Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.

Autor
Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9034
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ELOGIO, ATUAÇÃO, REGIÃO, IMPORTANCIA, PROCESSO, HISTORIA, BRASIL.
  • ELOGIO, AECIO NEVES, GOVERNADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), DEMONSTRAÇÃO, LIDERANÇA, POLITICA NACIONAL.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Senador Eduardo Azeredo, subscritor do requerimento e Presidente do Senado neste momento; Exmº Sr. Senador Eliseu Resende, também subscritor do requerimento; Exmº Sr. Édison Zenóbio, Diretor Geral de Estado de Minas; Exmº Sr. Carlos Velloso, Ministro do Supremo Tribunal Federal; Exmº Sr. Henrique Eduardo Hargreaves, representante do Governo de Minas Gerais no Distrito Federal, meu ilustre amigo; Exmº Sr. Álvaro Augusto Teixeira da Costa, Diretor-Executivo do jornal Estado de Minas; Srªs e Srs. Senadores e Deputados, Srs. convidados, Minas Gerais são muitas. Quem conhece o nosso Estado sabe que cada região expressa um pouco de nosso País. Em Minas, seja na grande metrópole de Belo Horizonte, seja nas hospitaleiras cidades do interior, como a região do Triângulo Mineiro, está um pedacinho da alma brasileira

E é nesse contexto de pluralidades, de receptividade, de poesia e prosa, que nasceu o jornal Estado de Minas. Quando Belo Horizonte contava com apenas 31 anos de idade, o jornal já noticiava e retratava a energia da jovem cidade. Apesar das distâncias que separavam Minas do resto do País, Belo Horizonte era o sonho da capital planejada como o meio de transformar em realidade os sonhos mineiros de modernidade.

O Estado, fundado em 7 de março de 1928, era parte desse espírito da alma de cada mineiro: o sonho de que a realização dos ideais era não apenas possível, como estava bem perto da gente.

Não foi à toa que o jornal ficou conhecido como “o grande jornal dos mineiros” - o jornal que, ao mesmo tempo, espelhava o presente, mas seria também um farol para o futuro. Ousaria dizer mais, o Estado tem sido nesses oitenta anos “jornal de todos os mineiros”.

Em sua primeira capa, em sua proclamação de princípios, o Estado de Minas anunciava o propósito de ser o defensor legítimo dos trabalhadores, dos que labutam e produzem - a lavoura, a indústria e o comércio. Se isso era verdade naqueles tempos distantes, continua a ser hoje. O Estado é a voz legítima dos anseios e do trabalho do povo mineiro. Todos aqueles que sonham com Minas Gerais como um pólo de desenvolvimento tiveram o jornal como aliado fiel.

O Estado, sempre à frente dos principais debates, serviu sempre como um importante foro de idéias, de discussões e de importantes embates e debates. Foro democrático, sempre aberto às opiniões divergentes e ao novo, sem perder a reverência e importância que a tradição e a história têm na vida e no desenvolvimento de uma sociedade.

Minas, ao contrário do que muitos imaginam, sempre foi um Estado de vanguarda e de modernidade. Foi ali, nas montanhas de ouro e ferro, que os primeiros clamores pela independência nacional se fizeram ouvir.

No século XX, no grande processo que levou a mudanças profundas em nossa sociedade, Minas desempenhou papel de destaque.

Na década de 40, por exemplo, ao tempo em que Juscelino era prefeito de Belo Horizonte, Minas foi palco das mais ousadas manifestações modernistas vistas em nosso País. JK, como mostraria em sua presidência - a melhor que este País já teve - ansiava pelo futuro e o fazia acontecer.

O jornal Estado de Minas não era diferente desses sonhos de Juscelino. Minas Gerais, graças em parte à receptividade do jornal, recebeu, em maio de 1944, aquela que ficou conhecida como a maior exposição de arte moderna já realizada no Brasil. Além de artistas que brilharam, vinte anos antes, na Semana Modernistas, Minas abria as portas para uma nova geração. O jornal escreveu que a mostra era “eloqüente demonstração do espírito progressista da gente mineira”. Poucos anos antes, JK dava início à construção da Pampulha, obra-marco da entrada do Brasil na modernidade.

O Estado de Minas foi, em suas próprias palavras, espelho e farol de Minas. Espelho, ao refletir quem são os mineiros, em toda a sua determinação, vontade e desejo de inovação; e farol, ao olhar para frente como um ponto para o qual poderíamos nos encaminhar, sem perder de vista a história que estava sendo construída por nosso povo.

Eu queria pedir licença, Sr. Presidente, para, neste momento em que estou fazendo esta homenagem ao Estado de Minas e ao falar em “espelho e farol”, dizer que tive a oportunidade de receber ontem, em minha casa para um jantar, o Governador de Minas, Aécio Neves. E, quando cito “farol” e “olhar para frente”, não posso deixar de tentar associar Aécio com essa visão de olhar para frente. Independente de partido e independente de qualquer situação, acho que Aécio hoje é um nome moderno e que representa todo o povo mineiro. Por que associo isso ao jornal Estado de Minas? Porque não é possível ter-se um grande político em Minas - e citando aqui o Governador Aécio -, sem que o Estado de Minas, de alguma maneira, com seus escritores e com todos que escrevem nas suas colunas, tenha criado uma forma de ele ser um grande político mineiro. É por isso que, de alguma maneira, o Estado de Minas contribuiu para esse grande político do momento, jovem, representante da minha geração. E, mais vez, quando falo em “farol de iluminar para frente”, vem à minha mente imediatamente a imagem do Governador Aécio. Então, o Estado de Minas, com certeza, tem uma grande responsabilidade na formação desse Governador. Deixo até o Senador Azeredo alegre, porque Aécio hoje está no PSDB, mas não esqueça que a genética dele é toda peemedebista.

Assim, ao ser reflexo do presente e farol do futuro, o jornal sempre se pôs, antes de qualquer outra coisa, como um defensor dos mineiros e de Minas Gerais. Tarefa nem sempre fácil ou simples, diante das complexidades da política e da economia de nosso Brasil.

Mas o jornal não foi apenas esse batalhador das coisas de Minas. Foi também um celeiro dos melhores talentos do século XX, não só mineiros, mas talentos de diferentes partes do Brasil, acolhidos nas páginas do nosso jornal. Nomes como Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Cecília Meireles, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Gilberto Freyre e aquele que é, muito provavelmente, o principal escritor brasileiro de todos os tempos, o mineiro de Cordisburgo, Guimarães Rosa.

O Estado de Minas tem sido ao longo desses oitenta anos um exemplo a ser seguido por outros jornais e periódicos jornalísticos. Foi um defensor de Minas e do Brasil. Defendeu sempre os mineiros, mas com o objetivo de engrandecer este País.

Parabéns ao Estado de Minas pelos seus oitenta anos e obrigado pelos serviços que tem prestado com tanto amor e dedicação ao povo mineiro e à amada terra mineira.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9034