A SRª KÁTIA ABREU (DEM - TO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, colegas Senadores e Senadoras, venho a esta tribuna cumprir uma tarefa que me é dolorosa, mas ao mesmo tempo me honra por carregar um significado extraordinário para o setor agropecuário: homenagear um amigo que nos deixou; um líder que, como poucos, soube conduzir toda uma categoria de trabalhadores e empreendedores em direção ao desenvolvimento deste País.

Falo de Macel Félix Caixeta, Presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás.

Após oito anos no comando da entidade, Macel Caixeta teve o atual mandato, iniciado este ano, interrompido por uma doença contra a qual lutou bravamente. Talvez tenha sido essa a única batalha que não conseguiu vencer.

Faleceu no último dia três de maio, em Goiânia, vítima de um câncer.

Mas não vou usar o tempo nesta tribuna para lamentar a irreparável perda que todos nós sofremos.

Em respeito e consideração à Dª Olga de Passos Alencastro Veiga Caixeta, seus filhos Adriana, Alexandre e Luciana e especialmente à Dª Celuta Caixeta, que aos 89 anos chora a perda do filho, prefiro lembrar o quanto Macel Caixeta significou nas vidas de centenas de produtores rurais goianos e goianas, brasileiros e brasileiras.

Duas das características mais marcantes de Macel Caixeta poderiam ser consideradas antagônicas, mas nas palavras e nas ações desse líder se completavam: a firmeza com que perseguia seus objetivos e a capacidade conciliadora nos momentos de conflito.

Posso citar alguns de seus principais feitos, legados para a atual e as próximas gerações de produtores e trabalhadores rurais, como alguns programas implantados no Estado de Goiás, por pedido, solicitação e luta do nosso ilustre amigo Macel Caixeta: a patrulha rural, de segurança no campo, para proteção dos nossos produtores que viviam à mercê de ataques, de assaltos e de uma insegurança total; cheque moradia rural, em parceria com o Governo do Estado de Goiás, em que as casas populares, para o pequeno agricultor, não mais pudessem ser construídas apenas nas cidades, mas que também os nossos pequenos agricultores pudessem ganhar as casas populares dos programas do Governo; o Pesebem, uma parecia com os frigoríficos do Estado para conferência de pesagem das carcaças dos animais abatidos, uma luta incessante entre os produtores, pecuaristas que engordam o seu rebanho e os frigoríficos do País, com relação a dúvidas atrozes sobre o peso dos animais, a desconfiança gerada em todo momento nesse relacionamento. O Pesebem vem trazer uma balança imparcial que vem conferindo o peso dos animais abatidos nos frigoríficos de Goiás. E o cartão do produtor rural, documento de identificação do agropecuarista que permite descontos em produtos e serviços prestados por empresas conveniadas com a federação, empresas do agronegócio brasileiro, fornecedoras dos produtores rurais, fazendo com que baixasse, assim, o custo de produção.

A contribuição de Macel Caixeta para o setor não ficou restrita apenas a Goiás, o Estado que tanto amava. Atuou no Conselho Deliberativo do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e presidia a Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, responsável por todas as ações relevantes pra o desenvolvimento da produção de grãos no País.

Nessa comissão da CNA, Macel Caixeta trabalhou arduamente em projeto de elaboração de custos de produção, fez gestões pela redução dos preços de fertilizantes e defensivos agrícolas, e atuou junto à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em favor da aprovação de novas variedades transgênicas.

Macel Caixeta dedicou-se à causa do campo com a mesma determinação com que comandou seus negócios. Apaixonado pelo campo, foi um trabalhador e um empreendedor rural com objetivos claramente focados. Obstinado pelo conhecimento, empreendeu viagens por todo o Brasil e exterior em busca de novas experiências e avanços tecnológicos.

      De sua propriedade rural em Vianópolis, interior de Goiás, tirou um dos mais altos índices de produtividade de trigo por hectare, comparável aos registrados apenas no Canadá.

Filho de agricultor, Macel Caixeta soube dar valor ao estudo desde a infância. Ainda jovem aprendeu a importância do trabalho para a construção do cidadão. De corretor imobiliário passou a proprietário de uma pequena frutaria. Serviu o Exército, trabalhou numa multinacional. Mas, ao herdar uma propriedade de solo fraco e degradado ambientalmente, teve a oportunidade de entrar definitivamente para o setor agropecuário. Macel Caixeta investiu em tecnologia para tornar a propriedade altamente produtiva. Hoje, a Fazenda Vargem e Bicas é um exemplo de produção diversificada e sustentável.

Sempre que falava do seu trabalho, nas entrevistas, palestras e conversas com amigos, Macel Caixeta contava, com orgulho, que transformar uma área semi-desértica em terra fértil e produtiva foi uma experiência única em sua vida.

Este é um dos mais importantes legados de Macel Caixeta: ele provou para todos nós que é possível aliar a produção de alimentos à recuperação e preservação ambiental.

Obrigada, querido amigo Macel Félix Caixeta. Sua determinação e seu espírito de luta continuam presentes, nos guiando na jornada por um Brasil forte, competitivo e justo.

Quero falar aqui em nome de toda a bancada do agronegócio nesta Casa, em nome da Confederação Nacional da Agricultura. Encontra-se presente aqui, neste momento, o Presidente da Federação do Paraná, Diretor Tesoureiro da CNA, Dr. Ágide Meneguette. Em nome de todos os produtores de Goiás e do Brasil os nossos maiores agradecimentos a você, querido amigo, Macel Caixeta. Que você vá em paz, mas continue nos ajudando, de onde estiver a fazer um Brasil cada vez melhor, um Brasil produtivo, um Brasil de excelência na produção de alimentos, um Brasil que será a grande solução do mundo com relação ao preço de comida.

Muito obrigada, Presidente.