O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de comunicar a V. Exª que, como Presidente da CPI da Pedofilia, estou solicitando ao Superintendente da Polícia Federal do seu Estado todas as informações de que dispõe sobre a pedofilia no referido Estado - recebo relatos - e ao Ministério Público, tendo em vista uma prisão que foi feita - vou omitir o nome do cidadão, até porque vou convocá-lo para a CPI -, com todo seu aparato, com os computadores de seu estúdio, um estúdio para produzir pedofilia, miséria, desgraça para redes... No Piauí, uma terra de gente tão honrada e tão decente! Não é diferente do resto do Brasil.

Há um levante - entendo que de ordem espiritual - contra as crianças no Brasil: uma é jogada pela janela, outra é ferrada com ferro de ferrar gado. Crianças mutiladas, estupradas, crianças usadas, abusadas, agonizando nas suas casas e fora delas.

Registro, Sr. Presidente, que também marquei encontro com os arcebispos do Pará, de Belém, que estão ameaçados porque denunciaram a pedofilia e a exploração infantil. Em função do meu estado de saúde, tive recomendação para desmarcar a minha agenda. Um mosquito pedófilo da dengue realmente me abateu, mas não vai me tirar de rota, não, Senador Tião Viana. Vou ter que desmarcar a minha agenda. Já comuniquei ao bispo, lá em Belém, mas nós certamente estaremos com ele na próxima semana para buscarmos todas essas informações e, se necessário, trazê-lo à CPI.

Na próxima semana também, comunico à Nação que, de forma inédita, estaremos recebendo, Senador Geraldo Mesquita, informações de 3.200 álbuns do Orkut cujo sigilo quebramos. O material será entregue à CPI na próxima semana. Será o maior lixo já reunido no mundo contra a honra e a dignidade de crianças. Certamente, será um material que dará à Polícia Federal do Brasil, juntamente com a Interpol, a possibilidade de desencadear a maior operação mundial contra a pedofilia.

Sr. Presidente, registro, com muita satisfação, a presença aqui nesta Casa do pastor Marcos Pereira. Quem viu o Fantástico, domingo, viu esse homem de Deus por cinco minutos. Foi uma matéria positiva, e quero aqui louvar a Rede Globo pelo respeito que teve para com ele. Normalmente, o evangélico é zombado, escarnecido, discriminado. Esse homem faz um trabalho nos presídios do Rio de Janeiro com os menos favorecidos, livrando da morte aqueles que estão sentenciados no tribunal do tráfico.

Foi isto que o Fantástico mostrou: esse homem, no tribunal, resgatando pessoas algemadas para morrer no tribunal, nas favelas do Rio de Janeiro, com homens armados, e os desarmando em nome de Jesus, sem spray de pimenta, sem bala de borracha, sem bala verdadeira, sem tapa no rosto, na autoridade do nome de Jesus, tão-somente.

Se há o poder das trevas, há o poder da luz. Em cinco minutos, a Nação assistiu a esse homem que está acostumado a acabar com rebelião; e, durante toda a sua vida, tira drogados da rua, marginalizados e traficantes, e tem uma vida dentro do presídio. A filha dele o acompanha. Ele é pastor da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, no Rio de Janeiro.

Há uma repercussão internacional do trabalho desse homem. E eu fico honrado pelo ministério que faz, porque também, há 28 anos, faço a mesma coisa. Está ao lado dele a filha, e ali também a minha filha, que, quando nasceu, eu já tinha drogado em casa, da mesma forma.

Do lado dele está o Vaguinho. Quem não conhece o pagodeiro Vaguinho, dos Morenos, tão conhecido neste Brasil, o rei da banheira do Gugu? Drogado, viciado, sucesso, fingimento na televisão e uma vida miserável e desgraçada. Conheceu Jesus, e Jesus o libertou das drogas. O Vaguinho está ali, de cara limpa. Não faz outra coisa senão adentrar presídios, ruas, guetos, lugares que ninguém deseja ir, mal iluminados, onde as pessoas que se denominam de bem não querem freqüentar, porque não querem se sujar.

