Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Acusa o governo de tentar desviar o foco das irregularidades com o cartão corporativo.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Acusa o governo de tentar desviar o foco das irregularidades com o cartão corporativo.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2008 - Página 7776
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • REPUDIO, TENTATIVA, GOVERNO, INVERSÃO, GRAVIDADE, FATO, IRREGULARIDADE, EXISTENCIA, DOCUMENTO SIGILOSO, OBJETIVO, INTIMIDAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, DESVIO, ATENÇÃO, RESPONSABILIDADE, DIVULGAÇÃO.
  • ANALISE, CONFLITO, AMBITO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, EFEITO, ACUSAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.
  • DENUNCIA, FALTA, ETICA, EXECUTIVO, DESRESPEITO, PODERES CONSTITUCIONAIS, EXPECTATIVA, INVESTIGAÇÃO, PUNIÇÃO, MALVERSAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, a minha primeira sugestão é de que V. Exª contrate um criminalista. O Governo vai tentar desviar todo o foco da bandalheira que promoveu com o cartão corporativo e vai querer um bode expiatório.

            Senador Sérgio Guerra, ninguém se lembra mais de quem elaborou nem de quando foi elaborado o famoso dossiê, entregue de maneira criminosa na CPI do Mensalão, de autoria do Deputado Paulo Pimenta, acusando vários Parlamentares. Ninguém se lembra disso.

            O rapaz teve inclusive que ser afastado, porque foi flagrado saindo da casa do então Ministro José Dirceu com a lista na mão. Ninguém se lembra mais do que se fez em termos de dossiê contra aquele caseiro. Houve até pedido, aqui no Senado, para que as câmeras de segurança filmassem a entrada e a saída do gabinete do Senador Antero Paes de Barros.

            Senador Alvaro Dias, o que estamos vendo aqui é uma tentativa desesperada de inversão de um fato que é grave: querer jogar a culpa em um Senador da República que comete apenas um pecado: não querer entregar a fonte, que é um direito que lhe assiste. Nenhum homem público de responsabilidade que tivesse em suas mãos essa informação de crime contra o patrimônio público silenciaria. Divulgaria. O crime seria se o Senador Alvaro Dias tivesse, na calada da noite, invadido as dependências do Palácio do Planalto.

            O que o Palácio precisa é ter humildade e confessar que saiu lá de dentro. Essa tentativa de diminuir a crise interna que se abate lá dentro por conta da sucessão presidencial, após um lançamento desastroso feito na CPI, foi que gerou tudo isso. Essa questão começou com fogo amigo.

            As denúncias contra a D. Dilma tem razão a imprensa quando diz que partem do Palácio e das suas cercanias. Nada mais claro do que isso. E agora ficam nessa diversificação de fatos, fugindo do objetivo, fugindo do concreto; em vez de se querer pegar o criminoso, quer se pegar um Senador da República. E tenha cuidado, Senador Alvaro Dias, pois, com a mudança de método de muita gente, podem querer torturá-lo, podem querer levá-lo a tortura.

            Essa gente mudou muito! A prepotência tomou conta desse Governo. Não se respeita mais nada aqui. Não se respeita sequer a privacidade de um Senador. Inaugurou-se aqui essa molecagem quando se quis acusar um Senador da República por questões locais de evasão de divisas. E aí se instalou a CPI do Banestado. O começo foi esse, Senador.

            É preciso que essas coisas sejam levadas a sério e não com molecagem. É preciso que se respeite um Senador da República. A desmoralização que o Governo está impondo aos Poderes deste País é inaceitável. Já se fez isso com o Ministro do Supremo; se faz isso todo o dia com o Ministro do Tribunal Superior Eleitoral; se faz isso constantemente com esta Casa.

            É preciso dar um basta! É preciso que isso seja apurado, Senador Romeu Tuma, para que se punam os culpados. É preciso que seja punido o comedor de tapioca; é preciso que seja punido quem comprou no shopping center, quem comprou...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - ...nos aeroportos, e não jogar a culpa em um Senador que apenas cumpriu o seu dever de denunciar e usa da prerrogativa de omitir a fonte porque sabe que essa fonte, coitada, ao prestar um serviço ao País, mostrando a molecagem que reina permanentemente nos porões desse Governo, poderá pagar um preço maior.

            Tragam os responsáveis pelo dossiê do Paulo Pimenta, tragam os responsáveis pelos dossiês desse Governo, e aí, sim, comecem a acusar um Senador da República.

            Mais respeito com esta Casa!

            Essa tentativa de desmoralização é inaceitável! Nós não podemos concordar com ela, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2008 - Página 7776