Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Avaliação sobre a decisão do Governo de reajustar o preço dos combustíveis. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Avaliação sobre a decisão do Governo de reajustar o preço dos combustíveis. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2008 - Página 12123
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • CRITICA, REAJUSTE, PREÇO, COMBUSTIVEL, ANALISE, INCOMPETENCIA, GOVERNO, LONGO PRAZO, CONGELAMENTO, VALOR, QUESTIONAMENTO, CENTRALIZAÇÃO, DECISÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, DIVULGAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CUSTO, PETROLEO, BRASIL.
  • DIVERGENCIA, ORADOR, PRESERVAÇÃO, CLASSE MEDIA, CONSUMO, GASOLINA, AUSENCIA, REPASSE, AUMENTO, CONSUMIDOR, CONTRADIÇÃO, SUPERIORIDADE, PREÇO, OLEO DIESEL, EFEITO, ONUS, PRODUÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, FRETE, INCIDENCIA, TRANSPORTE COLETIVO.

            O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil é um país surrealista. De vez em quando, acontecem coisas surreais no Brasil. O País acaba de obter o investment grade que o elevou à condição de país maduro no cenário internacional, graças à intuição do Presidente da República, que, contrariando os economistas do seu Partido, deu mão forte à política do Banco Central, principalmente à política monetária do Banco Central, que nos levou a ser considerado um porto seguro para investimentos internacionais.

            Mas, ao mesmo tempo em que obtém esse grau, o País se comporta de forma inteiramente imatura no episódio do aumento do preço dos combustíveis.

            É curioso como grande parte da imprensa não percebeu como isso é surreal.

            Em primeiro lugar, os preços ficam congelados por mais de dois anos. Não deveriam agir assim, pois, se há aumento de custo, deveria haver ajuste de preços, obviamente. Ninguém sabe qual a estrutura de custo do petróleo, porque é uma das caixas-pretas da Petrobras. Apesar de ser empresa de economia mista, com acionistas privados, duvido que alguns dos seus acionistas conheça realmente a estrutura de custos do petróleo no Brasil.

            Em segundo lugar, o reajuste foi decidido numa reunião no Palácio, arbitrada pelo Presidente da República. Acho que só no Brasil o Presidente da República se reúne para decidir se o preço do petróleo vai aumentar. Deveria ser algo decidido entre a Petrobras e a Anac, a agência reguladora do setor, nunca em nível de Presidente da República.

            Em terceiro lugar, os preços foram reajustados, como deveriam - um congelamento de dois anos, com uma inflação de 4%, não pode permanecer -, e o que aconteceu, Senador Mão Santa, com o reajuste dos derivados de petróleo? Um aumento maior para o diesel e menor para a gasolina, sendo que o aumento do preço da gasolina, com a redução da Cide, não chegará, segundo o Governo, ao consumidor; o preço ficaria inalterado nos postos de distribuição. Enquanto isso, o diesel sofre um reajuste maior e não teve redução da Cide. Portanto, vai chegar ao consumidor.

            Resultado: a gasolina afeta apenas e exclusivamente a classe média, as classes A, B e C, os proprietários de automóveis. Até mesmo os taxistas têm a opção do álcool. Portanto, a classe média foi preservada. Eu sou classe média e até agradeço, como dono de automóvel, que o reajuste não chegue à gasolina do meu carro. Mas foi reajustado, sem corte da Cide, o preço do diesel, que, em primeiro lugar, impacta toda a cadeia produtiva via frete - portanto, vai chegar a todos os produtos - e, em segundo lugar, vai afetar as passagens de ônibus. Inevitavelmente, as empresas de ônibus de todo o Brasil vão pedir reajuste de preços e tarifas. E o ônibus é utilizado principalmente pelas classes D e E, as mais pobres. Exatamente foi esse preço que o Governo não cuidou de proteger.

            Enfim, coisas do Brasil. É um país realmente surrealista.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2008 - Página 12123