O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senadora Rosalba Ciarlini, que preside esta sessão, Parlamentares, brasileiras e brasileiros presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Valter Pereira, eu tinha outro pronunciamento, mas acabei de receber um e-mail muito interessante, Senadora Rosalba Ciarlini - esse sistema de comunicação é diferente -, em apoio ao Senador Mão Santa. É muito interessante. Há textos em português, em inglês. Como o povo é culto hoje!

Nós, mulheres brasileiras, trabalhadoras e donas-de-casa, conscientes de nossos direitos e, especialmente, dos nossos deveres enquanto cidadãs, queremos, com este abaixo-assinado, declarar o nosso apoio ao Senador Mão Santa, cujo discurso emitido em 2 de abril de 2008, que tinha por fim estabelecer uma analogia entre as táticas de propaganda do governo Luiz Inácio e aquelas utilizadas pelo nazismo, vem sendo distorcido por Senadoras ligadas a este mesmo governo; assegurar ao Senador Mão Santa que sua mensagem não poderia jamais ofender as mulheres de bem, visto que foi dirigida - e claramente dirigida - a elementos de um partido, independentemente de gênero; repudiar o uso político que Senadoras ligadas ao Governo vêm fazendo deste episódio, a fim de que o mesmo sirva de cortina de fumaça para o mais novo escândalo do Governo - o caso do dossiê sobre as contas do Governo Fernando Henrique Cardoso -, não se furtando as Senadoras em aliciar entidades que deveriam representar o direito de todas as mulheres para esta causa partidária; demonstrar que as novas tecnologias permitem, cada vez mais, que as brasileiras demonstrem suas opiniões e expectativas, sem intermediação de partidos ou entidades,sem, portanto, onerar os cofres públicos - motivo pelo qual aqueles e aquelas que dizem nos representar deverão, daqui para a frente, evitar fazer uso político-ideológico dos direitos da mulher.

Ao Senador Mão Santa todo o nosso apoio. Aos que utilizam os nossos direitos como escudo para ocultar escândalos governamentais, o nosso repúdio.

Duzentas e vinte e uma senhoras, com outras cartas gradativas, e eu coloco aí nos Anais.

Senador Geraldo Mesquita Júnior, eu sempre digo que a ignorância é audaciosa, Senador Osmar Dias, e às vezes entramos em exaustão por tentar ensinar àqueles que fugiram do saber como o diabo da cruz. Então, Geraldo Mesquita, me permita lembrar ao Luiz Inácio aquele livro D. Quixote de la Mancha, de Cervantes.

Cafeteira, D. Quixote, depois de peregrinar com o seu amigo Sancho Pança, combatendo as injustiças que ele sonhava tirar do mundo - atentai bem, Valter Pereira -, disse: Eu vou premiar este companheiro. Sancho Pança, você vai ser governador da ilha Barataria, como prêmio. Sancho Pança - atentai bem, Luiz Inácio -, humilde, disse: Não, eu não posso, eu tenho pouco saber, eu não sei ler, escrever... Aí D. Quixote de la Mancha, Osmar Dias, disse: Eu tenho lhe observado,

você é temente a Deus e isso é sabedoria. Tem uns que não são tementes a Deus. Vou-lhe dar. Aí, ensinou o companheiro velho a governar: Arrume uma esposa de vergonha..., uma Adalgisinha, decente, para ampará-lo o resto da vida. E continua: Não beba demais, não coma demais, vista-se bem, fuja da preguiça, das más companhias. E ensina Sancho Pança a governar. Ele vai embora, volta e diz, Rosalba: Sancho Pança, não se esqueça de uma coisa: só não tem jeito para a morte. Aí vai, e Sancho Pança, humilde e temente a Deus, governa bem, Luiz Inácio. Mas ele sente saudade, volta e diz: Ô Sancho - ele se saiu bem, humilde, esforçado -, como é esse negócio de governar? E Sancho Pança responde, Osmar Dias: É um golfo de confusões. Eu sei, Luiz Inácio, que é um golfo de confusões. Vamos acabar o cacarejar.

No futebol de salão, no basquetebol, no vôlei, quando o técnico se aperreia, faz um sinal: tempo! Vamos parar, mudar, ter nova estratégia e nova técnica! Então, Valter Pereira, tempo, Luiz Inácio. Vamos mudar, acabar o cacarejar, por enquanto. Vamos cuidar da dengue, que está acabando com as mães, sofrendo, perdendo filhos. Vamos acabar, tempo, com o sofrimento das mães, verdadeiras mulheres, com os filhos vítimas das enchentes.

Vamos, sim, visitar os alagados, os alagados do meu Nordeste, do meu Piauí.

Estão ali três líderes. Se eu não falasse isso, Rosalba, como V. Exª, com sua sensibilidade, já falou aqui, já chorou, já clamou pelos seus do Rio Grande do Norte, lá em Açu, onde se originou minha família. Três líderes extraordinários do Piauí estão ali: Gustavo Henrique, de Nazária, Jackson Cavalcante e Adão Moura, de Guadalupe, líderes de perspectivas invejáveis. Vieram para eu pedir, clamar ao nosso Presidente Luiz Inácio. Agora, sim, queremos a visita. Isso é simples.

