Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9038
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, ANTERIORIDADE, DIVULGAÇÃO, COMPROVAÇÃO, RELEVANCIA, PROCESSO, HISTORIA, CULTURA, REGIÃO, ELOGIO, COLABORAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, POLITICA NACIONAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, convidadas e convidados do Congresso Nacional, do Senado Federal, para esta homenagem justa a este grande jornal brasileiro, que é muito mais do que um jornal regional, um jornal de coturno efetivamente nacional, que é Estado de Minas.

Cumprimento V. Exª, Sr. Presidente, Senador Eduardo Azeredo, que, mineiro como ninguém, ensinou-me a comer salada. Eu sempre achei que o prato quente vinha depois, ele me disse: “Mas assim esfria”. Então, mineiro come primeiro o prato quente, porque a salada mantém a temperatura de sempre. Eu aprendi e dali para frente incorporei esse hábito que me foi passado pelo meu querido amigo e companheiro de Partido, Senador Eduardo Azeredo.

Cumprimento o Ministro Eliseu Resende, figura queridíssima e respeitadíssima nesta Casa; Senador Wellington Salgado, figura de nome, cordialidade e fraternidade com todos nós; Dr. Édison Zenóbio, Diretor Geral do jornal Estado de Minas; Ministro Henrique Hargreaves, figura tão estimada em todos os tempos do Congresso Nacional; meu prezado amigo Álvaro Augusto Teixeira da Costa, Diretor Executivo do jornal Estado de Minas, que vem representando esse grupo tão democrático e fazendo um trabalho muito bonito também à frente do jornal Correio Braziliense, que demonstra o vigor das suas reportagens e o vigor da sua convicção, muitas vezes nadando contra determinadas correntes que precisam ser enfrentadas em nome da boa verdade jornalística. E deixei para o final esta figura que representa tanto para as letras jurídicas do País, figura que faz muita falta ao Supremo Tribunal Federal, que é estimada por todos os que o conhecem e respeitada por todos os que o conhecem e pelos que não o conhecem, o Ministro Carlos Mário Velloso.

Eu gostaria de aproveitar, precisamente, o ano I e a edição nº 1 do jornal Estado de Minas. O Senador Mão Santa disse muito bem: o jornal nasceu grande no tamanho e fadado a ser grande no seu conceito.

Anotei, Sr. Presidente, algumas passagens muito interessantes do jornal. Por exemplo, eu pensava no que é a vida, e o jornal registra a vida, sobretudo: ele registra a vida, registra o que se faz de errado, o que se faz de certo na vida pública, registra o esporte, registra o sofrimento, a dor, a brutalidade da condição humana, que, muitas vezes, leva alguém a cometer assassinatos inexplicáveis como esse da menininha paulista, em que, por mais que se tente encontrar um fio de lógica, seja quem tenha sido o monstro a praticar esse gesto, por mais que se busque encontrar um fio de lógica, não se o encontra, não se o acha, porque é algo acima da lógica, acima da compreensão dos seres humanos de efetiva sensibilidade.

O jornal registra tudo. E aqui eu vejo uma notícia interessante da coluna Vida Social:

“Acha-se em festas o lar do sr. Theophilo Augusto Germano, conferente da Estrada de Ferro Central do Brasil, em Juiz de Fóra, e de sua exma. esposa sra. d. Alice Gomes Germano, com o nascimento de um interessante menino que na pia baptismal irá receber o nome de Antonio”.

Ou seja, Antonio - espero que esteja vivo - completou ou completaria agora 80 anos de idade. Fico me pondo a questionar a vida que ele levou, os acertos, os equívocos que possa ter praticado, as emoções que viveu e que espero continue a viver, meu prezado Jacques Corrêa.

E ainda tem duas notícias que são preciosas. Tem outra bem da vida corriqueira das Minas Gerais daquela época:

“Acha-se contractado o enlace matrimonial da senhorinha Lygia Monteiro, filha do sr. Joaquim Ferreira Monteiro, com o sr. João Braga Castello Branco”.

