Discurso durante a 57ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao Aposentado do Serviço Público.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Homenagem ao Aposentado do Serviço Público.
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2008 - Página 10246
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, APOSENTADO, SERVIÇO PUBLICO, ELOGIO, ATUAÇÃO, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, CLASSE, CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
  • REGISTRO, EMPENHO, CONGRESSO NACIONAL, MELHORIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO, COMBATE, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, DESRESPEITO.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Paulo Paim, quero em seu nome cumprimentar a Mesa; senhoras e senhores aposentados do serviço público deste País; sempre que venho à tribuna para falar de aposentados peço a Deus que leve a minha fala aos ouvidos dos dirigentes deste País.

Desde que cheguei a este Senado - e sou Senador há apenas um ano e três meses - incorporei 60% das minhas falas aos aposentados deste País, incorporei a minha luta à do Senador Paulo Paim. Lembro-me de que, um dia, ao passar por sua cadeira, a penúltima dessa fila, ele pegou a minha mão e me disse: “Mário Couto, custe o que custar, essa causa dos aposentados de uma maneira geral, quer civil, quer pública, está no meu sangue.” E, pensando, fui para o meu gabinete: por que também não está no meu? (Palmas.)

E daí para frente, com outros companheiros, como os Senadores Geraldo Mesquita Júnior, Flexa Ribeiro, Marconi Perillo, Jayme Campos, grandes Senadores da República, travamos uma luta para mostrar à Nação o nosso respeito a todos os aposentados deste País. Infelizmente, vou ter de fazer a mesma coisa que faço nos dias normais nesta Casa: ser muito sincero.

Desculpem-me se alguém não vai gostar da minha fala, mas não tem outro jeito de ser. Nasci assim e vou terminar assim. Digo o que penso em qualquer lugar. Em qualquer ambiente, eu digo o que penso. O aposentado deste País, infelizmente - infelizmente! - é tratado ainda como um copo descartável: usou, jogou fora. Infelizmente!

Olhem que fomos taxados....Pasmem, senhoras e senhores. Eu cheguei a minha casa e a minha mulher me disse: “Já lestes o jornal? Você já viu o que os Ministros do Planejamento e da Previdência estão dizendo para os Senadores, porque aprovaram os benefícios para os aposentados? Já viu?” Eu respondi que não. “Pois estão chamando vocês de irresponsáveis.” Olhem só! Isso porque estamos lutamos por uma causa justa, estamos lutando por aqueles que serviram tanto a esta Pátria, que deram o seu suor. No caso de vocês, ainda, eu estou olhando para uma platéia que sofreu, com certeza, durante todo o seu trabalho, o desprezo do Governo - dos governos - e o desrespeito da sociedade com o servidor público.

Ora, vejam, os Ministros do Planejamento e da Previdência dizem que os Senadores são irresponsáveis, porque estão lutando pela causa daqueles que serviram à Pátria. Eu sei, todos nós temos conhecimento. Nada aqui na minha fala de sentimentalismo. Nada. Não quero ofender ninguém com meu sentimento, mas dói.

Quando se vê um político num palanque... e eu acreditei, eu ouvi dizer que não entendia por que um trabalhador brasileiro trabalhava a vida inteira, estava ganhando dez salários mínimos, e, quando ia para a aposentadoria, passava a receber apenas a metade, cinco. Disse no palanque que isso iria acabar. Foi o nosso querido Presidente Lula que falou isso. Não acabou, a situação dos aposentados piorou. “Ah, não podemos fazer nada, porque a Previdência está falida.” Ora, esse negócio de Previdência falida eu já escuto desde a minha infância. Desde que eu tinha 8 anos de idade e comecei a perceber a vida como ela era, eu ouço falar que a Previdência é deficitária, estraçalha os aposentados.

Quanto ao servidor público, então, sempre dizem que não fazem nada. Dizem até - e isso é verdade - que quando um servidor público vai fazer um teste numa empresa privada, dizem assim: “Você é servidor público? Ah, então não passou”. Isso é lamentável.

O que resta ao Senador Paim para lutar? Saibam que, para se conseguir alguma coisa, metade da guerra... Não pensem que a guerra está vencida. Ainda temos de brigar muito, mas muito. Para se chegar à metade da guerra, na primeira batalha vencida - acreditem vocês -, foi preciso ameaçar com vigília e greve de fome. Nós estamos no Brasil. Aí começaram a resolver. Percebam que o Governo... Isso não é para acusar Governo, não. Não estou fazendo politicagem aqui, nem preciso disso. Como falei no início, sou Senador há um ano e três meses e tenho mais sete anos pela frente. Não seria agora que eu ia fazer politicagem para obter voto. Daqui a sete anos não sei nem se estarei vivo.

Mas foi preciso ameaçar com greve de fome e vigília. Foi preciso levar mais de 150 aposentados ao gabinete do Presidente. Foi preciso vir a esta tribuna umas dez vezes para arrancar - acreditem - o projeto da gaveta de um Senador do Governo, que o trancava há nove meses! Há nove meses! E vou dizer a vocês uma coisa ainda pior do que isso: sabem há quantos anos o projeto estava passando de comissão em comissão? Em cada uma que passava: “Prende! É dos aposentados? Prende! Eles já não servem mais à Nação.”

Pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus! Durante cinco anos, o Paulo Paim vem lutando e, por isso, merece o respeito de cada um de nós. Senão, ele teria desistido. Vamos aplaudi-lo, porque este é o verdadeiro homem brasileiro! (Palmas)

Foram cinco anos! Eu já disse a ele que estou disposto a tudo por essa causa tanto do servidor civil quanto do servidor público. Sei o quanto vocês precisam do nosso apoio no Senado. Tenho uma protetora, Nossa Senhora de Nazaré e minha Santa Filomena. Rogo sempre a elas que sensibilizem cada um dos Srs. Senadores e das Srªs Senadoras.

Agora mesmo, ao sair do meu gabinete, Senador Paulo Paim, eu estava pensando em oficializar uma audiência com o Presidente da Câmara, em fazer isso por ofício, e todos os Senadores que irão a essa reunião assinariam o ofício, para que possamos ir não apenas três, quatro Senadores, mas para que o Presidente da Câmara perceba que o Senado em si, na sua totalidade, na sua unanimidade, votou a favor e quer realmente que o Governo respeite essa classe trabalhadora que serviu este País. (Palmas.)

Vamos fazer isso, Senador Paim, e vamos continuar a guerra. Sei que muito se pode fazer e muito falta fazer por vocês. Sou servidor público aposentado igual a vocês. Trabalhei quarenta anos no DNER. Não vou nem falar do DNER. Aquele exemplo que dei: com doze anos de serviço, achei por bem trocar de emprego. “Já chega de o Governo não dar condições, de o Governo tratar dessa maneira o servidor público. Eu não agüento mais! Vou procurar uma empresa privada”. Aquele exemplo foi meu. Quando preenchi a ficha, ele olhou para mim e disse: “Ah, você é servidor público?”. Fez um “X” na minha ficha e me devolveu. Nem conversou mais!

Faço idéia da aposentadoria de V. Sªs, o abandono! Subi a esta tribuna só para dizer-lhes que contem comigo na hora que precisarem de mim! Aqui neste Senado contem comigo, humilde Senador, mas que reconhece o trabalho de cada um de vocês e que está disposto, custe o que custar, doa a quem doer, a fazer o que for necessário fazer, até ameaças, para que o Governo diga que vocês merecem a gratidão dele como brasileiros e brasileiras que trabalharam tanto para servir o público desta Nação.

Muito obrigado! Contem comigo para o que der e vier! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2008 - Página 10246