Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Critica ao discurso da Senadora Ideli Salvatti. Adverte sobre os riscos do excesso da popularidade do Presidente da República.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Critica ao discurso da Senadora Ideli Salvatti. Adverte sobre os riscos do excesso da popularidade do Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 01/04/2008 - Página 7386
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, IDELI SALVATTI, SENADOR, PROPOSTA, DEBATE, SENADO, MATERIA, INTERESSE, POPULAÇÃO, MOTIVO, MANIPULAÇÃO, PAUTA, BANCADA, GOVERNO, AUSENCIA, MORAL.
  • ADVERTENCIA, RISCOS, EXCESSO, BUSCA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INDICE, APROVAÇÃO, POPULAÇÃO, COMPARAÇÃO, EMILIO GARRASTAZU MEDICI, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, REGIME MILITAR, OCORRENCIA, REPRESSÃO, TORTURA, HOMICIDIO.
  • DEFESA, EFICACIA, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, sou obrigado a usar a palavra pela ordem porque me senti aqui numa situação do bem contra o mal.

     É preciso que quem esteja nos ouvindo saiba que essa mudança de comportamento da Líder é em homenagem aos professores universitários de Santa Catarina que estão aqui, e não uma atitude cotidiana.

     Quero lembrar a todos que quem eleva o debate na Casa geralmente é Governo; quem dá o ritmo das grandes discussões é o Governo. A Oposição debate, a Oposição discorda, mas quem dá o diapasão é exatamente o Governo. O Governo que, por intermédio da Líder, prega o discurso de alto nível é o Governo que vai, na calada da noite, articular os dossiês e que vai às CPIs impedir que os fatos sejam apurados; que monta as tropas de choque e que, com um massacre numérico, impede que a verdade seja tratada. O que impede o debate é a antecipação de candidaturas à presidência da República, feita de maneira precipitada no berço das Comissões.

     A Oposição cumpre o seu papel, mas não recebe aula de Governo que não tem autoridade moral para impor pauta nesta Casa!

     Se o Governo tem perdido a oportunidade dos grandes temas, ele é única e exclusivamente o causador. O esforço pessoal do Presidente Lula até que pode ser reconhecido, mas o desastre da política feita pela sua tropa de choque e pelos seus aloprados é exatamente o que dificulta esse debate. Pedir grandeza de debate, formando dossiê contra adversários, é no mínimo hilário, é no mínimo cômico.

     Se nós temos aqui a possibilidade da proposição de uma agenda positiva, é preciso que as pessoas se imponham dentro desse tema e não façam discursos demagógicos e ajam na calada da noite, exatamente para desmoralizar o Legislativo, que é o que vem sendo feito permanentemente.

     Nós ouvimos agora discursos de dois Líderes: o Líder do PMDB e a Líder do PT. São discursos completamente diferentes na sua formatação. Falta humildade, e sobra arrogância.

     Ninguém entende mais de popularidade no Brasil, Srs. professores de Santa Catarina, do que o General Emílio Médici. Atingiu 85% de popularidade. Enquanto isso, nos porões, as pessoas eram torturadas, desaparecidas, mortas, banidas. E aí? Popularidade testada, com insistência e com persistência, ela registra o momento, ela registra o episódio.

     A perseguição constante e alucinada da popularidade muitas vezes não leva a bom caminho, principalmente no caso atual, em que o Presidente segue sozinho, e as pessoas do seu Governo não conseguem acompanhá-lo.

     De forma que quero dizer que espero que esta semana seja positiva, seja propositiva e, acima de tudo, seja boa para o Brasil! E o maior exemplo será amanhã, na reunião das duas CPIs. Que não se coloquem mais aquelas tropas de choque que não levam a lugar algum. Apenas geram crise e desgastam o Parlamento, mas também desgastam o Executivo.

     Que as CPIs funcionem como instrumento de apuração, e não com a formação de blocos políticos para blindar Governo, quando não podem e não devem blindar governos, pela clareza e transparência da coisa pública no Brasil.

     Portanto, Sr. Presidente, como Senador da República, não posso aceitar esse tipo de discurso próprio do totalitarismo, da virtude contra o mal, do bem contra o mal. Não, senhores! Este Parlamento é composto de 81 Senadores da República. Cada um representando o seu Estado, cada um com sua responsabilidade, cada um com sua consciência. E que cada um faça uso disso como achar conveniente.

     Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/04/2008 - Página 7386