Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamenta os episódios ocorridos ao longo da semana no Senado e acusa a Oposição de tentar incluir na pauta da CPI a questão eleitoral de 2010.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Lamenta os episódios ocorridos ao longo da semana no Senado e acusa a Oposição de tentar incluir na pauta da CPI a questão eleitoral de 2010.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2008 - Página 7962
Assunto
Outros > SENADO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • ANALISE, PROBLEMA, CONFLITO, SESSÃO, SENADO, FALTA, DEBATE, PROBLEMAS BRASILEIROS, MOTIVO, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SENADOR, EFEITO, MANIPULAÇÃO, NATUREZA POLITICA, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), DESRESPEITO, NORMAS, DEMOCRACIA, VOTO, MAIORIA.
  • APOIO, DECISÃO, PRESIDENTE, SENADO, CONCILIAÇÃO.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, o que vou falar talvez não esteja de acordo com tudo o que aconteceu aqui porque eu estava em uma audiência no Ministério da Indústria e Comércio, acompanhando a proposta de instalação do Fórum de Competitividade do Setor Têxtil e Vestuário, do qual faço parte, quando fui informada do que estava ocorrendo no plenário e tive de sair de forma emergencial da reunião.

            Quero deixar registrado, em primeiro lugar, um lamento profundo pelos episódios ocorridos ao longo desta semana aqui no Senado da República. Na minha caixa de e-mail, na de minha assessoria, na de meu gabinete em Santa Catarina e no Senado, na Liderança, o que há é uma chuva de e-mails repudiando, reclamando, questionando o que estamos efetivamente a fazer aqui neste Senado da República.

            Temos situações extremamente delicadas que mereceriam de todos nós um aprofundamento, um debate. Ontem até se prenunciou aqui um debate a respeito da questão gravíssima, emergencial, que está envolvendo ações quase que de guerra no Rio de Janeiro, com a instalação de hospitais de campanha para tentar solucionar uma situação gravíssima que está provocando a morte de muitas pessoas. Mas isso passa ao largo neste Senado da República. Passa ao largo, porque a guerra antecipada do processo eleitoral de 2010 tomou mentes e corações de tal forma, Senador Garibaldi, que nós ficamos absolutamente reféns dessa lógica instalada, lógica que tira da realidade, do debate no plenário e nas comissões, as questões centrais para a população brasileira.

            Estamos, todos aqui, preocupados somente, como já foi dito, com aquilo: o que vai acontecer em 2010.

            Por isso, acho que a melhor coisa que poderemos fazer, antes de qualquer atitude - parece-me que V. Exª, Sr. Presidente, se comprometeu com a leitura do requerimento -, é esfriar a cabeça. Vamos ter de colocar a cabecinha no travesseiro e meditar profundamente para ver até onde vamos levar esse enfrentamento e esse tipo de comportamento do Senado da República. Até onde? Faço a pergunta porque são muito interessantes determinadas situações que estamos vivenciando.

            V. Exª foi instado a ler o requerimento relativo à CPI exclusiva do Senado depois de um ir e vir absurdo: o Jucá propôs a CPI única e colheu as assinaturas; não houve acordo, porque a Oposição queria a CPI Mista em função dos acordos que havia na Câmara; aí, concordamos com a CPI Mista; quando concordamos, veio a questão de que tinha de ser exclusiva do Senado - tanto, que fizeram um novo requerimento. Ficamos quase um mês aqui nos digladiando por causa do acordo, para decidir se ia ser compartilhado. No final, foi feito o acordo para compartilhar: a Presidência para a Oposição, e a relatoria para o Governo. Lembro, inclusive, que o Senador Wellington Salgado cobrou: “Mas que raio de acordo é esse que se fecha, se compartilha, e a Oposição não retira o requerimento da CPI exclusiva?”.

            Bom, mas ficou lá, ficou na gaveta.

            Aí, começa a funcionar a CPI. Tem problema? Tem problema de enfrentamento óbvio, está colocado o problema do enfrentamento. Tem uma determinação da Oposição de tentar incluir e colocar na pauta da CPI - eu já disse e volto a repetir - a questão eleitoral de 2010. Querem fazer isso a qualquer preço, a qualquer custo, e, obviamente, quando isso não se concretiza, utilizam-se de outros mecanismos.

            Eu quero dizer que o melhor para nós, efetivamente, é aproveitar bem o final de semana, Senador Garibaldi, para trabalhar com as nossas mentes, com as nossas consciências, para que possamos fazer uma boa reunião de Líderes, para tentar retomar o bom senso, o bom entendimento aqui nesta Casa.

            Mais uma vez: quando não há bom senso nem entendimento, há que se seguir o Regimento. Nós já fizemos isso, mesmo preferindo não ter utilizado o Regimento em determinadas situações de conflito anteriormente. Agora, o melhor que nós temos a fazer, o melhor para cada um de nós, é esfriar a cabeça. Digo isso porque só um terço destas cadeiras aqui não será submetido à eleição em 2010; dois terços terão que enfrentar as urnas e o voto popular, seja para reeleição seja para outro cargo qualquer. Portanto, sobre o que nós estivermos fazendo aqui - a população nos assiste, a população nos vê, a população avalia, analisa o que fazemos -, nós teremos que responder em 2010, frente à população brasileira, nas urnas.

            Eu queria, inclusive, usar as palavras de V. Exª quando foi instado a se posicionar sobre a possibilidade de haver uma CPI mista e uma CPI exclusiva do Senado sobre o mesmo assunto. V. Exª respondeu que até poderia ser possível, mas que era absolutamente inconveniente. Inconveniente foi a palavra que V. Exª utilizou.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2008 - Página 7962