Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às afirmações feitas à imprensa pelo vice-presidente José Alencar, sobre "terceiro mandato" para Presidente Lula".

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas às afirmações feitas à imprensa pelo vice-presidente José Alencar, sobre "terceiro mandato" para Presidente Lula".
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2008 - Página 7549
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, EMPENHO, BANCADA, OPOSIÇÃO, SENADO, COMBATE, POSSIBILIDADE, REELEIÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMPARAÇÃO, EXCESSO, PROPAGANDA, OBRAS, GOVERNO FEDERAL, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, PERIODO, NAZISMO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente José Nery, que comanda esta sessão de 1º de abril - é o dia da mentira, mas V. Exª simboliza a verdade, do Partido de Heloísa Helena -; parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal, o Heráclito Fortes falou por todos nós: há necessidade das Forças Armadas, da força policial. E eu falo isso com muita tranqüilidade, Mozarildo, porque eu sou oficial da reserva.

            Eu queria dizer - atentai bem, brasileiras e brasileiros -, ô Jarbas, só nós, só nós aqui somos a última retaguarda de esperança da manutenção da democracia. É por isso que nós estamos aqui. Tem mais, não. Este Governo que está aí já corrompeu todo o País. Aloprado ali - eles mesmos é que dizem - é um por cima do outro.

            Quanto ao Judiciário, o Presidente se vira para um símbolo do rei Salomão, Marco Aurélio, em inteligência: “Saia daí, venha ser vereador para poder falar”. Nunca dantes se viu tanta ignorância casada com ousadia. A ignorância é audaciosa. Olhem, dizer para o Presidente do TSE: “Não meta o bico aqui, não. Saia daí, seu juizinho, e venha ser vereador para poder falar”...

            Então, atentai bem, ó Jefferson Péres, V. Exª simboliza muito, aliás, parece até com Rui Barbosa, firme. Desça daí e venha ser vereador se quiser falar - o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

            Qualquer um, brasileiro ou brasileira que estivesse fazendo o que está sendo feito, iria comprometer a polícia e mandar prender. Campanha ostensiva, abusiva, com corrupção, com o dinheiro de vocês.

            E vêm as pesquisas - Adolf Hitler, Minha Luta (Mein Kampf) - e dizem que todo mundo quer o Luiz Inácio. Neste País se compra tudo, como é que não se compra uma pesquisa falsa?

            Garrastazu Médici não conheci pessoalmente. Conheci Castello Branco, gente boa; Geisel, pessoalmente; e o Figueiredo. Cheguei até a tomar uns dois copos com o Figueiredo, ele era autêntico. Mas esse Garrastazu Médici ficou para a história como o que torturou, prendeu, exilou. E ele teve 84% nas pesquisas; Hitler, 96%.

            Atentai bem, Jefferson. Olhai militares, vocês simbolizam, Heráclito já disse que são os melhores. Ó Jarbas, somos vão ali naqueles vídeos e vejam aquele filme “300”, sobre Esparta. Foram 300 heróis de Esparta que evitaram que o rei Xerxes, da Pérsia, invadisse a Grécia. Nós somos 35 aqui.

            Agora, Luiz Inácio é sabido. Ele sabe que aqui não passa esse negócio de terceiro mandato. Vocês viram os 35, homens e mulheres, iguais aos 300 de Esparta. Não foi o Exército, a Aeronáutica, não foi a ABI ou a UNE. Isso tudo não foi não. Fomos nós que enterramos a CPMF. E o negócio de terceiro mandato o Luiz Inácio já sabe; os aloprados já sabem. Precisa mudar aqui a lei.

            E não embarca nessa canoa o Presidente Sarney. Eu não tenho procuração dele, mas sou vizinho dele. Ele tem cinco ou seis votos aqui de cabresto. É, Jefferson, a análise é minha, pessoal. Não estou consultando ele, não. Não falo por ele, não! Mas o Sarney ficou na história como ícone da transição democrática da paz. É essa a biografia do Presidente Sarney! Com paciência, ele conseguiu tirar o Governo ditatorial para o Governo republicano do povo, para o povo, pelo povo. Essa é a biografia de Sarney. Ele quer o prestígio político e vai ter. É análise minha, não estou consultando ele, não. Sou apenas vizinho, e sei fazer essa análise psicológica - sou do Piauí e ele, do Maranhão.

            Então, aqui com os 35 e os seis do Sarney já era. E eles sabem disso.

            Então, como Hitler, está aqui em Mein Kampf Minha Luta), ele está exacerbando o povo contra isso aqui. Aí publica que aqui não tem 1% de credibilidade. Não tem uma ova! Aqui, todos nós somos filhos da democracia e do povo. Outro dia, um dos nossos tombou, lá no Mato Grosso - Jonas. Eu vi um povo, uma cidade chorar, lamentar um de nós. Ô Luiz Inácio, some aqui os votos! Nós somos filhos da democracia, do povo e do voto.

            Mas, hoje, neste País - está aí a Polícia - eu quero lhe dizer que os sem-terra são mais fortes do que vocês, as margaridas são mais do que vocês. Eu sou oficial da reserva e Senador. Na Aeronáutica, só 10% dos aviões conseguem voar. Na Marinha, 50% são sucatas. E, se nós tivermos uma guerra aqui - quem diz sou eu aqui, Senador da República, oficial da reserva - nós só ganharíamos da América do Sul, do Paraguai e da Bolívia.

