Discurso durante a 85ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do Senador Jefferson Péres.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do Senador Jefferson Péres.
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2008 - Página 16441
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JEFFERSON PERES, SENADOR, PESAMES, PERDA, CONGRESSO NACIONAL, SUPERIORIDADE, QUALIDADE, CONGRESSISTA, ELOGIO, CONDUTA, DIGNIDADE, DEFESA, ETICA, LEITURA, TRECHO, DISCURSO, CRITICA, ATUAÇÃO, MEMBROS, LEGISLATIVO, DISPUTA, INTERESSE, PODER, AUSENCIA, BUSCA, INTERESSE NACIONAL.
  • COMENTARIO, SIMILARIDADE, PERDA, BRASIL, MORTE, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • REGISTRO, APREENSÃO, JEFFERSON PERES, SENADOR, SITUAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, ATIVIDADE PREDATORIA, AMBITO NACIONAL, AUSENCIA, EMPENHO, PRESERVAÇÃO, BIODIVERSIDADE, FLORESTA AMAZONICA, FALTA, CONSCIENTIZAÇÃO, CLASSE POLITICA, CRISE, ESTADO.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu querido Presidente e amigo Mão Santa, Srªs e Srs Senadores, o Senado Federal vive hoje um clima de dia seguinte. A sensação é que, nesta segunda-feira, há um vazio ainda maior nos nossos corredores e nos plenários destas Casas. É o primeiro dia sem a presença física e sem os ensinamentos do nosso companheiro Jefferson Péres.

            Hoje, portanto, eu quero me dirigir, de alma e de coração, ao nosso amigo Jefferson Péres; ele, que tratou como ninguém, desta mesma tribuna, de todas as questões mais importantes para a construção de um Brasil independente, democrático, soberano.

            Não é fácil, porque, neste nosso plano de vida, eu estou forçado a falar hoje com os olhos voltados para uma cadeira vazia, para corredores e sala em silêncio. É por isso que, sem disfarçar a minha saudade, sem disfarçar a minha tristeza, mas, principalmente, para me dirigir aos arredores de Deus, eu quero falar para o meu irmão Jefferson Péres olhando para o alto.

            Talvez não seja assim tão difícil, porque, para falar com esse nosso companheiro, amigo e irmão de todas as horas, era necessário olhar, normalmente, para cima, dada a grandeza do seu conhecimento, do seu espírito público, da honradez, da ética e do seu amor ao nosso País. É que éramos nós que nos sentíamos diminutos, diante desse pequeno grande homem, gigante nas suas qualidades.

            Agora, em outro plano, continuo olhando para o alto, porque seres humanos como Jefferson Péres são acolhidos de braços abertos pelo Criador, porque eles O honraram na Terra, e a Sua imagem e a Sua semelhança eles dignificaram.

            Nestes momentos, entretanto, não nego que, às vezes, dá vontade de falar diretamente com Deus; colocar em xeque os Seus desígnios; duvidar até, quem sabe, da Sua infalibilidade. Afinal, por que chamar o Jefferson para a sua companhia, exatamente quando nós mais precisávamos dele? Sem a sua voz, sem o clamar da sua portentosa voz, parece que nos resta um imenso deserto.

            Será que Deus, ao nos levar mais uma referência humana maiúscula, chamou, na verdade, eu vos digo, chamou-nos todos à razão, para que parássemos para pensar?

            De repente, eu me dou conta. Em tão pouco tempo, perdemos dois companheiros desiludidos com a política: em 9 de maio, Arthur da Távola; agora, o Jefferson. Dois homens de bem e a percepção comum de que a política já não é mais caminho para a coletividade, para a busca do bem comum e para, quem sabe, a busca da felicidade.

            Eu fico imaginando sobre o que os dois estarão conversando agora no céu. O que eles estarão discutindo com Ulysses, Covas, Tancredo, Teotônio e tantos outros? Sobre a vida vivida? Gente sofrida? Política falida? Também, de repente, eu, do mesmo modo, me dou conta de que estamos perdendo cada vez mais as nossas melhores referências.