Até existem dados muito importantes... Neste País, criminalizou-se a política. Só o que não presta são a política e os políticos, mas tem gente ruim em todas as camadas sociais, gente desqualificada em todos os lugares, em todas as profissões.

Eu quero que seja mentira e que seja desmentido que o grande jornalista Roberto Cabrini, acostumado a denunciar, foi preso por porte de drogas, anteontem. Ele está preso. Ele, que é incisivo - eu sempre acreditei no Cabrini -, eu quero que ele diga: quero fazer o exame antidroga agora, para provar que foi uma armação contra mim. Mas ele precisa ter muito cuidado, porque quem muito cospe para cima, um dia, cai na cara. Quando a gente se acostuma a desmoralizar os outros...

Em todo lugar, tem isso. E esta sociedade hipócrita, de bêbados - o País tem uma sociedade de bêbados -, esta sociedade hipócrita, de fumantes - cigarro mata dez pessoas por hora no Brasil -, eles querem botar o dedo na cara de um menino que está fumando maconha, que cheira cocaína e que é perfeitamente recuperável, porque em Deus há recuperação, sim, há saída, sim. Uma sociedade que faz festa para comemorar o aniversário de um ano de uma criança regado a bebida alcoólica, o aniversário de 15 anos regado a bebida alcoólica, qualquer festa, bebida alcoólica, não tem moral nem autoridade para botar o dedo na cara de ninguém! Mas eles pensam que têm! E, nas madrugadas, ainda vão comprar cocaína, escondidos, e fazem discursos de bons moços na televisão.

Sem Deus na família, Sr. Presidente, não tem saída. Sem Jesus na vida da família, não tem saída, não existe saída. Esta é a única saída, a única solução: Deus na vida da família.

Por isso, quero falar da minha felicidade de ter o pastor Marcos Pereira neste plenário, hoje, assim como o Vaguinho, a Nívea, filha dele, que é uma cantora que cresceu andando com o pai dentro das delegacias, dentro dos presídios. Esse homem foi investigado por quase dez anos pela Polícia do Rio de Janeiro, porque recuperava traficantes. Eles o vigiavam, pensando que ele dava proteção para traficantes. Muito pelo contrário, deviam era bater palmas, porque quando se retira um drogado das ruas não se faz um bem num primeiro momento ao drogado. Imaginem um drogado fora da rua, um traficante fora da rua, só um, é uma possibilidade a menos de um seqüestro, é uma possibilidade a menos de um carro roubado, é uma possibilidade a menos de um estupro, é uma possibilidade a menos de uma casa arrombada, é uma possibilidade a menos de uma empresa arrombada, de um empresário seqüestrado, é uma possibilidade a menos de um pobre sofrer um seqüestro-relâmpago para tomar o dinheiro do seu trabalho durante o mês. Tem-se que bater palmas para um sujeito que tira um drogado da rua, que tira um traficante da rua.

Aí, vem o segundo momento: o bem que você faz a ele, à mãe dele, que pára de chorar, à família, que pára de se angustiar. Há a possibilidade de aquele menino que abandonou a escola voltar à escola; que abandonou a faculdade voltar à faculdade; de aquele que abandonou a família voltar para a família. Isso não tem juiz que faça, isso não tem doutor que faça; não há remédio tarja preta que dê jeito nisso; só Jesus.

Sr. Presidente, eu presido a CPI da Pedofilia e descobri que a pedofilia, meu companheiro, Senador Geraldo Mesquita, que está comigo nessa empreitada, é pior do que o narcotráfico no Brasil, absolutamente pior. E, por isso, quero louvar a coragem desse bispo lá no Pará, de denunciar a pedofilia.