            E, de repente, atentai bem, quem fez esse homem, Goebbels? Jefferson Péres - Thomas Jefferson. Olhe, já não pode aquele, não é, Jéferson? Olha lá. Jefferson Péres, atentai bem! Olha o perigo! Goebbels fez o Hitler, era o comunicador dele, era a mídia. Está todo riscadinho. Eu queria que o Luiz Inácio lesse, ao menos, os pedaços riscados, todos. Então, olha o que os aloprados estão fazendo. Goebbels disse: “Uma mentira repetida, repetida, repetida, se torna verdade”. Aí, a mentira, a mentira, a mentira, a mentira... Já tem até a mãe do PAC. Mas eu vou dizer, segundo o livro, como é que ela está qualificada aqui. Lá eles não diziam “senhores e senhoras”, mas “companheiros e companheiras”. Vejam aonde estamos indo.

            Mozarildo, ouça: “A cor vermelha [não há esse negócio de gravata vermelha?] de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a esquerda, de revoltá-la e induzi-la a freqüentar nossas assembléias: isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa gente”.

            Atentai bem: “Não podiam ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova; costumavam, a maior parte das vezes, cacarejar antes mesmo de pôr o ovo”. Vejam aí o PAC. Estão cacarejando. Ele diz que é a mãe do PAC. Manda o outro dizer que é Presidente. Mário Couto, é a galinha cacarejadora. Aqui, Hitler fazia isso.

            Atentai bem, pág. 304, Adolfo Hitler, em Minha Luta: “Não podiam eles ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova; costumavam, a maior parte das vezes, cacarejar antes mesmo de pôr o ovo.” É o PAC.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Antes de pôr o ovo, a mãe do PAC está cacarejando. Ela é a galinha cacarejadora deste Governo.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Mão Santa, o tempo de V. Exª já está esgotado, mas em deferência ao Senador Jefferson Péres e a V. Exª...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E a um pedido da Heloísa Helena, aquela mulher que devia...

            O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - ...dou mais dois minutos para que possa concluir.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... ser Senadora permanente.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM. ) - V. Exª sabe como era o nome oficial do partido nazista? Partido nazista é abreviatura de nacional. O nome oficial do partido era Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Está aqui! V. Exª já leu e releu. Eu grifei. Está aqui exatamente esse nome. Mas eu ia dizer do perigo. Atentai bem! Olha aí, isso é simples. O Luiz Inácio, o que ele quer? Ele tem aqui só nós. Ele já corrompeu todo mundo. Todo mundo! Não vou citar para não coisar. Só aqui. Ali, ele disse que tinham trezentos picaretas na Câmara Federal. Eu acho que aumentou, porque ali passa tudo.

            Atentai bem, olhem a imoralidade desse documento! Eu pensei, eu me decepcionei... Eu já vi Senador discursar, Deputado Federal, o terceiro mandado para o Luiz Inácio. Mas esse homem, eu pensei que ele era equilibrado. Atentai bem, “Brasileiros desejam que Lula fique mais tempo no poder”, diz Alencar. O Vice-Presidente da República, com todo o respeito, é um homem de muito dinheiro, mas nós estamos aqui porque acreditamos em Deus, acreditamos no amor à família, à Pátria; acreditamos no estudo, que leva à sabedoria e no trabalho, a respeito do qual Rui Barbosa dizia: “A primazia é do trabalhador e do trabalho. Eles é que fazem a riqueza”. Esse homem, e mais, Alencar, se manque, sabedoria, está no livro de Deus, vale mais do que ouro e prata. Aqui deve ser a casa, como é na história do Senado, dos pais da Pátria. Por isso que estou aqui. V. Exª faz um rapapé...

            O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Mão Santa, solicito que V. Exª conclua em um minuto.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Só para terminar. Em um minuto, Cristo fez o Pai-Nosso. O Pai-Nosso, a gente balbucia, e vamos aos céus.

            Mas olhem a vergonha. Aí está Alencar, totalmente decepcionante. É o homem mais rico, tem a fábrica maior de tecido da Argentina. Ele casou o trabalhador com os ricos, banqueiros, os poderosos. Então, ele ainda diz: “Por quê? Porque o Lula está bem, o Lula vai bem (...)”. Tem até o terceiro mandato. Aí ele diz que Franklin Delano Roosevelt teve três. Ó Alencar, ele teve foi quatro. V. Exª tem dinheiro, mas o melhor é estudar a história democrática. Eram outras épocas, houve a guerra mundial, e os americanos viram que não era bom. Ele morreu no quarto mandato; elegeu aí o seu sucessor. Tuma, a mulher dele saiu em campanha...

     (Interrupção do som)

     (O Sr. Presidente faz soar a campainha)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) -...e os nossos americanos viram que isso não era bom. Então, eu queria isso.

            O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Mão Santa, peço a V. Exª para concluir.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, Ó Deus, Ó Deus, como Castro Alves dizia: “Onde estás, meu Deus?”

            É aqui a última fronteira de resistência! Nós enterramos a CPMF. Nós dissemos aqui, pela competência, que aumentaria a arrecadação, porque é a competência que nos trouxe aqui. Dissemos que aumentaria, que o dinheiro sairia das mãos dos aloprados para as mães de família e dos trabalhadores, que aumentaria o ICMS e o IPI. E aconteceu.

            Da mesma maneira, vamos enterrar esse sonho de Cuba, de Venezuela, de Equador, de Bolívar e de Nicarágua...

            (Interrupção do som.)

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...porque aqui é o Brasil, neste Senado de Rui Barbosa, que disse que o homem que não luta pelos seus direitos não merece viver.

            A democracia é um direito do povo brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2008 - Página 7549