Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, do dia 20 de abril, intitulada "Amazônia é nova fronteira de exploração petrolífera em terra". (como Líder)

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Comentário sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, do dia 20 de abril, intitulada "Amazônia é nova fronteira de exploração petrolífera em terra". (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2008 - Página 11112
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SAUDAÇÃO, QUALIDADE, PRODUÇÃO, PETROLEO, GAS NATURAL, BACIA DO URUCU, ESTADO DO AMAZONAS (AM), REITERAÇÃO, ORADOR, COBRANÇA, GOVERNO, CONTINUAÇÃO, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, RETIFICAÇÃO, NOTICIARIO, LICENÇA, MEIO AMBIENTE.
  • IMPORTANCIA, ABASTECIMENTO, GAS NATURAL, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), PORTO VELHO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), ECONOMIA, OLEO DIESEL, USINA TERMOELETRICA, PROTESTO, ATUAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), ALEGAÇÕES, DIFICULDADE, TRANSPORTE DUTOVIARIO, GAS, REGISTRO, DADOS, PERDA.
  • COMENTARIO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, RIO MADEIRA, DESTINAÇÃO, ENERGIA, SISTEMA ELETRICO INTERLIGADO, AUSENCIA, PRIORIDADE, ABASTECIMENTO, ESTADO DE RONDONIA (RO), COMPROVAÇÃO, NECESSIDADE, GASODUTO.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com certeza, eu farei o meu pronunciamento em menos de dez minutos.

            Sr. Presidente, venho a esta tribuna, mais uma vez, para falar sobre gasoduto, até porque eu cheguei de viagem hoje e li uma matéria na Folha de S. Paulo, do dia 20 de abril, que diz o seguinte:

Amazônia é nova fronteira de exploração petrolífera em terra.

Se a camada pré-sal é a mais promissora área de exploração em mar, a sua correspondente em terra está no meio da selva amazônica. É a bacia do Solimões, com a terceira maior reserva de gás e a terceira maior produção de óleo e gás do país. Batizada de província petrolífera de Urucu (a 600 km da capital do Amazonas, Manaus, e a 500 km da capital do meu Estado, Porto Velho), a área produz 53 mil barris por dia de óleo ultraleve - de maior valor comercial e mais fácil refino. De tão leve, é conhecido como “gasolina natural”, capaz de movimentar motores assim que extraído, mesmo sem ser processado.

            Eu já estive lá, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, e é verdade. O óleo diesel extraído da bacia do Urucu pode ser retirado do poço diretamente para os tanques dos caminhões, dos veículos, dos motores estacionados e ele realmente funciona.

Mas a maior riqueza é o gás natural - produção de 10 milhões de metros cúbicos por dia, somente inferior à das bacias de Campos e Santos. A estatal só não extrai mais gás da reserva, que tem 100 bilhões de metros cúbicos, por não ter para quem vender”.

            É esse ponto, Sr. Presidente, que quero contestar. Há mais ou menos uns seis anos, estamos falando sobre o gás de Urucu. É bem verdade que já teve início o gasoduto para escoar parte desse gás para Manaus, mas até então a alegação da Petrobras é que tinham apenas sete milhões de metros cúbicos. Mesmo com sete milhões de metros cúbicos, iriam cinco para Manaus e dois para Porto Velho. E dois milhões de metros cúbicos/dia para Porto Velho seriam suficientes para abastecer uma térmica a diesel que queima 1,5 milhão de litros de óleo diesel por dia, que seria abastecida com o gás, economizando dinheiro. Além disso, é um combustível menos poluente.

            Sr. Presidente, essa térmica produz 400 MW de energia, que abastecem Rondônia e Manaus. Agora, eu já sabia, porque o Diretor da Petrobras chamado Ildo Sauer já tinha afirmado, com documento assinado, que tinha gás para Manaus e Porto Velho, mas a Petrobras sempre criou dificuldades. Não só a Petrobras como as autoridades do Ministério das Minas e Energia têm criado inúmeras dificuldades para levar esse gás para Rondônia. Não sei por que isso vem acontecendo.

            Diz ainda a empresa: “Enquanto não se constroem os gasodutos de Coari-Manaus e Urucu-Porto Velho, não tem mercado suficiente para o produto”. É claro, sem gasoduto, para onde se vai escoar esse produto? E só tem essas duas saídas, ou sai para Manaus ou para Porto Velho. Então, aqui está muito claro que temos gás na bacia do Urucu para abastecer Manaus e Porto Velho, para abastecer o Amazonas e o Estado de Rondônia, assim como o Acre, que já está interligado a Porto Velho.

