Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reitera o pedido da leitura do requerimento de criação no Senado da CPI dos cartões corporativos.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Reitera o pedido da leitura do requerimento de criação no Senado da CPI dos cartões corporativos.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2008 - Página 7955
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, IMPORTANCIA, FUNÇÃO FISCALIZADORA, LEGISLATIVO, GRAVIDADE, CORRUPÇÃO, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, REITERAÇÃO, PEDIDO, LEITURA, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, SENADO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO, EXECUTIVO.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, se tem uma qualidade que admiro e que me cativa no Senador Wellington Salgado é precisamente a sua sinceridade. S. Exª se portou com a mais absoluta honestidade hoje, praticamente demolindo todas as tentativas de desviarem o foco para o Senador Alvaro Dias da corrupção dos cartões corporativos. Foi S. Exª. Valeu mais o seu depoimento do que o de nós todos, até pela insuspeição do próprio autor.

            Agora, óbvio - e o Senador Heráclito está coberto de razão -, o meu dever é estar aqui. Eu estou aqui, cumprindo com o meu dever. Isto aqui não depende de Casa cheia. Isto aqui não é salão de debutante, que tem de ter duzentos pares para homenagear quem completa quinze anos, enfim.

            Nós estamos falando de um direito, Sr. Presidente. Não é de presença de Líder ou de consenso, não. Nós estamos falando de um direito. É um direito o que nós reivindicamos. Ou seja, nós preenchemos o que o Regimento determina: mais, bem mais, do que 27 assinaturas. Está na mesa, depois de conferidas as assinaturas, o nosso requerimento de constituição da CPI. Aguardamos, com muita fé, que se desenvolvesse a contento a CPMI, a CPI mista. Não é possível que nós consigamos admitir que aquilo é debate, que aquilo é diálogo, que aquilo vai conduzir a alguma coisa, no ritmo em que vai.

            Então, não estamos aqui, Sr. Presidente, simplesmente fazendo mais que a reivindicação de que o nosso direito seja observado. Está na mesa um direito líquido e certo nosso: o de ver lida a CPI, nos termos em que foi aqui referido a V. Exª pelo Senador José Agripino e por mim. Ou seja, a leitura, e uma idéia minha, inclusive - tenho muito honra de sempre colaborar com V. Exª, morrendo de inveja do Senador Wellington e dos peemedebistas, que puderam votar em V. Exª duas vezes; eu só pude votar uma, pois sou tucano, mas eu adoraria que V. Exª fosse do meu Partido, até para poder votar em V. Exª duas vezes -, de nos reunirmos na sua Casa, com quem V. Exª achar conveniente, para discutirmos uma pauta.

            O Senador Aloizio Mercadante, ainda há pouco, falava dos problemas do Brasil. Um deles é o da corrupção endêmica, até epidêmica, que grassa neste País. Isso complica para o futuro, na medida em que há nuvens internacionais. Temos de ter muito cuidado. É melhor o pessoal ser bastante comedido na hora de cuidar da coisa pública. Então, temos de olhar que essa atividade fiscalizadora é importante.

            Quanto à pauta, proponho discutirmos uma pauta. E mais: se o legislador, na sua sabedoria, entendesse que CPI atrapalha pauta positiva, o legislador não teria criado a figura da CPI. Se não tivesse criado a figura da CPI, estaria dado um sinal verde para os maus governantes se locupletarem da coisa pública.

            Então, Sr. Presidente, pura e simplesmente, de maneira simples - sei que V. Exª é um homem simples também, além de objetivo no seu raciocínio -, sem mais lucubrações, sem mais prolegômenos, o que estamos pedindo é que, pura e simplesmente, o nosso direito seja atendido: a leitura da CPI. Temos direito a essa leitura, porque preenchemos os requisitos regimentais.

            Às ordens de V. Exª, estaremos para, na hora em que V. Exª convocar, na sua residência - até para se dar um caráter de informalidade -, estarmos lá para discutir a forma de se trabalhar a investigação séria.

            O Senador fala em tratorar, não acredito não; não vai ter nada disso não. Nós vamos trabalhar.

            E por que a CPI aqui? Vou ser bem claro, Sr. Presidente, não tenho que esconder nada de ninguém. Todas as vezes que houver tratoramento lá - se houver, e eu não quero acreditar nisso -, vamos requerer que o Plenário, em sessão aberta, delibere. E aí aqueles que gostam de se esconder atrás de tropa de choque vão ter que botar suas faces rosadas, loiras e lindas perante a opinião pública. É muito simples, como é simples o sorriso de uma criança, como é simples a cristalinidade das águas nas mãos de outra criança. É muito simples. Não pense que simplesmente vão dizer “Ah, uma evidência, não convoca fulana.” Não convoca? Então, traz para cá. “Não quebra o sigilo do beltrano”. Não quebra? Então traz para cá. Tem maioria? Tem. Então, vão ter que nos enfrentar no voto aberto aqui, com clareza.

            Hoje estão pensando que a solução para o País é a tropa de choque. Então, é melhor pegar a tropa de choque e mandar para governar os Estados Unidos, e evita... Eu chego lá e digo: “Bush, meu filho, contrata a tropa de choque do Governo brasileiro e resolve essa história dessa tua crise aí, e não venha trazer crise para nós.” Eu resolvo isso simples. Se tropa de choque fosse remédio para tudo, mandaria essa tropa para governar a crise americana. Eu diria “Bush, meu filho -repito -, leva a tropa de choque daqui e resolve o teu problema, para não atrapalhar a gente.”

            Eu também gostei daquela formulação tão sofisticada que o nosso Presidente fez. Eu fiquei encantado com aquilo; aquilo deveria virar uma tese de doutoramento em economia.

            Mas, muito bem, Sr. Presidente, o que nós pedimos é muito simples: leitura da CPI, e vamos discutir o que é o Senado, e o Senado não pode ter castração ao direito da minoria de ser atendido no seu direito de investigar.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2008 - Página 7955