Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9043
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), RELEVANCIA, PARTICIPAÇÃO, HISTORIA, POLITICA NACIONAL.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Azeredo, eu acho que todos os brasileiros têm alguma coisa de Minas Gerais. Todos. Do Amazonas até o Rio Grande do Sul, ninguém escapa dessa mineirice. Seja por Tiradentes, de quem todos conhecem a história... São tantos episódios mineiros identificados com o Brasil, tantos presidentes da República, tantos líderes carismáticos, que eu enfatizo isso. Todo mundo tem alguma coisa com Minas Gerais, em toda parte.

Confesso que vivi toda a minha meninice na cidade de Rio Preto; não sei se V. Exªs sabem onde é. Rio Preto é uma cidade limítrofe com o Estado do Rio, mais precisamente com a cidade de Valença. Basta atravessar a ponte, e estamos lá no Estado do Rio. Fiz a Primeira Comunhão lá, fui batizado lá, e por isso me sinto muito mineiro, porque minha mãe é de Caratinga, Inhapim, Minas Gerais.

E estamos comemorando, nesta Assembléia, que é o Brasil - isto aqui é o Brasil! -, uma data importantíssima para um jornal. Imaginem os senhores jornalistas e empresários, representantes do grande Estado, que tivemos no Rio de Janeiro, durante muito tempo, jornais tipo Diário da Noite, O Mundo, A Noite, O Radical, Diário de Notícias, do Orlando Dantas, o Correio da Manhã, do Edmundo Bittencourt, aquele que aceitou um duelo com Pinheiro Machado, aquele mesmo, jornalista bravo. Mas esses jornais todos desapareceram do Rio de Janeiro, não estão mais lá, acabaram. Acabaram! E é isso que não desejo para o Estado de Minas Gerais, esse fenômeno que é acabar os jornais importantes, tradicionais. Meu Deus do céu, quem não conheceu o Correio da Manhã, de tantas lutas, da Niomar Sodré Bittencourt? Quem não conheceu o Diário de Notícias? O jornal A Noite, que funcionava lá no edifício da Praça Mauá, no Rio de Janeiro?

Quando vi que o Senado, que representa o Brasil, iria homenagear o Estado de Minas - jornal de tantas lutas, tantas tradições, sobretudo durante a Revolução de 30, jornal identificado com Arthur Bernardes, o velho Bernardes que fundou o Partido Republicano, o primeiro partido pelo qual me elegi Deputado pelo Estado da Guanabara -, eu disse: quero saudar os mineiros, quero me congratular com Minas Gerais, um Estado de que todo mundo gosta, que todo mundo freqüenta, um Estado que tem tanta riqueza natural; preciso ir lá saudar esse jornal na pessoa de seus representantes que estão aqui hoje, na pessoa do Eduardo Azeredo, meu vizinho. Quando cheguei ao Senado, apresentou-se a mim um jovem que trabalha no gabinete do Senador Azeredo e me disse: “Sou seu parente, sou filho do Henrique Portugal.” Henrique Portugal, que foi Deputado Estadual. É parente, seu amigo.

Eliseu Resende presidiu por muito tempo Furnas. Não foi isso? Cadê o Eliseu Resende? Está aí? Já foi?

Wellington Salgado está desenvolvendo um grande empreendimento educacional nesse Estado, espalhando faculdades, espalhando educação, instrução, cultura no Estado de Minas Gerais.

Quanto ao Édison Zenóbio, imagino a dificuldade que tem de andar atrás de anúncio, de publicidade. Não é brincadeira, não é brincadeira porque apareceu um negócio chamado televisão, que vem aniquilando o jornalismo. Não há aquele que compre um jornal, mas há aquele que sempre adquire um aparelho de televisão, que transmite hoje, entrando nos lares brasileiros, divertimento, deseducação e educação ao mesmo tempo, bons e maus exemplos ao mesmo tempo; essa televisão que temos a honra até de ter uma aqui, que leva o nosso pensamento para toda a parte do Brasil. É um excelente meio de levar o pensamento do legislador aos mais diferentes Estados.

Eu dizia, outro dia, para o Senador Francisco de Assis, que não está presente aqui, é uma pena. Eu dizia que ele, de repente, tornou-se o Senador mais popular do Rio de Janeiro, o mais popular, o Mão Santa - ali está ele -, graças à televisão.

Então, eu calculo, eu afirmo, já estudei isso, tenho meditado que, de fato, é preciso coragem para levar um jornal como este por 80 anos, almejando chegar a mais 80 anos, jornal que participou dos grandes movimentos revolucionários brasileiros, sem dúvida alguma. A Revolução de 30 começou lá com Antonio Carlos, com João Neves, lá no Rio Grande do Sul, com a Paraíba. E sempre o jornal tomando posição. Não é brincadeira isso, não. Não é brincadeira.

