O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de externar os nossos sentimentos, as nossas condolências à família do Senador Jefferson Péres.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Raupp, peço-lhe permissão para prorrogar a sessão, que regimentalmente termina às 18h30, por mais uma hora.

            Tenhamos em mente a oratória sintética do nosso saudoso Senador Jefferson Péres, e todos falarão.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) - Mais uma vez, Sr. Presidente, queremos externar os nossos sentimentos à família do Senador Jefferson Péres, à Srª Marlídice Péres, ao Ronald, Roger e Rômulo, seus filhos, e a todos os seus familiares e amigos.

            Sr. Presidente, por mais que se saiba que a morte é inevitável, há situações em que ela choca e sensibiliza mais do que o habitual. Quando inesperada, ela, de certo modo, atraiçoa projetos, planos e expectativas, deixando um vazio que demorará muito para ser superado. O falecimento de Jefferson Péres deixa-nos assim: surpreendidos e com a dolorosa sensação de orfandade.

            Não creio ser necessário repetir o que todos já disseram e, certamente, haverão de dizer. Não é preciso reiterar a retidão de caráter, a coerência no pensar e agir, a firmeza na defesa de princípios que fizeram de Jefferson Péres uma pessoa muito especial.

            Desnecessário enfatizar a coragem cívica, o desprendimento material e a nitidez com que expunha e defendia seus pontos de vista. Tudo isso era de conhecimento de todos.

            O que gostaria, Sr. Presidente, de dizer em meu nome e no de toda a Bancada do PMDB, que tenho a honra de liderar nesta Casa, é que o percurso de Jefferson Péres pela vida pública, não tendo se notabilizado pela longevidade nem pela multiplicidade de cargos exercidos, fincou raízes sólidas.

            Duas vezes Vereador em sua Manaus e duas vezes Senador da República, aqui trazido pela decisão livre e democrática dos amazonenses, ele se agigantou na luta incessante pela ética na política. Benesses do poder nunca o atraíram. Ao contrário, demonstrou invejável altivez na censura em aceitar decisões que pudessem atropelar seu senso de justiça e seus princípios morais. Paladino de causas justas, jamais permitiu que a emoção se sobrepusesse à razão. Em tempos marcados pelo domínio absoluto das imagens sobre as palavras, com a sociedade do espetáculo ditando até mesmo as normas conducentes da atividade política, Jefferson optou pelo comedimento e pela firmeza.

            Sem ter sido um orador que arrebatava multidões, sem fazer uso de inflamada retórica, impunha-se pela respeitabilidade. Afirmava-se pelo conteúdo, nunca pela preocupação formal.

            Sério, sem a sisudez enganosa, foi grande em tudo o que fez. Sabia dos riscos de uma sociedade posta à deriva pela flexibilidade ética e moral. Devotou-se à denúncia desse tipo de descaminho, não fazendo concessões ao poder estabelecido, seja ele quem fosse, nem às correntes da opinião pública consideradas majoritárias.

            Jefferson Péres amou a Amazônia. Fez de seus mandatos também um instrumento de defesa de sua terra e de sua gente. Acima de tudo, porém, lutava por uma Amazônia plenamente integrada ao Brasil com que sempre sonhou: ético, justo e menos desigual.

            Penso haver um único meio para homenagear Jefferson Péres. Mais do que reconhecer a importância e o significado de sua passagem por esta Casa, o que se espera de todos nós é sermos dignos de seu exemplo. Dignificar o legado de Jefferson Péres acaba por ser a confirmação do mais elevado sentido da política: a ação em prol de todos, o compromisso com o bem comum, o gesto de amor pela sociedade.

            Que sejamos, Sr. Presidente, dignos de seu exemplo e de suas lições!

            Muito obrigado.