O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Mário Couto, que preside esta sessão, Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Senador Jefferson Péres, hoje o nosso Senador Marco Maciel deu entrada, na Comissão de Educação, a um requerimento de homenagem pelos 100 anos da morte de Joaquim Nabuco.

            Atentai bem, Senador Alvaro Dias, brasileiras e brasileiros! Joaquim Nabuco, como Rui Barbosa, foi Oposição. Joaquim Nabuco ficou solitário neste Parlamento, defendendo a liberdade dos escravos e foi duro. Contudo, não conseguiu nem se reeleger por Pernambuco, onde todos os poderosos tinham escravos. Também não conseguiu escrever porque os poderosos eram contra ele, inclusive os donos de jornais. Mas ele foi reconhecido no exterior, homenageado primeiro pelo Chile, depois por Inglaterra, Portugal e França. Então, esse é o papel da Oposição.

            Senador Papaléo Paes, isso é uma vergonha! Aliás, nós é que ajudamos o Luiz Inácio. Viu, Jefferson Peres? Os aloprados é que vão acabar com o Luiz Inácio. Nós, não. Nós falamos que a corrupção tem de ter um freio porque está demais! Nunca dantes houve tanta corrupção neste País.

            A carga tributária está demais! Converse com quem trabalha, com quem trabalha. A metade do ano que se trabalha é para pagar imposto. Eu conversei agora, na minha cidade, com o maior empresário de lá, o Dr. Onofre Filho. É uma loucura! Ele contando sobre o ICMS. Não há lei, não. É a metade. Se você trabalha um ano, a metade é para o Governo. Juros são altos; e a segurança é uma vergonha. É uma vergonha! Isso é uma barbárie! Isso não é sociedade. Nós vivemos em uma barbárie.

            Norberto Bobbio, o maior teórico político, Senador vitalício da Itália, disse que o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

            E o ensino público, lá na minha cidade, Papaléo? As professorinhas estão em greve. O ensino público! Eu nunca vi isso. Eu fui Prefeito, fui Governador de Estado, e não houve um dia de greve. Elas estão em greve, porque estão sendo exploradas. A saúde, nem falar, não é? Voltamos a ter doenças que já estavam erradicadas. E a corrupção? Coloca aí. Olha a televisão; vamos colocar bem alto aqui. Folha de S.Paulo: “Congresso barra pagamento de 54 obras”.

            Atentai bem para a gravidade: o Tribunal de Contas da União, Senador Mário Couto, que é o órgão acessório deste Poder Legislativo, detectou em 33% das obras falcatrua e corrupção. Por isso que o dinheiro não dá para os aposentados. Aí vem a roubalheira das ONGs, vem a roubalheira dos aloprados: 25 mil nomeados - alguns deles ganham R$10.448,00 por mês; é um DAS-6 - entraram pela porta larga. O que diz: A fiscalização consolidada no relatório aprovado pelo Plenário do Tribunal de Contas da União, em setembro passado, sugeriu a paralisação de 76 empreendimentos no País. Cerca de 33%, um terço! É o Tribunal de Contas que diz aqui. Um terço! Um terço! Roubalheira. Isso é um mar de corrupção. Aí, aqui e ali há uns picaretas. Baixaram então de 231 para 54 obras. Mas o Tribunal de Contas condenou 77. De qualquer jeito é muito.

            Agora a vergonha! Ô Mário Couto, eu agradeço ao Luiz Inácio. Ele foi ao Piauí. Papaléo, bela viagem e tudo. Mas lamento pelo seguinte: aqui tem o mapa do Brasil. Bota bem grande aqui. O Piauí é medalha de prata. É o que tem mais corrupção. Está aqui: Folha de S.Paulo. Dessas obras aí, cinco eles carimbaram como corruptas. Só perdemos para o Espírito Santo. Cadê o Casagrande? Eu ia dizer: tirou. É o Estado que tem mais obra de corrupção.

            Então, eu gostaria que ontem, Sua Excelência, o Presidente, inaugurasse o Luz para Todos. Todas tinham corrupção. A campeã, segundo o jornal aqui, é a OAS, que também tem obra lá. A segunda é a Gautama. Um hospital foi inaugurado, iniciado em 1991, quando Heráclito era o Prefeito. Na mesma época, eu era Prefeito da Parnaíba e fiz um e, quando Governador de Estado, fiz um pronto-socorro em um ano. Mas, desde 1991, quase 20 anos para se construir um hospital que só vai funcionar daqui a três ou quatro meses, foi só “cacarejamento”, não vai funcionar não, pode ir que você é atendido no meu.