Eu pensava ali: quantos filhos? Deu certo o casamento? Hoje em dia, está mais difícil de dar tão certo, mas naquela época costumava dar, até por questionamentos menores que ambos os contratantes do enlace faziam um ao outro.

Eu fico me pondo a pensar sobre essa comédia da vida, sobre essa tragédia que a vida é, às vezes, também. E tem duas notícias que são preciosas. Eu vou guardar este jornal com muito carinho.

Aqui tem “Viajantes”. Como não era tão fácil se viajar àquela altura, então a viagem de um homem público importante, meu prezado Gontijo, era algo que levava os correligionários à gare, à estação, e, mais tarde, ao aeroporto.

Lamento que, hoje em dia, não se tenha ainda... O Brasil, de certa forma, andou para trás em alguns aspectos, porque, se o jornal evoluiu, estamos sem o trem para nos levar a Minas, como de Minas para o Rio de Janeiro foi o Vice-Presidente da República da época, Fernando Mello Vianna, Vice-Presidente da República de Washington Luiz, que tinha sido também, se não me engano, Presidente da Província das Minas Gerais.

Aqui diz:

“Dr. Mello Vianna - Seguiu ante-hontem para o Rio, pelo 2º nocturno,...” [À época, havia dois trens; hoje, não há nenhum. Mas vamos registrar que são dois trens! Bom, estou dizendo dois trens, no mínimo, porque, se ele pegou o segundo “nocturno”, poderia haver um terceiro ou um quarto. Então, continuando,] “...o dr. Fernando Mello Vianna, vice-presidente da Republica que teve embarque muito concorrido, notando-se na ‘gare’ innumeros politicos e admiradores de s. excia”.

Fui colega de Instituto Rio Branco de um neto já falecido de Mello Vianna, Victor Manso de Mello Vianna, uma figura muito querida que nos deixou tão cedo, algo, enfim, que a minha turma, que era tão pequena no Rio Branco, não perdoa até hoje: termos perdido o convívio do Victor. Mas aí que vem a notícia mais fundamental, que é realmente de se notar. Meu prezado Alvaro:

“Está em festas o lar do nosso confrade...” [vou dizer o nome depois, porque realmente é um nome que vai causar uma saudade e admiração enorme em todos] “Está em festas o lar do nosso confrade [fulano de tal], redactor do ‘Diário de Minas’, e de sua exma. esposa d. Dolores Andrade, com o nascimento de uma linda menina que na pia baptismal receberá o nome de Maria Andrade”.

Esse confrade é simplesmente - estava na fundação de O Estado de Minas - um cidadão que escrevia direitinho, que tinha um certo talento, uma figura de um certo reconhecimento, chamado apenas Carlos Drummond de Andrade. Ele está aqui. Vou guardar com muito carinho este jornal, porque faz parte da história do País, e vou lê-lo com muito calma. Não é sempre que temos calma, mas faço questão de ler este jornal com muita atenção.

Fico feliz porque este anúncio enorme aqui deve ter dado um dinheirão para o jornal àquela altura.

Eu gostaria de registrar Minas do ponto de vista do que representa, pelo seu peso simbólico, para o País.

Ainda há pouco, Presidente Eduardo Azeredo, Senador Wellington Salgado e meu prezado Ministro Eliseu Resende, falava-se aqui, pela voz do Senador Wellington, da trajetória brilhante do Governador das Minas Gerais, meu prezado amigo e companheiro de Partido Aécio Neves. E se falava muito em genética. Dois oradores falaram em genética. E quando se associa Aécio sempre a Tancredo Neves - e isso é muito -, está se olvidando o outro lado da sua genética política tão favorável. Ele é neto de Tristão da Cunha, que foi um dos grandes Deputados da “banda de música” da UDN, União Democrática Nacional, filho de Aécio Cunha, de quem cheguei a ser colega no meu primeiro mandato, quando Aécio estava já veterano em um dos seus mandatos inúmeros e profícuos em favor do seu Estado, e neto de Tancredo Neves. Ou seja, é uma responsabilidade muito grande, da qual vai se incumbindo muito bem o jovem Governador desse Estado.

