Discurso durante a 86ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia da Indústria Brasileira.

Autor
César Borges (PR - Partido Liberal/BA)
Nome completo: César Augusto Rabello Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Comemoração do Dia da Indústria Brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2008 - Página 16662
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, INDUSTRIA, DEFESA, REFORÇO, SETOR, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, MELHORIA, NIVEL, BRASIL, POLITICA INTERNACIONAL, MODERNIZAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, SAUDAÇÃO, PROCESSO, HISTORIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), COMENTARIO, DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL, NEGOCIAÇÃO, SEDE, ESTADO DA BAHIA (BA), FILIAL, INDUSTRIA AUTOMOTIVA.
  • DEFESA, PRIORIDADE, INDUSTRIALIZAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, COMBATE, DESIGUALDADE REGIONAL.

O SR. CÉSAR BORGES (Bloco/PR - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Prezado Senador Tião Viana; Exmº Deputado Armando Monteiro, Presidente da Confederação Nacional da Indústria; Exmº Sr. Ministro Guilherme Palmeira, ex-Senador que honrou esta Casa, quando aqui deu sua parcela de contribuição a este País, agora no Tribunal de Contas; Senador João Tenório, industrial importante do Nordeste brasileiro; Sr. Carlos Ermírio de Moraes; senhores presidentes de federações da indústria de diversos Estados; senhores industriais; todos aqueles admiradores do trabalho da indústria em nosso País, para mim é uma honra participar desta sessão especial, tão concorrida, em que estamos comemorando o Dia da Indústria, transcorrido no dia 25 de maio último, especialmente, porque, ao enaltecer o papel que teve a industrialização para o desenvolvimento do País, também é uma oportunidade para que possamos refletir sobre a necessidade de fortalecer e incentivar a nossa indústria, se queremos ter um futuro de prosperidade.

Vejam que o Brasil foi um dos três países do mundo que mais cresceram no século XX, superando várias nações européias, para alcançar o grupo das oito maiores economias do mundo. Perdemos, lamentavelmente, posição nos últimos vinte anos, graças a uma crise interminável da dívida e também ao choque do petróleo, mas o Brasil não deixou de ser uma Nação respeitada no concerto das nações.

Tanto assim que bastou voltarmos a crescer em níveis razoáveis e o País já é novamente cotado para participar do G8, esse grupo que reúne as nações mais industrializadas do mundo, como reiterou este mês, por exemplo, o candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, John McCain. E me parece que o John McCain está sendo sincero. A sua sinceridade é grande. Ele não tem necessidade de conquistar votos de brasileiros, mas reconhece a importância do País.

Lembremos também que foi a indústria que renovou e modernizou as relações sociais e trabalhistas do Brasil, superando as marcas arcaicas das relações escravistas e da hegemonia do latifúndio, que durante tanto tempo dificultaram o crescimento nacional.

Esse processo é muito bem descrito por Caio Prado Júnior, nosso historiador nacionalista que passou a estudar por onde caminhava aquele Brasil dos anos 20 e 30 do século passado. Foi naquele momento que ele enxergou um país que superava seu passado colonial, de produtor de commodities agrícolas para o exterior, transformando-se num País soberano, capaz de incluir as massas nacionais na democracia de consumo, criando um mercado interno até então inexistente.

Na leitura de Caio Prado Júnior, é a industrialização que desbrava as estruturas coloniais do nosso País, marcadamente àquela época agroexportador e importador industrial. É a industrialização que quebra as marcas antigas mas também se acomoda a outras, criando um desenvolvimento industrial à brasileira.

Mas foi a indústria e as relações que ela institui na sociedade, e ninguém pode negar isso, que deram ao Brasil, através da política de substituição de importações, que marcou boa parte do século passado, a chance de o Brasil se tornar um País menos injusto e menos desigual.

Minhas senhoras e meus senhores, as comemorações do Dia da Indústria deste ano, a meu ver, possuem um significado especial, pois marcam 200 anos da indústria no Brasil e os 70 anos de fundação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade representativa do setor, tão bem presidida pelo Deputado Armando Monteiro Neto.

Em 70 anos de história, a CNI sempre primou pela defesa dos interesses da indústria, que, diga-se de passagem, se confundem com os interesses nacionais. Sendo assim, a entidade trabalhou, e continua trabalhando, para viabilizar o aumento da produtividade industrial, a consolidação do parque industrial brasileiro, a diversificação dos produtos e a melhor inserção da indústria no mercado internacional.

A história da indústria no Brasil é uma história vitoriosa. Nesses 200 anos, o País implantou e consolidou o maior parque industrial da América Latina, cuja pujança foi responsável pela geração de R$630 bilhões em riquezas no ano passado, um crescimento de quase 5% em relação ao ano anterior.