            Eu me consolo, dada a minha fé profunda, porque sei que todos eles estão agora próximos de Deus. Perdemos companheiros que, como eram, nos davam proteção terrena, mas ganhamos muito mais agora, com sua proteção lá no alto. Então, fiel à vontade de Deus, que assim seja.

            Meu caro irmão, companheiro e amigo Jefferson Péres, eu já vivi a dor pela perda de muitos entes queridos próximos de mim, inclusive um filho. São únicas, dores absolutas, incomparáveis, tão profundas que só o tempo é capaz de consolar-nos. Mas esse mesmo tempo que nos consola, à medida que avança, torna recorrente e repetitiva, cada vez mais, a dor pela perda do irmão, principalmente do irmão que escolhemos, gerado e desenvolvido no mesmo útero da ética, da dignidade, da solidariedade e do amor ao próximo.

            Irmão, porque verdadeiramente éramos fraternos. Não importa a idade. Existem irmãos que parecem sempre ser mais velhos, não por eventuais rugas ou rusgas, mas pela sabedoria, pelos bons conselhos, pela proteção intelectual, pelos bons ensinamentos, pela orientação, pelas referências. Aqueles que nós invocamos sempre nos nossos momentos de incerteza.

            Nessa vida passageira, meu caro Jefferson, irmão mais velho, não na idade, mas na sabedoria, viveste conosco quando a nossa estada, quando esta Casa, quando o Congresso Nacional estava vivendo horas muito difíceis. E nesta tua vida de passagem, tu te esforçaste, Jefferson Péres, como poucos, para ajudar as consciências móveis nos seus devidos lugares.

            Não te deixaste cair em tentações. Livraste-nos de tantos males que ocupavam as prateleiras das mentes empoeiradas pela corrupção e pela falta de ética.

            Eu nunca te vi adjetivar, quando o assunto era apenas substantivo. Foi assim, por exemplo, no Conselho de Ética, quando a pauta era a conduta do Presidente do Congresso.

            Eu nunca te vi também embevecido ou hipnotizado pelas tentações dos holofotes. Bastava-te, unicamente, Jefferson, a luz dos fatos. Preferiste guiar-te tão-somente por ela e estendeste essa mesma luz sobre nós, embora, contra a tua vontade manifestada sem receios, a tenhamos apagado, muitas vezes, em votações secretas, movidas, aí sim, pela conduta merecedora dos piores adjetivos.

            Nesse nosso time, perdemos muito com a tua partida, nosso grande companheiro de defesa. Foi assim, por exemplo, quando fomos juntos ao Supremo Tribunal Federal para fazer valer o direito de instalar comissão parlamentar de inquérito, embora tantos fatos determinados e números de assinaturas regimentais.

            Quem sabe, o time inteiro tenha perdido uma espécie de líbero. Sim, quem sabe, talvez o time inteiro tenha perdido o seu líbero, que preenchia as nossas lacunas quando íamos para o ataque, se pressionados pela barbárie, ou quando nos voltássemos para a defesa institucional, principalmente se o jogo de interesses nos colocava na zona de rebaixamento da credibilidade popular.

            Repartíamos também muitas das manifestações recebidas. Quantas foram as mensagens enviadas por cidadãos brasileiros de todos os cantos e recantos deste País, que nos solicitaram dividir contigo as manifestações de carinho e reconhecimento! Não deu tempo de repassar para ti, mas, a propósito e a título de exemplo, porque são muitas, às vésperas da última viagem, recebemos mensagem em que o remetente versa sobre a situação atual do País, mostra-se também desiludido com os rumores da política brasileira e termina dizendo: “Mas sou seu admirador tal como sou de Jefferson Péres e desejo a Jefferson Péres muita força, muita saúde na sua longa caminhada”. Quando recebi, Jefferson já tinha partido.

