Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Propósito de acelerar a votação de projetos de interesse de aposentados e pensionistas, em tramitação na Câmara dos Deputados. Apelo em favor da abertura do Hospital de Santarém, no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Propósito de acelerar a votação de projetos de interesse de aposentados e pensionistas, em tramitação na Câmara dos Deputados. Apelo em favor da abertura do Hospital de Santarém, no Estado do Pará.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2008 - Página 10606
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SENADOR, AUDIENCIA, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, OBJETIVO, AGILIZAÇÃO, VOTAÇÃO, PROJETO, BENEFICIO, APOSENTADO, PENSIONISTA.
  • QUESTIONAMENTO, INCOERENCIA, CONDUTA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), MANUTENÇÃO, DESATIVAÇÃO, HOSPITAL, MUNICIPIO, SANTAREM (PA), ALEGAÇÕES, DIVERGENCIA, NATUREZA POLITICA.
  • DEFESA, URGENCIA, ABERTURA, HOSPITAL, APROVEITAMENTO, QUANTIDADE, EQUIPAMENTOS, MELHORIA, ATENDIMENTO, ASSISTENCIA MEDICO-HOSPITALAR, IMPEDIMENTO, MORTE, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, VICE-PREFEITO, MUNICIPIO, SANTAREM (PA), ESTADO DO PARA (PA).

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Paim, antes de entrar no assunto principal do meu pronunciamento, quero dizer que nós, Senadores, estamos atentos aos projetos de V. Exª que foram aprovados aqui neste Senado por unanimidade e que foram encaminhados à Câmara dos Deputados.

Fizemos um ofício com o aval de V. Exª, que é o grande comandante dessa questão, para que pudéssemos, então, mais de dez Senadoras e Senadores, ter uma audiência o mais breve possível com o Presidente da Câmara dos Deputados. Fizemos essa solicitação oficialmente, Senador Mão Santa - e fico feliz porque vários Senadores assinaram e confirmaram as suas idas no encontro que vamos ter com o Presidente da Câmara dos Deputados -, objetivando apressar a votação, naquela Casa, desses projetos que irão beneficiar todos os aposentados e pensionistas deste País. V. Exª e outros Senadores muito lutaram para que pudéssemos chegar a esse estágio já bem avançado, faltando apenas a aprovação na Câmara. Logicamente que vamos estar atentos não só à colocação do projeto em pauta, mas também conversaremos com cada Bancada, como já conversei com a de Oposição. V. Exª também, com certeza, fará isso e vamos comemorar o grande feito que é uma justiça que V. Exª faz, por intermédio de seus projetos, a todas às aposentadas e aos aposentados deste País.

Fiz esta comunicação inicial apenas para dar conhecimento, Senador Paulo Paim - e faremos sempre isso -, aos aposentados e pensionistas deste País, a fim de que saibam que estamos atentos e chegaremos até o último tópico desta questão, para que possamos ser vitoriosos nessa grande marcha que fará justiça aos aposentados deste País.

Hoje, Sr. Presidente, meu assunto principal é ainda com relação ao Hospital de Santarém, no meu querido Estado do Pará, na minha querida cidade de Santarém.

Sr. Presidente, meu médico Mão Santa, o governo anterior a este que está governando o Estado do Pará construiu cinco hospitais no Pará. Um na área metropolitana, um hospital de grande porte, e quatro hospitais regionais nas grandes cidades do Estado do Pará: Marabá, Altamira, Redenção, Santarém, e o Hospital Metropolitano, na área metropolitana de Belém. Todos esses hospitais já foram entregues ao governo atual prontos, todos funcionando, com exceção de outro hospital no Município de Breves, no Marajó. Particularmente, esse hospital de Santarém, de grande complexidade, há dezesseis meses não funciona.

Se tivéssemos cobrado o funcionamento desse hospital imediatamente, logo que a Governadora assumiu, estaríamos sendo taxados de exigentes demais: ô! entregaram o hospital ontem para a Governadora e hoje já querem que funcione? Esse Mário Couto é um irresponsável, está fazendo oposição barata!

Mas o tempo foi passando. Um, dois, três, quatro, cinco, seis meses, começaram as cobranças. A Assembléia Legislativa do Estado do Pará cobrando. Ora, se de Santarém a Belém é quase a mesma distância que de Brasília ao Rio, é lógico que é extremamente importante que este hospital venha a atender a cidade de Santarém e mais vinte Municípios vizinhos, mais de seiscentas mil pessoas.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, na hora em que V. Exª precisa pegar um avião, V. Exª tem o dinheiro para comprar a passagem, mas, na hora em que um agricultor precisa levar o filho para a capital, em Belém, ele não o tem. Quantas vezes já recorreram a V. Exª para pedir passagem para levar um doente? Quantas vezes? E este hospital, um dos mais belos que já conheci, Senador, sem funcionar há 16 meses. Há dezesseis meses!