Então, estas pessoas estão aqui. Carlos Velloso, também mineiro. De qual é a cidade? Entre Rios de Minas. Henrique Eduardo Hargreaves, que tanto serviço prestou já a este País, no Governo de Itamar Franco. O Sr. Augusto Teixeira da Costa, que é quem leva o jornal nas costas. Deve ser esse. Não é brincadeira, o diretor executivo de um jornal. Várias pessoas estão aqui e merecem o nosso aplauso, merecem a nossa admiração, porque por este Senado têm passado mineiros de muito talento, de muito talento - podem acreditar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite, Senador Paulo Duque?

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Olha, deixe-me pensar. Quem está pedindo aparte?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pelo Partido dos Trabalhadores, gostaria de me associar.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Pelo Partido dos Trabalhadores. Acho que vou consultar a Mesa se vou conceder esse aparte, sabia? Vou conceder. O que acha?

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Azeredo. PSDB - MG) - Perfeitamente.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Concedo?

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Azeredo. PSDB - MG) - Sim.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Vou conceder o aparte.

Eduardo Suplicy, vamos lá.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me a honra, em meio ao discurso do Senador pelo Rio de Janeiro, Paulo Duque, de me associar também a esta homenagem ao Estado de Minas, cuja primeira edição aqui também tenho em mão, de 7 de março de 1928, cumprimentando seus eminentes diretores, Álvaro Teixeira da Costa e Édison Zenóbio, o Ministro Carlos Mário Velloso, o Ministro Henrique Hargreaves e os Senadores de Minas Gerais Eliseu Resende e Wellington Salgado e o proponente, Senador Eduardo Azeredo, que preside esta sessão. Transmito os meus cumprimentos ao Estado de Minas por ser esse baluarte da liberdade de imprensa, que presta serviços tão extraordinários a um número tão grande de Municípios, porque se sabe que o Estado de Minas chega a quase todos os cerca de 800 Municípios do Estado de Minas. Logo pela manhã, se pode saber... Permita-me, eu não sou um especialista na história de Minas Gerais, mas houve, com a maior boa vontade, uma observação do Senador Arthur Virgílio, a quem tanto prezo, sobre Juscelino Kubitschek, de que, entre os grandes mineiros da sua história, teria competido com Milton Campos para ser governador. Na verdade, ele sucedeu Milton Campos - que eu saiba, ele competiu com Gabriel Passos -, a não ser que alguém aqui me corrija, sendo de Minas.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Azeredo. PSDB - MG) - Senador, V. Exª está correto. Exatamente.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Só para que eu faça aqui uma observação, como amigo do Senador Arthur Virgílio, para que, nas notas taquigráficas, também o seu pronunciamento seja colocado com precisão, em homenagem à história dos mineiros. Muito obrigado, Senador Paulo Duque, por esta observação, em nome do Partido dos Trabalhadores, me associando a esse grande jornal mineiro.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Quero dizer à Mesa que os senhores ouviram 20 milhões de votos. É mais ou menos o que tem, consegue nas eleições de São Paulo esse jovem que acaba de me apartear. Ele fala por 20, 10, 15 milhões de votos. Não é brincadeira, não! Eu saúdo esse aparte inteligente, oportuno e, sobretudo, autêntico.

É Minas Gerais falando sobre o Estado de Minas como, quem sabe, falaria sobre O Estado de S. Paulo, que é outro grande e tradicional jornal, sem falar no Diário de Pernambuco, ali do Senador Cristovam Buarque, sem falar nesse que é muito antigo.

A minha cidadezinha, Rio Preto, tem também um jornal pequeno e tal... Mas é aquilo que eu acabei de dizer logo no início: esses jornais todos eram de muita tradição e acabaram. Não resistiram. Os senhores estão resistindo. Eu sei que é difícil concorrer com a televisão, com as novelas, com o jogo de futebol, com essa coisa toda, com escândalo, com escândalo.

Então, o Estado de Minas, esse jornal que estamos homenageando hoje, merece toda a minha reverência, minha admiração. Eu me associo a esta homenagem, em nome da Bancada do Rio de Janeiro, se me permite o Senador Francisco Dornelles, mineiro de boa cepa; se me permite o Senador Crivella, também carioca. Mas é a Bancada do Estado do Rio de Janeiro, legitimamente eleita. Em nome deles, eu falo aos jornalistas, aos criadores, àqueles que agüentam o jornal até hoje, a minha admiração. Eu espero, realmente, que o Estado de Minas... Gerente João Silva Júnior, a quem eu rendo também as minhas homenagens, não está mais entre nós; talvez, não sei...

Minas teve Juscelino, Juscelino andou por aqui, por este plenário, andou por aqui, ocupou esta tribuna, aquela tribuna, transferiu do Palácio Tiradentes para cá o Poder Legislativo; transferiu do Palácio Monroe para cá o Senado. Ele discursou aqui, ele fez o último discurso dele aqui - discurso sentido, sofrido; às vezes falava, às vezes lia - quando soube que ia ser cassado. Revolução é revolução, é bom nem discutir. Mas ele andou aqui. E eu invoco, no momento, a presença dele aqui nesta tribuna ou daquela, Juscelino.

Sr. Presidente, agradeço a V. Exª por ter-me permitido saudar esse grande jornal mineiro, ao qual faço votos de que continue forte, pujante, bem mineiro.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9043