            Pena que partiste tão cedo para as nossas necessidades, mas eu te rogo agora que continues a nos inspirar na continuidade dessa nossa caminhada.

            Tu, Jefferson, não eras de muitas palavras - o suficiente para orientar as nossas ações. Teus apartes completavam as nossas idéias e aprimoravam os nossos pronunciamentos.

            Algumas vezes, se necessário, desmontavam por completo o pensamento dos que pensavam diferente de ti, exatamente porque tu não eras de meias palavras.

            Neste mesmo plenário e na Comissão de Constituição e Justiça representavas para todos nós uma verdadeira enciclopédia jurídica.

            Em teu último discurso, Jefferson, neste plenário, sobre a Amazônia, quando nós manifestávamos preocupação com a cobiça internacional sobre a nossa mata, sobre o nosso rio, sobre a nossa biodiversidade, tu foste taxativo: “O meu maior temor é a cobiça nacional”.

            O suficiente para entendermos que as seqüelas da sanha nacional sobre a Amazônia é que motivam e se transformam em motes para os interesses internacionais. Que se não fizermos a lição de casa neste momento da nossa história, será diferente, no futuro, a nossa geografia.

            Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, a maior homenagem que nós podemos prestar ao nosso companheiro, amigo e irmão Jefferson Péres é seguir os seus exemplos, é não ficarmos apenas na lembrança formal e oficial, por maior que seja a emoção que ela nos provoque. O Senador Jefferson Péres, para quem o conheceu tão bem como nós, não iria nos perdoar, não aceitaria. Não podemos permitir que sua passagem para um outro lado se transforme em regozijo para os que se locupletam com o dinheiro público. O mesmo recurso que falta nas filas dos hospitais e na escuridão do analfabetismo, como tão bem denunciado por Jefferson Péres desta mesma tribuna.

            Bem fará o Presidente Garibaldi, ao cumprir sua promessa feita lá em Manaus, na frente de sua viúva, de editar as idéias e os projetos de lei do Senador Jefferson Péres. Pelo menos para os que contarão a história no futuro um registro de quem a fez. E que a viveu intensamente. Para que as prateleiras das bibliotecas deste País substituam esta tribuna, porque suas idéias não passarão. A defesa da ética e da democracia viverá para sempre.

            Não sei se ele deverá ser lembrado também, com o seu nome, em alguma parede das nossas alas ou salas. Quem sabe o “túnel do tempo”, por onde ele desfilava, diariamente, do gabinete à tribuna, entre outros personagens imortalizados à nossa história.

            Quem sabe pudéssemos colocar o seu nome junto ao Senador Josaphat Marinho na sala da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, porque essa foi a trilogia que marcou a presença de ambos entre nós.

            Quem sabe ele não queira o seu nome em nenhuma de nossas paredes. Em nenhuma de nossas paredes! Neste caso, talvez devamos invocar o seu perdão, para relevar a sua desilusão pela política, e reconhecer o seu respeito e o seu amor por esta Casa.

            Quem sabe possamos, então, invocar o seu nome sempre que houver uma parede que, eventualmente, nos separe da Constituição, da justiça e da cidadania.

            Quem sabe possamos dar-lhe a nossa melhor resposta ao seu desencanto com a política, mudando os mesmos procedimentos que ele tanto criticou desta tribuna. Ainda ecoa, Sr. Presidente, entre nós, um dos seus mais lembrados discursos:

 “O meu desalento é profundo. Deixo isso registrado nos Anais do Senado Federal. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos - pouco me importa. Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente desencantado com ela”.

             

             E continuava:

“Há uma profunda crise do Estado brasileiro, e a classe política parece não se conscientizar disso. A crise do Brasil é muito grave, porque não é algo comum, não acontece em outros países mais pobres até do que nós. Se acontece aqui, alguma coisa está profundamente errada e tem de se corrigida.

Nós perdemos a visão de longo prazo. Não temos um projeto de nação, não temos um projeto estratégico. A classe política se digladia com coisas menores, pequenas, numa disputa simplesmente de poder”.

