Discurso durante a 39ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Questionamento à aprovação popular do presidente Lula. Repúdio às ameaças dirigidas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tendo como base um suposto dossiê contendo informações sobre gastos pessoais.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Questionamento à aprovação popular do presidente Lula. Repúdio às ameaças dirigidas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tendo como base um suposto dossiê contendo informações sobre gastos pessoais.
Aparteantes
Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2008 - Página 7269
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, MELHORIA, SITUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, EXCESSO, CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, CONSTRUÇÃO, PORTO DE LUIS CORREA, PREVISÃO, OBRAS, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, HERACLITO FORTES, SENADOR, PERIODO, PREFEITO, MUNICIPIO, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • EXPECTATIVA, EMPENHO, GOVERNO FEDERAL, CONSTRUÇÃO, PORTO DE LUIS CORREA, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita, que preside esta sessão de sexta-feira, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que aqui nos assistem e pelo sistema de comunicação, serei breve! De 1919 a 1922, este Brasil teve um grande Presidente nordestino: Epitácio Pessoa - Paes de Andrade, que é do Nordeste -, ele determinou que fosse construído o porto do Piauí na cidade Luís Correia, conhecida pelo povo como Amarração.

Olha, terminou o mandato em 22, vai quase fazer um século. Mas eu, menino, ô Pedro Simon, no coreto da minha cidade, Parnaíba, de Nossa Senhora da Graça, às 10 horas da manhã, agosto de 50 - meu tio era prefeito pelo PTB, João Orlando de Moraes Correia, médico - eu vi Getúlio Vargas dizer: “Se eleito for, farei o porto de Amarração”. Agosto de 50.

Este País teve um grande ministro, talvez o melhor, fez o I PND e o II PND. Foi do período revolucionário: João Paulo dos Reis Velloso. Avançou muito. Encravaram US$90 milhões; faltam US$10 milhões.

Teve um deputado federal que instituiu o Dia do Piauí, e nós fizemos independência independente do grito de D. Pedro I: José Auto de Abreu.

Então, num dos seus discursos - eu, adolescente, cheguei a ver um grande parlamentar - Getúlio dizia que já que os poetas dizem que a morte é como um afogamento, por isso, ele queria essa morte nas praias lá do Piauí, dos verdes mares bravios, das brancas dunas, do sol que nos tosta, do vento que nos acaricia. E ele disse que faria então no naufrágio, que é a morte, como diz o poeta, um esforço e queria ver acesas as luzes do porto de Luís Correia.

E aí está. Eu votei em Luiz Inácio em 94. Votei. Atentai bem! Mas eu pensei que ele ia fazer esse porto.

Governador do Estado do Piauí, Heráclito, eu acreditei. É só mentira, mentira, mentira! Tem a mãe do PAC, é a mãe da mentira. Esse porto... E eu creio, com a fé que remove montanha e o amor, de tal maneira que, nos últimos anos, tenho posto todas essas minhas dotações, que são fictícias ou não, mas eu creio ainda que a esperança é a última que morre. Como disse Ernest Hemingway, em O Velho e o Mar, a maior estupidez é perder a esperança. Então, eu tenho posto as dotações. Agora são quase R$30 milhões.

Viemos aqui para apelar. Mentiras, como tem mentiras! É como aquela do Goebbels e do Hitler. Hitler saía com 3.000 soldados e Goebbels dizia: “Lá vai Hitler com 10.000 soldados”. Todo o mundo tremia. Uma mentira repetida se tornava verdade. Mas isso fez mal ao próprio Hitler, porque aí ele pensava que era o senhor deus do mundo, e deu no que deu. É o que estão fazendo com o Luiz Inácio. É só mentira. Os aloprados enganando, enganando, e ele pensa que é. É tudo mentira. Ele não tem essa aprovação. Como é que o homem pega “pau” na segurança, pega “pau” na saúde - o time dele é incapaz de vencer um mosquitinho -, pega “pau” na educação, pega “pau” na vida de Ulysses que dizia: “A corrupção é o cupim que corrói a democracia”. Paes de Andrade, nunca se viu tanto cupim!

