O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um dos ensinamentos mais importantes da obra o Pequeno Príncipe, de Saint Exupéry, é que, ao nos entregarmos a nossas preocupações diárias, nos tornamos adultos de forma definitiva e esquecemos nossos tempos de meninos, a criança dentro de nós. É esse esquecimento talvez a principal razão para as mudanças de valores e avaliação equivocada que nós adultos fazemos do mundo, das coisas e das pessoas.

Por isso a importância permanente de se resgatarem a infância e a criança como principal terreno para plantarmos a semente de um tempo novo, um mundo novo com paz, respeito ao próximo e à biodiversidade planetária.  Pensando nisso, a Organização pela Preservação Ambiental - OPA- realizou o I Fórum das Crianças do Cerrado, com a participação de 326 crianças entre  6 e 13 anos, na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, evento do qual tivemos a honra de participar, como articulador e realizador.

O Fórum produziu a DECLARAÇÃO DAS CRIANÇAS DO CERRADO, como parte de um acervo patrimonial da cultura das crianças e forte instrumento de referência da direção social da infância e do interesse delas como cidadãs de direito dentro da sociedade das nações pelo desenvolvimento sustentável, a paz e os direitos humanos. Isso realizado em consonância com as atividades do Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável.

A Declaração das Crianças do Cerrado irá juntar-se a outros documentos, tais como, a Declaração das Crianças da Caatinga, Declaração das Crianças de Cuiabá, a Declaração das Crianças da Amazônia e a Agenda 21 Infantil, como testemunho eternizado no acervo da literatura brasileira e mundial do conceito e da ação da infância comunicadora, atuante, portadora e construtora da história e da cultura.

A iniciativa da Conferência Criança Brasil Milênio - CCBM - enquadra-se na percepção defendida pelo Ex-Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, que salientava a importância de se construir o mundo com as crianças, ouvindo-as e promovendo documentos como a Declaração das Crianças do Cerrado. Decerto, Senhor Presidente, os maiores interessados no mundo de amanhã, que nós, adultos, estamos construindo hoje, são as crianças, cujos interesses quase sempre são colocados em segundo plano.

Ouvir as crianças é ouvir uma voz desprovida de mágoa, ressentimentos ou rancor, é ouvir a voz do coração e do amor, que não enxerga, nem vislumbra diferenças de credo, raça ou cor, tampouco vê no próximo nada além da condição última de ser humano. Com os pequeninos, poderemos lançar as bases de um novo mundo, calcado em novas diretrizes, com as quais seremos capazes de recuperar o próprio indivíduo como fim e objetivo maior das ações de todos os povos.

Como articulador do I Fórum das Crianças do Cerrado, solicitaremos a impressão de 12 mil exemplares da Declaração das Crianças do Cerrado, por meio de nossa cota de Gabinete, como forma de contribuirmos para a divulgação desse importante evento não só para as crianças de Goiás, mas também para as crianças do Brasil e do mundo. A Declaração servirá como fomento para amplo trabalho e atividades, como rodas de leitura e piqueniques para a discussão dos temas, bem como produção de outros documentos e criação de clubes infantis.

Ao colaborar com a publicação da Declaração das Crianças do Cerrado, pretendemos contribuir com os objetivos da OPA/CCBM no sentido de reunir documentos como esse para compor um conjunto de referência social da infância no Brasil e no mundo. A idéia é que as gerações de hoje e de amanhã possam estar unidas em torno de pensamentos, propostas e compromissos comuns das próprias crianças e que as sociedades civis e os governos possam visualizar o foco central do pensamento das populações infantis.

Assim, será possível ampliar e equacionar as questões ambientais por meio do entendimento da experiência e da opinião das crianças sobre esse tema, bem como assegurar oportunidades para as crianças criarem novas relações e remover barreiras étnicas por meio da formação de amizades duradouras no âmbito das conferências.

Sr. Presidente, a publicação da Declaração das Crianças do Cerrado, será, para nós, uma tarefa especial e de extrema relevância, porquanto entendemos contribuir para a construção das bases de um mundo mais fraterno. Fundado na harmonia entre as crianças, decerto, teremos um novo tempo em que será preponderante a leveza da alma e do espírito, retratada com exuberância e maestria por Saint Exupéry, no Pequeno Príncipe.

Muito obrigado!