O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, a noite já vai distante, mas não poderia deixar de fazer um registro aqui, em que quero compartilhar da dor provocada pelo acidente que comoveu todo o Estado, principalmente a cidade de Manacapuru.

            Por sinal, vi o noticiário televisivo e constatei - para nós, do Amazonas, não há nenhuma dificuldade em pronunciar Manacapuru - e fiquei impressionado com a dificuldades dos repórteres em pronunciar o nome da cidade.

            Manacapuru é uma cidade de 80 mil habitantes, localizada na margem esquerda do rio Solimões. Manacapuru é uma cidade muito bonita, conhecida como a Princesa do Rio Solimões. Desde o domingo, há uma comoção na cidade.

            Muitas famílias se deslocaram para essa festa tradicional numa comunidade conhecida como Lago Pesqueiro, que fica cerca de uma hora e meia de barco. Se o Brasil é o país das estradas no Centro-Oeste e no Sudeste, no Amazonas, são os rios que ligam cidades, comunidades, sentimentos. É uma comunidade pequena, Presidente Mão Santa, de 60 famílias. E as famílias, jovens, foram para a comunidade para terem um dia de lazer, de confraternização, de encontro. Na volta, aconteceu esse acidente.

            Dezenas de famílias estão de luto. E, nessa hora de comoção, de dor, quero dizer que já foram encontrados 27 corpos, pessoas que perderam a vida nesse acidente, por afogamento.

            Precisamos tirar lições desse episódio. Primeiramente, precisamos da presença da Marinha, principalmente da Capitania dos Portos, com mais rigor, cuidado, zelo. Precisamos de ter um inventário, um cadastro do número de embarcações por cidade, por comunidade. Precisamos de ter uma relação de barcos que podem transportar pessoas e produtos, porque depois do acidente é isto: é a dor da perda de um filho, de uma mãe, de famílias inteiras, como o que aconteceu nesse acidente de domingo.

            Fiquei impressionado, Presidente Mão Santa, com a manifestação do capitão da Marinha, gestor da Capitania dos Portos no Amazonas, ao dizer que não tinha o controle do número de embarcações. É claro que a nossa Amazônia tem longos rios, fronteiras, mas nós temos poucas cidades. A Capitania precisa ter um controle mais rigoroso dos barcos. E aqueles barcos que não respondem às exigências da Marinha deveriam estar peremptoriamente retidos, presos.

            O Amazonas todo está sentindo, mas a cidade de Manacapuru está sentindo muito mais, porque são famílias de moradores da cidade e desta comunidade tão pequena que é Lago Pesqueiro.

            Então, quero prestar a minha solidariedade. Assinei o requerimento do Senador Arthur Virgílio, assim como outros Senadores, inclusive meu colega de bancada, Senador Eduardo Suplicy.

            Nesta hora de dor, manifesto nossa solidariedade às famílias. Mas é preciso que a Capitania dos Portos, lá no Amazonas, tenha uma presença mais rigorosa, no sentido de prevenir acidentes na nossa querida região. O local do acidente foi em pleno rio Solimões, que, ao encontrar o rio Negro, forma o rio Amazonas, ou seja, a principal via do nosso Amazonas.

            Eu quero aqui prestar a minha solidariedade e dizer que assinei, ao lado de outros Senadores, o requerimento de pesar do Senador Arthur Virgílio. Eu vou fazer um requerimento para que a Capitania dos Portos do Amazonas tenha uma presença mais rigorosa, mais constante, mais vigilante para coibir acidentes ou prevenir possíveis acidentes. Isso porque acidente é uma coisa que não está prevista. Mas nós podemos ter uma política pública que possa diminuí-los e evitá-los, como por exemplo, não viajar pela madrugada, às 4 da manhã, às 5 da manhã, vindo de uma festa. Eu penso que poderíamos deixar essa viagem para o amanhecer do dia e com um número rigoroso de passageiros. O que aconteceu? Uma superlotação, o rio Amazonas nesta fase do ano corre muito mais, porque é o período de enchentes, o período de longas chuvas, o que acaba propiciando acidentes, se o barco não for adequado.

            Então, quero prestar minha solidariedade e, como amazonense, como Senador do Amazonas, ficar ao lado das famílias das vítimas desse acidente neste momento de tristeza profunda.

            Amanhã, Sr. Presidente, Srs. Senadores, serei o segundo inscrito e falarei da visita que o Presidente Lula fez a Manaus hoje. Antes de chegar a essa cidade, passei na capital de seu Estado, Presidente Mão Santa, e tive oportunidade de, ao lado das Lideranças do Piauí, participar de um momento importante, a inauguração do Hospital Zenon Rocha. Zenon Rocha é um médico, como V. Exª, renomado, da capital Teresina. O Governador Wellington estava presente e falou. O Prefeito Silvio Mendes também estava lá.

            Chamou-me a atenção a presença do nosso Senador Heráclito Fortes, que faz parte da história desse hospital, que levou 17 anos para ser inaugurado. Há um ano, o Ministro José Carlos Temporão disse: “Não vai completar 18 anos essa estrutura”. Tive a felicidade de passar ontem por Teresina e participar da inauguração do Hospital Zenon Rocha. É um hospital municipal, que tem cerca de 270 leitos. Estavam lá o ex-Ministro da Saúde, vários secretários municipais e estaduais de saúde, ministros, todos foram para a inauguração desse espaço público.

            Quero aproveitar para parabenizar o Estado do Piauí, que é uma referência na região em Medicina. E V. Exª, que é médico, parabéns. Quero parabenizar a nota merecida da Universidade Federal do Piauí, que está entre as cinco universidades federais avaliadas pelo MEC. E quero dizer com tristeza que a minha Universidade Federal do Amazonas está entre as dezessete universidades reprovadas. E quando uma universidade vai mal, é um mau exemplo, alguma coisa vai mal. Uma referência como uma universidade de Medicina ser reprovada deixa-me preocupado. Estou preocupado. E já falei aqui sobre este resultado: duas universidades federais na Amazônia, a de Belém e a do Amazonas, foram reprovadas. Quero me colocar à disposição para recuperarmos isso.

            Parabenizo a Universidade Federal de Medicina do Estado do Piauí. Pude entender que Teresina, a capital, é uma referência-pólo em Medicina, vai do Tocantins ao Pará, ao Maranhão. Por sinal, o Governador do Maranhão estava na inauguração do hospital.

            O Presidente inaugurou-o, com a presença do Ministro Temporão. Quero dizer que o Piauí continue com essa referência e que esse hospital seja verdadeiramente um espaço público para atender principalmente o povo simples daquela região.

(Interrupção do som.)

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Saí de Teresina com boa impressão da cidade. Pude andar por alguns minutos pela margem esquerda do belíssimo Parnaíba, um rio histórico.

            Quero parabenizar o Prefeito, o Governador, o Governo do Presidente Lula e o Ministro Temporão pela iniciativa de inaugurar aquele hospital. E espero que, logo, logo, ele sirva logo para melhorar ainda mais a saúde pública do seu Estado e daquela região.

            Era isso, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.