Mas penso em Minas e me lembro da sagacidade e da honradez de José Maria Alckmin. Lembro-me da coragem de fazer de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Brasília ficou pronta no prazo marcado, na data aprazada, precisamente porque havia alguém de uma determinação inacreditável à frente do País. Alguém que marcou, contra a precária navegação aérea da época, marcou uma data e a cumpriu, contra tudo e contra todos.

Carlos Lacerda, no seu brilhantismo, muitas vezes destrutivo, mas brilhante como jamais vi nenhum Parlamentar o ser, dizia que Brasília não ficaria pronta. Depois, teve que se conformar em criticar a Capital, mas não pôde sustentar que Brasília não ficaria pronta, até por que não se pode negar uma evidência de concreto recheada de sentimentos humanos dos pioneiros que para cá acorreram.

E mais. Podemos falar de mineiros ilustres como Oscar Corrêa, que foi do Supremo Tribunal Federal e da UDN, que era antípoda do PSD de Juscelino Kubitschek. Venho de uma família de trabalhistas, mas os dois homens públicos que vi exercerem sua coerência com mais clareza eram da UDN: Mário Martins, Deputado pelo Espírito Santo, UDN do Espírito Santo, e Oscar Corrêa, UDN de Minas Gerais.

Oscar Corrêa, no final do seu mandato, discrepa do seu Partido numa questão de fundo. Ele, então, entrega o mandato e diz: olha, não consigo exercer o mandato porque entendo que o mandato pertence ao Partido.

Mário Martins foi até além. Mário Martins discrepou no início do mandato... Aliás, Oscar Corrêa cumpriu o mandato até o final e não se candidatou nunca mais a nada. Mário Martins entregou seu mandato no início, por discrepar de uma questão de fundo da UDN. Ambos foram muito adulados pela direção do Partido: “Não tem por que fazerem isso. Não tem por que agirem assim. Nós não estamos pedindo que vocês façam isso”. Mas a consciência de ambos pesava mais do que aqueles apelos tão ilustres. Cito Mário Martins porque é um exemplo de enorme clareza para quem tem o sentimento republicano. Mas Oscar Correa é isso.

Eu me dou por invejoso quando vejo uma luta política se travando, em Minas - e eu me lembro do meu Estado e de outros Estados -, entre Pedro Aleixo e Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando se tinha uma eleição em que o adversário de Juscelino Kubitschek para o Governo de Minas era nada mais, nada menos que Milton Campos. Era quase que um luxo literal. Era de se fazer um requerimento, em nome dos outros Estados, pedindo certa distribuição dessa renda intelectual e dessa renda moral. Seria algo assim tipo “fica com fulano e me manda beltrano”. Mas por que essa coisa tão exageradamente privilegiadora de Minas que fazia Juscelino derrotar Milton Campos? Milton Campos podia ter nascido em outro Estado e ambos teriam vencido, cada um em seu Estado. Por que aquela gastança de talentos? Minas é, de fato, privilegiado sob esse aspecto.

Eu gostaria, ainda, de ressaltar uma figura que considero extremamente marcante para Minas Gerais. Já falei da importância de Juscelino, pelo que fez pelo Brasil, e agora me refiro a Tancredo Neves.

Tancredo Neves deu todas as provas de firmeza sem que se pudesse dizer o menor senão da sua coerência, do seu compromisso libertário e da sua firmeza de homem público e de homem, pessoa física.

Vamos a Tancredo Neves.

Vereador em São João del Rei - evidentemente, adversário da ditadura varguista do Estado Novo -, teve seu mandato cassado, como foram cassados todos os mandatos por uma ditadura que não poupou mandato qualquer. Depois, exerceu suas atividades advocatícias, ele que era promotor público. E Tancredo chega, em determinado momento, ao Congresso Nacional.

