Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.

Autor
Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9018
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), RELEVANCIA, ATUAÇÃO, CONSTRUÇÃO, IDENTIDADE, POPULAÇÃO, REGIÃO, IMPORTANCIA, PROCESSO, HISTORIA, BRASIL, ELOGIO, QUALIDADE, GRUPO, JORNALISTA.

O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Alvaro Dias; meu colega de Partido; ilustre Ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal; Sr. Henrique Hargreaves, representante do Governo de Minas em Brasília; Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, que muito nos orgulha pela sua presença; Dr. Édison Zenóbio, Diretor-Geral do jornal Estado de Minas; Álvaro Teixeira da Costa, Diretor-Executivo do Estado de Minas; senhores diretores do jornal; Srªs e Srs. Senadores; senhoras e senhores convidados aqui presentes, prezado colega Senador Eliseu Resende, o jornal Estado de Minas, no último dia 7 de março, completou 80 anos de existência. O Senado representa os Estados brasileiros. Nada mais correto, portanto, que aqui no Senado homenageemos esse jornal tão importante que, juntamente com tantos outros jornais dos 27 Estados brasileiros, mostra a rica diversidade deste País.

Não podemos ter opiniões centralizadas em apenas um ou dois Estados. É fundamental, em defesa da democracia e da verdade, que um jornal como o Estado de Minas tenha vida longa em respeito ao passado e em esperança quanto ao futuro.

Cumpro o dever de expressar a voz de Minas em momento significativo da história de nossa imprensa. Mas o faço, principalmente, porque, sendo mineiro, desejo homenagear o jornal que sempre li diariamente e é leitura diária da família mineira, bem como de amigos e colegas contemporâneos e de outras gerações.

Em nossa terra, entrou no repertório geral das pessoas o slogan: “O grande jornal dos mineiros”, que, já há algum tempo, propaga o Estado de Minas. Mas o que parece constituir uma frase de efeito, se tornou, na verdade, o sinônimo de sua identidade.

Srªs Senadores, Srs. Senadores, Senador Wellington Salgado, meu colega, também de Minas, presente aqui e autor desse requerimento, o título Estado de Minas, já diz tudo. Trata-se de um jornal que não se separa de Minas nem no nome, nem na realidade do que representa; pelo simples fato, se não houvesse outros motivos, de que é o jornal que registra, há mais tempo e ininterruptamente, os principais acontecimentos e protagonistas mineiros.

Durante 80 anos, suas páginas escrevem a história de Minas e fixam para a posteridade a memória de um povo. Uma das mensagens de homenagem ao jornal publicadas no dia do seu aniversário sintetizou bem: “Tão importante quanto fazer parte da história de Minas Gerais é saber escrevê-la”.

E escrevê-la bem foi e tem sido atributo do jornal ao longo de oito décadas. A própria origem do Estado de Minas é testemunha disso. Nomes ilustres da inteligência e das letras mineiras - Pedro Aleixo, Juscelino Barbosa, Álvaro Mendes Pimentel, também signatário do Manifesto dos Mineiros -, deram-lhe origem nos idos de março de 1927.

Registro, com muito prazer, a presença do Padre Aleixo aqui conosco.

E logo a eles se somaram as mentes inquietas e brilhantes de Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Cyro dos Anjos e Afonso Arinos: gênios das muitas Minas, “desse Estado plural”, como o definiu Guimarães Rosa - outra estrela dessa constelação de homens ímpares que atuaram no jornal e representaram o mineiro, ou seja, “o homem em estado minasgerais”.

O Estado de Minas foi concebido na inquietação que portava o gene dos novos tempos. O modernismo chegara também às montanhas, onde, na época, Belo Horizonte começava a fulgurar como núcleo intelectual efervescente.

Assis Chateaubriand, com seu tirocínio e visão de oportunidade, percebeu que ali estava um jornal que seria um dos pilares do seu ambicioso projeto de criação dos Diários Associados, que se estendeu por todo o País e que se articulava com a Revolução em gestação. 

Veio 1930 e a República Velha caiu. Mas antes mesmo do cerco tenaz ao 10º Regimento de Infantaria, na capital mineira - um dos episódios decisivos para a vitória dos revolucionários -, o jornal Estado de Minas já respirava e inspirava a mudança.

A perspicácia do então Governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, forte aríete da aliança que uniu Minas ao Rio Grande do Sul e ao Nordeste para derrubar a muralha da velha oligarquia rural, transfundiu mais sangue novo no novo jornal.

Ao lado de Pedro Aleixo e Milton Campos, que bem mais tarde se tornariam próceres insignes da UDN, Chateaubriand acolheu a recomendação de Antônio Carlos e convidou também a militar no Estado de Minas Tancredo Neves e José Maria de Alkmin. Alkmin não demorou a ser guindado à gerência e, após a 2ª Grande Guerra, ajudaria a formar o PSD, ao lado de JK, do próprio Tancredo e de inúmeros lideres brasileiros e mineiros: inclusive o meu querido e saudoso pai, Renato Azeredo.

Com isso, o Estado de Minas abrigaria mais tarde as duas principais alas - PSD e UDN -, que após a Segunda Guerra viriam se opor durante a restauração do Estado democrático de direito.

Srªs e Srs. Senadores, a saga vivida por esses homens especiais ficou escrita nas páginas do “grande jornal dos mineiros”. E não só ela, mas também a dos conterrâneos e forasteiros ilustres, ou não, que marcaram a vida de Minas nos mais variados setores e circunstâncias.

