Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogio à conduta do Presidente Garibaldi Alves Filho.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Elogio à conduta do Presidente Garibaldi Alves Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2008 - Página 7960
Assunto
Outros > SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DEFESA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, CONCILIAÇÃO, CONFLITO, SENADOR.
  • ANALISE, HISTORIA, POLITICA PARTIDARIA, DEMOCRACIA, BRASIL, FRUSTRAÇÃO, ORADOR, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL.
  • QUESTIONAMENTO, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, OBSTACULO, INVESTIGAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), COMBATE, CORRUPÇÃO.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não acredito que não tenhamos condições de chegar a um meio-termo.

            Quero admirar V. Exª. Acho que a entrevista que V. Exª deu à Veja foi de uma extrema felicidade.

            Eu disse pessoalmente a V. Exª que V. Exª caminhou por um fio de arame, sem sombrinha! Disse o que tinha de dizer, mas não há uma palavra mal colocada ou uma palavra que o senhor tinha de retirar ou que faltou colocar.

            Eu estava em meu Gabinete e vim a este plenário porque ouvi o pronunciamento de V. Exª. Acho que V. Exª está profundamente correto, Sr. Presidente. Está profundamente correto!

            Olha, vivemos uma época em que o Brasil está tranqüilo. A economia está normal, a liberdade está normal, os Partidos estão funcionando. Vivemos épocas muito mais difíceis, muito mais dramáticas. Vivemos épocas em que... Está ali o querido pai do nosso Senador. Ele sofreu na carne o que aconteceu naquela época, com o seu bravo e extraordinário pai, porque caiu de pé, defendendo as verdadeiras causas e as verdadeiras bandeiras. Graças a Deus, hoje não existe isso.

            Então, Sr. Presidente, há um fato, vamos falar... Eu quero falar com muita humildade. O que temos de novo, o que está acontecendo agora, que nunca aconteceu na história do Brasil, nunca, é que... A ditadura... A Arena dominou durante vinte e tantos anos, veio o Dr. Tancredo, veio a democracia, vieram as “Diretas Já” e veio o Collor. Primeiro, veio o Sarney, com a morte do Tancredo - até hoje não perdôo o Tancredo; não podia ter morrido. Depois, sai o Collor e entra... Perdão, entra o Sarney com a morte do Tancredo. Talvez eu tivesse dito o que pensava e falei mal. Agora retifico.

            Depois, veio o Itamar.

            E, de repente, a política tomou um rumo. Oito anos... Fernando Henrique Cardoso, com Marco Maciel, governou este País durante oito anos. Foram oito anos de tranqüilidade, de serenidade. Não se falava em golpe militar nem em rebelião, nem em coisa nenhuma. Governou. Problemas, discussões, tivemos várias. Eu mesmo falei várias vezes. Mas foi um período de normalidade. Foi o período do PT.

            Eu tinha uma inveja do PT, Sr. Presidente. Eu tinha uma inveja do PT, porque eu tinha vindo do MDB, do Rio Grande do Sul, que era o MDB da liberdade, das Diretas já, o MDB da defesa da Constituinte! E o MDB em que nós estávamos era um MDB que caiu por terra. Esquecemos as nossas bandeiras! Muito triste a nossa posição!

            Eu não entrei no PSDB, embora o Covas e o Governador tivessem ido lá no Rio Grande do Sul, fazer um apelo para que eu entrasse. Mas eu tinha uma inveja, uma inveja cristã do Covas, do Serra, do Fernando Henrique, do Richa, do Scalco, dessas pessoas, do Montoro, que foram espetaculares.

            Mas, no Governo, não foi bem o que se pensava. E não foi bem o que se pensava, porque no mundo era isso. A social-democracia, que era a grande bandeira, espetacular - Filipe González, da Espanha; Mitterrand, da França; o Partido Trabalhista, na Inglaterra... -, era uma coisa espetacular, e fracassou. Vamos falar sinceramente: fracassou em todos esses países. E foi uma época em que surgiu a crise da China, a crise da Rússia, a crise do México, a crise da Argentina.

            E o PTB? O PTB era uma oposição espetacular, firme, brilhante, dando duro, fazendo o que era mais espetacular.

            Aí o Lula foi para o Governo. Nós imaginávamos que o Lula ia fazer aquilo que ele pregou em cinco campanhas eleitorais - não em uma; em cinco.

            O que o Governo, o que o PSDB, o que a imprensa dizia do Lula era que ele ia fazer uma reforma agrária radical. Não fez. Está namorando com todo o mundo.

            Que ele ia fazer uma reforma financeira com moratória e tudo mais. Não aconteceu. Não há ninguém mais amigo dos banqueiros do que o Governo do Lula.

            Enfim, aquilo que a gente imaginava e tinha medo de acontecer não aconteceu.

            E, na parte da ética, na parte da seriedade, naquela parte em que o Lula e o PT tinham tudo para fazer não estão fazendo, Sr. Presidente.

            Então, esse é o fato. Temos um lado dizendo que o PSDB errou, e ele, PT, está repetindo, está fazendo o que eles já fizeram, e diz que está fazendo o pacotão porque eles já fizeram, como se isso fosse justificativa.

            Por outro lado, o PSDB defende os erros, que são sérios, e o PT quer que ele não tenha autoridade, porque ele já fez. Mas ele pode ter feito.

            Há um fato muito importante que não podemos esquecer: o PT foi uma Oposição radical, dura, enérgica, mas nunca falou em cartão corporativo. Nunca, nessa tribuna, o PT, nos oito anos de Governo Fernando Henrique, falou em cartão corporativo. Por que não falou? Podia ter falado.

            Lula assumiu como Presidente da República. Passados quatro anos, houve reeleição. Nunca falou em cartão corporativo. Agora, de repente aparece. E o PT não quer esclarecer as coisas.

            Quando falo, vejo no meu querido Senador do PMDB do Acre, vejo nos grande Líderes do PSDB e do Democratas vontade de acertar. Mas eles têm que se sentar à mesa e encontrar uma forma, Presidente, que não é boa para ninguém, mas nós temos que encontrar uma forma.

            Nós estamos vivendo um momento muito ruim. A CPI dos cartões e a CPI das ONGs...

            Eu aconselharia a V. Exª uma solução para a CPI das ONGs: o PSDB indica cinco ONGs que têm negócio com o PT, e o PT indica cinco ONGs que acha que têm com o PSDB. Cada um indica cinco, e vamos apurar. É uma forma. É uma forma de se apurarem os dois lados. E não nós não fazermos nada, e ficar tudo sem nada.

            Agora, aqui nos cartões corporativos, Presidente, não fica bem. Não fica bem! Não fica bem, porque o Congresso está caindo no total. A perda é total, e o comentário é um só: “Não vai apurar nada. Não vai apurar nada! Vão gritar, discutir, debater, e não vai acontecer nada”. E nós estaremos sepultando, em caráter definitivo, as comissões parlamentares de inquérito.

            Hoje é o PT, durante oito anos foi o PSDB, e ninguém sabe quem vai ser daqui a três anos. Se continuar assim, é provável que não saia nem do PT nem do PSDB. Vem uma terceira via e traça um caminho, irritada com a forma de os dois estarem discutindo.

            Felicito V. Exª e faço um apelo no sentido de que se encontre um entendimento, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2008 - Página 7960