            Essa foi a última lição de Jefferson Péres. Essa é a nossa missão.

            Neste momento, eu não gostaria de estar pronunciando este discurso. Gostaria de estar discutindo com ele os grandes temas nacionais, aprendendo com ele.

            A partida do Senador Jefferson Péres, não nego, também nos contamina com seu desalento. Eu também comungo da sua avaliação de que a crise no Brasil é muito grave. Como ele, eu não percebo a existência de um projeto de nação para o Brasil, nem mesmo de um projeto estratégico. Como ele, eu também sinto que a classe política se digladia com coisas muito pequenas, muito vulgares, meras disputas de poder.

            Não era hora de ele partir. Ele poderia, pelo menos uma vez, ter perdido o trem da história. Que falta ele nos vai fazer! Que falta, sim, nos fará Jefferson Péres.

            Eu estava em Porto Alegre, Sr. Presidente, para onde fui correndo por um problema delicado que a minha irmã Salem teve - graças a Deus, ela está fora de perigo -, chegava em casa de madrugada quando me telefonou a CBN.

            “Senador, o senhor pode falar conosco?” “Pois não.” “O que o senhor acha da morte de Jefferson Péres?” Levei um susto, pois não tinha nem idéia. Tinha assistido, na quarta-feira, do hospital, o seu pronunciamento desta tribuna sobre a Amazônia, pronunciamento aliás excepcional, seu último pronunciamento.

            Realmente foi um choque. O Jefferson, baixinho, meu vizinho nesses doze anos em que ele está em Brasília - eu estou há 25 anos -, no mesmo edifício, na mesma entrada. Todas as manhãs, ele caminhava e, cada vez que me encontrava, me cobrava: “Ô Pedro, você tem de caminhar, você está errado”. Não fumava, não bebia, não comia carne nem de galinha, só peixe; magro, franzino. Era um homem que não se empolgava da tribuna, era sereno, tranqüilo, dizia o que tinha a dizer sem elevar a voz, não tinha problema nenhum de coração. V. Exª, que é médico, se fosse indicar a algum colega nosso o que fazer para não ter problema de coração, mandaria fazer tudo aquilo que o Jefferson Péres fazia.

            Destino é destino, Sr. Presidente. Meus patrícios árabes dizem “Maktub”, “está escrito”. E estava escrito. Tranqüilo, levantou-se, fez a barba, vestiu-se e disse para sua senhora: “Estou me sentindo mal, tenho uma dor no peito”. Quando ele falou em dor no peito, ela saiu correndo para chamar um médico. Foi uma morte instantânea.

            Sempre ouvi dizer, Sr. Presidente, que o enfarte é perigoso e fatal em jovens com mais de 40 anos. Quando a pessoa tem mais de 60 anos é menos fatal o resultado. Pois nele foi fulminante.

            Jefferson Péres é uma das figuras que temos de analisar com profundidade. Lembro-me daquele momento em que alguém se referiu a ele dizendo que sua esposa trabalhava em seu gabinete. E ele, na tribuna, não mais do que em dois minutos, disse: “Ora, alguém disse que foi feito referência a mim. Eu não entendi assim. Mas quero dizer que minha esposa trabalha no meu gabinete realmente durante um expediente, porque ela atende ao pessoal que vem me procurar, pois ela tem mais tranqüilidade, mais serenidade, mais simpatia do que eu. Mas ela não é minha funcionária, ela não ganha nem um centavo, nem de mim nem do Senado”. Esse era Jefferson Péres.

            A última matéria dele publicada nos jornais de sexta-feira era uma declaração com relação ao fato de que íamos ter condições de nomear mais um assistente com R$9.900,00 mil por mês. E ele dizia no jornal: “Mas para quê? Por que vamos nomear mais um assistente? Já temos funcionários mais do que o normal. Para que mais um?” Esse era Jefferson Péres.

