Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com a situação do hospital de Santarém, que ainda não entrou em funcionamento. Críticas à Governadora Ana Júlia Carepa.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. SAUDE.:
  • Indignação com a situação do hospital de Santarém, que ainda não entrou em funcionamento. Críticas à Governadora Ana Júlia Carepa.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2008 - Página 9693
Assunto
Outros > ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, MUNICIPIOS, REGIÃO, MUNICIPIO, SANTAREM (PA), ESTADO DO PARA (PA), DIVULGAÇÃO, FOTOGRAFIA, HOSPITAL, ANTERIORIDADE, CONSTRUÇÃO, EX GOVERNADOR, AUSENCIA, FUNCIONAMENTO, MOTIVO, PERSEGUIÇÃO, NATUREZA POLITICA, GOVERNADOR.
  • CRITICA, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTAREM (PA), ESTADO DO PARA (PA), DEMONSTRAÇÃO, INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, REPUDIO, ORADOR, PROPOSTA, GESTÃO, HOSPITAL.
  • COMPROMISSO, LUTA, MOBILIZAÇÃO, INICIO, FUNCIONAMENTO, HOSPITAL, ESTADO DO PARA (PA).
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O LIBERAL, ESTADO DO PARA (PA), DECLARAÇÃO, BISPO, GRAVIDADE, EXPLORAÇÃO SEXUAL, INFANCIA, TRAFICO, DROGA, ILHA DE MARAJO.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto hoje a esta tribuna para dedicar minhas palavras ao querido Estado do Pará, especialmente ao povo de Santarém, uma cidade situada no oeste do Pará, com 250 mil habitantes.

Os Municípios que integram aquela região são Alenquer, Belterra, Curuá, Monte Alegre, Placas, Prainha, num total de 381.938 habitantes. Outros Municípios vizinhos são Rurópolis, Óbidos, Uruará, Juruti, Altamira e Aveiro, 271.023 habitantes. Todos eles somam 652.961 habitantes.

Por que fiz questão de citar todas essas cidades? Porque vamos falar hoje, continuando o nosso pronunciamento de segunda-feira, sobre uma questão estarrecedora, brasileiras e brasileiros. Vejam o que ainda acontece neste Brasil; meditem e depois percebam o que a política de ódio consegue fazer com as pessoas. Repito: o que a política de ódio consegue fazer com as pessoas.

Vejo hoje, na tribuna de honra deste Senado, dois Deputados daquela região: José Megale e Alexandre Von, os dois Deputados mais votados no oeste do Pará.

Pedi que viessem aqui, para testemunhar aquilo que vou falar e para que o povo do Estado do Pará, especialmente o de Santarém, soubesse da responsabilidade de V. Exªs; para que soubesse que V. Exªs estão preocupados com o que está acontecendo hoje, em Santarém, com relação ao hospital. Agradeço a V. Exªs por estarem hoje aqui.

Brasileiros e brasileiras, paraenses, quero mostrar primeiro a foto.

Peço que a TV Senado, por favor, aproxime suas câmaras, para mostrar a foto desse hospital.

Esse é um dos maiores hospitais do Estado do Pará. Novo, zero quilômetro. Construído e inaugurado há um ano e três meses, talvez um dos maiores do norte do Brasil. A pediatria foi construída especialmente para atender a necessidade das crianças que fazem parte desse contingente de mais 600 mil habitantes daquela região.

Por que o Senador Mário Couto está falando disso aqui? O que está acontecendo? Por que o Senador mostra as fotos, menciona a população e diz que o hospital é um dos maiores do Estado do Pará, talvez o maior do norte do Brasil? Por que tudo isso? Por que essa indignação?

Aí é que diz o povo de Santarém. A Governadora do Estado do Pará teve 78 mil votos naquela cidade. E toda vez que falo da Governadora do Pará aqui dizem que o Senador está falando mal da Governadora. Não pensem assim, paraenses. Estou defendendo o meu Estado. Vim para cá exatamente para isso! Ninguém vai calar minha boca, Deputados, principalmente quando a Governadora - e aí é o xis da questão -, por ódio político, por rancor em seu coração, não faz funcionar o hospital, pronto, equipado. Será um dos mais modernos do Pará - equipadíssimo. Não funciona porque o hospital foi construído pelo governo do PSDB, pelo Governador Simão Jatene. “Não; eu não quero que o hospital funcione porque não fui eu que o construí; foi o governador anterior; eu não gosto dele, e a população de Santarém e dos municípios vizinhos têm que sofrer”.

Pasmem, senhoras e senhores, o Vice-Governador do Estado nasceu em Santarém. O Vice-Prefeito de Santarém morreu de infarto. Olha o castigo! O vice-Prefeito de Santarém morreu de infarto. Se esse hospital estivesse funcionando, com médicos e equipado como está, não morreria o Vice-Prefeito, senhoras e senhores, brasileiros e brasileiras.

Vejam como é a política neste Brasil, especialmente no meu Estado do Pará. O hospital custou R$95 milhões. A Assembléia Legislativa do Estado do Pará realizou uma sessão nesta semana. Disse a Secretária de Saúde que daqui a dois meses o hospital vai funcionar.

Como no Brasil se aprendeu a resolver as coisas por pressão, já falei na segunda-feira, indignado por esta situação. Não podemos comungar mais com isso neste País. Não podemos usar as pessoas, prejudicá-las. As pessoas não têm onde se proteger.

