Fala da Presidência durante a 59ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do documento "Balança Comercial Brasileira", do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
COMERCIO EXTERIOR. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. JUDICIARIO.:
  • Registro do documento "Balança Comercial Brasileira", do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2008 - Página 10674
Assunto
Outros > COMERCIO EXTERIOR. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. JUDICIARIO.
Indexação
  • REGISTRO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, RELATORIO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), ANALISE, SITUAÇÃO, EXPANSÃO, COMERCIO EXTERIOR, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, COMPROVAÇÃO, EVOLUÇÃO, EXPORTAÇÃO, IMPORTAÇÃO, BENEFICIO, ECONOMIA NACIONAL.
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, POSSE, PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • ELOGIO, ELLEN GRACIE NORTHFLEET, EX PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EFICACIA, DIGNIDADE, EXERCICIO, PRESIDENCIA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ELOGIO, EX PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • CUMPRIMENTO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EMPENHO, TRABALHO, APERFEIÇOAMENTO, INSTITUIÇÃO PUBLICA.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Wellington Salgado, a participação de V. Exª nessa feira, testemunhando o valor dos empresários brasileiros no setor de tecnologia avançada, faz-nos lembrar um pouco o sucesso que vem tendo a economia brasileira, sobretudo na área externa.

Aproveito o pronunciamento de V. Exª para fazer o registro do relatório que nos encaminhou, a nós Senadores, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

Gostaria de dar um exemplar a V. Exª e de registrar que é um documento de grande utilidade, que todos nós, Senadores, e o povo brasileiro devemos conhecer.

Farei uma breve leitura da parte introdutória, que diz:

Panorama do Comércio Exterior Brasileiro - 2007.

Em 2007, o comércio exterior brasileiro teve a pujança de sua expansão, o que reitera os avanços do setor produtivo nacional e o vigor da produção voltada para o exterior.

As exportações alcançaram a cifra de US$160,6 bilhões, valor recorde. As importações atingiram, igualmente, cifra inédita, ao totalizar US$120,6 bilhões. Com isso, o intercâmbio comercial do Brasil atingiu US$281,2 bilhões, maior valor já alcançado, com superávit de US$40,0 bilhões. Estas cifras indicam o prosseguimento do aumento do nível de abertura da economia e a maior inserção do Brasil no comércio mundial. Em relação ao ano de 2006, as exportações cresceram 16,6%, e as importações, 32,0%.

As exportações das três categorias de produtos básicos, semimanufaturados e manufaturados, assinalaram expansão e são resultados recordes. Em relação ao ano anterior, os produtos básicos evoluíram 28,1%, os manufaturados, 11,9%, e os semimanufaturados, 11,7%. As exportações de bens manufaturados responderam por mais da metade (52,3%) da pauta total.

A pauta de importação brasileira apresenta forte correlação com o investimento produtivo. A compra de matérias-primas intermediárias representou 49,3% da pauta total, a de bens de capital, 20,8%. A importação de bens de consumo aumentou 34,0% em relação a 2006, as compras de matérias-primas e intermediários se expandiram em 31,2%, as de bens de capital, 32,7%, e as de combustíveis e lubrificantes aumentaram 32,1%.

O processo de diversificação dos destinos das vendas dos produtos nacionais persiste. Em 2007, cresceram as exportações para países da Ásia, África, Oriente Médio e Europa Oriental. Além disso, tradicionais mercados compradores de produtos brasileiros, como a União Européia e o Mercosul, também elevaram as suas compras do Brasil.

A diversificação de regiões produtoras do Brasil tem sido igualmente relevante para a continuidade da expansão das exportações brasileiras. O aumento da participação de unidades da federação de menor representatividade no comércio exterior dá sustentabilidade à presente expansão das vendas externas.

Esse livreto, então, é constituído de inúmeros quadros que sintetizam a evolução das exportações e das importações, por tipo de produto e países exportadores e importadores, e fala como, por exemplo, esse resultado expressivo do setor externo do Brasil fez com que a relação pagamento de juros sobre exportações decrescesse, em 1999, de 34% para 9,5%, e que a dívida externa líquida sobre as exportações, que tinham uma relação de 3,6%, em 1999, passasse a zero ao final de 2007.

