Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-Senador Humberto Lucena, falecido há 10 anos. Apelo ao Governo Federal para a liberação de recursos destinados às populações atingidas pelas enchentes no Estado da Paraíba. A problemática da dengue na Paraíba.

Autor
Carlos Dunga (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PB)
Nome completo: Carlos Marques Dunga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Homenagem à memória do ex-Senador Humberto Lucena, falecido há 10 anos. Apelo ao Governo Federal para a liberação de recursos destinados às populações atingidas pelas enchentes no Estado da Paraíba. A problemática da dengue na Paraíba.
Aparteantes
Rosalba Ciarlini.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2008 - Página 9444
Assunto
Outros > HOMENAGEM. CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, HUMBERTO LUCENA, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, EX PRESIDENTE, SENADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, RELEVANCIA, ATUAÇÃO, PRESERVAÇÃO, DEMOCRACIA, ANALISE, ORADOR, POLITICA PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESTADO DA PARAIBA (PB).
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), EXCESSO, CHUVA, SUPERIORIDADE, POPULAÇÃO, PERDA, HABITAÇÃO, SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, RECURSOS, ATENDIMENTO, VITIMA, INUNDAÇÃO.
  • COMENTARIO, EMPENHO, CASSIO CUNHA LIMA, GOVERNADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), PARCERIA, PREFEITO, REGIÃO, CALAMIDADE PUBLICA, EXTINÇÃO, DOENÇA, AGENTE TRANSMISSOR, AEDES AEGYPTI.

O SR. CARLOS DUNGA (PTB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, cumprimento V. Exª e os demais Pares. Em sendo este Senado uma Casa política, eu gostaria de abordar alguns assuntos aqui relacionados. O primeiro é prestar minha homenagem a um homem, paraibano, que ocupou a cadeira da Presidência desta Casa, Senador Humberto Lucena.

Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, dez anos se passaram desde o falecimento, para nós precoce, do nosso estimado Senador Humberto Lucena. Fiel batalhador da defesa da democracia, Lucena iniciou sua carreira no Partido Social Democrático, o velho PSD, nele permanecendo até que o bipartidarismo veio interromper o ciclo democrático da Constituição de 46. Fiel à sua luta pela democracia, Lucena se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro, MDB, permanecendo no Partido quando ele se tornou o atual PMDB.

Estas, Srªs e Srs. Senadores, talvez sejam as mais marcantes lembranças que Humberto Lucena nos tenha deixado: a da coerência associada à permanente busca do entendimento político e a preservação da unidade partidária do PMDB. Morreu em 1998 sem conhecer a cisão por que passou o seu Partido na Paraíba.

O Senador Lucena, na pessoa de sua filha, a Deputada Iraê Lucena, tem uma herdeira e uma continuadora política, na Paraíba, à altura de sua trajetória no cenário político nacional.

A luta pela preservação do entendimento no Estado da Paraíba o fez renunciar a um dos seus mais fortes objetivos que era o de ser Governador do Estado. Colocou o interesse coletivo e partidário acima de seus interesses pessoais. Com isso, apesar da bem-sucedida e profícua carreira, nunca pôde realizar seu sonho de governar o Estado, o que não foi preciso para que sua marca ficasse indelevelmente fixada na Paraíba e no Brasil.

Meus nobres Pares, o Senador Humberto Lucena foi, contudo, por duas vezes, Presidente desta Casa, dirigindo o Senado Federal nos biênios de 1987/1988 e 1993/1994. A lisura com que se conduzia na política o fez eleger-se Deputado Estadual em dois mandatos e Deputado Federal por quatro mandatos, até chegar a esta Casa. Ao final de seu último mandato como Deputado Federal, em 1978, elegeu-se Senador da República, exercendo três mandatos sucessivos até falecer em 1998. Pouco após sua posse, em 1978, torna-se Líder do seu Partido no Senado. Com a anistia e o fim do bipartidarismo, agora no PMDB, volta a liderar o Partido no período de 1982 a 1985.

Em 1985, passa a Líder do Governo José Sarney, firmando uma liderança incontestável entre seus Pares nesses anos de construção da democracia moderna.

