Discurso durante a 86ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia da Indústria Brasileira.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Comemoração do Dia da Indústria Brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2008 - Página 16659
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, INDUSTRIA, DUPLICIDADE, CENTENARIO, LIBERAÇÃO, FABRICA, BRASIL, PERIODO, COLONIA, ANIVERSARIO, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), ELOGIO, JOÃO TENORIO, SENADOR, INDUSTRIAL, BENEFICIAMENTO, COCO, ESFORÇO, CLASSE PRODUTORA, PRESIDENTE, FEDERAÇÃO, TRABALHADOR, SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, GRUPO ECONOMICO, INDUSTRIA, COMENTARIO, HISTORIA, POLITICA INDUSTRIAL, BRASIL, REGISTRO, DADOS, ATUAÇÃO, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), ELOGIO, UNIÃO, FEDERAÇÃO, Amazônia Legal, BUSCA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente, Senador João Tenório, autor do requerimento desta Sessão Especial para homenagear os duzentos anos da Indústria Brasileira e os setenta anos da CNI. E é, Senador João Tenório, com satisfação que V. Exª preside nesse instante esta sessão que transcorre em função do seu requerimento, porque V. Exª é um grande representante da indústria brasileira, um grande industrial tanto na sua terra quanto em vários Estados e no meu querido Estado do Pará, onde possui a maior plantação contínua de coco do mundo. É importante que isso seja registrado.

Em relação à pecuária, diz-se que, do boi, se perde só o mugido. O Senador João Tenório fez o coco não perder nada, porque ele industrializa a polpa, industrializa a água, industrializa a fibra e industrializa a casca, ou seja, é melhor ainda do que a pecuária, porque, como o coco não muge, não se perde nem o mugido, aproveita-se tudo. Parabéns, Senador João Tenório.

Meu caro amigo Deputado Federal Armando Monteiro, V. Exª, que tão bem dirige a Confederação Nacional da Indústria, representa os interesses do setor industrial brasileiro e, mais do que isso, à frente da CNI, defende os interesses da Nação brasileira. A CNI tem a missão corporativa de defender a indústria, mas também a missão de responsabilidade social, de lutar pelo crescimento e pelo desenvolvimento econômico e social do nosso País.

Exmo Ministro, nosso amigo, Guilherme Palmeira, Ministro do Tribunal de Contas da União; Dr. Carlos Ermírio de Moraes, Presidente do Conselho da Votorantim Participações, quero, através de V. Sª, deixar aqui as minhas homenagens a José Ermírio de Moraes e Antonio Ermírio de Moraes, ícones da indústria brasileira. Eu tive a honra de, juntamente com o Senador João Tenório, subscrever o projeto de resolução que institui o Diploma José Ermírio de Moraes, destinado a agraciar personalidades de destaque no setor industrial que tenham oferecido contribuição relevante à economia nacional, ao desenvolvimento sustentável e ao progresso do País. Leve ao nosso amigo Antonio Ermírio de Moraes os nossos cumprimentos e a nossa homenagem. Exmo Sr. Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Dr. Ivan Ramalho; Dr. Paulo Okamotto, Presidente Nacional do Sebrae, quero saudar a todos os meus companheiros.

Esta sessão, Presidente Armando Monteiro, é mais do que uma sessão especial do Senado. Sinto-me em casa, falando para os meus amigos e meus companheiros de décadas de luta pelo desenvolvimento da indústria brasileira.

E saúdo, em seu nome, companheiro Armando Monteiro Neto, todos os industriais do País. Lembro, também, os companheiros que, nas duas últimas décadas, presidiram a CNI, como o nosso ex-Senador e hoje Deputado Albano Franco, nosso ex-Senador Fernando Bezerra, nosso querido Mário Amato, mesmo que interinamente, nosso querido Carlos Eduardo Moreira Ferreira, e hoje S. Exª, Armando Monteiro Neto. Em nome de todos, saúdo aqueles que fazem a indústria brasileira. Em nome do meu companheiro José Conrado Santos, Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará, saúdo a todos os Presidentes de todas as Federações de todos os Estados do Brasil.

Sr. Presidente João Tenório, sei do trabalho, do esforço que esses abnegados industriais realizam em cada um de seus Estados, assim como a CNI, no sentido de desenvolver o setor que representam, juntamente com os governos e com a sociedade, lutando pela melhoria da qualidade de vida e pelo desenvolvimento econômico de cada uma das unidades da Federação brasileira. Em seu nome, Conrado, quero homenagear a todos os Presidentes de todas as Federações de Indústrias do Brasil. Dessa forma, homenageio também, apesar de não estar aqui, o trabalhador, pois não haveria indústria se não houvesse o industriário, não haveria indústria se não houvesse o trabalhador. Em nome do Presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria do meu Estado, o Estado do Pará, o amigo José Jacy Ribeiro Aires, neste dia em que homenageamos a indústria brasileira, também presto uma homenagem àqueles que fazem as máquinas produzirem, àqueles que ajudam a desenvolver o País, que são os trabalhadores na indústria.