            Interessante no seu enterro, sua esposa com uma capacidade de resistência emocionante. Seus três filhos são três pequenos Jefferson Péres: mesma altura, mesma fisionomia, magrinhos e sisudos, os três. Que beleza ver ali; que beleza ver o outro lado, o pai, o Jefferson, o marido. Sua sogra, velhinha, de 95 anos, dizia com dor: Ele era meu filho. Eu via ele igual à minha filha”.

            Uma coisa interessante, Sr. Presidente: eu não me lembro de ter visto Jefferson Péres com uma fisionomia tão tranqüila, tão serena, tão calma como a que apresentava dentro do caixão. Parecia que ele estava dormindo. Era um homem que tinha ido tranqüilamente para o outro lado, ainda que pego de surpresa, ainda que não tenha podido se despedir de quem quer que fosse. Mas sua serenidade, sua feição era a de um homem de paz; a de um homem que estava tranqüilo, a de um homem que estava preparado para enfrentar a humanidade.

            Depois de o arcebispo dar a bênção, o filho pediu, por favor, que todos se retirassem para que eles pudessem, por uns cinco minutos, se abraçar em torno do pai. Um dos filhos recebeu a notícia lá, recém-chegado nos Estados Unidos, e vinha correndo. Deu para sentir que aquele era um lar feito na base da estatura moral: dele e de sua esposa.

            E eu que vi o Jefferson Péres na sua dureza, na sua frieza, na sua forma de falar, eu me impressionei muito, Sr. Presidente. Andando pelas ruas de Manaus, vi o povo todo na rua, chorando, dando adeus e aplaudindo Jefferson Péres. Realmente, impressionou-me o carinho e o afeto que aquele povo tinha por ele.

            Eu já havia falado para várias pessoas que, daqui a três anos, iríamos a Manaus exigir que o Péres fosse candidato, forçar a candidatura dele. Sinceramente, não sei se teríamos êxito. Personalidade forte e firme a de Jefferson Péres. Eu tinha muito carinho por ele, tinha muito respeito. Ele me impressionava por sua serenidade.

            Eu tinha uma inveja, uma inveja cristã - acho até que não era pecado: olhava para ele, e ele, em cinco frases, dizia tudo o que queria dizer. Eu falava uma hora e dizia a metade do que achava que queria dizer. Em cinco frases, ele dava sua determinação, e o resto poderia ir atrás, porque era aquilo. Isso é genialidade! Isso é fora do comum.

            Imagino como seria este Brasil com Cristovam como Presidente e Jefferson Péres como Vice-Presidente. Seria realmente algo de muito importante.

            Muito obrigado, Jefferson Péres, pela tua presença, pela tua palavra, pelo teu carinho, pelo teu afeto, pelo que tu fizeste por nós. Infelizmente, mais uma vez, eu tenho que dizer: parece que Deus está a selecionar os melhores, tirando-os do nosso convívio. Tu foste demais, porque tu não eras apenas o melhor, mas tu tinhas a capacidade de apontar caminho. Tu falavas, na hora exata, no momento exato, para que muitos te seguissem, aceitando o teu conselho, a tua orientação. Outros, batessem no peito e reconhecessem que estavam errados.

            Meu querido Jefferson, obrigado por teres existido. Como eu me arrependo, Jefferson, de não ter convivido ainda mais contigo. Homem sério, quieto, calado, passava sempre com seu espírito superior. Tu foste um grande homem, um grande espírito, um grande cidadão. Podemos dizer, tranqüilamente, que tu praticamente tinhas a perfeição: não tinhas ódio, não tinhas inveja, não tinhas ambição, não tinhas vaidade; tu eras o que eras; tu punhas tudo o que és no mínimo que fazias, e esse tudo era honradez, era seriedade.

            Foi muito grato para mim ter convivido contigo, Jefferson. Tu me fizeste muito bem. E, por isso, é imensa a saudade que eu sinto por ti.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2008 - Página 16441