Sr. Presidente, a família Lucena constitui uma das mais nobres estirpes da política paraibana nos últimos cem anos. Começa com Solon Lucena, Presidente da Paraíba em 1916, e de 1920 a 1924; continua com Humberto Lucena, que, se nunca foi Governador do Estado, foi um dos seus mais influentes representantes na política nacional por quase cinco décadas. Tem hoje sua continuidade em Cícero de Lucena Filho, sobrinho do nosso estimado Senador Humberto Lucena, a quem tenho a honra de substituir nesta Casa.

Srªs e Srs. Senadores, dez anos se passaram desde o falecimento de Humberto Lucena. Contundo, a poeira do tempo não apagou a lembrança desse político paraibano que soube, como poucos, fazer do diálogo e do entendimento a mola mestre nas Casas Legislativas por onde passou, seja no Estado ou na Capital da República.

Não é, pois, supérfluo nem demasiado ressaltar a memória do Senador Humberto Lucena, destacar seu legado de luta pela democracia e liberdade neste País.

Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, tenho certeza de que se aqui estivesse, neste momento, também ele traria a Paraíba a este plenário para registro nos Anais do que ocorre lá no meu Estado, onde, nas últimas 72 horas, se agrava a situação em razão das chuvas recém-caídas.

Está a Paraíba, hoje, trazendo para todo o Brasil a sua necessidade, através de pronunciamentos das suas lideranças e de seus políticos, solicitando ao Governo Federal os recursos, não só para as vítimas das enchentes, mas também para os produtores rurais, que estão à mercê de uma seca de muita água, através da falta de emprego e, também, da falta de crédito, pois o refinanciamento das dívidas não foi efetivado no Nordeste e, principalmente, na Paraíba, como esperávamos.

Por isso, da tribuna desta Casa, Sr. Presidente, quero deixar registrada a necessidade de, urgentemente, o Governo Federal e os bancos oficiais chegarem a todo o Nordeste, especialmente a um Estado pobre como é o meu, a Paraíba, para que possam subsidiar, para que possam levantar mais recursos para uma população que não dispõe de recurso nenhum para promover o cultivo e a colheita para a subsistência de suas famílias e de seus filhos.

Quero dizer a V. Exª que, em nosso pronunciamento, assinalo com veemência este segundo detalhe, porque vejo o quanto está sofrendo o Nordeste, especialmente os Estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, uma grande parte do Ceará e do Piauí e diversos outros Estados, em razão da grande enchente que está caindo em todo o Nordeste brasileiro.

Ouço com atenção V. Exª, nobre Senadora Rosalba.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador Carlos Dunga, ontem, no final do programa de Hebe Camargo, ela apresentou imagens do seu Estado, a Paraíba, da enchente do rio Piranhas, e também do nosso Estado, para se ter uma dimensão da gravidade daquela situação. Realmente, o senhor traz aqui o seu sentimento de paraibano, de quem está sentindo na própria pele as dificuldades por que está passando seu povo. Quero parabenizá-lo, Senador, porque aqui está a voz. A sua voz é a voz da experiência, do homem nordestino que conhece a realidade, cada passo, cada milímetro das dificuldades que sofremos com uma época com cheia e outra época com seca. E nós, aqui, queremos nos somar para que possamos ser ouvidos e para que o Governo veja essa questão da renegociação das dívidas - importantíssima para dar condições à continuidade da atividade produtiva nos nossos Estados.

O SR. CARLOS DUNGA (PTB - PB) - Agradeço a V. Exª, nobre Senadora, e incorporo o aparte de V. Exª ao nosso pronunciamento.

Sr. Presidente, além da enchente, temos agora também o problema da dengue, problema para o qual o Governador Cássio Cunha Lima conclamou todo o seu Governo. Ele colocou todo o seu Governo em atenção para, no próximo dia 21, os prefeitos, o Governo do Estado, as instituições federais, todos irmanados fazermos um dia de luta, um dia de solidariedade a toda a Paraíba, para que a gente possa afastar, de uma vez por todas, essa questão da dengue. Já que temos enchente, já que não temos recursos, mas, pelo menos, vamos querer salvar os nossos irmãos. O Governo está empenhado com toda a sociedade civil do meu Estado para dizimar, tirar da Paraíba mais uma praga que é a dengue, principalmente na área atingida pelas grandes enchentes. Agradeço a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2008 - Página 9444