O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Inácio Arruda, vamos entender, e entendemos, que a democracia é uma das melhores conquistas da humanidade. Ela começou muito antes de Cristo, na Grécia, e foi se aperfeiçoando até que o grito “liberdade, igualdade e fraternidade” acabou com l’Etat, c’ést moi, poder único e absoluto, representado e simbolizado pelo poder de Luiz XIV, o Rei Sol.

            Aqui na nossa América do Sul - e V. Exª defende o Mercosul -, a exemplo da União Européia que enriquece os seus povos e progride, queremos dizer que o Brasil, sobretudo, tem de ter a responsabilidade do exemplo. Ao longo da História, tivemos duas grandes fugas dos princípios democráticos, uma civil, do grande estadista Getúlio Dornelles Vargas, e outra do período militar, recentemente, que nós conhecemos. Temos de dar o exemplo. Entendo eu - e entendo bem, por isso estou aqui no Senado da República presidindo - que, da mesma maneira que se tenta embebedar uma Nação para fugir da Constituição com novos mandatos que ela não prevê, da mesma maneira se tenta usurpar mandatos que vieram do povo. Então, o Brasil deve dar o seu exemplo de amor.

            Daí Ulysses Guimarães, sofrido. Deus não permitiu que ele fosse Presidente da República, como não permitiu também Rui Barbosa, para dizer que nem isso é tudo; vale mais o gesto de Ulysses Guimarães ter beijado, em 5 de outubro de 1988, a nossa Constituição, dizendo que desobedecer a ela é o mesmo que rasgar a bandeira.

            Isso eu já vi, e não deu certo.

            Então, que o Brasil dê esse exemplo de obediência à Constituição, e que a Bolívia se enquadre, com o espírito de Simón Bolívar, republicano - governo do povo, pelo povo e para o povo, como definiu Abraham Lincoln -, porque a Bolívia foi o país que mais foi infelicitado com o golpe de todos os países da América Latina.

            Assim, eu parabenizo V. Exª por ter advertido o nosso Governo a dar esse exemplo, as nossas relações exteriores, que são um dos pontos fortes do Governo do Presidente Luiz Inácio, a fim de que haja um entendimento no Congresso para que, com o exemplo do Brasil de obediência à Constituição, à democracia, à alternância de poder, a Bolívia pegue esses trilhos da democracia, de que ela tem descarrilado freqüentemente.