Sem desmerecermos muito outros acontecimentos e personagens importantes, vou lembrar aqui apenas alguns que foram descritos nas páginas do Estado de Minas. O exemplar da primeira edição, que foi distribuído e está com todos, mostra bem a história de Minas Gerais, a história do Brasil: as revoluções de 1930 e 1932; Oscar Niemeyer e Burle Marx na vanguardista arquitetura da Pampulha; a estada de Orson Welles em Belo Horizonte; o avanço da pecuária zebuína e do comércio atacadista no Triângulo Mineiro; as corridas de automóvel com Chico Landi; a ascensão de Juscelino Kubitschek ao poder; o salto de industrialização dado pelo Presidente Getúlio Vargas com a Siderúrgica Mannesmann; a continuação do salto pelos Governadores Rondon Pacheco e Aureliano Chaves com a Fiat Automóveis; as tragédias do rompimento da Barragem da Pampulha, do desabamento do Pavilhão da Gameleira, das antigas enchentes do Ribeirão Arrudas e da morte de Tancredo Neves; a modernização viária de BH especialmente com o trabalho de Hélio Garcia; a conquista do decacampeonato do América mineiro; a conquista do 1º Campeonato Nacional de Futebol pelo Clube Atlético Mineiro; a visita do Papa João Paulo II, detalhada e acompanhada pelo Estado de Minas; a “Diretas Já”, com Tancredo, Ulysses Guimarães e Mário Covas; a arte do Grupo Corpo, do Clube da Esquina e do Skank; os efeitos da Vale, Usiminas, Açominas e Cemig na área econômica.

Toda essa história tem sido atentamente coberta e contada pelo jornal. Para isso, o Estado de Minas sempre seguiu também a trilha da modernização, respondendo com competência aos novos desafios do crescimento da Imprensa mineira, atualmente em vigorosa concorrência de mercado.

São muitos os títulos que o jornal vem conquistando por seus avanços na produção e no design gráficos. Um exemplo são os seguidos prêmios que tem ganhado no concurso promovido anualmente pela Society for News Design, sediada em Nova Iorque.

Também são vários os prêmios jornalísticos que alcançou, como diversos prêmios Esso regional e nacional.

A razão está na qualidade profissional de seus jornalistas - entre os quais devem ser lembrados os falecidos Teódulo Pereira, Ney Otaviani, Bernis, Djalma Andrade, Hélio Adami de Carvalho, Hermenegildo Chaves, Fernando Carvalho, Célius Aulicus, Dirceu Horta, Roberto Drummond, Wander Pirolli, Felipe Drummond, Fialho Pacheco, Alvimar de Freitas, José Inácio, Wilson Frade, Helton Brant Aleixo, Odin Andrade, José Maurício, Eduardo Couri, Leonardo Fulgêncio e vários outros, lembrando apenas aqueles aqui já falecidos.

Aos jornalistas juntam-se dirigentes, editores e administradores do jornal que sempre estiveram à altura das tarefas de fazê-lo crescer. Vêm à minha memória as personalidades marcantes Geraldo Teixeira da Costa, Pedro Aguinaldo Fulgêncio, seu irmão Ivan Fulgêncio, que também já faleceram e aos quais hoje continuam fazendo jus os talentos de Álvaro Teixeira da Costa, Édison Zenóbio, Britaldo Soares, Cyro Siqueira, Geraldo Teixeira da Costa Neto e Josemar Gimenez de Resende, o seu diretor de redação.

Por tudo isso, Sr. Presidente, peço a V. Exª que faça inscrever nos Anais do Senado a edição especial de O Estado de Minas, a que me referi anteriormente, alusiva aos seus 80 anos, que circulou no dia 7 de março de 2008.

Álvaro Teixeira da Costa, atual diretor executivo da empresa e um incansável modernizador, que herdou o dinamismo do seu pai Geraldo Teixeira da Costa e do tio Camilo Teixeira da Costa, explica a longevidade bem-sucedida do Estado de Minas como resultado da missão de relatar os fatos com ética e fidedignidade e também de ser voz presente e atuante das altas aspirações e dos posicionamentos de Minas.

De fato, o jornal sempre correspondeu a essa missão, preocupando-se em defender os valores mineiros com firmeza, altivez e honestidade, ante as tentativas que, muitas vezes, são feitas para atingir as posições e vozes legítimas do nosso Estado. O Estado de Minas tem sido sempre presente e atento.

Mas, além da defesa de Minas, o jornal tem desempenhado também, evidentemente, o papel pró-ativo de propor e sustentar a agenda positiva que interessa aos mineiros, o que, quase invariavelmente, interessa também aos brasileiros.

O Estado de Minas é um jornal de Minas Gerais, mas é um jornal nacional, é um jornal que representa a segunda ou terceira economia do País - nós disputamos com o Rio e se a Petrobras não fosse sediada no Rio, seguramente, estaríamos à frente.

Então, temos a diversidade da economia mineira, da nossa agropecuária, dos serviços, das indústrias. E Minas Gerais tem um jornal à altura do seu Estado, como é o Estado de Minas. A sua função é a de defender Minas e também de propor ações para o Brasil, o que quase invariavelmente interessa aos brasileiros, pois Minas é assim: ao pensar em si, pensa no Brasil!

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO AZEREDO EM SEU PRONUNCIAMENTO

         (Inserido nos termos do inciso I, §2º, art. 210, do Regimento Interno)

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Matéria referida:

“O Estado de Minas de 7 de abril de 2008”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9018