Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo às autoridades competentes para que alterem a portaria que proíbe a venda de carros populares movidos a diesel, no mercado nacional.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA ENERGETICA.:
  • Apelo às autoridades competentes para que alterem a portaria que proíbe a venda de carros populares movidos a diesel, no mercado nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2008 - Página 9704
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ANTERIORIDADE, SOLICITAÇÃO, ORADOR, APOIO, AGENCIA NACIONAL DO PETROLEO (ANP), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), PRESIDENTE DA REPUBLICA, EMPENHO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, COMERCIALIZAÇÃO, AUTOMOVEL, UTILIZAÇÃO, OLEO DIESEL, AMBITO NACIONAL.
  • PROTESTO, FABRICAÇÃO NACIONAL, AUTOMOVEL, UTILIZAÇÃO, OLEO DIESEL, IMPOSSIBILIDADE, COMERCIALIZAÇÃO, BRASIL, CUMPRIMENTO, PORTARIA, CONSELHO NACIONAL DO PETROLEO (CNP), AGENCIA NACIONAL DO PETROLEO (ANP), PREJUIZO, POPULAÇÃO, DEFESA, REFORMULAÇÃO.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, INDUSTRIA AUTOMOTIVA, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, PRODUÇÃO, AUTOMOVEL, INFERIORIDADE, CONSUMO, OLEO DIESEL.
  • CRITICA, SUPERIORIDADE, PREÇO, GASODUTO, BRASIL, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ARGENTINA, URUGUAI.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Srªs e Srs. Senadores, vou voltar a um assunto que focalizei já há algum tempo num apelo que fiz à Agência Nacional do Petróleo, ao Sr. Ministro de Minas e Energia, que é nosso colega, Senador Edison Lobão, e também ao Senhor Presidente da República.

Os brasileiros que saem do Brasil e vão até o Uruguai, Argentina, Chile, Peru têm oportunidade de encontrar automóveis brasileiros como Montana, Corsa, Ford Ka, todos movidos a motores diesel, fazendo uma média de 25 a 30km com um litro de óleo diesel. E esses carros, Sr. Presidente, são fabricados no Brasil.

Veja em que situação o Brasil chegou. Nós podemos fabricar carros bons, econômicos, mas não podemos usá-los. Temos de vendê-los para os outros. Isso é abusar do povo brasileiro. Isso é uma vergonha, e nos envergonha sermos brasileiros.

E, aí, nós observamos. Havia uma portaria do Conselho Nacional do Petróleo - porque, antigamente, o diesel era subsidiado. Quem comprava gasolina, pagava um pouquinho do óleo diesel para subsidiar o transporte. E, aí, diziam que não podiam permitir o uso de carros de passeio a diesel porque o diesel era subsidiado.

Depois, no lugar do Conselho Nacional do Petróleo, entrou o Departamento Nacional do Petróleo, que reformulou a portaria: no Brasil, é permitido fabricar carros econômicos e modernos a diesel, mas não para os brasileiros e sim para os uruguaios, para os argentinos e, agora, até para os chineses. Para os brasileiros é proibido.

Posteriormente, entrou a Agência Nacional do Petróleo. “Ah, agora vai liberar a livre concorrência, o livre comércio. Os brasileiros serão iguais a todos os cidadãos do mundo em matéria de consumo de energia”. Colocou-se, novamente, a portaria: Não se pode fabricar carro econômico a diesel para brasileiro - só para estrangeiro, só para uruguaio, só para argentino, só para peruano.

A contradição de tudo isso, Sr. Presidente, é que quem é rico e pode comprar um carro de R$100 mil, compra um carro importado a diesel e passa na frente do pobre, que tem um carro que faz 7 ou 8km com gasolina, fazendo 22km com um litro de óleo diesel.

Mas que diabo de igualdade é essa que nós estamos colocando no Brasil? Eu acho que há necessidade de se reformular isso. Agora, estão dizendo que não pode porque o diesel é importado. Mas se importamos mais diesel, diminuirá o consumo de gasolina. Diminuindo o consumo de gasolina, exporta-se a gasolina, que é mais cara, e importa-se o diesel, que é mais barato. Essa medida permite aos brasileiros que andem em automóveis brasileiros que façam de 25 a 30km com um litro de óleo diesel.

Recentemente, por exemplo, li nos jornais que o governo alemão fez um concurso dentro da Alemanha - o que o Brasil também deveria fazer -, para premiar o carro mais econômico - não é carro demonstração -, que efetivamente caminhe e ande pelas ruas. A Volkswagen, que ganhou o prêmio, produziu um carro que faz 60km com um litro de óleo diesel, que hoje circula nas ruas da Alemanha.

Ora, aqui no Brasil, se queremos economizar combustível, não precisamos ficar inventando carro elétrico. Na hora em que a maioria da população estiver andando com carros que façam 40 a 50km com um litro de óleo diesel, o Brasil estará muito melhor ecologicamente colocado do que produzindo álcool.

Desconfio, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que, atrás disso, há o lobby dos produtores de álcool, o lobby de interesses da Petrobras.

Outro aspecto que tem de ser colocado é: o que adiantou para os brasileiros serem auto-suficiente em petróleo? Nada! Na Venezuela, R$0,10 o litro; na Argentina, R$1,40; no Uruguai, R$1,80; no Brasil, R$2,90. Quer dizer, somos cidadãos de um país auto-suficiente em petróleo e pagamos o petróleo mais caro da América Latina. Mais caro que os Estados Unidos.

O que adiantou ao povo brasileiro essa auto-suficiência, da qual tenho dúvidas? Dizem que o Brasil importou agora US$3 bilhões de combustível. Que diabo de auto-suficiência é essa que não favorece a população brasileira, não faz bem ao Brasil e não permite que os brasileiros sejam cidadãos iguais dentro do seu próprio País?

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2008 - Página 9704