Em alguma hora difícil para Getúlio Vargas, ocorreu a liderança do PSD, porque era muito fácil entregar determinada matéria grave que poderia queimar um Parlamentar, mas, ao mesmo tempo, o Partido demonstraria por aí lealdade ao Presidente Vargas, entregar isso a Tancredo Neves, que era um iniciante. Ele se saiu tão bem que virou Ministro da Justiça de Getúlio e foi o homem que, sem ter sido inspirador de nenhuma carta de suicídio, foi, sem dúvida, o inspirador de uma carta de renúncia que lhe rendeu uma caneta com a qual ele assinou, presenteada que foi por Getúlio, todos os atos importantes de sua vida.

Depois, vem a tentativa do golpe em Juscelino, e Tancredo, extremamente relevante naquele momento para a sustentação da legalidade constitucional, mostrou, mais uma vez, a que veio na vida pública do País.

Depois disso, nós tivemos a sucessão de Juscelino.

O Marechal Lott foi escolhido pelo PSD e pelo PTB para enfrentar, numa chapa em que o vice-Presidente também era votado - isso foi de extrema gravidade, porque, os dois sendo votados, eram candidaturas que não necessariamente se somavam entre elas... E Jânio Quadros avassalando do outro lado, com toda a sua performance populista. Estava óbvio que, se Tancredo tivesse enfrentado essa boa figura que foi Magalhães Pinto, numa eleição sem a interferência do carisma presidencial, do carisma do candidato a Presidente Jânio Quadros, Tancredo não perderia a eleição.

Por outro lado, a determinação dele de ficar fiel a Lott se chocava com o fato de que poucos Governadores dos dois Partidos - do PSD e do PTB - ficaram com Lott. Poucos! A maioria fazia a tal chapa “Jan-Jan”, que era uma forma sempre subalterna e uma forma sub-reptícia de se trair o compromisso eleitoral. Quem ficou com a chapa “Jan-Jan” ganhou a eleição; quem ficou com Lott perdeu a eleição como Tancredo Neves perdeu. Mas cumpriu o seu dever mais uma vez.

Em seguida, ele volta para os seus afazeres - ele havia deixado de ser Deputado Federal -, volta para os seus afazeres particulares, enfim, volta para a sua banca de advocacia, e surge o episódio da posse do Presidente João Goulart. Veto dos militares à posse do Presidente constitucional; Tancredo se insurge contra isso, como contra isso se insurgiu o Congresso Nacional em grande parte, aliás, com a ajuda de Adauto Cardoso, o homem da UDN que conseguiu fazer aquele belo discurso que motivou tantos a saírem do medo e se abrirem para a luz do dia do compromisso com a democracia.

Mas Tancredo, depois, virou um homem de consenso. Fiel a João Goulart, confiável ao establishment brasileiro, porque um homem sensato, um homem de enorme capacidade, de enorme respeitabilidade, vira Primeiro-Ministro. E Tancredo, Primeiro-Ministro, leal como sempre, trabalha para que se reimplante o presidencialismo, até porque ele sabia que era prematuro se trabalhar a continuidade de um sistema para o qual o Brasil não estava preparado.

O Brasil não estava e ainda está vivendo, infelizmente, hoje ainda, o momento do chefe. O Brasil, infelizmente, por largas parcelas de sua população, ainda gosta muito da figura do chefe, daquela estória do “deixa comigo”, “deixa que eu chuto”, “deixa que eu faço”, “deixa que eu aconteço”. A sociedade não está ainda completamente madura para dizer: “Não. No parlamentarismo, eu faço também. Eu, cidadão, também faço. Não tem ninguém que faça tudo por mim. Eu também faço a minha parte”.

