Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários à entrevista do Delegado de Drogas e Entorpecentes de Vitória, Sr. Danilo Bahiense, concedida ao jornal A Tribuna.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Comentários à entrevista do Delegado de Drogas e Entorpecentes de Vitória, Sr. Danilo Bahiense, concedida ao jornal A Tribuna.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2008 - Página 16985
Assunto
Outros > DROGA. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A TRIBUNA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ENTREVISTA, DELEGADO, ENTORPECENTE, MUNICIPIO, VITORIA, CONFIRMAÇÃO, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, VICIO, JUVENTUDE, DROGA, PEDIDO, PAES, PRISÃO, MORTE, FILHO, IMPEDIMENTO, VIOLENCIA, DOMICILIO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, AUMENTO, PENA, TRAFICANTE, COLOCAÇÃO, EXERCITO, FRONTEIRA, IMPEDIMENTO, ENTRADA, DROGA, ARMA, BRASIL.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o grande poeta capixaba Newton Braga, irmão do cronista, escritor e jornalista falecido Rubem Braga, em um verso, disse o seguinte: “Minha alma é uma antena cravada no infinito, captando as aflições do mundo. E eu ainda hei de morrer por dores que não são minhas”.

            Na segunda-feira, no avião, vindo de Vitória, eu lia A Tribuna, um dos mais dinâmicos tablóides brasileiros, o jornal de maior circulação no Sudeste, tirando o Rio de Janeiro, e também um jornal ligado ao Grupo João Santos, em Pernambuco, onde se edita também A Tribuna. E aí li uma manchete que faz com que nós aqui, no Senado, o Poder Legislativo e o Ministério da Justiça comecemos a ter de pensar nos problemas que nossa juventude está enfrentando hoje.

            O jornal entrevista o delegado de entorpecentes em Vitória, e ele diz assim: “Pais pedem para a polícia matar seus filhos por causa das drogas”. Srªs e Srs. Senadores, fiquei chocado com isso. O jornal A Tribuna pergunta se é comum que os pais peçam a prisão dos próprios filhos, e o Delegado Danilo Bahiense - há a fotografia dele no jornal - responde:

É muito comum. Um dia desses esteve aqui na Divisão Patrimonial um policial aposentado, com cerca de 50 anos, que me disse: “Doutor, ou o senhor prende o meu filho ou eu mesmo vou matá-lo”.

O filho estava espancando a mãe e a irmã grávida (...).

(...) Uma mãe implorou para que eu desse um jeito de matar o filho dela. Não quero revelar o Município onde ela mora nem sua profissão, mas posso dizer que ela é daqui, da Grande Vitória.

            Essas pessoas já não têm mais como manter o filho em casa, tamanho é o prejuízo material (...).

            E aí dizem que eles vendem as pias, os fogões, as camas por causa das drogas. Agora, aparece, um pai, que é técnico em eletrônica, dizendo que a filha dele se casou com um viciado, que obriga a mulher dele a se prostituir para, com o dinheiro, comprar drogas. Veja até onde nossa juventude está se perdendo e quanto temos de meditar com o problema do tráfico de drogas.

            Ontem, os jornais diziam de situação idêntica no México: os policiais mexicanos estão fugindo para os Estados Unidos, pedindo asilo político, porque estão sendo assassinados e não podem mais enfrentar os cartéis.

            Enquanto isso não acontece, devemos pensar profundamente no que podemos fazer em favor dos jovens brasileiros. Temos de começar a colocar o Exército não nas ruas, não, mas, sim, nas fronteiras, para não entrar arma, não entrar droga aqui. Devem-se aumentar as penas para os traficantes, porque, daqui a pouquinho, não os conteremos mais; daqui a pouquinho, um Senador não terá coragem de vir aqui falar isso, porque vão matá-lo na rua, se não tomarmos as providências rápidas e urgentes para o que percebemos que está acontecendo.

            Sr. Presidente Alvaro Dias, nos últimos anos, votamos lei aqui para favorecer traficantes; votamos lei aqui para diminuir pena para traficantes; votamos lei aqui considerando que o usuário é inocente, e ele é o freguês. Abrimos a clientela para os traficantes. Eles, então, tiveram toda a freguesia do Brasil à disposição. Quem financia o banditismo, os crimes, os horrendos crimes é a classe média alta, que vai às favelas, nos pontos de droga, comprar essas drogas.

            Imagino a dor, o sofrimento de um pai que chega ao último grau, quando vai à delegacia e pede ao policial para matar o filho dele por que não suporta mais conviver com o filho viciado. Como deve doer o coração de um pai como esse! Como deve ser a aflição que sente um pai ao fazer isso!

            Diz o Delegado Bahiense, nesta entrevista ao jornal A Tribuna, que vão pedir para prenderem dez ou onze vezes por dia, para matarem três, quatro por mês. Os pais estão pedindo isso! E vemos, a cada dia, crimes mais horríveis, mais pesados e, depois, uma manchete dessa!

            Quero cumprimentar o jornal A Tribuna por ter dado esse choque, porque o Brasil precisa sentir, os legisladores precisam sentir o que se passa, para que comecemos uma cruzada nacional para salvar a juventude brasileira antes que seja tarde e antes que não tenhamos mais forças, meios e oportunidade de salvar nossos jovens, que estão sendo tiranizados pelos traficantes.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2008 - Página 16985