Agora pergunto a V. Exªs, Srªs e Srs. Senadores, Senador Paulo Paim: será que sou um crítico contundente à Governadora? Não, Senador. Eu não posso deixar de falar isso aqui, Senador. Eu não posso deixar de buscar solução para esse problema, Senador. Eu não posso cruzar os braços, como paraense.

Senador, quem não tem humildade não chega a lugar nenhum. Passou a eleição, tem que se desmontar palanques, olhar para a sociedade, ser sensível aos problemas da sociedade. Não se pode dizer assim: eu não ponho hospital para funcionar porque foi feito por um governador que não é do meu partido.

Não pode acontecer isso na política brasileira. Isso é ultrapassado, isso é ódio no coração, isso é maltratar uma população que precisa de saúde, que precisa de hospital.

Não se chega a lugar nenhum sem humildade. A humildade é uma das peças principais para o sucesso de qualquer pessoa, de qualquer ser humano. E essa humildade tem de ser associada à sensibilidade humana.

Quando eu soube da morte do vice-Prefeito de Santarém, eu pensei naquele hospital funcionando. Se aquele hospital estivesse funcionando, aquele jovem homem não teria falecido.

Ah, mas o Mário Couto está apelando. Não, eu estou apelando apenas para que o hospital funcione.

No nosso Pará, brasileiros e brasileiras, não se consegue mais andar nas ruas. O limite de todas as paciências foi esgotado com a violência. Eu não acredito, de forma alguma, que exista uma cidade mais violenta que a cidade de Belém. Eu não acredito! Olha aonde chegamos. Carteiros dos Correios têm de pagar pedágio para entregar cartas nos subúrbios de Belém. Carteiros dos Correios não podem mais trabalhar na capital paraense, porque têm de pagar pedágio aos bandidos para entregar cartas nos subúrbios de Belém.

Se a violência está assim, a população não consegue mais conviver. A saúde está precária. Constroem cinco grandes hospitais em uma das mais belas cidades, uma das mais progressistas cidades do interior do meu Estado, do meu querido Pará. Mas não abrem as portas do hospital, não funciona, Senador Paim, porque foi construído no Governo anterior.

Dizem que o Senador Mário Couto quer se promover. Pensem o que pensarem de mim, falem o que quiserem de mim. Vim para cá para trabalhar a favor do meu Estado. Esse tipo de politicagem não se admite mais no Brasil. Trabalharei aqui sempre em benefício daquelas pessoas que confiaram em mim, Senador Osmar, que pensaram em mim, que acreditaram que eu vim para cá, para este Senado, defender os interesses do povo do meu Estado. Na primeira quinzena do próximo mês estarei nas ruas de Santarém, fazendo um protesto aberto para que aquele hospital funcione imediatamente. Ficarei o tempo que for necessário na porta daquele hospital para que ele volte a funcionar. E, se quiserem poupar o Senador Mário Couto, que façam funcionar antes do primeiro semestre do mês que vêm. Senão, eu estarei nas ruas, nem que seja sozinho eu irei, colocarei uma bandeira paraense na minha mão direita e irei para as ruas, porque não consigo mais ver o sofrimento do povo de Santarém e dos vinte Municípios vizinhos àquela querida cidade de Santarém.

E mais, brasileiros e brasileiras - já vou descer, Presidente -, V. Exª sabe quanto já foi gasto em contratos provisórios? Nem quero falar em irregularidades aqui. Nem quero falar disso. Senão vão pensar que estou usando desse método para ofender a Governadora. Nem quero falar nisso. Mas sabem quanto já usaram, meu nobre Presidente? Dez milhões em contratos provisórios, para funcionar o hospital. Mas não funcionou. Dez milhões! O hospital custou R$95 milhões. É triste. É triste!

Volto a dizer ao descer desta tribuna: a humildade no ser humano é coisa essencial. Não se governa com ódio. Não se governa com sentimento de revolta. Não se governa, Senador, com o sentimento de que aqueles que não trabalharam para o político que está no cargo estão contra ele. A governadora ou o governador de um Estado é governador de toda a população do Estado, não da metade dessa população. A humildade leva cada ser humano ao sucesso. É preciso primeiro ter o sentimento de que aquele povo que precisa daquele hospital nada tem a ver com os sentimentos políticos de forra, nada tem a ver; que aquele povo que está ali votou, depositou o seu voto de confiança nos governantes, para que esses governantes pudessem servi-lo. Se não fosse aquele povo que tivesse ido às urnas apertar aquela maquininha eletrônica, os governantes não estariam no poder, nenhum de nós - nenhum de nós! - estaria aqui. O vereador não seria vereador; o deputado não seria deputado; o governador não seria governador; o senador não seria senador; o presidente da República não seria presidente da República. O voto emana do povo, o poder emana do povo, o poder vem do povo. E nós temos de respeitar esse povo.

