Discurso durante a 76ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2008 - Página 14003
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, COMENTARIO, HISTORIA, DEMONSTRAÇÃO, RELEVANCIA, ATUAÇÃO, OSVALDO ARANHA, EX MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), GOVERNO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENCIA, SESSÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DECISÃO, CRIAÇÃO, PAIS.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, CRIAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, UNIFICAÇÃO, POPULAÇÃO, JUDAISMO, ANTERIORIDADE, AUSENCIA, TERRITORIO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, SUPERIORIDADE, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), TAXAS, ALFABETIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão; Exmª Srª Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon; Exmº Presidente da Confederação Israelita do Brasil, Jack Leon Terpins; Exmº Sr. Deputado Federal Dr. Talmir, Presidente da Frente Parlamentar Cristã Brasil-Israel; Exmº Sr. Senador Marcelo Crivella; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados Federais; autoridades convidadas; Srª Dora Cunha Bueno, Presidente da Câmara Brasil e Israel de Comércio e Indústria; Sr. Armando da Fonseca, Secretário Executivo do Grupo Parlamentar Brasil-Israel; meus senhores e minhas senhoras, lideranças da comunidade judaico-brasileira aqui presentes, é um prazer e uma honra ser um dos subscritores do requerimento de realização desta sessão comemorativa dos 60 anos do Estado de Israel.

Um kibutz na entrada do deserto de Negev guarda lembranças marcantes do surgimento de uma grande nação. A parede é decorada com bandeiras e fotografias. Dentro de uma estante, com tampo de vidro, documentos e um martelo de madeira. Objetos simples que fazem parte de uma grande história. Uma história que, neste mês, completa 60 anos, mas que poucos acreditavam que daria certo: o nascimento do Estado de Israel.

Mais que uma comemoração, quero celebrar com os senhores, nesta sessão especial, o milagre da vida. Um milagre que salvou milhões de judeus sobreviventes dos campos de concentração, após o mais hediondo massacre de seis milhões de pessoas que pereceram vítimas da tirania, da intolerância e da maldade nazista.

Um milagre que assegurou um lar para aqueles judeus que, de repente, se viram sem teto e sem liberdade naqueles países onde viviam e trabalhavam e que, por uma fúria doentia, lhe negaram o direito de viver como homens e mulheres livres.

Assim, Israel é um Estado que nasceu para acolher homens, mulheres, velhos e crianças inocentes; cheios de fé e de esperança. E foi a fé que os manteve e os mantém unidos por todo esse tempo. O povo de Israel é, sem dúvida, um exemplo de fé e de união. Fé no próprio destino da paz e da felicidade.

Israel nasceu há sessenta anos para ter um lugar ao sol e ser uma terra livre da intolerância e do preconceito.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores convidados, não pensem que foi fácil ao povo de Israel estabelecer-se em sua tão ansiada pátria eterna. Eles tiveram que lutar por sua existência desde os primeiros minutos. Tiveram que encontrar, com muita determinação, a força e a esperança para reconstruir seus lares, sustentados pela fé religiosa e a fé humana. E contaram com o apoio de pessoas de outras nacionalidades e diferentes religiões que lutaram bravamente pela liberdade dos judeus.

Refiro-me aos quatro diplomatas latino-americanos que estiveram à frente da importante negociação de 1947 nas Organizações das Nações Unidas, a ONU, criada pouco antes para substituir a Liga das Nações.

A conferência talvez tenha sido uma das mais significativas nas relações diplomáticas do século XX, que resultou na aprovação da Resolução nº 181, estabelecendo a divisão da Palestina entre árabes e judeus, ao fim da tutela britânica na região. Era criado, assim, o Estado de Israel, soberano e independente.

Entre os quatro diplomatas envolvidos nessa negociação estava um brasileiro chamado Osvaldo Aranha, que, ao lado de Enrique Fabregat, do Uruguai, Jorge García Granados, da Guatemala, e Arturo García Salazar, do Peru, permitiram que um passo histórico tivesse sido dado.

A sessão da ONU daquele ano de 1947, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, foi particularmente memorável, segundo os registros da época. A atuação de Osvaldo Aranha foi algo incomum. Ele agiu como um predestinado, conduzindo todo o processo de criação do Estado de Israel, como um estadista gigante no cenário mundial de então, que resultou no placar de 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções.

Recentemente, o Estado de Israel homenageou a figura do brasileiro Osvaldo Aranha, na presença de seus descendentes.

Gaúcho de Alegrete, advogado, Ministro do Governo Getúlio Vargas, Embaixador do Brasil nos Estados Unidos e Chanceler, Osvaldo Aranha chegou ao mais alto posto ocupado por um brasileiro na ONU, indicado como foi ao Prêmio Nobel da Paz em 1948.

E foi a família do nosso ilustre brasileiro Osvaldo Aranha que doou o martelo que hoje ornamenta aquela pequena saleta a que me referi no início do meu discurso, no Kibutz Bror Raim, junto com fotografias e outros objetos que lembram a Conferência da ONU.

O gesto de Oswaldo Aranha tem um significado bíblico. Representa a luta de um povo abnegado, cuja história está escrita no mais importante livro da religiosidade ocidental.

Com a criação do Estado de Israel, que Oswaldo Aranha ajudou a fundar, o povo judeu que se espalhava pelo mundo ganhou um lar nacional e independente, longe das milenares perseguições. Um lar onde as crianças jogam bola, vestem as camisas de seus ídolos, entre eles a do brasileiro Ronaldinho, um embaixador do esporte canarinho.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao completar 60 anos, o Estado de Israel é um estado moderno, um estado democrático, complexo, dinâmico, criativo e de enorme potencial de vida e de ação.

O povo de Israel desenvolve e oferece ao mundo soluções e produtos de alta tecnologia para diversas áreas, como Medicina, informática, indústria farmacêutica, agricultura, energia elétrica, entre outros.

Com o uso da tecnologia avançada, o Estado de Israel produz flores e verduras em pleno deserto.

Mais de sete milhões de pessoas vivem hoje em Israel, a única democracia do Oriente Médio.

O crescimento do Estado de Israel nesses 60 anos é espantoso. Em 2007, o Produto Interno Bruto chegou a US$132 bilhões, e a renda per capita é de US$28,8 mil. O índice de alfabetização é de 91,1%, e a população que vive abaixo da linha da pobreza é de pouco mais de 20%.

Esses resultados são o reflexo da força de um povo, que, ao invés de fomentar o ódio e o rancor depois do terrível holocausto da Segunda Guerra Mundial, partiram em busca de sua terra.

Cheios de coragem, fundaram um Estado que está completando hoje 60 anos, e nós comemoramos. O Estado de Israel é um grande exemplo para o mundo de como se faz um país forte partindo do zero.

Desejo ao povo de Israel que se repitam homenagens como esta e que a história de nossos países, Brasil e Israel, sirvam de exemplo para uma convivência harmoniosa no presente e no futuro.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2008 - Página 14003