Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denúncia de ameaça de morte a Paulo Melo, dirigente sindical e partidário do P-SOL, em Unaí, por meio de carta anônima.

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Denúncia de ameaça de morte a Paulo Melo, dirigente sindical e partidário do P-SOL, em Unaí, por meio de carta anônima.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2008 - Página 6489
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • DENUNCIA, RECEBIMENTO, LEITURA, TRECHO, CARTA, AMEAÇA, MORTE, DIRIGENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), MUNICIPIO, UNAI (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), MOTIVO, CRIME, IMPUNIDADE, REGIÃO, ESPECIFICAÇÃO, HOMICIDIO, FISCAL DO TRABALHO.
  • REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, COPIA, CARTA, AUTORIDADE ESTADUAL, AUTORIDADE FEDERAL, SOLICITAÇÃO, SECRETARIO DE ESTADO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), SEGURANÇA PUBLICA, INTERVENÇÃO, INVESTIGAÇÃO, GARANTIA, PUNIÇÃO, CRIMINOSO.

O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente João Claudino; Senador Magno Malta, que usaria da palavra neste instante, a quem agradeço pela compreensão, se assim não fosse, eu não poderia me pronunciar aqui, de forma bastante rápida, sobre um assunto que, mais uma vez, envolve a defesa da vida e a nossa luta contra a impunidade.

Srªs e Srs. Senadores, trago a esta tribuna a denúncia de um fato gravíssimo, ocorrido em Unaí, Minas Gerais, nesta semana. Trata-se da ameaça de morte contra Paulo Melo, dirigente e militante do PSOL naquele Município, feita por intermédio de carta anônima, no último dia 16 de março de 2008, com conteúdo ameaçador. Estou encaminhando cópia desse documento às autoridades estaduais e federais, por se tratar de uma ameaça contra a vida.

Unaí se tornou tristemente conhecida pelos crimes de pistolagem do latifúndio contra trabalhadores rurais e contra fiscais do Ministério do Trabalho que exerciam suas funções de fiscalização contra a prática de trabalho escravo e irregularidades trabalhistas nas propriedades dos irmãos Mânica, que possuem extensas áreas de terra e grande influência política no Município.

A carta, Sr. Presidente, foi colocada na porta do dirigente sindical e partidário Paulo Melo e faz um conjunto de ameaças. Vou citar apenas dois ou três parágrafos. Trata-se de uma carta manuscrita, dizendo:

"Você vai provar do próprio veneno que está produzindo, o tiro vai voltar contra a culatra. Em fiscal corrupto e colunista pilantra tem de passar o cerol mesmo. Abra o seu olho e cala essa boca, porque quem fala muito dá bom dia a cavalo.”

Há trechos que dizem que ele está “cavando a sua própria morada, porque é lá que você irá colher os frutos que você está plantando."

São ameaças veladas de morte em virtude da publicação de um boletim informativo no qual Paulo Melo, que faz parte da equipe que produziu o jornal, denunciava os crimes no campo e a impunidade. Podemos afirmar que o editorial produzido por ele é um libelo em favor da paz e do fim da guerra no campo naquele Município, ao tempo em que pede o fim da impunidade e que os assassinos dos fiscais sejam condenados e que os mandantes do crime também sejam encarcerados.

Só dessa forma poderemos vislumbrar naquele Município a tão sonhada paz e o fim dos crimes praticados por pistoleiros a mando de inescrupulosos latifundiários.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, para solicitar ao Secretário de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, Dr. Maurício de Oliveira Campos Júnior, pronta interferência e ação imediata no sentido de fazer com que essa ameaça de morte seja investigada e os culpados sejam identificados, para que esses crimes não se reproduzam impunemente. Com essas ameaças, muitas lideranças já pagaram com a própria vida por terem a ousadia de denunciar os crimes cometidos pelo latifúndio. Infelizmente, em vez da punição dos envolvidos nas atividades criminosas, são os trabalhadores e suas lideranças que muitas vezes pagam o preço dessa luta em favor da justiça no campo brasileiro.

Agradeço ao Senador Magno Malta por ter me cedido a palavra no momento em que deveria falar.

Essa denúncia que aqui fazemos tem o sentido de garantir a preservação da vida de uma liderança popular como a do Sr. Paulo Melo, bem como de mostrar a necessidade de manter a defesa, a integridade de sua família.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2008 - Página 6489