Finalmente, saúdo, em nome do amigo e companheiro Flávio Castelo Branco, que é colaborador da CNI, todos os colaboradores da Confederação Nacional da Indústria e das Federações das Indústrias de todos os Estados brasileiros, não apenas os das Federações e da CNI, como também dos órgãos a elas vinculados: Sesi, Senai e IEL.

Presidente Armando, face à grandeza dos pronunciamentos dos oradores que me antecederam e que fizeram um histórico da evolução da indústria ao longo desses duzentos anos, vou falar mais da CNI. Vou falar rapidamente da evolução da indústria, mas vou abordar o trabalho que a CNI desenvolve pelo Brasil ao longo de seus setenta anos de vida.

O Grupo Votorantim completa noventa anos. Bem antes da CNI, ele já existia. Essa é uma prova da robustez do Grupo e também da necessidade da criação da CNI, para que defendesse, de forma conjunta, os interesses de pequenas, médias e grandes indústrias.

No dia 25 de maio próximo passado, comemorou-se o Dia da Indústria.

Hoje, percebe-se uma certa banalização das datas comemorativas, tal a profusão delas e o fato de existirem muitas que são pouco representativas. Mas esta, o Dia da Indústria, é uma das que merecem um destaque especial. O fato é que não se pode negar a importância da indústria na economia de qualquer país, além do papel preponderante na geração de emprego e renda para os profissionais.

A atividade industrial é o motor para o desenvolvimento de qualquer nação que queira figurar entre as mais modernas do mundo.

No caso brasileiro, sem sombra de dúvida, ela é a responsável direta pela inserção do País no conjunto dos principais atores do mercado internacional.

Neste ano de 2008, comemoramos os duzentos anos do efetivo início da industrialização nacional. Nos países hoje conhecidos como mais desenvolvidos, a indústria começou a surgir no século XVIII, com a Revolução Industrial. Porém, no Brasil, ela só se tornou representativa efetivamente no Governo de Getúlio Vargas. É nesse Governo que vimos florescer uma política industrial de peso, ainda que muito dependente do Estado.

Foram feitos investimentos consideráveis na indústria de base e em energia. Surgiram nessa época: o Conselho Nacional de Petróleo (1938); a Companhia Siderúrgica Nacional (1941); a Companhia Vale do Rio Doce (1943); e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945). A essa altura dos acontecimentos, já tinha lugar um grande êxodo rural, e o aumento da população urbana refletiu significativamente no mercado consumidor.

Além disso, a II Guerra Mundial alterou profundamente o mercado a nosso favor, pois as dificuldades apresentadas no comércio internacional favoreceram a implantação de indústrias no País, devido à falta de concorrência estrangeira.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados Federais, é nesse cenário que nasce a maior entidade representativa do setor produtivo. A CNI (Confederação Nacional da Indústria), que completa, em 2008, setenta anos de fundação, é a principal voz da indústria brasileira. E também, por tabela, por incrível que possa parecer, é a voz do trabalhador brasileiro, que tem nela sua principal entidade que privilegia o desenvolvimento do setor produtivo, a competitividade dos produtos brasileiros no mercado nacional e internacional e a qualificação e geração de empregos para a população. Hoje, a CNI e a indústria brasileira lutam e atuam em favor não apenas do crescimento econômico, mas, sim, do desenvolvimento como um todo, com melhores índices de educação, saúde, qualidade de vida e investimentos em infra-estrutura, energia e na proteção do meio ambiente.

Em 12 de agosto de 1938, surgia a CNI, a partir da criação da Confederação Industrial do Brasil, datada de 1933. Era uma iniciativa de quatro federações de indústrias que já contavam com um considerável parque industrial: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

No cenário de expansão, percebeu-se um entrave, até hoje um dos grandes desafios do setor produtivo: formar e qualificar mão-de-obra.

A industrialização, puxada principalmente pelas indústrias de base, era o cenário favorável para a entidade lançar, em 1942, o Serviço Nacional de Aprendizagem Social (Senai), e o Serviço Social da Indústria (Sesi), em 1946. Em 1969, somaria a essas entidades o Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

O nome do Instituto é uma homenagem ao homem que, ao lado de outro visionário e desenvolvimentista, Roberto Simonsen, criou as bases para o Senai, inspirado na experiência bem-sucedida do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional, instalado em São Paulo.

Na época, Euvaldo Lodi era Presidente da CNI, e Simonsen, da Federação das Indústrias de São Paulo. Ambos idealizaram, então, uma solução para o parque industrial brasileiro, baseados no bem-sucedido exemplo paulista. Afinal, naquele tempo e também hoje, não se pode pensar em desenvolvimento industrial sem educação e ensino profissionalizante.

Essa idéia que ali germinou espalhou-se pelo País e provou ser fundamental. Hoje, o Senai representa o maior complexo de educação profissional da América Latina. Os números falam por si só: são mais de dois milhões de trabalhadores brasileiros qualificados a cada ano. São 707 unidades operacionais distribuídas por todo o País, onde são oferecidos mais de 1.800 programas.

