Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a classificação do Brasil como país seguro para investimentos. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Manifestação sobre a classificação do Brasil como país seguro para investimentos. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2008 - Página 12108
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, MELHORIA, CLASSIFICAÇÃO, BRASIL, SEGURANÇA, RECEBIMENTO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, PREVISÃO, AUMENTO, RECURSOS, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, SENADO, EMPRESTIMO EXTERNO, PREFEITURA, MUNICIPIO, CHAPECO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), OBRA PUBLICA, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, BENEFICIO, PRAZO, CARENCIA, JUROS, PREVISÃO, AMPLIAÇÃO, OPORTUNIDADE, EMPRESA.
  • REGISTRO, DADOS, AUMENTO, EMPRESTIMO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), CRESCIMENTO, CREDITOS, BANCOS, DISPONIBILIDADE, EMPRESA, AVALIAÇÃO, DIFERENÇA, ATUALIDADE, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, ATUAÇÃO, ESTADO, INDUÇÃO, DESENVOLVIMENTO, SIMULTANEIDADE, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.
  • COMENTARIO, VISITA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, COMPROVAÇÃO, APLICAÇÃO DE RECURSOS, PORTO DE ITAJAI, INCENTIVO, INVESTIMENTO, INICIATIVA PRIVADA, ANUNCIO, OBRAS, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, AREA, SANEAMENTO, HABITAÇÃO.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois da última quarta-feira, véspera do 1º de maio, não tive mais oportunidade de vir à tribuna do Senado, então, imagino, Senador Casagrande, que muitos discursos sobre este assunto já tenham sido feitos. Espero até que isso tenha acontecido porque assuntos absolutamente relevantes, imprescindíveis para o nosso País têm tido pouco destaque aqui no plenário do Senado. Então imagino que vou tratar de um assunto já bastante debatido, comentado aqui na tribuna, que é a classificação do Brasil como País seguro para investimentos.

            A Nação, como um todo, foi agradavelmente surpreendida com o anúncio da classificação na última quarta-feira, há quase uma semana. E para todos nós é muito importante aproveitarmos a tribuna, a TV Senado, que tem grande audiência, para explicar minimamente por que tanta comemoração, o que isso vai efetivamente representar para o nosso País e como isso vai produzir efeitos no cotidiano das pessoas, na melhoria da vida das pessoas, porque nenhuma notícia é boa se, efetivamente, não melhora a vida das pessoas, não é isso?

            Todos nós sabemos - e aguardávamos há muito tempo essa classificação - que existem fundos, existem investidores internacionais e o dinheiro não é pouco. É muito. São trilhões de dólares, de euros que podem ser aplicados, mas segundo determinadas regras. E uma das regras para a aplicação desses determinados fundos e desses trilhões é exatamente o País ser considerado seguro, ou seja, investe-se e tem-se certeza absoluta de que haverá retorno, tanto pelo desenvolvimento como pelo pagamento do investimento, do financiamento. Portanto, ao adquirir essa condição, o Brasil abriu uma janela de oportunidades para que esses trilhões possam, de alguma forma, ser aplicados no nosso País.

            Não só a aplicação direta desses investidores, mas também o grau de investimento - ser considerado um País seguro para investimento - faz com que fluam as negociações, empréstimos, não só do Governo Federal, Governos Estaduais, como Governos Municipais, por exemplo. Hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos, aprovamos, nada mais, nada menos, quase US$15 milhões para o Município de Chapecó, no meu Estado, para obras de infra-estrutura viária, junto a um fundo internacional. É o empréstimo de uma Prefeitura feito no sistema financeiro internacional. Portanto, esse tipo de empréstimo, também a partir do grau de investimento, será feito em outro patamar, com prazos, carências, juros, totalmente diferenciado e extremamente benéfico.

