Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da cotonicultura brasileira.

Autor
Gilberto Goellner (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Gilberto Flávio Goellner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Defesa da cotonicultura brasileira.
Aparteantes
Marisa Serrano.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2008 - Página 12398
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, PRODUÇÃO, ALGODÃO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DA BAHIA (BA), REDUÇÃO, PLANTIO, REGIÃO NORDESTE, ELOGIO, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, VIABILIDADE, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, EXPORTAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO.
  • CRITICA, AUSENCIA, POSSIBILIDADE, UTILIZAÇÃO, VEGETAIS, ALTERAÇÃO, PADRÃO GENETICO, NECESSIDADE, DEFENSIVO AGRICOLA, FERTILIZANTE, ONUS, PRODUTOR RURAL, JUROS, INSUMO, DESVALORIZAÇÃO, DOLAR, PRECARIEDADE, INFRAESTRUTURA, ESPECIFICAÇÃO, RODOVIA, PORTO.
  • ELOGIO, PRODUTOR RURAL, CRIAÇÃO, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, PRODUÇÃO AGRICOLA, ALGODÃO, REALIZAÇÃO, CONTROLE, MEIO AMBIENTE, NACIONALIZAÇÃO, PRODUÇÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO, VIABILIDADE, EXPORTAÇÃO, REGISTRO, INVESTIMENTO, EMPRESA NACIONAL, INDUSTRIA TEXTIL, MUNICIPIO, RONDONOPOLIS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, PRODUÇÃO, ALGODÃO, INDUSTRIA TEXTIL, BRASIL, EXPORTAÇÃO, PRODUTO, CONTINENTE, ASIA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, PRODUTOR RURAL, ALGODÃO, FACILITAÇÃO, DIALOGO, PRODUTOR, GOVERNO, COMERCIANTE, INDUSTRIA, BENEFICIO, SETOR, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSO INTERNACIONAL, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, ALEMANHA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), AUSTRALIA, REALIZAÇÃO, CONGRESSO BRASILEIRO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE GOIAS (GO).
  • SAUDAÇÃO, REGISTRO, POSSE, PRESIDENTE, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, PRODUTOR, ALGODÃO, ANUNCIO, APOIO, ORADOR, GESTÃO.

            O SR. GILBERTO GOELLNER (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna para falarmos um pouco de um produto agrícola que veste a todos nós: o algodão brasileiro.

            O algodão se desenvolveu sob a égide da Embrapa lá no seu Estado, Senador Mão Santa, em Campina Grande, onde eu tive o prazer de atuar como consultor convidado pela Embrapa durante um ano, juntamente com o Dr. Eleusio Curvelo Freire, à época Chefe do Centro de Algodão de Campina Grande. A Embrapa auxiliou o desenvolvimento da cotonicultura no Nordeste e também no Centro-Oeste brasileiro, e é disso que vamos falar.

            Nos anos 80, o Brasil era grande produtor e exportador de algodão, principalmente com o algodão do Estado do Paraná e do Nordeste brasileiro. Até 1996, houve uma diminuição da área de produção, até o Brasil produzir apenas 47% do seu consumo nacional e tornar-se o segundo maior importador mundial de algodão, gastando mais de US$1 bilhão por ano por esse motivo.

            A partir de 97, houve uma nova fase da cotonicultura brasileira. Com o apoio dos governos dos Estados, que criaram fundos de desenvolvimento da cultura do algodão, abrindo mão do seu ICMS em 75%, foi possível fazer voltar a crescer a cotonicultura. Foram criados fundos que conseguiram desenvolver e promover a pesquisa e o desenvolvimento dessa cultura, principalmente no Centro-Oeste. Com isso, o pólo produtor se transferiu basicamente do Nordeste para a Região Centro-Oeste e oeste da Bahia.

            O oeste da Bahia hoje é o segundo maior produtor do País, tendo como centro o Município de Luís Eduardo Magalhães, os distritos de Roda Velha, toda aquela região de Barreiras. Há pouco, fez menção o Senador César Borges ao grande desenvolvimento da agricultura ocorrido no oeste baiano como um todo, principalmente com a cultura do algodão, da soja e do milho.

            Em 2008, este ano, o Brasil prevê colher 1,5 milhão de toneladas de pluma, o que coloca o País entre os seis maiores produtores mundiais, ao lado dos Estados Unidos, China, Índia e Paquistão.

