Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a crise que atinge a economia mundial, elogiando a política econômica adotada pelo Banco Central Brasileiro para o enfrentamento das dificuldades econômicas internacionais.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Considerações sobre a crise que atinge a economia mundial, elogiando a política econômica adotada pelo Banco Central Brasileiro para o enfrentamento das dificuldades econômicas internacionais.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2008 - Página 16949
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, RELATORIO, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), ANALISE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, PREVISÃO, REDUÇÃO, INDICE, CRESCIMENTO, OCORRENCIA, INFLAÇÃO, PREÇO, PETROLEO, ALIMENTOS, DIFICULDADE, POLITICA MONETARIA, PREJUIZO, BANCO ESTRANGEIRO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), GESTÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, DEMONSTRAÇÃO, RESISTENCIA, ECONOMIA NACIONAL, MELHORIA, CLASSIFICAÇÃO, RISCOS, INVESTIMENTO, BRASIL, REGISTRO, GARANTIA, CONTROLE, INFLAÇÃO.

O SR. ROMERO JUCA (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, a crise que atinge a economia mundial, deflagrada com o aumento da inadimplência das hipotecas de risco nos Estados Unidos, se alastrou pelos mercados mundiais e tem provocado prejuízo de bilhões de dólares a grande número de bancos e aos principais mercados de ações.

            “A economia mundial entrou em um território novo e precário”, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), no mais recente relatório denominado Panorama Econômico Mundial.

            O crescimento da economia mundial deverá cair de 4,9%, em 2007, para 3,7%, em 2008, com a crise financeira global, a maior crise desde a Grande Depressão de 1929, e com o choque dos preços das commodities, com graves reflexos inflacionários e conseqüências sociais e políticas muito graves, principalmente para os países mais pobres.

            Diversos fatores contribuíram para chegarmos à atual conjuntura econômica, destacando-se o crescimento acelerado das economias emergentes, que contam com enormes massas de capital não produtivo gerando especulação.

            Muitos e elevados riscos continuam a rondar a economia mundial: aumento dos níveis de inflação em grande número de países, deterioração das finanças públicas e privadas, possibilidade de um novo choque do petróleo e possibilidade de desabastecimento na área de alimentos, em decorrência da especulação.

            São grandes as dificuldades para administrar a política monetária frente a um severo choque de preços das commodities, tanto para países ricos como para países em desenvolvimento.

            Trata-se se crise de largas dimensões, e não de mera crise financeira conjuntural. A economia real foi duramente atingida, em todo o mundo, com o surgimento de condições negativas, como a redução do ritmo de crescimento da economia mundial e o recrudescimento de pressões inflacionárias.

            O aumento exagerado do preço do barril do petróleo, que já ultrapassou o patamar de 120 dólares, demonstra claramente a possibilidade de um novo choque do petróleo, semelhante ao ocorrido no início da década de 70.

            O Diretor-Gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que “o pior da crise financeira surgida nos Estados Unidos já passou, mas que seus efeitos continuarão sendo percebidos na economia durante vários trimestres”.

            As perdas de ativos de grandes bancos e empresas ligadas ao setor financeiro giram em torno do trilhão de dólares. Os bancos espanhóis já perderam mais de doze bilhões de euros.

            Estamos vivendo um ambiente que nos faz lembrar aquilo que o saudoso Professor John Kenneth Galbraith denominou de “A Era de Incerteza”.

            O Presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, afirmou que “os bancos comerciais e as demais instituições que atuam no setor financeiro precisam reforçar sua capacidade de detectar e de se proteger de riscos e crises. Melhorias dos bancos na gestão de risco vão gerar um sistema financeiro mais estável ao tornar as empresas mais resistentes a choques”.

            Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,

            O Banco Central do Brasil adotou o sistema de metas de inflação e vem administrando a política monetária de forma bastante responsável, o que nos têm possibilitado enfrentar as atuais dificuldades econômicas internacionais com menores riscos.

            A economia brasileira tem demonstrado elevado grau de resistência a esses choques externos, apresentando crescimento sustentável ao longo dos últimos quatro anos, expansão da massa salarial, maior desenvolvimento industrial, aumento do investimento produtivo, redução do desemprego e crescimento das reservas em moeda estrangeira.

            A melhoria do equilíbrio macroeconômico da economia brasileira muito se deve à política de austeridade adotada pelo Banco Central do Brasil, que vem monitorando de forma rígida e permanente o comportamento dos preços internacionais e da economia brasileira.

            O Comitê de Política Monetária (Copom) orienta suas decisões com base em um conjunto de elementos e variáveis, compreendendo os níveis de atividade econômica e de preços.

            A demonstração cabal de que o Brasil está adotando uma política econômica adequada e responsável pode ser atestada pelo grau de investimento que o País recebeu recentemente de uma das mais importantes agências internacionais de classificação de risco.

            Na mesma linha de melhoria do desempenho da economia brasileira, podemos verificar que o Brasil viu ser elevada sua posição relativa na classificação de competitividade internacional: o País subiu seis degraus, passando da 49ª posição para a 43ª, conforme o Institute of Management Development, de Lausanne, na Suíça.

            Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,

            O Relatório de Inflação publicado trimestralmente pelo Banco Central do Brasil representa um importante instrumento de avaliação do desempenho do regime de metas de inflação e análise do cenário prospectivo do comportamento dos preços na economia nacional e internacional.

            O estudo acurado e sistemático do nível de atividade econômica, dos preços, das políticas creditícia, monetária e fiscal, da economia internacional, do setor externo e das perspectivas da inflação, tudo isso nos dá a segurança de que o Banco Central do Brasil está cumprindo fielmente sua missão primordial de guardião da moeda.

            A manutenção da inflação dentro da meta proposta tem sido uma tarefa exercida com grande proficiência pelo Banco Central.

            Isso nos dá a garantia de que a economia brasileira pode ingressar num ciclo de desenvolvimento sustentável, de longo prazo, sem cair nas antigas armadilhas de dar um passo a frente e dois atrás.

            Quero, neste momento, me congratular com toda a Diretoria e com o corpo de servidores do Banco Central, na pessoa do Presidente Henrique Meirelles, que tem realizado um trabalho competente, paciente e muitas vezes não entendido até mesmo por aqueles que são os primeiros beneficiários de uma economia estável e dinâmica.

            Tenho plena convicção de que o Senado Federal continuará a dar todo o apoio à política executada pelo Banco Central, que nos permite realizar um planejamento de longo prazo, gerando mais emprego e maior crescimento, em benefício de nosso desenvolvimento econômico e social.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2008 - Página 16949