            Mas não são apenas os órgãos governamentais que vão se beneficiar do investment grade. As empresas brasileiras que têm negociações com o sistema financeiro internacional também vão se beneficiar, também terão parcerias nos investimentos. É muito importante, porque isso tudo vai fazer com que o desenvolvimento no nosso País se consolide. Aliás, o grau de investimento já veio tarde, até porque, se formos comparar com outros Países, o Peru acabou tendo o grau de investimento antes do Brasil, e a economia brasileira, não tenho nenhuma dúvida, é muito mais pujante, muito mais consolidada que a economia peruana. Mas só agora mereceu o grau de investimento, por conta do reconhecimento do crescimento do País, em média de 5% ao ano, e da estabilidade econômica.

            Agora, existe algo, Senador Casagrande, que não adianta quererem dizer que é mais o mesmo, que nós estamos....

(Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Sr. Presidente, peço mais uns minutinhos.

            Agora, existe algo, Senador Casagrande, que não adianta quererem dizer que é a mesma coisa, que nós estamos seguindo à risca o que fizeram quando governaram anteriormente, porque não é igual. Não é igual, e eu já vim aqui inúmeras vezes para dizer quais as diferenças fundamentais: primeiro, a do crescimento com distribuição de renda, e a distribuição de renda gerando crescimento, ou seja, a política do salário mínimo, do Bolsa-Família, das negociações salariais recuperando inflação, aumentando a renda, o crédito.

            Trago aqui a notícia de que o BNDES emprestou, agora nos últimos 12 meses, 70,2 bilhões, um aumento de 24% em relação aos 12 meses anteriores. E o crédito bancário disponível para empresas, para pessoas físicas e jurídicas registrou uma expansão de 3,5% em março, somando 992 bilhões, quase 1 trilhão. E é pela primeira vez, desde 1995, que nós temos 36,8% do PIB representado na forma de crédito.

            Portanto, não só nós estamos crescendo com a distribuição como há algo que nos diferencia fundamentalmente de quem governou antes do Presidente Lula, que é o papel do Estado. Não advogamos, não defendemos e combatemos o Estado mínimo. O Estado tem um papel fundamental de indutor do crescimento, de interventor para que o desenvolvimento e o crescimento se dê, se consolide.

            Para confirmar isso como muito importante, quero anunciar um dado. Ontem, a Ministra Dilma Rousseff esteve em Santa Catarina assinando obras importantes do PAC do saneamento e da habitação. Mas ela fez uma visita muito importante ao Porto de Itajaí, que é o segundo porto em movimentação de containers do País, e é o primeiro em produto com valor agregado no Brasil. E a apresentação que foi feita para a Ministra deixou-a absolutamente convencida do rumo corretíssimo que está sendo adotado pelo Governo Lula.

            Porque os recursos aplicados pelo Governo Federal no Porto de Itajaí, que é, inclusive, municipalizado, totalizam, até agora, algo em torno de R$100 milhões. Cem milhões de reais foram aplicados no Porto de Itajaí, que, por décadas, não recebia investimento do Governo Federal. E ao porto público foram feitos investimentos de, nada mais nada menos, R$1,2 bilhão.

(Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Portanto, um investimento de 100 foi multiplicado por 12, pela iniciativa privada. Agora, se não tivesse sido feito o investimento dos 100 milhões, com certeza a iniciativa privada não teria feito um investimento de um milhão e 200 mil. Aliás, um milhão, não. Um bilhão.

            Portanto, é o Estado atuando como indutor do crescimento e do desenvolvimento. Essa é a diferença que faz com que para nós o investment grade venha num bom momento, no qual o País está crescendo e distribuindo renda. E vem ainda juntamente com uma perspectiva de o Brasil se transformar numa potência petrolífera.

            Portanto, a meta é atrair investimentos, desenvolver, crescer, gerar renda e emprego e fazer com que o Brasil, de uma vez por todas, seja a grande potência não lá do futuro, mas a grande potência que todos nós sabemos que o povo brasileiro merece ter, porque trabalha, produz, é um povo sério e responsável; e merecemos ter um País à altura do povo que mora aqui nesse belíssimo rincão do planeta.

            Era isso, Sr. Presidente. Agradeço a tolerância com o meu tempo.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2008 - Página 12108