O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, em primeiro lugar, como não estive ontem aqui, eu gostaria, a exemplo do que fizeram outros colegas, de fazer referência ao falecimento do Senador Jefferson Péres.

            Ontem, estive acompanhando o Presidente Lula nos diversos atos tão positivos que ocorreram no BNDES, no fórum organizado pelo ex-Ministro João Paulo dos Reis Velloso, também no anúncio dos navios que passarão a ser construídos, sobretudo por iniciativa da Petrobrás, e na inauguração do Quarteirão da Saúde, em Diadema. Como estive acompanhando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não pude estar presente quando grande parte dos Senadores homenagearam o Senador Jefferson Péres.

            Estive em seu velório e quero aqui dizer a toda a sua família, à Srª Marlídice e a seus filhos, que o Senador Jefferson Péres continuará sendo para nós uma luz do bom caminho a seguirmos. Ele foi um exemplo extraordinário para todos nós, pela maneira como agia, pela correção com que sempre procurava defender o interesse público, o povo da Amazônia. Em todas as comissões das quais participou, sempre fez pronunciamentos os mais lúcidos com respeito ao seu saber jurídico, econômico, mas, sobretudo, pela qualidade e seriedade de sua postura ética, o Senador Jefferson Péres será para nós um caminho sempre a ser lembrado.

            Vou ainda me pronunciar, de forma mais prolongada, no dia em que todos nós estivermos realizando uma sessão de homenagem especial à sua memória, ao seu exemplo.

            Gostaria, Sr. Presidente, de aqui transmitir a todos uma carta, que ontem mostrei ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como ao Ministro Franklin Martins e à Ministra Marta Suplicy. Trata-se de carta de uma poetisa de setenta anos, a Srª Francisca Cavalcanti de Araújo, de Paranapiacaba.

            Uma poetisa que, em “Vila Mágica”, diz:

Aqui a vila é mágica

A vila aparece

E desaparece

Tem dia que você vê o morro

Tem dia que você não vê nada

Parece o grande caldeirão

Que você põe para esquentar

E a fumaça vem

Para a vila apagar

Tem bruxa no pedaço

Com sua vara de condão

E põe fogo no fogão

A fumaça aparece

A vila desaparece

Como num passe de mágica

O morro a sumir

A fumaça a perseguir

O dia não passa

Nem as horas

Só fica a fumaça

Na cidade mágica.

            Justamente a Srª Francisca Cavalcanti de Araújo enviou-me uma carta, que mostrei ao Presidente e estou encaminhando ao Governador José Serra e ao Secretário Mauro Arce, que amanhã recebe o Prefeito de Santo André, onde fica a Vila de Paranapiacaba, e o Prefeito Kiko, de Rio Grande da Serra, para considerar a possibilidade de o trem voltar a funcionar no trecho que vai de Santo André a Paranapiacaba.

            Diz a Srª Francisca Cavalcanti de Araújo:

Prezado senhor, como falei para o senhor sobre a nossa situação na Vila, moro aqui há muitos anos. Aqui era vila de primeiro mundo, pois tínhamos o trem que vinha de São Paulo até a nossa vila.

Hoje estamos aqui com um transporte ruim, pois temos um ônibus que sai da Vila e vai até Santo André, outro ônibus que sai de Rio Grande da Serra e vem até Paranapiacaba. As passagens são muito caras, pois somos pobres. Além do mais, esses ônibus vivem sempre quebrados, demoram muito, os passageiros ficam, às vezes, mais de horas esperando no frio e na neblina molhada. Estamos sofrendo muito, muito.

O que eu peço para nós aqui: a solução seria o trem. Eu não entendo. O trem vem até Rio Grande da Serra. Mais uma estação, é Paranapiacaba.

            Peço, por caridade, e por nós, que somos pobres, pois às vezes não temos dinheiro para mandar as crianças ir às escolas...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Em um minuto concluirei, Sr. Presidente.

...pois às vezes não temos dinheiro para mandar as crianças ir às escolas estudar algum curso. Para trabalhar é difícil, pois quando fazem a ficha para emprego e colocam que moram na Vila, a firma não aceita.

Por favor, por amor aos brasileiros que sofrem, peço que o senhor estude um meio e mande o trem para a Vila Paranapiacaba, pois a solução para os nossos problemas seria a volta do trem.

Aqui também é uma vila turística. Com a vinda do trem viria mais turista para a Vila, pois o comércio iria melhorar muito. Quem não gostaria de descer a serra de trem para Santos? Pois é um passeio maravilhoso.

Se o trem voltar, e creio que volte, pois é um meio de transporte que todos gostariam de usar. Já pensou descer a serra pra Santos? Pois se o trem voltar, espero que volte, isso aqui será a oitava maravilha do mundo. Pois estamos contando com sua ajuda. Tenha piedade e amor à nossa gente que sofre.

Espero que faça essa caridade, que torne realidade o meu sonho. É de todos da Vila Paranapiacaba.

Francisca Cavalcanti de Araújo.

Obrigado. Obrigado.

            Espero que o Secretário de Transportes, Mauro Arce, o Governador José Serra, o Presidente Lula e a Ministra do Turismo, Marta Suplicy, possam analisar a viabilidade, inclusive com o Instituto do Patrimônio Histórico, e fazer voltar o trem, atendendo ao pedido da população, expresso tão bem pela poeta Francisca Cavalcanti de Araújo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.