Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Referências ao pronunciamento do Senador Gerson Camata. Elogios a Carlos Lacerda. O Aterro do Flamengo.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Referências ao pronunciamento do Senador Gerson Camata. Elogios a Carlos Lacerda. O Aterro do Flamengo.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2008 - Página 12531
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, SENADOR, IMIGRAÇÃO, ORIGEM, EUROPA, ANALISE, ORADOR, DIVERSIDADE, RAÇA, COMPOSIÇÃO, POPULAÇÃO, BRASIL.
  • COMENTARIO, CENTENARIO, NASCIMENTO, CARLOS LACERDA, EX GOVERNADOR, ESTADO DA GUANABARA (GB), ELOGIO, QUALIDADE, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, URBANIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, REGISTRO, HISTORIA, CANDIDATURA, ORADOR, DEPUTADO ESTADUAL, PIONEIRO, UTILIZAÇÃO, CARTAZ, VIA PUBLICA, CAMPANHA ELEITORAL.
  • COMENTARIO, CALUNIA, IMPRENSA, CARLOS LACERDA, EX GOVERNADOR, ESTADO DA GUANABARA (GB), INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, HOMICIDIO, MENDIGO, SAUDAÇÃO, CRIAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, SENADO, LIBERDADE, CONGRESSISTA, MANIPULAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, do Paraná, Senador Alvaro Dias - que, no momento, é substituído pelo Senador Gerson Camata, do Espírito Santo -, a beleza deste Senado é exatamente esta: temos aqui o Brasil! Aqui estão representantes do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul. O tipo físico até de cada qual denota a sua origem; a tipologia dos que sentam nessas cadeiras, dos que conquistam o direito de nelas sentar e de vir à tribuna, é que encanta a quem enfrenta as tribunas pelas primeiras vezes aqui. Só de ouvir o sotaque, já sei qual é a origem do Senador.

            Ora, o Senador Gerson Camata acaba de nos dar uma aula, e aprendi muito com ele agora, em relação à Pomerânia, em relação à influência que tiveram os imigrantes italianos.

            Isso nos faz pensar bem nos 180 milhões de brasileiros que vivem aqui, cada qual com uma origem diferenciada, uma tendência intelectualizada diferenciada.

            No meu primeiro mandato de Deputado, o Governador do meu Estado era um dos maiores talentos que houve no Brasil, talento intelectual, talento cultural, talento de coragem, talento de toda sorte de qualidades e defeitos: Carlos Lacerda. Eu fui Deputado com Carlos Lacerda. Tenho orgulho de dizer isso. Faz cem anos do seu nascimento. Cem anos! De cem em cem anos desce, nasce um Carlos Lacerda na política brasileira.

            Ele, dentre outras coisas, na Guanabara, Sr. Presidente - V. Exª é vizinho nosso ali, no Espírito Santo -, criou o que se chama Aterro do Flamengo. O Aterro do Flamengo é o maior parque de lazer do mundo. Não existe outro semelhante. Não existe outro mais bonito porque é à beira-mar. Eu me lembro bem do início da construção daquilo.

            Ele entregou o projeto a uma senhora arquiteta chamada Lota Macedo Soares e a uma poetisa, arquiteta também, chamada Elizabeth Bishop, e essas duas mulheres ficaram encarregadas do planejamento e da coordenação da execução daquele belíssimo parque do Flamengo.

            V. Exª pode me perguntar assim: por que o Paulo Duque está falando nesse assunto hoje? Veja, eu não ia falar nisso, mas um funcionário nosso, do Senado, inteligente e bem educado, me disse o seguinte: “Eu vi um cartão postal, Senador, com o seu nome no Aterro do Flamengo em construção”. Estou falando de quase meio século, Gerson Camata; foi em 1962 ou em 1961, há quase 50 anos, e já estava o Paulo Duque candidato a deputado estadual lá no Rio. Inventei um negócio que, à época, achei que era muito oportuno, que era exatamente um outdoor. Posso dizer, sem nenhum exagero, que, na campanha eleitoral do Rio de Janeiro - não sei se já havia em outro lugar -, inventei esse outdoor, que é um painel enorme naquele espaço imenso que era o Aterro do Flamengo.

            Milhares e milhares de automóveis passavam por lá todos os dias, apertados; estava se construindo uma nova urbanização no nosso País. Então, qualquer propaganda colocada dentro daquele parque, ao lado das vias por onde passavam também milhares de automóveis por dia, dava uma dimensão muito grande para uma campanha eleitoral.

            O Wallace (Wallace Façanha Mendes) me lembrou disso. Lembrou que há muitos anos... Ele é jovem, mas obteve essa informação por meio de um cartão postal. Está lá: “Para Deputado Estadual, Partido Republicano, Paulo Duque”; diferente, com retrato. E, naquela época, o nosso candidato do Espírito Santo ao Senado era Atílio Vivácqua, o grande Atílio Vivácqua, o grande Senador da República pelo Partido Republicano.

            A imaginação nos leva a caminhar assim, pelo passado, pois o passado ensina muito a gente.

            Na época do Carlos Lacerda, houve a famosa matança dos mendigos do Rio da Guarda. Quem não se lembra disso? E quem não se lembra de que ele, Carlos Lacerda, não teve nada com isso? Quem não se lembra de que Sandra Cavalcanti não teve nada com isso? Cecil Borer não teve nada com isso.

            E, afinal, espalharam que era o “Governador mata-mendigo”, e ele ficou... É a mídia! Foi a imprensa... Por isso, eu sempre cumprimento daqui o Senador, ex-Presidente, que eu chamo sempre de Presidente, José Sarney. José Sarney, no momento em que implantou neste Senado essa emissora de televisão, prestou um serviço incalculável ao País. Antigamente, não havia isso. Hoje, você chega a qualquer lugar. Nós temos aqui um candidato em potencial à Presidência da República, que é o homem mais querido do Brasil hoje pelos desconhecidos, o Senador Mão Santa. Quem é que não conhece o Mão Santa no Brasil hoje? Todo mundo o conhece! No meu Estado, é o homem mais popular da política brasileira o Senador Mão Santa. Tudo isso por causa dessa TV maravilhosa que libertou os políticos, Gerson Camata, libertou os políticos da ditadura dos jornais.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Que importa se o jornal a, b, c ou d não falem de mim, ou não falem de V. Exª, se a televisão leva meu pensamento, minhas palavras, minha conduta para o Brasil inteiro?

            Termino então - vou obedecer ao pregão de V. Exª -, dizendo que o Senado é o Brasil.

            O Senado tem de ser orgulho para qualquer um que se sente nesta cadeira. Não nos devemos impressionar muito com as manchetes escandalosas que, por acaso, medram por aí, mas nos devemos impressionar, sim, com a imagem que diariamente nós mesmos fabricamos e levamos à opinião pública.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2008 - Página 12531