            A produção brasileira de algodão se concentra em Mato Grosso (com 52% de produção) e na Bahia (com 31%). Somente a Região Centro-Oeste e a Bahia produzem hoje 93% do algodão brasileiro. Infelizmente, Senador Mão Santa e Senadores do Nordeste, a cotonicultura do Nordeste diminuiu intensivamente. Ela era feita exclusivamente por pequenos produtores; e, hoje, basicamente, fica inviável competitivamente. Já no Centro-Oeste brasileiro, a cotonicultura se desenvolveu em bases empresariais, com mecanização e também com intensivo uso de mão-de-obra.

            O Brasil consome hoje dois terços da sua produção, exportando, assim, o excedente de um terço. Essa mudança só foi possível graças à altíssima tecnologia empregada pelos produtores brasileiros, como eu já frisei inicialmente e ainda hoje, capitaneada pela Embrapa, pelos centros de pesquisa regionais e, principalmente também, pelos elevados investimentos feitos pelos agricultores nos últimos anos.

            A produtividade brasileiras é das mais elevadas do mundo. Isso tudo, apesar de os produtores brasileiros estarem impedidos de utilizar, como em todos os países produtores de algodão, variedades geneticamente modificadas, mais produtivas e que permitem o menor uso de defensivos agrícolas. O produtor tem que arcar, então, com custos elevados de defensivos, fertilizantes e insumos; suportar juros elevadíssimos e perdas com a crescente desvalorização do dólar frente ao real, além dos custos decorrentes da crônica carência nas áreas de infra-estrutura, como a de transportes e de portos. Anteriormente, também foi mencionada a carência de transporte rodoviário não só no Estado de Mato Grosso, mas principalmente no oeste baiano, e as péssimas condições em que se encontram as rodovias federais, realmente precisando, como nós tivemos hoje a oportunidade de ouvir a Ministra Dilma dizer, que o PAC resolva esses problemas estruturais, principalmente o rodoviário e o ferroviário.

            Um exemplo da capacidade empresarial dos produtores brasileiros foi a organização em entidades, pois, nesse processo, os produtores passaram a realizar tarefas conjuntas de controle ambiental, de racionalização do processo produtivo, de processamento e industrialização e de procedimentos para exportação. Isso tudo dentro de bases socioambientais altamente afinadas para colocar o algodão brasileiro com um selo de qualidade e de responsabilidade socioambiental.

            Assim, foi criada, em 1999, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão - Abrapa, com sede em Brasília, e foram criadas, desde aquela época, Associações Estaduais de Produtores de Algodão em vários desses Estados. Hoje, são nove Estados: Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Piauí.

            Essas associações, lideradas pela Abrapa e atuando em articulação com a CNA e suas federações estaduais e sindicatos municipais, têm contribuído para tornar a cotonicultura brasileira sustentável e competitiva mundialmente e promover o algodão brasileiro no mercado interno e externo.

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Concede-me um aparte?

            O SR. GILBERTO GOELLNER (DEM - MT) - Pois não, estava aqui me concentrando, mas é com o maior prazer, Senadora Marisa Serrano, que lhe concedo um aparte.

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Obrigada. Acho que é importantíssima a sua fala quando discute a questão do algodão e daqueles que produzem neste País. Mato Grosso do Sul é um grande produtor também de algodão na região de Chapadão do Sul, Costa Rica, Baús e na nossa fronteira lá com Goiás e Mato Grosso. É uma das riquezas do meu Estado. É claro e evidente que precisamos mais do que ter grandes produtores de algodão e ver aqueles campos lindos na época da colheita do algodão. Precisamos mais do que isso. Nós queremos uma industrialização daquela região toda, abrangendo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nós temos ali a Ferronorte, que nos liga aos Estados consumidores do Sul do País, os grandes Estados consumidores. Portanto, nós poderemos agregar valor à produção do algodão, que sai de lá in natura. Nós não o beneficiamos e ele não dá as divisas econômicas que nós poderíamos ter se tivéssemos um upgrade, se conseguíssemos crescer um pouco mais nessa área da industrialização. Agregar aquilo mais que podemos agregar para que o algodão seja beneficiado na nossa região, eu acho que é fundamental. Espero estar hoje lá na posse da nova diretoria, para incentivá-los, incentivar os produtores de Mato Grosso do Sul, incentivar aqueles que acreditam que vale a pena produzir, e produzir com todas as intempéries. Eu sei o quanto os produtores de algodão sofreram há pouco tempo, apostando nessa cultura. Estados como os nossos, tanto Mato Grosso como Mato Grosso do Sul, têm que agradecer muito aos homens e mulheres que acreditam na produção, que investem. Apesar das intempéries, apesar dos problemas econômicos, apesar de todas as nossas políticas, eles continuam acreditando. A esses homens e mulheres, eu quero fazer o meu preito aqui e também à sua fala, que é importante para o seu Estado, mas é muito importante para o meu também. Muito obrigada.