Além das riquezas e dos empregos gerados, é preciso lembrar o incessante trabalho social da indústria brasileira, desenvolvido pela CNI por intermédio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). O Senai, fundado em 1942, atua na formação de mão-de-obra para a indústria. O Sesi, fundado em 1946, atua na promoção da qualidade de vida dos industriários e de seus dependentes.

Dentro do brilhante desenvolvimento industrial brasileiro durante o século XX - que, reiteramos, foi um dos três maiores do século passado - temos um capítulo especial reservado à indústria automobilística, que se inicia pelos braços do visionário e vitorioso Presidente Juscelino Kubitschek.

Ancorada na vendagem cada vez maior de veículos em nosso País, fruto do progresso econômico de nossa sociedade, e agora, mais recentemente, com o crédito que permite às classes menos abastadas terem acesso ao consumo de bens duráveis, a indústria automobilística não pára de crescer, gerando empregos e renda para uma importante parcela de brasileiros, bem como divisas oriundas das exportações crescentes. Refiro-me à indústria automobilística, inclusive, porque, para mim, é motivo de grande satisfação poder afirmar que parte dessa pujança da indústria automobilística beneficia o meu querido Estado, a Bahia, que, desde quando fui governador, e lá estive à frente do governo, temos a oportunidade de sediar a única empresa automobilística de todo o Norte e Nordeste do País; quebrando um paradigma de décadas: conseguimos levar a fábrica da Ford Motor Company do Brasil para a Bahia.

Foram negociações difíceis aquelas, mas que valeram a pena pelos reflexos positivos na economia do nosso Estado.

Hoje, essa unidade que está lá no Nordeste brasileiro, em Camaçari, já superou a marca de um milhão de veículos produzidos - oportunidade em que o Presidente Lula lá esteve comemorando o milionésimo veículo produzido - marca que foi alcançada em outubro do ano passado. A unidade da Ford de Camaçari possibilita a geração de 9 mil empregos diretos e 50 mil indiretos, trazendo renda e prosperidade, não só para o povo da Bahia, mas para todo o Nordeste, com reflexos positivos.

Hoje, a Bahia produz 10% dos veículos do País. Naquela época, foi uma aposta de risco do governo do Estado, do Governo Federal e da Ford, que estava decrescendo sua participação no mercado brasileiro, mas que viu no projeto a possibilidade de retomar uma participação cada vez maior neste mercado.

Recordo-me de que o mercado automobilístico - e por isso alta a sua aposta - tinha sua produção em decadência, produzindo menos de um milhão e meio de veículos, produção que, em 1997, chegou a quase dois milhões de veículos.

Felizmente - e temos que comemorar -, o País voltou a crescer, a indústria automobilística também, e, a partir dessa retomada do crescimento econômico, a indústria automotiva está batendo recordes atrás de recordes, superando aquela marca de produção que resistia desde 1997, chegando agora a aproximadamente três milhões de veículos.

Destaco esse fato porque a Ford foi um pontapé inicial na instalação do pólo automotivo na Bahia e um importante passo na vitoriosa trajetória da industrialização do Estado, iniciada com a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari na década de 70 - ou seja, esse centro industrial está completando 30 anos. Aqui está o Dr. José de Freitas Mascarenhas, que comandou esse processo no Estado. S. Sª, que é Presidente da Federação da Indústria do Estado da Bahia e, hoje, Vice-Presidente da CNI, conhece todo esse processo que será objeto de um discurso que farei nesta semana, quando reafirmarei que precisamos olhar com carinho para o Pólo Petroquímico de Camaçari, a fim de que ele continue trazendo benefícios importantes para toda região Nordeste.

Minhas senhoras e meus senhores, eu gostaria, neste momento, de realçar que o Nordeste do Brasil não abre mão de uma permanente industrialização. A industrialização do País é uma vitória, mas temos, necessariamente, de lutar - como aqui disseram alguns Senadores que me antecederam, a exemplo do Senador Flexa Ribeiro - contra essa concentração, ainda muito grande. Em apenas dez cidades brasileiras, concentra-se 25% do PIB industrial do País.

Eu, como nordestino, parabenizo todos os que fazem a indústria brasileira e reafirmo que estaremos atentos para que possamos cobrar incentivos, incentivos que não sejam taxados simplesmente de “guerra fiscal”, mas incentivos reais para desenvolver a região Nordeste brasileira; incentivos articulados pelo Governo Federal e os governos estaduais, que atendam aos empresários, para que possam investir na descentralização da indústria e levem empregos, renda e prosperidade a uma fatia cada vez maior de brasileiros e de brasileiras. Com certeza, nenhuma região brasileira merece ficar fora desse novo período de crescimento que nós queremos para o País.

Parabéns à indústria brasileira!

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2008 - Página 16662