Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reclama que a palavra dada no Senado não tem valor de compromisso, como o descumprimento do acordo de retirado, do requerimento da criação de CPI exclusiva no Senado para investigar os cartões corporativos.

Autor
Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Reclama que a palavra dada no Senado não tem valor de compromisso, como o descumprimento do acordo de retirado, do requerimento da criação de CPI exclusiva no Senado para investigar os cartões corporativos.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2008 - Página 7934
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADOR, DESCUMPRIMENTO, ACORDO, ESPECIFICAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CESSÃO, PRESIDENCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, CARTÃO DE CREDITO, EXECUTIVO, TROCA, RETIRADA, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, SENADO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SEMELHANÇA, INVESTIGAÇÃO.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, um das coisas que aprendi nesta Casa, uma das coisas com as quais convivi, convivo e que vejo acontecer é a prática de fazer valer a palavra.

            Dizem que o homem é escravo da palavra dada, da palavra dita. Essa era uma das razões que me levavam a gostar bastante do Senador ACM - que Deus o tenha onde estiver. É que, independentemente do assunto, se ele dava a sua palavra, ela valia até o final. Eu o admirava por isso. Contra mim, na oposição, na situação, muitas vezes me aconselhei com ele. Ele em posição contrária à minha, ele sempre fazia valer a palavra. Acho que o conceito desta Casa tem caído porque, tendo-se combinado, descombina-se da maneira mais fácil que pode acontecer, como se nada tivesse acontecido.

            Aqui foi dito pelos partidos de oposição há um tempo que, se o PMDB abrisse mão da Presidência da CPI dos Cartões Corporativos - o Senador Arthur Virgílio, por quem tenho um grande respeito e uma grande admiração, lembra bem disso -, o requerimento que estava na Mesa seria retirado, mas isso nunca aconteceu. Uma vez me levantei e falei: “Senador, nós fizemos um acordo. Eu participei da conversa no meu partido, o Líder Romero Jucá orientou que abríssemos mão desse posicionamento de Presidente”. Eu acompanhei o partido, abrimos mão dessa posição, e a Senadora Marisa Serrano foi indicada. O nosso Presidente seria o Senador Valter Pereira, que teve de explicar, junto às suas bases, por que ele não foi conduzido à condição de Presidente, por que foi tirado na negociação que o meu partido fez com a oposição.

            No entanto, Sr. Presidente, uma série de requerimentos não foram aprovados e, se formos dar uma olhada para saber quais são os signatários desses documentos, veremos que, quase sempre, são os mesmos Deputados. Então, eis que surge, outra vez, esse requerimento para se criar uma CPI só no Senado Federal.

            Para mim, está tudo válido: se fosse a minha palavra, ia valer desse no que desse; se eu tivesse combinado, ia valer. Aceito o posicionamento da Oposição de aprovar um requerimento na Comissão de Infra-Estrutura para chamar a Ministra Dilma. É direito de todo Senador apresentar requerimento em qualquer Comissão. Aliás, não acredito que a Ministra Dilma tenha medo de vir aqui ou tenha algum receio quanto a isso. No entanto, deixa-me tremendamente entristecido ficar na posição de ter que explicar por que, dentro desta Casa azul, não vale a palavra dada. Para mim, seja qual for a posição, se eu combinar, vale o que combinei.

            Já adotei posição contra o Governo aqui, combinada, deixando o Ministro Hélio Costa, de quem sou suplente, em situação difícil, mas eu honrei a minha palavra. Honrei e, quando combinar novamente, vou honrar a minha palavra aqui.

            Agora, o que não pode é, no meio do jogo, puxar carta da manga ou puxar carta de dentro da meia. Qualquer artifício dentro do Regimento é válido. Agora, combinar e descombinar, como se nada tivesse acontecido, eu não pratico esse tipo de ato; por isso é que vou reclamar sempre.

            Se combinou, para mim, não precisa assinar. Se o Senador José Agripino combinar comigo, está combinado. Se o Senador Arthur Virgílio combinar comigo, está combinado. Não tem de assinar. Não tem de botar o dedo polegar. Não tem de filmar. Não tem de mostrar fita. Não tem de fazer nada. Da mesma maneira, se o Senador Tião Viana combinar está combinado. Falou, olhou no olho está valendo. Agora, falou, olhou no olho e não está valendo, aí...

            Aqui dentro, Senador Heráclito, com V. Exª combino qualquer coisa. Se V. Exª combinar, está combinado também. V. Exª vale a palavra. E todos os demais que avalizei valem.

            Agora, não sei mais em que vou confiar aqui dentro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2008 - Página 7934