O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª. Só quero dizer aos telespectadores da TV Senado que, dentro dos partidos políticos, há sempre uma luta, para que o ideário do partido seja cumprido. Todos nós falamos muito de fidelidade partidária. E essa fidelidade pode ser vista do ponto do parlamentar com o partido, mas também do partido com os seus objetivos, com as bandeiras que fizeram com que o partido surgisse.

Existe muita gente, no Partido dos Trabalhadores e também nos outros partidos políticos, que dá, eu diria, o melhor de si, para que o Brasil seja um País justo, desenvolvido, com oportunidades, com dignidade, com cidadania para seu povo. Acho que essa é a grande luta.

Percalços acontecem em todos os partidos políticos, na sociedade, mas temos de ir criando mecanismos, para que essa situação se aprimore, cada vez mais, em termos de transparência, de participação e de busca dos objetivos que nos devem unir pelo Brasil todo.

O Senador Wellington Salgado se manifestou, desta tribuna, em relação às dificuldades. Até penso que este é um momento de discussão, de aprofundamento, de convergência, de amadurecimento das nossas instituições e também do Congresso Nacional.

Então, no Congresso, muitas dificuldades aconteceram. São coisas que não deveriam ter acontecido numa Casa que tem de ser referência para a população - infelizmente, a sociedade sabe que elas aconteceram. Mas, ao mesmo tempo, temos de ver que muito trabalho está sendo feito dentro do Congresso Nacional e do Senado Federal.

Se, por um lado, temos dificuldades, aqui no plenário, para votar uma medida provisória, como aconteceu hoje com uma medida provisória de crédito extraordinário, cujo conteúdo está sendo debatido pelo Congresso Nacional, precisamos lembrar, por outro, que a quantidade de medidas provisórias, o exagero de sua edição, a sua utilização para conteúdos absolutamente inadequados, tudo isso fez com que o Congresso Nacional se debruçasse sobre esse tema e estivesse agora apresentando, para decisão da Câmara e do Senado, novas perspectivas para a medida provisória.

Se observarmos o dia de hoje do Senado: hoje de manhã - sou membro titular da Comissão de Educação - participamos de um seminário com a presença de quatro Ministros de Educação de quatro países; em seguida, estivemos na Comissão do Meio Ambiente e Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle, onde cerca de dez projetos foram apreciados, em decisão terminativa e não terminativa na Comissão. Mas somente em uma comissão foram dez projetos. E, na seqüência, durante toda a tarde e noite, nós nos reunimos com representantes da agricultura familiar, dos trabalhadores rurais, para discutirmos a Medida Provisória nº 410, para chegarmos a conclusões do que pode ser feito: quais encaminhamentos, se o texto da Câmara está adequado, se alguma coisa deve ser alterada no Senado, por que se escreveu de uma determinada maneira. Provavelmente serei o Relator dessa medida provisória e quero ouvir os setores todos da sociedade. Amanhã, às 9 horas da manhã, apesar de termos reuniões de Comissões, vamos nos reunir também com representantes de vários Ministérios e de movimentos sociais para continuarmos essa discussão.

Eu gostaria até de dizer para a sociedade, Sr. Presidente, que o trabalho do Senado Federal não se restringe ao plenário. Aqui no plenário é o momento para debates, discussões e aprovação de projetos que não têm a sua natureza terminativa na Comissão. Mas é uma das instâncias. A outra instância é - e tem que ser - acompanhamento, fiscalização e controle. Ao mesmo tempo, deve ser o local onde a sociedade possa debater nas comissões, nas CPIs, onde for necessário, as suas necessidades.

Então, por um lado, toda a sociedade está pensando no papel do Senado Federal, no que aconteceu, mas, ao mesmo tempo, devemos pensar e refletir que um caminho tem quer melhorado, tem que ser construído. Que os escândalos e os problemas que aconteceram aqui dentro sirvam, pelo menos, para que tenhamos uma Instituição melhor e para que um povo mais consciente, mais politizado possa também mandar para o Congresso Nacional, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para o Senado Federal e também para as câmaras de vereadores - as câmaras e as assembléias legislativas -, representantes sintonizados com o espírito político adequado e bom.

Eu gostaria, Sr. Presidente, até de ler um pequeno pronunciamento:

Na condição de Senador da República e de Presidente da União Parlamentar Escoteira do Brasil, é com grande satisfação que registro o transcurso, no dia de amanhã, 23 de abril, do Dia Mundial do Escoteiro, data escolhida por ser dedicada a São Jorge, padroeiro do movimento.