É por isso que eu sempre digo, Senador Papaléo...

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - E bato no meu peito e sempre digo: gosto, admiro, quando vejo um Senador descompromissado, um político que não se troca. Minha admiração pelo Senador Paulo Paim é muito grande, em função da sua conduta e do seu caráter. Senador Papaléo Paes, no dia em que V. Exª souber e tiver a certeza de que este Senador que vos fala trocou favores com algum executivo em benefício próprio, Senador, peça a minha expulsão deste Senado. Quero ser sempre livre nesta Casa, quero ser sempre independente nesta Casa. Não quero precisar de favor de patrão, não quero precisar de favor de rei. Eu quero defender a sociedade, eu quero defender o meu Estado, eu quero defender a população brasileira.

O Sr. Eduardo Suplicy - Senador Mário Couto, permite V. Exª um aparte?

O SR. MÁRIO COUTO - Com muita honra.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - No momento em que quero enaltecer a veemência com que V. Exª defende a reabertura do Hospital de Santarém - e é mais do que justo que a Governadora Ana Júlia Carepa possa ouvir a conclamação de V. Exª - permita-me fazer um registro aqui de uma visita que tanto nos honra: o Governador Paulo Hartung, que foi nosso colega e que tão bem dignificou o povo do Espírito Santo neste Senado. S. Exª tem sido considerado, nas mais diversas avaliações, um dos melhores Governadores de Estado do Brasil. Então, eu gostaria de registrar a visita de S. Exª aqui, ouvindo o pronunciamento de V. Exª. Seja bem-vindo, Governador Paulo Hartung!

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Quanta honra poder ter o Governador aqui nesta Casa Legislativa!

Mas toda vez que V. Exª me aparteia, Senador Suplicy, num assunto tão importante, como foi o caso do Sarah Kubitschek, quando V. Exª pediu o aparte, eu disse: “Pronto, o Senador Suplicy resolveu o problema do Hospital de Santarém”. Já estava preparado aqui para lhe agradecer, porque, da vez que nós tanto denunciamos, V. Exª tomou as providências imediatamente e aquele hospital hoje está servindo. V. Exª nem sabe. Milhares e milhares de crianças estão se recuperando naquele hospital e, com certeza, nem sabem que foi o Senador Suplicy um dos principais articuladores para que aquele hospital pudesse funcionar.

Nós desceremos desta tribuna, meu caro Senador, Presidente Papaléo. Antes quero deixar bem claro que não preciso trocar cargos para exercer a minha função de Senador. Não preciso. Do que eu preciso, na realidade, é trabalhar, falar, lutar para que a sociedade brasileira e paraense possa ter em mim a confiança que depositaram nas urnas.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Cidades progressistas, como Santarém, não podem ficar abandonadas, têm que contar com o nosso suor. Foram mais de 60 mil eleitores que confiaram na Governadora. Foram mais de 60 mil eleitores que confiaram no Senador Mário Couto.

Governadora Ana Júlia, abra o hospital de Santarém. Nada contra V. Exª. Há um ano e três meses, há dezesseis meses, está sem funcionar um hospital equipado. Haverão de dizer assim: “Onde está o equipamento do hospital?” Está equipadíssimo o hospital, Senador Papaléo. Há quatorze máquinas de hemodiálise paradas, encaixotadas, que ainda não foram tiradas da caixa. Todo equipamento para cirurgia de alta complexidade, todo esse equipamento está encaixotado, e as pessoas precisam disso, Senador Papaléo.

Santarenos e santarenas, na primeira quinzena do próximo mês, estarei nas ruas de Santarém nem que seja sozinho - mas tenho certeza de que não vou estar sozinho -, para chamar a atenção de todos para o fato de que não podemos conviver com o rancor de governantes; que não podemos conviver com a falta de humildade de governantes; que não podemos conviver com o ódio nem maltratar a população.

Por isso, Senador Papaléo Paes, desço desta tribuna na certeza de que haverei de vir aqui agradecer - e assim farei - a todos aqueles que ajudaram a mim, ao Estado do Pará e à minha Santarém, a fazer com que o seu hospital, que está lá pronto para funcionar, venha a servir àquele povo tão humilde, carente e que precisa ser respeitado.

Muito obrigado, Senador Papaléo Paes.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2008 - Página 10606