Peço mais uma vez à Prefeita de Santarém, minha amiga Maria do Carmo... Uma pessoa maravilhosa, mas não tem absolutamente nenhuma capacidade para administrar uma cidade como Santarém. Pediu a Prefeita: “Vou resolver o problema. Vou administrar o hospital”. Eu mesmo fui pessoalmente ver os hospitais municipais para saber se a Prefeita tinha condição de administrar o hospital estadual. Fui a Mujuí dos Campos. Meu Deus do Céu! Médico, três, quatro vezes apenas por semana; hospitais sem nenhuma medicação, terrivelmente abandonados. Como é que a Prefeita quer administrar o hospital estadual?

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Permita-me um aparte, nobre Senador Mário Couto.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Só um instante, Senador.

Tão ruim a administração da Prefeita, paraenses, que uma emissora de televisão fez um programa cujo título era “Tome conta de um buraco”, tão esburacada estava a cidade de Santarém. Quando desci no aeroporto, parecia que Santarém tinha acabado de sair de uma guerra: toda danificada, toda quebrada, estraçalhada, abandonada! E a Prefeita - pasmem, senhoras e senhores - ainda quer tomar conta do hospital. Não, Prefeita! Venha ao Lula, que é seu amigo; vá à Governadora; peça para ela deixar de ter ódio no coração e prestar atenção àquelas pessoas que precisam sobreviver, para que faça aquele hospital funcionar.

Santarenos, podem ter a certeza de que não vou me calar enquanto esse hospital não funcionar. Se preciso for... Não sou radical, não torço pela derrota de ninguém, não torço pela desgraça de ninguém, mas tenho o dever de servir ao meu povo, especialmente a uma cidade querida que confiou em mim, que é Santarém. Vocês terão de mim toda sinceridade e honestidade; vocês terão um Senador nas ruas fazendo campanha para que esse hospital funcione.

(Interrupção do som.)

O Sr. Presidente (Gerson Camata. PMDB - ES) - Senador, V. Exª dispõe de dois minutos para concluir o seu pronunciamento.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Vocês terão um Senador na porta do hospital até que ele funcione. Vocês terão um Senador não fazendo politicagem - porque não preciso disso - mas defendendo os interesses de todo um povo que está precisando de um grande hospital e que está pronto e equipado. “Ah, é exagero de Mário Couto”. Não é não. Eu tenho batido aqui, desta tribuna; tenho lutado pelo meu Estado e tenho denunciado.

Denunciei o tráfico de crianças na Ilha do Marajó, aonde eu nasci. Não deram nem bola; um desprezo total. Olhem aqui a manchete de O Liberal - do Estado do Pará, da região do Marajó. Vejam como não se trata de politicagem; vejam como é sério. Ouçam o que diz o Bispo: “Estado está ingovernável”.

Por favor, peço que mostrem esta outra foto aqui, para que os brasileiros e as brasileiras não digam que o Mário Couto está aqui, na tribuna do Senado, fazendo politicagem.

Santarenos, nós iremos lutar. O Bispo diz que Pará está ingovernável. Vou ler o que diz o Bispo:

Um Estado em situação de ingovernabilidade, omisso diante da exploração sexual infantil e com forte presença do narcotráfico. O quadro descrito ontem pelo bispo do Marajó, dom José Luiz Azcona, em entrevista em Belém, estende-se a todo o Pará...

Santarenos, eis aqui um Senador eleito por todos vocês, atento a todos os problemas desse Estado, e esse problema é sério. Senador Mão Santa, é um problema com o qual todos nós estamos indignados, pela postura anti-social, pela postura de raiva, esquecendo aqueles políticos que não querem fazer funcionar aquele hospital, Deputados, que o primeiro artigo da nossa Constituição, Deputados, no seu parágrafo único, diz o seguinte, Senador Mão Santa: “o poder emana do povo”, o poder vem do povo. No seu primeiro artigo. Esquecem os políticos, que lá estão que foi o povo que os colocou lá. Se não fosse o povo, não estaria lá a governadora, não estaria lá a prefeita.

Pergunto a cada um dos Senadores - já vou descer da tribuna, Sr. Presidente -, e a cada um dos que me escutam nessas galerias: será que um mês antes, quinze dias antes, uma semana antes das eleições, a Governadora iria ao palanque, em Santarém, dizer que ela não ia colocar o hospital para funcionar? Será que ela teria coragem de dizer isso?! Será que a Prefeita Maria do Carmo, também do PT, teria coragem de dizer isso?

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - A Mesa pede a colaboração de V. Exª, que tem um minuto para encerrar a sua fala.

Muito obrigado.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Agora se esquecem que o povo necessita delas e viram as costas para o povo. Governadora do meu Estado, o País tem eleições de dois em dois anos. Não esqueça, Governadora! Agora mesmo, estamos num ano eleitoral, eleições para Prefeito. Não esqueçam! Se eu estou aqui, Mão Santa, se V. Exª está aqui, se o Senador Colombo está aqui é porque os povos dos seus Estados fizeram com que V. Exªs pudessem vir aqui defender os seus Estados, assim como eu. Espero que o povo do meu Estado diga não a essas atitudes que só fazem...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - A Mesa pede a colaboração de V. Exª.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer, Sr. Presidente. Só fazem com que a gente traga aqui a nossa indignação. Se é para radicalizar, nós vamos radicalizar, vamos entrar em contato com a Assembléia Legislativa do Estado do Pará e vamos marcar data para ir às ruas. Vamos marcar data para ir às ruas! Ou funciona por bem, ou funciona por mal!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2008 - Página 9693