Fundado em 1907 - 101 anos atrás -, quando o Oficial do Exército Britânico Robert Baden-Powell organizou o célebre acampamento que reuniu 20 jovens na ilha de Brownsea, na costa sul da Inglaterra, o escotismo, desde então, propagou-se por todo o mundo.

O escotismo é o maior movimento mundial de jovens, de caráter voluntário, apartidário e educacional. O escotismo tem por objetivo o desenvolvimento do caráter e o aproveitamento de todas as potencialidades físicas, intelectuais, sociais e afetivas dos jovens, conforme concebeu seu fundador.

Ao criar o Movimento Escoteiro, Robert Baden-Powell foi influenciado pelas circunstâncias de sua infância, período em que teve intenso contato com a natureza e conviveu com intelectuais, artistas e pesquisadores que freqüentavam a sua casa. Mais tarde, já na carreira militar, viveu notáveis experiências em diversas partes do mundo, quando desenvolveu técnicas de reconhecimento, de observação e de dedução. É célebre a passagem de sua vida em que, chefiando um pequeno grupo das tropas inglesas sitiadas, conseguiu resistir por 217 dias, até a chegada de reforços.

Ali se plasmava um ídolo e um herói nacional para as novas gerações inglesas, mas ali se plasmavam também os fundamentos do que viria a ser o movimento escoteiro, pois Baden-Powell se impressionou vivamente com a lealdade, a dedicação e o senso de responsabilidade dos jovens que estavam sob seu comando. Ao escrever um livro com subsídios para reconhecimento militar, Baden-Powell decidiu elaborar também uma versão destinada ao público jovem; e em 1907, 101 anos atrás, quando realizou o acampamento na Ilha de Brownsea, ficou tão entusiasmado com os resultados que decidiu se afastar do Exército para fundar o movimento escoteiro.

O escotismo chegou ao Brasil em 1910, há 98 anos, quando um grupo de suboficiais da Marinha, que estivera na Inglaterra no ano anterior, fundou o Centro de Boys Scouts. Por algum tempo, os grupos de escoteiros foram surgindo de forma desordenada, sem um órgão representativo que os grupasse, até que, em 1924, foi criada a União dos Escoteiros do Brasil, que hoje reúne cerca de 60 mil participantes em nosso País.

É gratificante constatar que o movimento escoteiro, que este ano completa 101 anos de existência, não se arrefeceu. Pelo contrário, estando presente em 220 países, reúne nada menos de 30 milhões de participantes e tem o reconhecimento de numerosos governos e organismos internacionais, entre eles a Unesco.

Nas comemorações do seu centenário, ocorrido no ano passado, realizou-se em Chelmsford, na Inglaterra, o XXI Jamboree Escoteiro Mundial, ocasião em que quase 45 mil escoteiros de várias partes do mundo puderam se congraçar, reafirmando sua unidade, o propósito de paz e outros valores por eles compartilhados.

Tive a oportunidade de representar o Senado Federal naquela ocasião e de me colocar à disposição para incentivar e apoiar o Movimento Escoteiro no Brasil.

Em Brasília, há dois anos, realizou-se o III Jamboree Nacional Escoteiro, no Parque da Cidade, do qual participaram mais de mil escoteiros de praticamente todos os Estados brasileiros, além de representantes de vários países; e é com orgulho que comunico a realização, nos dias 11 a 17 de janeiro de 2009, ano que vem, do IV Jamboree Nacional Escoteiro, em Foz do Iguaçu, no meu Estado do Paraná. O evento terá o apoio não só da União Parlamentar Escoteira do Brasil - entidade de ideologia suprapartidária que tem por objetivo apoiar o escotismo e incentivar as filiações ao movimento em todo o País - , mas também, quero acreditar, o desta Casa Legislativa, que em outras ocasiões já manifestou sua solidariedade aos escoteiros brasileiros.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o escotismo, para finalizar, é um movimento que se propõe a desenvolver nos jovens, por meio de atividades em contato com a natureza, o companheirismo, a fraternidade e a iniciativa, além de valores universais como a convivência familiar, a integração com a comunidade e o espírito cívico. Nesta ocasião em que se festeja o transcurso do Dia do Escoteiro, amanhã, 23 de abril, quero me congratular com os escoteiros de todo o Brasil e de todo o mundo, augurando o constante aprimoramento e a constante expansão do movimento fundado por Baden-Powell.

Muito obrigado, Sr. Presidente.