Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a epidemia da dengue no Rio de Janeiro.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Considerações sobre a epidemia da dengue no Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2008 - Página 7755
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, SUBCOMISSÃO, SAUDE, SENADO, PRESENÇA, CIENTISTA, ESPECIALISTA, EPIDEMIA, DEBATE, FEBRE AMARELA, AMPLIAÇÃO, CONTAMINAÇÃO, BRASIL, MUNDO.
  • BALANÇO, SITUAÇÃO, EPIDEMIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), NUMERO, MORTE, SUPERIORIDADE, FAVELA, FALTA, CONDIÇÕES SANITARIAS, HABITAÇÃO, TRABALHADOR, QUESTIONAMENTO, ORADOR, AUSENCIA, OCORRENCIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL, PRESIDIO.
  • ANUNCIO, MELHORIA, CONTROLE, EPIDEMIA, ARTICULAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO, COLABORAÇÃO, ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, AUMENTO, NUMERO, LEITO HOSPITALAR, CUMPRIMENTO, SANTA CASA DE MISERICORDIA.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Efraim Morais, a quem já me acostumei a admirar pela sua fidalguia, pela sua maneira lhana de tratar os seus colegas e ilustre Presidente que ora dirige os trabalhos, Senador Francisco de Assis de Morais, conhecido no Brasil inteiro, muito querido na minha cidade, por aquele povo que já se habituou com o seu estilo diferente de oratória parlamentar. É muito bom tê-lo aqui sempre.

Srs. Senadores, quero dizer logo que estimo demais este Parlamento. Aqui vejo todo dia o Brasil. Aqui vejo todo dia o meu querido País, aqui vejo Minas, Rio Grande, São Paulo, o seu Piauí. Aqui vejo, realmente, a nacionalidade de forma permanente, que começa a trabalhar cedo, vai pelas comissões, sem fadiga, com patriotismo. E somos políticos.

O Senador Papaléo Paes é um médico ilustre. Ele preside a Subcomissão de Saúde subdivisão da Comissão Permanente de Assuntos Sociais. Nesta semana, ele reuniu, em convocação especial, quatro sábios em matéria de Medicina, quatro conhecedores eméritos, quatro estudiosos eméritos de saúde pública, de epidemia na Subcomissão de Saúde.

Tive a oportunidade de comparecer a essa reunião. Foi bom, porque o assunto foi febre amarela, Oswaldo Cruz, Vital Brasil, além da contaminação generalizada, que não ocorre só na cidade do Rio de Janeiro, mas no Brasil todo - mais aqui menos ali -, na América do Sul toda, em países europeus e em países asiáticos em grande escala. Mas tudo que ocorre no Rio de Janeiro tem uma dimensão muito diferente e muito especial, porque o Rio é o Rio. Se ocorre um fato no Rio...

Tive a ocasião de conversar com o Dr. Fabiano Pimenta Júnior, que compareceu à Subcomissão;

Com Dr. Jurandir Frutuoso; com Dr. Marcos da Silveira Franco, representante do Ministério da Saúde; e com Dr. Pedro Luiz Tauil, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Todos eles, figuras eminentes da medicina, da pesquisa e da cura, deram uma contribuição excepcional ao Senado. Só aquilo, com o desdobramento dos trabalhos que serão realizados com esses sábios, valeu muito pela colaboração que deram na ocasião e que darão no futuro.

Ocorreu no Rio, e a pergunta que fiz ao representante do Ministério da Saúde foi: Doutor, quantos óbitos houve - falando em letalidade - até o presente momento em virtude desse mosquito no Brasil inteiro? Ele, que representa o Ministério da Saúde, me disse: “Até o presente momento, houve no Brasil inteiro 84 mortes.” Evidentemente, não deveria ter havido óbito nenhum proveniente desse contágio, mas foi o que ele me respondeu.

A maioria, talvez, provavelmente, tenha ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. E por que na cidade do Rio de Janeiro? Por quê? Porque ao lado do Pão de Açúcar, do Corcovado, do Carnaval, há 570 favelas, umas grandes, outras pequenas, onde se concentra a população, ao lado de lagoas, ao lado de lagunas, num ambiente que favorece a proliferação do mosquito. São 570 favelas. Não há, em nenhum lugar do Brasil, essa concentração popular, de trabalhadores, de pessoas que merecem todo o meu respeito, todo o meu apreço. Moram mal. São trabalhadores. E as crianças...

A primeira pergunta o representante do Ministério da Saúde me respondeu: 84 óbitos até anteontem, dia que ele veio à Comissão.

Fiz a segunda pergunta, meu caro Presidente Senador Francisco de Assis. Eis a segunda pergunta que fiz: foi constatado algum caso de dengue nos presídios do Rio de Janeiro, onde se concentram 44 mil internos? Não houve. E por que não houve nenhum caso de dengue entre os presidiários do Estado do Rio de Janeiro?