Olha, esse negócio, Luiz Inácio, a inveja e a mágoa corrompem os corações. Quem tem bastante luz própria não precisa diminuir ou apagar as luzes dos outros para brilhar. Isso não é meu, Valter Pereira; foi Lacordaire quem disse isso.

Atentai bem! Esse Governo do Fernando Henrique Cardoso teve uma muito boa. Eu enfrentei uma enchente semelhante. Logo que assumi o Governo, o Prefeito da capital morreu e teve uma enchente dessa. O Ministro Cícero Lucena, que hoje é Senador, chegou de pronto, de imediato, com um cheque. Naquele tempo, o dólar era pesado. Eram quatro mil reais. Cinco milhões de dólares. E me entregou de pronto e entreguei ao Prefeito da capital, Luiz Inácio. Nada de cacarejar. Ação! Francisco Gerardo fez dois bairros, tirando os alagados e salvando, o Wall Ferraz e o Mão Santa. E a outra metade dei de imediato para as regiões ribeirinhas, nada de cacarejar. Cícero Lucena, foi isso, daí a gratidão.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo o aparte a este extraordinário Senador do Pará, Flexa Ribeiro.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Como sempre, primeiro, quero parabenizar V. Exª pela atuação em defesa dos interesses do Brasil e do seu Piauí. E eu queria aproveitar que V. Exª faz referencia às cheias que afligem o seu Estado e o Nordeste, porque, ontem, tive oportunidade de, da tribuna do Senado, ao discutirmos a medida provisória que estava em pauta, que não era necessária porque era de crédito extraordinário, dizer que a medida provisória que o Presidente iria editar para atender emergencialmente as famílias atingidas pelas enchentes era correta, porque aí, sim, tinha urgência e relevância. Só peço este aparte a V. Exª para pedir que a Governadora Ana Júlia, do meu Estado do Pará, faça um apelo ao Presidente Lula a fim de que inclua nessa medida provisória - se não o fizer, eu o farei quando ela tramitar, Presidente Rosalba, no Senado Federal - as regiões do Estado do Pará, que também estão sendo atingidas pelas enchentes. Estou vendo aqui nos jornais que, no oeste do Pará, a Defesa Civil e a Marinha alertam para o nível dos rios Amazonas e Tapajós; 700 famílias estão desabrigadas em Marabá. Regiões do Estado do Pará também lamentavelmente atingidas pelas cheias precisam desses recursos. Então, aproveito o brilhante discurso de V. Exª para lembrar ao Presidente Lula que Pará é Brasil e que é governado por uma aliada sua do PT. Governadora Ana Júlia, por favor, inclua o Pará nessas verbas emergenciais para atender as famílias atingidas pelas cheias.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós agradecemos a V. Exª. O clamor está-se estendendo ao País.

Estou aqui para aconselhar. Presidente Luiz Inácio, Fernando Henrique Cardoso é um homem de muita visão, um estadista. Nunca votei nele. Senador Epitácio Cafeteira, votei em Quércia, do meu Partido, PMDB. Depois, como não houve candidato, votei para a vizinhança, em Ciro Gomes.

Mas Fernando Henrique é um homem de visão. Ninguém escolhe a época em que vai governar nem os problemas que vai enfrentar. Tivemos grandes governantes na história. Só os ignorantes que não os conhecem, que pensam que fizeram o Brasil agora.

Quando eu governava o Piauí e o Rio Grande do Norte era governado pelo hoje Presidente Garibaldi Alves, houve uma realidade - está ali o César: o apagão. Isso é caro. São as hidroelétricas a nossa fonte de energia fabulosa. Não choveu. Secou. E ele, com pulso, firmeza, fez a chamada Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, presidida por Pedro Parente, extraordinário e competente técnico, filho de piauiense. Tivemos que apagar as luzes das avenidas, das cidades, do povo.

E ele teve coragem.

Então, que Luiz Inácio, agora - não são feias não as coisas que foram boas -, faça uma câmara de gestão aí e dê poderes para que se enfrente a dengue, para minimizar o sofrimento de mães, mulheres brasileiras honradas que estão chorando os filhos que perdem para essa doença que, há 100 anos, Oswaldo Cruz afastou do Brasil e soube combater. Também, que crie outra câmara de gestão para atender os alagados do meu Piauí, do Nordeste, e os outros, principalmente porque, na geografia do Piauí, vem um rio do Ceará, fortes enchentes...

(Interrupção do som)

A SRª PRESIDENTE (Rosalba Ciarlini. DEM - RN) - Senador Mão Santa...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vamos terminar, vamos terminar.

A SRª PRESIDENTE (Rosalba Ciarlini. DEM - RN) - Eu quero lhe pedir atenção.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, vamos já...

A SRª PRESIDENTE (Rosalba Ciarlini. DEM - RN) - Nós gostamos muito de ouvi-lo, mas a lista, hoje, está imensa. V. Exª terá mais quatro minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é. Então, essas cidades abaixo do rio Poti, quando se encontram com o Piauí, estão alagadas: Teresina, União, Miguel Alves, Porto, Barras, Esperantina, Piracuruca, Buriti e Luzilândia. Então, Luiz Inácio, vamos atender, principalmente, essas mães sofridas em um momento tão dramático.

Muito obrigado, Srª Presidente.