Mas Tancredo Neves foi Primeiro-Ministro leal que cumpriu o seu dever de preparar as bases para o plebiscito que faria o retorno ao presidencialismo. Candidata-se a Deputado Federal, vira Líder do Governo João Goulart no Senado. E, como Líder do Governo Goulart no Senado, ele foi com João Goulart até o momento em que João Goulart teria de levantar vôo para tentar a resistência ao golpe militar no Rio Grande do Sul.

E foi dele a ordem - não foi outra expressão: foi ordem -, era um simples Deputado, mas deu ordem ao General Nicolau Fico para levantar vôo, para levantar vôo, porque parecia uma certa “operação tartaruga” que possibilitasse a chegada de militares que prenderiam o Presidente João Goulart. Ele disse ao General Fico para, imediatamente, sem prolegômenos mais, fazer o avião levantar vôo.

E João Goulart foi, voou até o Rio Grande do Sul cercado de alguns caças que ameaçaram, rugiram, mas não morderam, felizmente, para as tradições de benquerença dos brasileiros.

Depois, Tancredo fica contra o regime militar o seu tempo inteiro e se tornou o grande articulador da campanha das Diretas Já, junto com Leonel Brizola e com Franco Montoro, sob a orientação política de Ulysses Guimarães. Não dando certo a campanha das Diretas Já, ela, ainda assim, deixou um saldo de mobilização popular tão fantástico que Tancredo vira o homem síntese dessa mobilização toda e compõe uma chapa habilidosíssima com a Frente Liberal, que rompia com a ditadura, essa indicando José Sarney. E faz-se uma chapa que se tornou imbatível nas ruas, e isso pressionou o Congresso, no Colégio Eleitoral, a dar vitória à chapa liderada por Tancredo.

Logo Tancredo, que infelizmente não pôde completar essa trajetória, representou, ele próprio, talvez o golpe, certamente o golpe mortal que a ditadura, que já cambaleava, merecia receber.

São fatos que nos levam a dizer que Minas é um Estado de fato privilegiado.

Vejo aqui o Ministro Hargreaves e me lembro do Presidente Itamar. O Presidente Itamar, de quem já divergi, Líder do Governo do Presidente Fernando Henrique que fui, Ministro do Presidente Fernando Henrique como já fui, mas alguém de quem gosto profundamente no plano pessoal e alguém que respeito no sentido público; o Presidente Itamar, com sua inflexibilidade moral e ao mesmo com sua coragem pessoal, com sua simplicidade, com sua forma pragmática e sua enorme animalidade política, alguém que tem seu nome inscrito na história como um dos grandes baluartes do processo de estabilidade econômica. Ele começou, ao nomear Fernando Henrique. Fernando Henrique concluiu esse processo numa etapa, com reforma de primeira geração.

E vamos reconhecer: o Presidente Lula não deu para trás nesse compromisso, tanto que temos hoje, de 1994 para cá, 14 anos de estabilidade econômica, o que não é pouco, o que credencia o Brasil a merecer o grau de investimento que já é concedido ao Peru e, inexplicavelmente, não sei por que, ainda o negam a um País que tem revelado tanto esforço ao longo de três Governos já, tanto esforço, para que se obtenha algo que vai nos viabilizar mais recursos, mais investimentos e, portanto, mais empregos, mais estabilidade, mais perspectiva de crescimento sustentado.

Portanto, devo hoje dizer que, se falei do jornal na sua ousadia de 1928 - e falo do jornal, meu prezado Alvaro, meu prezado Dr. Zenóbio, falo do jornal na sua solidez, na sua consolidação de hoje, Presidente Eduardo Azeredo -, devo dizer que acabei não tendo como, neste discurso, deixar de misturar os dois destinos e os dois sentidos, porque percebo que o próprio nome foi muito feliz. É difícil escrever a história destes 80 anos de Minas sem se fazer consulta e referência ao jornal que pega o nome do Estado e inspira tantos jornais brasileiros.

Era o que eu tinha a dizer. Obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9038