Então, ninguém é idiota. Somos brasileiros. Quem é o culpado? É o Luiz Inácio. Unidade de comando e unidade de direção, são princípios da Administração que exigimos: planejar, designar, coordenar, fazer o controle - Henri Fayol. Quem não faz o controle é o Luiz Inácio. A culpa de tudo isso é do Luiz Inácio! Dos que estão morrendo com a dengue, dos que estão nas filas dos hospitais, das faculdades privadas que proliferam e acabam com as públicas. Tem faculdade particular de Medicina que está cobrando R$4 mil por mês. Isso é um insulto, uma ofensa ao brasileiro. É uma vergonha! Então, esqueceríamos tudo, porque são mentiras! Paes de Andrade, V. Exª está aí, e a verdade é que eu o reconheci, quando governava o Piauí, na capital-mãe, e botei no seu peito a maior comenda, a Grã-Cruz Renascença. Mas os homens disseram que fariam um aeroporto internacional em São Raimundo Nonato! Eu vou para lá, agora; em Parnaíba não tem nem teco-teco; só tem jumento na pista, que está toda esburacada. Está aí a televisão que está vendo tudo. Levaram o Alberto Silva, engenheiro vocacional, ferroviário... Disseram que o trem iria voltar ao trecho Parnaíba-Luís Correia. Eles disseram, eu ouvi. Lá estavam o Prefeito de Paranaíba, o Governador do PT, Alberto Silva, e o Luiz Inácio. “Em 60 dias, o trem vai voltar ao trecho Parnaíba-Luís Correia, e, em quatro meses, para Teresina.” Não trocaram nem um dormente!

Darei apenas esse quadro para ser breve, há uma ponte - lá é um cemitério de obras inacabadas. Quando Epitácio Pessoa... - aprendam história, ô Artur, V. Exª que é o Arthur bom, aí o Artur Bernardes parou todas as obras. Lembram-se de que o Epitácio as paralisou. Agora está um cemitério de obras inacabadas. Outro dia, citei 22 obras inacabadas. Não vou além porque me comprometi, e o povo quer ver Arthur Virgílio na tribuna. Então, Artur Bernardes parou tudo; parou o nosso porto, que está aí.

Então, aqui estou para fazer um apelo, porque um quadro vale por dez mil palavras. Não precisa muito, não, só vou dar um quadro para verem que este Governo é de nada, é de mentira. E a “mãe do PAC” é a mãe da mentira. Senador Arthur Virgílio, agora vou dizer: sou do PMDB e nunca votei em Fernando Henrique Cardoso, não; votei no Quércia; depois, nós não tivemos candidato - esse mau costume que tem o PMDB -, aí eu votei no vizinho, porque sou de Parnaíba, no Ciro Gomes. Mas, Arthur Virgílio, quero dizer que a mãe da virtude, da decência, da dignidade, da honestidade e da solidariedade, esta sim é a mãe. Refiro-me a D. Ruth Cardoso. Não temos aí a mãe de PAC? Pois é bom que a respeitem! Ela é o símbolo. Felizes somos nós, Luiz Inácio, que temos uma senhora que passou - e eu não sou do Partido dela, não -, mas eu vi a competência, a honradez, naquele projeto de competência com amor chamado Solidariedade. Então, se há uma mãe, Heráclito, ela é a mãe da virtude. Merece respeito. É uma senhora. Eu conheço, Luiz Inácio. Eu estudo, Luiz Inácio. O Luiz Inácio diz que ler uma página dá canseira; eu, não, me dá prazer, me remoça, me dá o saber. Eu estudo. Feliz do País que tem uma ex-Primeira-Dama com as virtudes de D. Ruth Cardoso. Não tenho aproximação com o ex-Presidente, apenas quando governei o Piauí, S. Exª era o Presidente da República.