            O SR. GILBERTO GOELLNER (DEM - MT) - Concordo integralmente, Senadora Marisa Serrano. Dou como exemplo a minha cidade, Rondonópolis, que recebeu, neste último ano, investimentos de duas grandes empresas têxteis brasileiras, uma já em pleno funcionamento, uma das maiores da América, que desenvolve fiação e tecelagem; a outra, por se instalar, que agregará as confecções que virão em seguida. Assim, juntamente com Cuiabá, Várzea Grande, provavelmente se torne grande pólo de confecção. Essa atividade emprega muita mão-de-obra e desenvolve um trabalho familiar, com a participação de mulheres principalmente.

            Diria, como exemplo, que Goiânia hoje é um grande pólo de confecção, assim como Fortaleza, no Ceará. Esses são, hoje, dois pólos exemplares de desenvolvimento de confecção no País.

            Concordo quando V. Exª fala que devemos produzir aqui. Com isso, quem sabe, iremos exportar menos, porque hoje o nosso algodão é bem recebido em todo o mundo. A indústria têxtil saiu da Europa, foi para a Ásia, assim como outras atividades. Então, o Brasil, inclusive o seu Estado, Mato Grosso do Sul, é um grande exportador de algodão para esses países asiáticos. São inúmeros os países que conseguem confeccionar a preços mais baixos, devido ao custo da mão-de-obra e à quase inexistência de impostos na produção. Então, conseguem produzir e abastecer o mundo. Tanto que os Estados Unidos diminuíram em muito a sua indústria têxtil e, atualmente, são grandes importadores de matérias acabadas de confecção.

            O trabalho conjunto da Abrapa - Associação Brasileira do Algodão com as autoridades públicas e privadas vem dinamizando a relação entre produtores, governo, comerciantes, indústria têxtil brasileira e importadores internacionais, promovendo principalmente o algodão brasileiro nesse mercado interno e externo.

            Cito vários congressos internacionais de que produtores brasileiros participaram, conseguindo abrir esses mercados. O congresso de Liverpool, na Inglaterra, acontece todos os anos, com o comparecimento de mais de trinta produtores brasileiros. Houve um congresso recente em Bremen, na Alemanha, com a participação de mais de trinta produtores brasileiros. Houve um congresso nos Estados Unidos e outro na Austrália, de exportadores de algodão, além das rodadas do ICAC, que se revezam no mundo todo. Recentemente, houve um grande congresso em Goiânia. No Brasil, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão - ANEA todo ano desenvolve um grande congresso internacional.

            Ao destacar, então, o valioso trabalho da Abrapa e de suas associadas, quero registrar a posse, hoje, dia 8 de maio, da nova diretora da Abrapa, para o biênio 2008/2010, agora sob a presidência do produtor Haroldo Rodrigues da Cunha, do Estado de Goiás. Ela conta, no seu quadro diretivo, com dinâmicos representantes do setor produtivo do algodão e, em seu Conselho Consultivo, com seu ex-presidente João Luiz Ribas Pessa, de Mato Grosso; Jorge Maeda, de São Paulo; Eduardo Logemann, do Rio Grande do Sul, mas que possui atividades algodoeiras no Nordeste, na Bahia, e no Centro-Oeste, em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul; e João Carlos Jacobsen, o presidente anterior, que é do Município de Barreiras.

            Aproveito a oportunidade para prestar à nova direção da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão as homenagens e a disposição de estar no Senado Federal acompanhando os trabalhos dos produtores de algodão do Brasil e colocando-me como defensor desse importante segmento produtivo do agronegócio brasileiro.

            Obrigado, Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2008 - Página 12398