formar um ideal, implanta limitações no seu próprio espírito, condena-se a viver agrilhoado ao medo e à dúvida, aos quais nunca escapa.

(...)

“Pensemos no que devemos a nós mesmos e aos que dependem de nós e tomemos a resolução de nunca dever a ninguém.”

São capítulos e capítulos. E os autores ainda dizem: “a pessoa que não tem dívidas pode afastar a pobreza e conseguir grandes sucessos financeiros”.

Tornou-se o Brasil todo endividado. Os velhinhos, que já são sacrificados, estão esmagados por essa escravidão da vida moderna, que é a dívida.

Esses são os meus protestos. Mas ainda tenho aqui um livreto, publicado em quatro edições: Política na Mão Certa. São pensamentos que, quando eu era Governador, um jornalista muito bom, Herculano Moraes pinçou. Ouçam o que ele diz de economia, pinçando um pensamento meu no discurso... Estamos aqui porque podemos ensinar o PT - nós.

Economia. Lincoln ensinou a eliminar o ato de comprar o que não necessita. Nos seus pronunciamentos repetia: “Não baseie sua prosperidade no dinheiro emprestado”.

O seu povo tornou-se forte e rico.

“O hábito de gastar deve ser substituído pelo hábito de economizar, pois só desta forma será possível ao homem conquistar sua independência financeira”.

Outro pensamento pinçado por Herculano Moraes, em um pronunciamento que fazia como Governador:

“O homem que se deixa escravizar pelas dívidas é tão desamparado como o escravo limitado pela ignorância ou preso pelos grilhões da necessidade.

Lincoln ensinou a eliminar o hábito de comprar o que não se necessita. Nos seus pronunciamentos repetia: ‘Não baseie sua prosperidade no dinheiro emprestado’.

O Estado não tem o direito de esbanjar o dinheiro do contribuinte em gastos desnecessários, em investimentos que nada signifiquem para a população”.

Mas para terminar e agradecendo a tolerância de V. Exª: ô Paim, Professor Cristovam Buarque, de nada vai valer este Senado se não atendermos ao clamor do povo do Brasil, ao clamor e ao sofrimento dos nossos velhinhos aposentados.

Luiz Inácio não deve ao FMI, aos banqueiros internacionais, mas deve aos velhinhos aposentados.

Saiu uma reportagem sobre nós no Correio Brazilienze: o número de pronunciamentos, o número de vezes que exercemos a Presidência, mas dizia também que não havia nenhum projeto de lei. Nós não fazemos, porque os que fizemos estão parados, porque esta Casa não funciona no seu objetivo primário, que é fazer leis boas e justas. Daí, buscarmos o que podíamos aproveitar.

Esta Casa fez uma lei com responsabilidade, que dava aos velhinhos e aposentados 16,7% de reajuste. Luiz Inácio, inspirado pelos aloprados, baixou para 4%. Mas podemos chamar o veto e fazer valer a lei que foi feita aqui,

Há também o fator previdenciário, pelo que o Paim, o melhor do seu Partido, clama, grita, esperneia e não é atendido. Eu acho que a situação do Paim no PT é pior do que a minha no PMDB, dissidente.

E outra, o PL nº 58...

Nesta Semana Santa, Paim, atentai bem, o sacrifício, a reflexão da crucifixão de Cristo. Então, tenhamos esse exemplo. Ô Romeu Tuma, ô Professor Cristovam, Suplicy, também é um cabo de vergonha do PT, Augusto Botelho. Olhem o sacrifício de Cristo! Façamos agora esse sacrifício para devolver o ganho legítimo dos velhinhos e aposentados do Brasil!

É o que temos a dizer para os aloprados: Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem, eles não sabem governar, eles estão matando os nossos aposentados do Brasil!

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2008 - Página 6440