O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srª e Srs. Senadores, maior manifestação religiosa do Espírito Santo e uma das maiores do País, a Festa da Penha, que tem seu ponto culminante na segunda-feira, dia 31, ganha este ano um significado especial, por comemorar 450 anos de devoção a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Estado, e da presença dos padres franciscanos em terras capixabas.

Foi no ano de 1558 que chegou a Vila Velha o franciscano espanhol Frei Pedro Palacios. Em 1562, Frei Pedro construiu uma Capela dedicada a São Francisco de Assis, no local hoje denominado Largo do Convento. Durante mais de 6 anos, sua morada teria sido uma gruta, embaixo de uma grande pedra situada no sopé da montanha onde está o Convento, com 1 metro de altura e 3 metros de extensão.

Segundo a crença popular, Frei Pedro tinha como travesseiro uma pedra e nada mais, pois fazia parte das regras de sua Ordem viver na pobreza. Logo adiante da gruta, está o nicho onde, segundo historiadores, ele colocava o painel com a imagem de Nossa Senhora das Alegrias que trouxera de Portugal, e diante do qual orava com o povo.

Conta a lenda que o painel desapareceu por três vezes do nicho, sendo sempre encontrado no alto do morro com 154 metros de altura onde estava situada a gruta. Os moradores do local consideraram a ocorrência uma mensagem de Nossa Senhora para que seu templo fosse construído no alto do rochedo. Assim, em 1568, foi edificada no cume uma capela que recebeu a imagem de Nossa Senhora da Penha, vinda de Portugal em 1569, encomendada por Frei Pedro.

A Capela de Nossa Senhora da Penha sofreu várias ampliações, e junto a ela foi construído, em várias etapas, o Convento da Penha, hoje o principal monumento religioso do Espírito Santo. Síntese da fé de um povo, a Festa de Nossa Senhora da Penha leva ao Convento todos os anos milhares de fiéis. Como diz Frei Bertolino Tholl, guardião e reitor do Convento e Santuário, ele é o centro da espiritualidade do povo capixaba.

Testemunha da trajetória do Espírito Santo, desde os primórdios do povoamento do território capixaba, o Convento é um símbolo histórico, o mais representativo do Estado, e um patrimônio arquitetônico, que guarda em sua igreja obras de artistas consagrados como Vitor Meireles e o escultor italiano Carlo Crepaz.

Em seu altar-mor, está a imagem da Virgem da Penha que Frei Pedro mandou esculpir em Portugal há mais de quatro séculos, ladeada por anjos e querubins e pelas imagens dos maiores santos franciscanos, São Francisco de Assis e Santo Antônio de Lisboa e de Pádua.

Este ano, a Festa da Penha começou no dia 23, com a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha, vinda do município de Santa Leopoldina, à Prainha, em Vila Velha, local da gruta que serviu de abrigo a Frei Pedro Palacios.

O Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, leu uma carta, assinada pelo Papa Bento XVI, saudando os capixabas pela comemoração dos 450 anos da chegada de Frei Pedro e pela devoção a Nossa Senhora da Penha.

“Quando, nesse lendário morro da Penha, Frei Pedro Palacios trouxe Nossa Senhora, representada na sua venerável Imagem da Penha, não poderia conceber que a devoção a Maria alcançaria tamanha relevância em vosso país e na cidade de Vitória, engastada na costa oriental e banhada pelo majestoso Oceano Atlântico”, afirma o Pontífice em sua carta.

Ontem, quando a missa de encerramento foi presidida pelo núncio apostólico do Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, o povo do Espírito Santo demonstrou mais uma vez com fervo, a devoção ressaltada pelo Papa Bento XVI. É uma tradição que, depois de quatro séculos e meio de existência, tornou-se imorredoura, parte essencial do acervo espiritual capixaba, reunindo, ao longo de sua realização, centenas de milhares de fiéis.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.