            Agora, o que eu não gostei... Está certo, as casas populares melhoraram, o Presidente é simpático... Mas, Mário Couto, ele foi infeliz. Ô Mário Couto, você leu Monteiro Lobato? Lúcia Vânia, nós estudamos com Monteiro Lobato. Eu me lembro que havia, naquele livro Urupês, o Jeca tatu, com verminose, lombriga.

            Papaléo, agora você gosta: ancilostomose ou amarelão, havia um conto do Jeca Tatu. Olha, mas Luiz Inácio, Vossa Excelência foi no dia infeliz. Olha, outro dia, um tal de Zottolo disse que se o Piauí não existisse, não faria falta. E nós caímos de pau nele aqui. Lembra-se, ô Mário Couto? Mas, agora, o Luiz Inácio foi mais infeliz. Lá, retardaram o almoço, e ele foi falar. Fala muito! E ele disse: “Eu sei que vocês já estão cansados. É hora de as lombrigas grandes comerem as lombrigas pequenas de vocês aí”. Quer dizer, chamou o povo de lombriguento. Está tudo com lombriga. Piauiense, eu não sei...

            O Piauí, terra querida, filha do sol e do Equador. O melhor Presidente desta Casa foi um piauiense: Petrônio Portella. O melhor Ministro - o próprio Luiz Inácio reconhece - foi um piauiense: João Paulo dos Reis Velloso. Fez o primeiro PMDB e o segundo. O maior jornalista deste País foi Carlos Castello Branco, um piauiense. Ó Jefferson, jurista, V. Exª é o único que se iguala ali... Aliás, temos três: Rui Barbosa, Evandro Lins e Silva e Jefferson Peres. Amantes do Direito, piauienses. Aí o Luiz Inácio vai lá e diz: “Olha, eu sei que as lombrigas grandes de vocês estão comendo as pequenas”. Jefferson Péres, você se lembra de Monteiro Lobato, do Jeca Tatu? Então, era melhor o meu Presidente ter mandado distribuir porque, naquele tempo em que eu era médico, a gente receitava Uvilon para tomar por cinco dias, e hoje tem um comprido de Pantelmin. Dava. Mas, de qualquer jeito, eu entendo...

            Luiz Inácio, nós queremos... Amanhã vem, ô Alvaro Dias, a Ministra, não vem? Não entendo como este País tem 500 obras inacabadas. O Piauí tem mais de 30. Ontem eu citei treze.

            Então, nós gostaríamos que a Ministra e o Presidente da República nos premiassem com as obras inacabadas. O Porto de Luiz Corrêa, no Piauí, começou com Epitácio Pessoa governador e está lá parado. A estrada-de-ferro Central do Piauí ele prometeu, 60 dias. Está parada. A ZPE, os tabuleiros que produzem alimentos, Litorâneo e Guadalupe.

            Tem uma ponte construída no rio Poti, para comemorar os 150 anos de Teresina. E Teresina vai fazer 158. No mesmo rio, fizemos uma ponte em 87 dias. No mesmo rio, Heráclito, quando prefeito de Teresina, fez, em cem dias.

            Quase oito anos e os aloprados dessas construtoras que estão aqui... Elas ficam inacabadas.

            Um hospital universitário, que é federal, sonho do Presidente Sarney, está lá, é só um ambulatório que abre. Nada de hospital. Falam em aeroportos internacionais, mas não tem nenhum. É mentira, é mentira, Jefferson, mentira. Na minha cidade não tem mais nem teco-teco. Outro, em São Raimundo Nonato, só tem jumento na pista.

            Então, prometeu cinco hidrelétricas e tem uma, que foi...

            O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP. Fazendo soar a campainha.) - Peço a sua compreensão, Senador. Vou lhe dar um minuto para o encerramento do seu pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não.

            Então, para pedir, há uma hidroelétrica, a de Boa Esperança, iniciada por Juscelino e concluída por Carlos Castelo Branco, e faltam eclusas para o rio ser navegável. Não se fala nisso! Aí, dizem que vão fazer cinco novas. Se não terminam a que está pela metade? O rio não é navegável. Então, foi muito “cacarejamento”.

            Enfim, Presidente Luiz Inácio, vamos mandar que o Ministro da Saúde providencie um vermicida, não só para o Piauí, mas para todo o Brasil, voltando, assim, à época do Monteiro Lobato, quando escrevia o Jeca Tatu.

            Eu acho que ele tem razão. A saúde vai mal!

            Muito obrigado!