As pessoas são encorajadas a denunciar, a colocar debaixo da luz aqueles que se acostumaram a abusar de crianças, a invadir suas emoções, sua honra, aquilo que eles têm de melhor - sua família -, criando lesões emocionais, lesões familiares, lesões espirituais para toda uma vida.

Temos uma sociedade cheia de adultos lesionados nas suas emoções, lesionados psicologicamente, pessoas de humor inconstante, profissionais liberais, homens e mulheres que sofrem a seqüela do abuso na infância e até hoje não tiveram coragem... E centenas de milhares mandam e-mail, hoje, à CPI, encorajados a denunciar a violência que sofreram há 20, 30 anos, porque não conseguem dormir com essa lesão que sofreram nas suas emoções, ainda na infância.

Sr. Presidente, todas as denúncias que nós recebermos de pedófilos, comprovadamente, iremos atrás de todos eles e haveremos de construir uma legislação neste País para fazermos um enfrentamento àqueles que não têm qualquer compromisso com as emoções de uma criança e lesionam o seu futuro, lesionam os seus sonhos. Quantas pessoas vivem enclausuradas, fechadas em quartos escuros, dizendo que são depressivas, derrotadas, com síndrome do pânico, autocomiseração, algumas tentando o suicídio todos os dias?! E não há médico no mundo que explique uma lesão dessa, sofrida na infância. E essas pessoas não têm coragem de falar.

Nós vamos juntos com essas pessoas. E aqui encorajo essas pessoas que estão me ouvindo, que estão sentadas no sofá de casa me ouvindo agora ou mais tarde, a denunciar. Disquem 100, o Disque-Denúncia da SaferNet, pois nós vamos ajudá-las. Vão ao Ministério Público, vão ao Conselho Tutelar, falem da situação da sua criança.

Por isso, quero aplaudir, quando abraço o Pastor Marcos Pereira, todos os abnegados, todos os sacerdotes deste Brasil, que, de forma abnegada, abraçam a causa da família, abraçam a causa não dos menos favorecidos, mas daqueles que são lesionados.

Sr. Presidente, o senhor imagina que um pai pode jogar de sã consciência um filho pela janela se não houver alguma coisa dentro desse cara? Tem, e não é pouco! Não é pouco! Faleceu um doido. É como olhar uma criança de três anos tomando banho, ficar olhando assim... Você fala: como um cara estupra uma criança dessa? Alguma coisa errada tem; alguma coisa errada tem.

O Brasil precisa de Deus, Sr. Presidente, e de homens que tenham coragem. O Brasil precisa de Deus, mas quem está em sociedade precisa viver as suas regras. Jesus teve uma oportunidade ímpar de tirar a gente deste mundo. E V. Exª que gosta da Bíblia sabe que Jesus orou e disse: “Pai, eu não te peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”. Poderia tê-los levado, mas não levou; largou aqui. Então, se os largou aqui foi para viver em sociedade, onde existem regras; e a regra é a lei.

Vamos tipificar o crime de pedofilia no Brasil. A minha proposição é de que sejam 30 anos. E, depois dos 30 anos, pulseira eletrônica até morrer. Pedófilo tem de ser monitorado até a morte. Alguns querem castração química, mas pedofilia não está no órgão genital; pedofilia está na mente. Se o castram, ele estupra com o dedo ou com um pedaço de cano, um pedaço de pau.

Sr. Presidente, agradeço a benevolência de V. Exª. Mais uma vez, Pastor Marcos, receba o meu abraço - o Ministério da Assembléia de Deus dos Últimos Tempos. V. Exª simboliza a coragem dos sacerdotes que confiam em mudança de vida, que sabem que há saída. Há milhões de jovens no tráfico que não queriam estar lá, não. Eles foram empurrados para aquilo - falta de inclusão social. Mas é mais fácil matar, dar um tiro na cara deles do que dizer a eles que há saída em Cristo Jesus.

Por isso, Sr. Presidente, este momento é tão importante para a vida do Parlamento Brasileiro.

Muito obrigado.