Essa foi outra pergunta que fiz e ninguém soube responder. Um cochichou com o outro, e nenhuma resposta. São sábios, só fazem isso, só estudam isso, mas não souberam me responder. Fiquei curioso porque essa é uma pergunta curiosa.

Qual é o Professor? Sebastião Viana, uma ilustre figura, professor de Infectologia. Eu gostaria de saber. Com toda franqueza, fiquei curioso porque não houve... E por que esse exagero, esse escândalo? Dizem uns que houve mil casos no Rio, outros que houve dois mil quando no Brasil inteiro houve oitenta e quatro óbitos provenientes do mosquito da dengue quando não deveria ter havido nenhum caso, nenhuma morte.

O que se exige, meu caro Tião Viana, é que sejam bem tratados, pelo menos, no mínimo, os que procuram a rede de hospitais. A grande maioria dos médicos aqui presentes estiveram fazendo cursos no Rio de Janeiro, inclusive o Senador Mão Santa. Especializaram-se no Rio de Janeiro. Formaram-se em escolas de Medicina da cidade do Rio de Janeiro.

Não é de hoje que existe epidemia. Isso é antigo. Está sendo debelado. 

Nossos médicos se preocupam. As famílias brasileiras todas se preocupam com o que está ocorrendo.

Mas culpar quem, para colocar na parede e fuzilar? Quem vamos culpar e dizer: esse é o culpado. Alguém é culpado. Alguém tem que pagar. Claro, todos queremos saber isso. E nós, que representamos o Estado do Rio de Janeiro, mais do que qualquer outro, nos preocupamos, choramos, lacrimejamos, por causa dessa situação. É lamentável sob todos os aspectos, porque tudo que ocorre no Rio de Janeiro tem uma repercussão mundial - mundial, repito.

(O Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Sr. Presidente, sei que meu tempo está esgotado. Sei também que V. Exª tem em geral uma complacência natural com os oradores, mas não sou de abusar, de jeito nenhum.

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. DEM - PB) - A Presidência concede mais cinco minutos a V. Exª, para concluir seu pronunciamento.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - muito obrigado pela consideração.

Essa iniciativa do Senado de chamar aqui quatro sábios em epidemias, iniciativa que abrange, vamos dizer, os médicos interessados que foram fazer parte dessa reunião, iniciativa do Senador Papaléo Paes e outros médicos distintos da Casa preocupados com o problema, foi o grande passo para o Senado, porque os trabalhos vão se desdobrar, outras reuniões vão se suceder. 

E a notícia que tenho é que, a partir de ontem, a coisa está declinando. Depois da congregação, vamos dizer, de forças da sociedade brasileira, de todos os Estados, tão solidários com o Rio de Janeiro, as coisas estão se atenuando, os casos estão diminuindo.

Eu lamento tanto quanto V. Exª, Sr. Senador Antonio Carlos Valadares, que os postos de saúde no Município estejam fechados, porque os postos de saúde do Estado estão abertos dia e noite, sábado, domingo e feriado. É obrigação nossa, do Governo, fazer isso e cobrar isso também.

Mas pode estar certo de que as outras entidades, Sr. Presidente, estão começando a colaborar. Ainda antes de ontem, a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, entidade do maior respeito, fundada por Anchieta, como tanto bem diz V. Exª, Senador Mão Santa, pôs a favor do Governo Federal, ofereceu ao Governo Federal, estadual e municipal, e a todos que estão cuidando desse assunto, mil leitos para atender esta crise que acredito passageira; mil leitos para ajudar no combate à dengue.

E aqui vão meus cumprimentos ao atual Diretor da Santa Casa, Dr. Dahas Zarur, por essa iniciativa séria. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica entraram na luta com muito brilho, com muita competência. E vamos vencer essa batalha. Já vencemos outras.

A Santa Casa entrou na luta. Tem cinco hospitais, mais um hospital infantil, mais duas casas de idosos. Mil leitos oferecidos ao Estado para ajudar a combater a dengue!

Mas, ao me despedir desta tribuna, a qual não tinha acesso há algum tempo, tenho certeza absoluta de que o Rio venceu tantas batalhas. Muitas batalhas! Até que o Rio se fundiu com outros Estados. Já imaginaram V. Exªs, que representam os Estados, um Estado se fundir com outro, levar os problemas para o outro Estado, levar soluções, ser capital federal durante tantos anos? Essa é a cidade do Rio de Janeiro, capaz de botar na rua, no dia 31 de dezembro de cada ano, botar na Avenida Atlântica três milhões de pessoas, sem nenhum tipo de acidente ou incidente. Esse é o Rio de Janeiro.

Sr. Presidente Efraim Morais, agradeço a V. Exª a gentileza. Sei que V. Exª também é solidário com o Rio, como o Senador Mão Santa, que é atualmente o político mais popular na cidade do Rio de Janeiro, e aqui está, sentado ao lado de V. Exª.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2008 - Página 7755