            “Até lá, a estatal é obrigada a reinjetar 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia nos poços”. É o que diz a matéria da Folha de S. Paulo. Ela reinjeta seis milhões de metros cúbicos, e uma parte ainda é queimada nas chaminés da Petrobras na bacia de Urucu.

Mesmo assim, a estatal está otimista: possui 80 poços na região e espera perfurar 23 até 2012 - a companhia não detalhou o investimento destinado apenas à bacia do Solimões.

            Mas, além da bacia do Solimões, Sr. Presidente, quero dizer que, além desses 100 bilhões de metros cúbicos que a Petrobras afirma ter na bacia do Solimões, ainda há a bacia do Juruá, que é tão grande e rica em petróleo quanto a bacia do Solimões. É outra bacia, fica muito próxima - apenas a 80 quilômetros, Senador Flávio Arns, da bacia do Solimões -, e não há outros locais para onde escoar esse gás. Ele também terá de ser levado para Manaus e Porto Velho.

            Então, não consigo entender por que uma riqueza tão grande dessa que está na bacia do Solimões e na bacia do Juruá não foi aproveitada há mais tempo. E ainda ficam segurando, amarrando, criando problemas e dificuldades para construir o gasoduto Urucu-Porto Velho. Eu havia parado de falar sobre esse assunto, porque estava se tornando até chato e eu estava me tornando persistente demais por cobrar a construção desse gasoduto Urucu-Porto Velho.

            Estamos com a licença. Só há um erro na matéria, que quero corrigir. A matéria da Folha de S. Paulo diz que não há as licenças ambientais. Nós a temos tanto para o gasoduto Coari-Manaus, que já está sendo construído, como para o gasoduto Urucu-Porto Velho, já há mais de dois anos. Há mais de dois anos, temos a licença ambiental aprovada, com termo de ajustamento de conduta assinado por todas as partes, para construir esse gasoduto.

            Infelizmente, a Petrobras tem criado dificuldades enormes para a construção dessa obra. E eu quero aqui, mais uma vez, cobrar, insistentemente, das autoridades do setor elétrico, das autoridades da Petrobras que liberem, de uma vez por todas, a construção do gasoduto Urucu-Porto Velho.

            Agora vem mais uma desculpa. Ah, Porto Velho vai ganhar as usinas do rio Madeira! É verdade. Rondônia vai ganhar as usinas do rio Madeira. Vai ganhar as obras, não a energia. Se a energia das usinas do rio Madeira fosse apenas para abastecer Rondônia, elas jamais sairiam. Não vamos aqui nos iludir e achar que essas usinas iriam sair se fosse para abastecer apenas o Estado de Rondônia. Essas usinas estão saindo para abastecer o Brasil, para sustentar o crescimento econômico do País, para sustentar o crescimento do PAC, do programa de aceleração do Brasil.

            As usinas do Madeira vão gerar emprego, vão gerar riqueza para o meu Estado, mas 99% dessa energia vai ser destinada a São Paulo, a Minas Gerais, ao Rio de Janeiro, ao centro industrial do nosso País.

            No primeiro leilão, nem sequer foi reservada energia para Rondônia. Talvez no segundo leilão, o da usina de Jirau, fique reserva de uma pequena quantidade para Rondônia. Mas o grosso dessa energia é para abastecer o Brasil.

            É por isso que o gasoduto tem que sair. Esse é nosso, é da nossa região. É difícil transportar gás lá do Amazonas para outras regiões do Brasil, mas é fácil transportar esse gás para Manaus e para Porto Velho, para abastecer essas térmicas que estão queimando milhões e milhões de óleo diesel por dia e poluindo ainda o nosso País e o nosso planeta.

            Por que não consumir esse gás natural que é nosso, da nossa região, enquanto o Brasil importa gás da Bolívia a preços altos, de dólar caro, e ainda pensa em construir um gasoduto na Venezuela? O Presidente Hugo Chávez esteve recentemente no Brasil tratando, com a Petrobras, da construção de um gasoduto vindo da Venezuela para o Brasil, deixando o nosso gás, 100 bilhões de metros cúbicos de gás, na bacia do Urucu e na bacia do Juruá.

            Era esse o apelo que eu gostaria de fazer, Sr. Presidente, mais uma vez, em nome do povo de Rondônia, do povo do Acre, do povo do Amazonas e também do povo brasileiro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2008 - Página 11112