Discurso durante a 76ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2008 - Página 14013
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, COMENTARIO, HISTORIA, SUPERIORIDADE, PERSEGUIÇÃO, JUDAISMO, CONTINENTE, EUROPA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, OSVALDO ARANHA, EX MINISTRO, PRESIDENCIA, SESSÃO, CRIAÇÃO, PAIS.
  • EXPECTATIVA, EMPENHO, PAIS ESTRANGEIRO, FRONTEIRA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ISRAEL, MANUTENÇÃO, PAZ.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há 60 anos, o povo israelita realizava um sonho acalentado por muito tempo, por inúmeras gerações que mantiveram a esperança de retornar à terra dos antepassados e de ali viver em uma nação livre e soberana.

A cultura única e admirável desse povo do Oriente Médio, que começa a se delinear ao longo do segundo milênio antes de Cristo, marcaria, indelével e profundamente, a história do mundo. Mas a trajetória histórica do povo judeu nada teria de fácil. Após a grande revolta contra a dominação romana, que termina com a destruição do templo de Jerusalém no ano 70 da nossa era, os judeus iniciam a sua mais longa diáspora.

Vítimas de preconceitos e sucessivas perseguições em países europeus, os israelitas conseguiram preservar, ao longo dos séculos, sua cultura e sua religião - a primeira grande religião monoteísta. No século XIX e no início do século XX, a comunidade de ascendência judaica se destacava, na Europa, por sua educação esmerada, contribuindo com alguns nomes da maior significação para a cultura ocidental. Eis que irrompe, na Alemanha, a odiosa ideologia do nazismo, que, ao eleger os judeus como alvo preferencial de sua ira funesta, escreverá, antes e durante a Segunda Grande Guerra, uma das páginas mais acabrunhantes e inaceitáveis da história humana.

Sr. Presidente, o nascimento do Estado do Israel ocorre em um momento em que a atenção do mundo fora chamada, de modo pungente e constrangedor, não só para os milhões de judeus assassinados pelo regime nazista, mas também para a situação do povo judeu disperso pelo mundo. Muitos deles já haviam emigrado, entretanto, para a terra que foi berço de seus antepassados, alimentando, desde o século XIX, o ideal sionista da recriação de um Estado para o povo judeu.

Essa mais que legítima aspiração defrontava-se com a realidade da Palestina, possessão britânica desde a Primeira Guerra Mundial, habitada por populações árabes e judias para as quais o entendimento pacífico fazia-se cada vez mais difícil. A posição da Organização das Nações Unidas, em Assembléia-Geral presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi a de criar, no território palestino, dois Estados, um árabe e outro judeu, que deveriam conviver harmoniosamente.

Quando David Ben-Gurion declara o nascimento do Estado de Israel, naquele 14 de maio de 1948, as perspectivas de paz não se fazem prevalecer. A guerra com os países árabes que se inicia no dia seguinte será o primeiro de uma série de conflitos armados que se sucedem na região, mas que não puderam, contudo, apagar a esperança do entendimento e do convívio pacífico entre esses povos.

Em meio a essas dificuldades, a moderna Nação de Israel é construída com o esforço e a dedicação de seu povo. Reunidos em kibutzim, os camponeses vencem a aridez da região para produzir, com a ajuda de técnicas apropriadas, muitas delas originais, uma significativa produção agrícola. A indústria se desenvolve de modo ainda mais impressionante, destacando-se pelo desenvolvimento de uma tecnologia de ponta. O turismo, movimentado em boa parte pelos fiéis que querem visitar lugares sagrados para três das grandes religiões, mantém-se como outro importante setor da economia israelense.

Desenvolvendo de modo pujante sua economia, investindo decididamente em uma educação de qualidade, o Estado de Israel distanciou-se muito daqueles primeiros tempos, em que ainda dependia de doações da comunidade judaica dos países ocidentais.

Não obstante alguns avanços muito significativos, permanece não resolvida a longa busca pela paz. Não há dúvida, Srªs e Srs. Senadores, que uma paz duradoura na região pressupõe a consolidação de um Estado do povo palestino, tal como determinado pela Assembléia Geral da ONU em sessão histórica. Esse Estado palestino, assim como os demais países árabes, deve aceitar, decerto, o direito à existência do Estado de Israel.

A resolução desses persistentes conflitos de origem étnico-cultural é uma condição para a existência tranqüila de Israel e de seus habitantes, que viveram essas seis décadas com alegria e orgulho de seu País, mas também sob permanente tensão; é uma condição, igualmente, para assegurar a dignidade e os direitos humanos da população palestina, particularmente a que habita a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

Não podemos, com certeza, Srªs e Srs. Senadores, deixar de acreditar na possibilidade de resolução pacífica dos conflitos humanos, muito especialmente para esse confronto que se estende, há tantas décadas, no Oriente Médio e que afeta, de algum modo, a paz e a segurança em todo o mundo.

Faço questão de reiterar nosso apoio e nossa solidariedade ao ainda jovem Estado de Israel, que traduz, do modo mais eloqüente, a determinação e a bravura do povo judeu diante das muitas e sucessivas adversidades históricas.

            Quero concluir minha modesta contribuição a esta solenidade, pela qual o Senado brasileiro homenageia o sexagésimo aniversário do Estado de Israel, expressando meus votos para que esse País, assim como os países vizinhos e toda a população da região, possa obter uma paz legítima e duradoura.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2008 - Página 14013