Então, Luiz Inácio, vou dar um quadro, os aloprados mentem, eles não são culpados, mas as obras estão inacabadas. Heráclito Fortes, eles disseram que vão fazer cinco hidrelétricas no Piauí! Cinco! A que tem lá, sonhada por Juscelino e concluída pelo Presidente Castello Branco, por César Cals, ainda não terminou. Falta a eclusa. Acabou a navegabilidade. Por que esses que estão aqui não vão fazer a eclusa? Andei de vapor no rio Parnaíba. Cinco! O Bird me mandou documentos - atentai bem! - que só para vencer a burocracia do meio ambiente, uma delas gasta seis anos e meio. Cinco!?... Vão ser quase 40 anos, matematicamente, mas não terminam a que tem. Está aqui o Heráclito. Tem o rio Poti, que vem lá do Ceará. O Ceará nos deu muitas coisas boas: a praia, o litoral... Atentai bem, o rio Poti vem de lá! Sobre o rio Poti, o Heráclito fez uma ponte, quando foi Prefeito de Teresina, em 100 dias. Aí eu, com o meu espírito mais competitivo - tenho uma admiração extraordinária pelo Heráclito -, brinquei com o construtor e disse-lhe: “Olha, eu quero vencer o Heráclito. Eu sei que ele é imbatível”... Mas, jocoso, as nossas disputas são pelo Piauí. Então, eu fui tirar e tirei, avisei ao Fernando Henrique, o último ARO - Antecipação de Receita Orçamentária. Quando eles disseram que o Malan iria fechá-lo, eu fui lá e retirei R$5 milhões e tal, e botei. E acabaram com ele. E comuniquei o Fernando Henrique. Arthur, permita-me alongar um pouco mais pela minha experiência e por que sou mais velho e sofrido: “Fernando Henrique - ele e eu bebendo whisky -, olha, quero lhe avisar que eu tirei o ARO. Você falou aqui, mas antes de chegar a ordem eu o tirei”. “Mas não era...” Mas tirei. Sabe por que eu tirei, Fernando? Você acredita em Deus?” E ele, naquele negócio, e eu brincando, não é? “Olha, a gente segue Cristo não só pelas palavras”! Cristo discursava bem, o Pai-Nosso, na montanha: ‘Bem-aventurados os que têm fome e sede’. “Nós o seguimos porque Ele fez obras, Fernando Henrique. Ele fez cego ver, aleijado andar, limpou o corpo dos leprosos, tirou os demônios, multiplicou peixes, pães, até vinho. Então, eu quero fazer uma obra para o povo acreditar”. E tirei o empréstimo. O Heráclito tinha feito uma ponte em 100 dias, e eu disse: “Vou fazer, com operário do Piauí, engenheiro do Piauí, Lourival Parente”. Aí convidei o Fernando Henrique para bailar. O Heráclito fez a dele em 100; eu, em 90 dias. Quer dizer que o Governo que lá está tem uma ponte sesquicentenária. O atual governo de Teresina vai fazer oito anos, e está lá o esqueleto, e só a roubalheira.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa, V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo o aparte ao Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Apenas para fazer um esclarecimento histórico que, aliás, me deixa muito contente. V. Exª disse que as nossas disputas não influem na nossa convivência. Quero dizer que tenho uma alegria, e até confesso aqui, de nunca ter tido a oportunidade de disputar nada com V. Exª. Eu Deputado Federal, V. Exª Deputado Estadual; eu Prefeito de Teresina, V. Exª Prefeito de Parnaíba; V. Exª candidato a Governador, eu candidato a Deputado Federal. Quando eu pensei que pudesse ocorrer essa disputa, eram duas vagas para o Senado. E aqui estamos. Então, nós não disputamos nada. Espero que continue assim. Essa disputa da ponte, além de salutar, até que não houve, porque o engenheiro que fez a minha em 100 dias, adquiriu know-how, e depois serviu V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu quero testemunhar: V. Exª foi o mais extraordinário Prefeito de Teresina. V. Exª começou um pronto-socorro, que vão concluir agora.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Quero louvar, aqui, o engenheiro, porque é o orgulho do Piauí, que é o Lourival Parente, quem construiu nosso Albertão, construiu o Estádio de Uberlândia, o Estádio do Maranhão e grandes obras neste País. Um engenheiro de uma empresa do Piauí.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E caiu o Verdão! O Roberto Carlos iria fazer o show às nove horas da noite - eu era Governador -, e o Verdão caiu às cinco horas da tarde.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Pois é! É que não foi feito por Lourival Parente.

O SR. MÃO SANTA (PDMB - PI) - Não, ele o soergueu. Quando eu vi o que tinha acontecido, pensei: “Só tem um homem que tem competência e capacidade para soerguê-lo: Lourival Parente”.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - De forma que eu quero fazer esse registro aqui para... Quem sabe se, no fundo, para mim, não é uma frustração, porque eu sei que uma disputa com V. Exª seria, sempre, como diria o Senador Aloizio Mercadante, um debate elevado. De forma que eu faço esse registro com muita alegria.

O SR. MÃO SANTA (PDMB - PI) - V. Exª é um extraordinário líder municipalista.

Agora, V. Exª está ganhando é do Brossard, que fazia discurso de três horas e meia e, vibrante, entusiasmado, fez renascer a democracia. Vou trazer de presente aquele chapeuzinho do Brossard para V. Exª discursar com ele aqui.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Eu já tentei usar chapéu, mas minha cabeça não colabora: não há número no mercado!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Rapaz, não é maior do que a do Rui Barbosa não!

Mas o que queremos dizer é o seguinte: tem que ter esperança. Nós colocamos todas as nossas emendas lá, nesse porto, R$30 milhões, e Secretário Executivo - o nosso Presidente acabou de falar que tem Secretário com status de Ministro - visitou a obra, acompanhado do Elói Portela, irmão de Petrônio Portella e de Lucídio Portela, um engenheiro muito capaz e muito competente. Então, nós temos ainda esperança, porque, como disse Ernest Hemingway, a maior estupidez é perder a esperança. Que esse porto seja concluído! Aí nós viremos aqui agradecer - eu aprendi, Geraldo Mesquita, no colo de minha mãe, Terceira Franciscana, que a gratidão é a mãe de todas as virtudes. Se o porto for concluído, virei a esta tribuna agradecer ao Presidente Luiz Inácio pela primeira obra de valor significativo para o Piauí.

Eu agradeço pela oportunidade, Sr. Presidente, e concluo, porque vamos ter a felicidade de pegar o avião para o Piauí, terra querida, filha do Sol do Equador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2008 - Página 7269