Apenas no Pará, o meu querido Estado, onde é grande a carência por educação profissionalizante e a demanda é enorme devido aos grandes projetos de mineração que estão instalados no Estado, são formados mais de 25 mil profissionais por ano. Até hoje, 397.430 profissionais possuem o certificado do Senai. E a instituição está aumentando e expandindo as ações. O Senai-Pará está aumentando o número de unidades, e, até o final de 2009, serão 17 unidades em 14 Municípios.

Vale ressaltar que a entidade também apóia empresas por meio da formação de recursos humanos e da prestação de serviços de assistência ao setor produtivo, através de laboratórios avançados, pesquisas aplicadas e informações tecnológicas.

No ano passado, por exemplo, a instituição foi contratada para formar profissionais que vão trabalhar na duplicação do canal do Panamá. É a indústria brasileira conquistando espaço e mostrando seu valor, com tecnologia e qualidade.

Outra entidade de fundamental importância e participação efetiva na vida do trabalhador é o Serviço Social da Indústria, o conhecido Sesi. Ele é o gestor das políticas de responsabilidade social do setor e promove a qualidade de vida. É o Sesi o responsável por oferecer programas que abrangem educação, promoção da saúde e segurança no trabalho e no meio ambiente, além da valorização de talentos nas áreas de esporte, lazer e cultura.

Na educação, o Sesi possui papel de extrema importância. São 829 escolas e 10.685 salas de aula distribuídas em todo o território nacional. Para ser exato, o Sesi está presente em 2.063 Municípios, dos quase 5.600 Municípios brasileiros.

O investimento do Sesi começa pela base, da educação infantil ao ensino fundamental. Para os adultos que, por conta das necessidades da vida, tiveram que abandonar os estudos, o Sesi dá uma nova chance de alfabetização e educação básica com modernas e eficientes práticas pedagógicas.

E as ações do Sesi englobam ainda a saúde, com atendimento médico e odontológico. A entidade também apóia grupos de produção artística, esportiva e de lazer social, sempre tendo como foco e meta promover a qualidade de vida aos colaboradores da indústria.

Afinal, hoje, a indústria brasileira é responsável por cerca de seis milhões de empregos, que garantem renda para 30 milhões de brasileiros, em vagas distribuídas por mais de 250 mil estabelecimentos em todo o País.

É um número muito significativo, principalmente quando se tem em mente que o cenário econômico aponta para um crescimento maior do setor de serviços e que o avanço tecnológico diminui a necessidade de mão-de-obra na produção de bens.

Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores industriais, ainda com relação a CNI, posso dizer que tive a satisfação de coordenar, vinculado a essa prestigiosa instituição, o movimento Ação Pró-Amazônia. É, na prática, a união entre as federações da Amazônia Legal, que pleiteiam juntas ações, verbas e que trabalham pelo desenvolvimento da região como um todo.

Certamente, a Ação Pró-Amazônia é um exemplo a ser seguido.

Fica aqui uma sugestão, Senador João Tenório, Senador Tasso Jereissati, que nos honra com sua presença à Mesa, que preside esta sessão solene e que também é orgulho para todos nós, como representante do Estado do Ceará e como industrial brasileiro, que V. Exª é. Com relação à Ação Pró-Amazônia, Senador Tasso, Senador João Tenório, Srªs e Srs. Senadores que representam o Nordeste, como tenho a honra de representar a Amazônia e o Estado do Pará no Senado Federal, quero deixar uma sugestão, para que possamos juntos reunir as bancadas dessas regiões, as bancadas da Amazônia, do Nordeste, do Centro-Oeste, das regiões ainda ditas periféricas em nosso País, para que, a exemplo do que ocorre com a Ação Pró-Amazônia na CNI, possamos também fazer aqui um bloco pela Amazônia, pelo Nordeste, pelo Centro-Oeste, um bloco pelas regiões ainda necessitadas de atendimento especial, de uma política de diminuição de desigualdades, algo que lamentavelmente não se consegue, ao longo de inúmeros Governos, implementar.

Que possamos fazer esse bloco independentemente de coloração partidária, de ideologia política, mas que defendamos o desenvolvimento das nossas regiões. Que possamos trabalhar unidos no Senado, na Câmara Federal, ou seja, no Congresso Nacional.

Quero, ao encerrar, deixar aqui o meu respeito e a minha homenagem a todos aqueles que fazem do seu dia-a-dia o setor industrial brasileiro, a que sou ligado, na área empresarial e representativa, pois tive a honra de presidir a Federação do Estado do Pará na década de 90 e participo da diretoria da CNI.

Sei do trabalho que é desenvolvido por todos os meus companheiros, que, como disse, de forma abnegada, dão o esforço seu de cada dia para que o Brasil avance e tenha, a cada tempo, uma condição melhor, econômica e social e para que melhor qualidade de vida tenham todos os brasileiros.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2008 - Página 16659