Outro dado muito interessante, relacionado ao que V. Exª estava ressaltando, é que, por exemplo, entre os principais produtos exportados, lideram: material de transportes, com R$23,8 bilhões; produtos metalúrgicos, com R$16,10 bilhões; petróleo e combustível, com R$16,04 bilhões; minérios, com R$12,026 bilhões; complexo de soja, com R$11,386 bilhões; carnes, com R$11,095 bilhões; químicos, com R$10,9 bilhões; máquinas e equipamentos, com R$8,7 bilhões; açúcar e álcool, com R$6,5 bilhões; equipamentos elétricos, com R$5,7 bilhões; papel e celulose, com R$4,7 bilhões; calçados e couro, com R$4,4 bilhões, e assim por diante, mostrando-se o grau de diversificação.

Outro dado de grande relevância é que, por exemplo, enquanto houve uma variação bastante positiva para São Paulo, de 12,1% de 2006 para 2007, no Brasil, ela foi de 16,6%, e Estados menores tiveram crescimento. Sergipe teve o crescimento de 83,2%; Goiás, 52,2%; Rondônia, 48,2%;Mato Grosso do Sul, 29,2%; Rio Grande do Sul, 27,3%; o Estado de V. Exª, Minas Gerais, 17,2%; e assim por diante.

Gostaria que esses quadros também fossem transcritos nos Anais do Senado, juntamente com o texto que li, uma vez que constituem algo bastante didático para todos os interessados na evolução da economia, sobretudo, do comércio exterior brasileiro.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Sr. Presidente, eu estava vendo umas revistas neste final de semana e vi uma foto de V. Exª, novinho, com o Presidente Lula. Era V. Exª mesmo?

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - É verdade.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - No ABC, não é isso?

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Sim.

Nos anos 70 e 80, muitas vezes interagi com Lula. Eu era professor, até mesmo antes de ser Deputado. O Presidente Lula foi uma das pessoas que interagiu bastante comigo, e eu com ele. Eu era Professor de Economia e Redator de Assuntos Econômicos na Folha de S. Paulo.

Certo dia, a Fundação Santo André convidou-me para fazer uma palestra para o 4º ano de Economia. Um jovem estudante de economia, Osvaldo Cavignatto, da direção do Sindicato disse ao Presidente Lula: “Hoje, vai falar o Professor Suplicy lá na fundação. Você não gostaria de assistir?” E ele foi. Então, ali eu fiz ali uma exposição sobre a política econômica, sobre a questão da concentração de riqueza e tal.

Ao terminar a palestra, eis que o presidente do sindicato, sentado na primeira fila - eu o havia convidado -, fez diversas observações e uma pergunta. Eis que o professor, então, perguntou: “Como assim? O que vai dizer o diretor da escola na hora em que souber que está aqui presente um perigoso líder sindical?” O Presidente Lula, do sindicato, ficou um pouco constrangido e resolveu sair. Eu acabei de responder a todas as perguntas. Ao terminar, encontrei Lula no pátio, junto com Devanir Ribeiro e mais outro companheiro. Aí começamos a conversar e ele me disse: “Venha mais vezes ao sindicato. Vamos conversar mais”. Foi assim que iniciamos uma trajetória de muita afinidade.

É verdade que, quando houve as greves de trabalhadores no ABC, eu estive ali muitas vezes. Mesmo quando, pela primeira vez, fui candidato a deputado estadual em 1978, em agosto daquele ano, lancei um livro de artigos meus denominado Compromisso, e o Caio Graco Prado, editor da Brasiliense, disse: “Vamos fazer o lançamento do seu livro aqui no calçadão da Barão de Itapetininga, com você conversando com um trabalhador”. Então eu, o Presidente Lula e o secretário do Sindicato dos Padeiros, que se não me engano era o Afonso, dialogamos com o povo naquele dia, por umas duas ou três horas.

E, segundo Osvaldo Bargas, então Diretor do Sindicato e que assistiu àquele diálogo na rua, com o povo - eu, o hoje Presidente Lula e o Afonso, secretário do Sindicato dos Padeiros -, foi naquela ocasião a primeira vez que o Presidente Lula formulou - era agosto de 1978 - publicamente a idéia ou a proposta da formação do Partido dos Trabalhos. Quando uma pessoa que estava na rua lhe perguntou a respeito de como ele via o PDT, o PTB, as experiências de Getúlio, de Brizola e tal, e ele disse da importância de os trabalhadores serem sujeitos da história, formarem o seu partido. E, portanto, as raízes da minha amizade com o Presidente Lula, de fato, vêm há bastante tempo.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Mas, Sr. Presidente, eu só achei que o cabelo estava bem mais escuro, um pouco mais de cabelo...

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Não um cabelo tão longo quanto o seu, hoje...

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - É verdade.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Sim; mas tinha bastante mais cabelo.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Mas, Sr. Presidente, só fiz essa observação porque, como V. Exª mesmo trouxe esse balanço comercial brasileiro, com dados importantíssimos do que vem acontecendo neste Governo - e V. Exª caminhou com o Presidente Lula, é um Senador reeleito por um Estado importantíssimo como São Paulo, onde é difícil um Senador ser eleito e reeleito como V. Exª foi -, quero ressaltar que o Brasil está vivendo um momento maravilhoso com relação à economia, com uma teoria quase que keynesiana, na qual o Presidente Lula acabou fazendo uma redistribuição de renda e, com isso, comprovou que pode mudar muitas pessoas de classe social. Nós temos hoje, segundo o Mangabeira, que jantou com toda a Bancada do PMDB no Senado, uma classe C emergente, de pessoas vindas das classes E e D para a classe C. E não é uma classe C chorona, que vem caindo de B, já que a classe A nunca é afetada, na verdade. E essa classe é uma classe que trabalhou de dia e estudou à noite, não tem medo de prestação, não tem medo de assumir compromissos; é essa juventude que está aí, passando para juiz, Ministério Público, delegado federal. Ou seja, o Brasil vive um momento maravilhoso, de esperança, de vontade, e isso é o que acontece com este Governo.

Eu não sou como V. Exª; não tive oportunidade de caminhar com o Presidente Lula, com quem até tenho poucos encontros; não tenho cargo nenhum no Governo a não ser o do Ministro Hélio Costa, do qual sou Suplente, mas eu me sinto muito feliz de participar desse momento do Brasil, Senador Suplicy; sinto-me orgulhoso de estar no Senado Federal e de o Brasil viver este momento. Muitas vezes sobem à tribuna, gritam muito, socam a mesa, e, no entanto, nós tínhamos que estar festejando este momento.

O Presidente é o Lula, como poderia ser um outro. Nós estamos festejando porque o Brasil está vivendo um grande momento, Senador Suplicy: as coisas estão dando certo, nós temos nos protegido dessa crise internacional que vem acontecendo etc. Então, naquele momento que eu vi a foto de V. Exª lá atrás, com os cabelos negros ainda, com o Presidente Lula, eu senti um prazer muito grande, de ver um político que acreditou em idéias, venceu, chegou, é respeitado e participa deste Senado Federal, do qual eu também tenho a honra de participar. Por isso é que eu quis confirmar com V. Exª se era foto de V. Exª realmente ali naquela reportagem.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Obrigado, Senador Wellington Salgado. Eu queria saudar que, como parte deste momento bonito, nós tivemos hoje, com a presença do Presidente Lula, no Supremo Tribunal Federal, a posse do novo Presidente Gilmar Mendes, que substitui a Ministra Ellen Gracie, que presidiu o Supremo Tribunal Federal, dignificando extraordinariamente o seu cargo de Ministra. Foi a primeira Ministra na história do Brasil que se tornou Presidente do Supremo Tribunal Federal. Ali, o Ministro Celso de Mello, que saudou Gilmar Mendes, teve a oportunidade, em nome de todos os Ministros e, tenho certeza, de todos nós, de fazer um elogio muito significativo à Ministra Ellen Gracie.

Aliás, quero registrar - acredito que foi ontem, no jornal Folha de S. Paulo - que o jornalista Janio de Freitas, que tem sido um atento crítico das atividades públicas de todos nós, homens e mulheres na vida pública, fez um bonito elogio à Ministra Ellen Gracie e, depois, fez um PS, dizendo como é bom, às vezes, termos a oportunidade de fazer um elogio com tamanha sinceridade. Aproximadamente, foi esse o sentido de suas palavras.

Então quero saudar este momento feliz da democracia e das instituições brasileiras.

Hoje, pude testemunhar, como tantos de nós, a presença ali de inúmeros governadores, de Ministros de Estado, de ex-ministros, de ministros de todos os tribunais superiores, do Presidente da OAB, que fez um bonito pronunciamento, e o próprio Presidente Lula, que ali foi tão respeitado por todos que lá estavam.

O Presidente Lula, pude acompanhar o seu gesto, ao terminar, fez questão de ir ao encontro dos ex-Presidentes da República que ali se encontravam - os ex-Presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso -, num gesto bonito. E, obviamente, também cumprimentando o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Cézar Peluzzo, que se tornou vice-Presidente, e a Ministra Ellen Gracie. Quero aqui cumprimentá-los e a todo o Supremo Tribunal Federal pelo extraordinário trabalho que vêm realizando pelo aperfeiçoamento de nossas instituições.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Balança Comercial Brasileira”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2008 - Página 10674