Discurso durante a 90ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da conclusão do Porto de Luís Correia, no Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Defesa da conclusão do Porto de Luís Correia, no Estado do Piauí.
Aparteantes
Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2008 - Página 17535
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), NUMERO, OBRA PUBLICA, AUSENCIA, CONCLUSÃO, ESTADOS, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • DEFESA, CONCLUSÃO, PORTO DE LUIS CORREA, ESTADO DO PIAUI (PI), CONFIRMAÇÃO, EXISTENCIA, RECURSOS, ORIGEM, EMENDA INDIVIDUAL, ORADOR, GARANTIA, RETOMADA, CONSTRUÇÃO, IMPORTANCIA, INCLUSÃO, TERMINAL, PETROLEO, ENTREPOSTO, PESCA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo Cavalcanti, que preside esta sessão de sexta-feira, 30 de maio, Parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, após a brilhante palavra do Piauí, por intermédio do Senador Heráclito Fortes, que tratou de um tema atual, universal, eu volto lá para a nossa província.

Senador Mozarildo, o Jornal do Senado, que é muito bom, coloca aqui: “Mão Santa defende eclusa para tornar o rio Parnaíba navegável”.

Elenquei, Senador Heráclito Fortes, apenas para facilitar para o nosso Presidente Luiz Inácio, dez obras federais inacabadas no Piauí - para não complicar, para facilitar, para acabar com esse “cacarejamento” de obras inacabadas. Citei só dez no Piauí. O Tribunal de Contas da União disse que há 500 obras inacabadas no País. No Piauí, temos umas trinta, mas citei dez: “Mão Santa pede conclusão de obras federais no Piauí”.

Hoje, quis Deus estar presente Heráclito Fortes, que vive o Piauí, é um político municipalista e conhece bem o porto de Luís Correia. O Heráclito tem grande densidade eleitoral na cidade de Luís Correia - tem em outras, mas lá, especificamente. Aliás, o prefeito chegou a ser assessor de Heráclito Fortes, não é Heráclito? O Toinho. E o pai dele é meu colega de turma de ginásio, foi presidente de grêmios estudantis e eu era o seu vice-presidente.

Luís Correia, o porto, atentai bem, Mozarildo. Ô Luiz Inácio: Epitácio Pessoa, repito, Epitácio Pessoa... Luiz Inácio, este País teve grandes Presidentes, extraordinários Presidentes. Epitácio Pessoa planejou e começou a fazer o Porto de Luís Correia. Senador Mozarildo, o Epitácio, eu não o conheci. O João Pessoa foi vice do Getúlio, assassinado, é lá da Paraíba. Mas Getúlio Vargas, você o conheceu? Conheceu só da história. Eu conheci pessoalmente Getúlio Vargas.

Em agosto de 1950 - Zezinho, você estava onde? -, o Brasil, que construíra o Maracanã, perdia a Copa para o Uruguai; com Gigia. Em 1950, o Fluminense, meu time, era campeão. O time era: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Edson, Bigode, Telê, Didi, Carlyle, Orlando e Quincas - e tinha o Veludo que era reserva do Castilho.

Em 1954, Getúlio Vargas retorna à política nos braços do povo.

Antes, porém, em agosto de 1950, na praça Nossa Senhora da Graça, na minha cidade, Parnaíba, às 10 horas, no coreto, Getúlio Vargas estava lá: baixinho, terno branco, cercado por Gregório Fortunato e a sua segurança. E eu o vi discursar. Eu tinha 12 anos.

Heráclito, você já havia nascido em 1954?

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI. Intervenção fora do microfone.) - Nasci em 1950.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, você já tinha quatro anos.

Então, nunca me esqueço. Dez horas da manhã. Candidato a presidente, de branco, Getúlio, com o seu chapéu, os Gregórios do lado, e ele disse: “Se eleito for, farei o Porto de Amarração”. Amarração era o povoado onde tudo começou. Quer dizer, desde Epitácio Pessoa, foi eleito o Getúlio e o porto não saiu.

Depois, tivemos um Ministro muito bom. O melhor Ministro do País. V. Exªs, Mozarildo e Heráclito, viram João Paulo dos Reis Velloso, o mais puro intelectual deste País; o melhor Ministro do Planejamento da história! No período revolucionário, foi a luz, o farol que trouxe todos os avanços - e foram muitos, mesmo cerceadas as liberdades democráticas! João Paulo dos Reis Velloso, pelo menos, deu ensinamentos aos aloprados: em vinte anos, nem uma indignidade, nem uma imoralidade, nem uma corrupção. E ele avançou.

Eu era Deputado Estadual, novinho. Heráclito Fortes tinha sido candidato a Deputado Federal. A gente não era do mesmo lado, mas sempre nos entendemos muito bem. Foi uma convenção e tanto! Quando vi, era esse Heráclito se embolando lá, não sei... Mas sei que o Governador era Lucídio Portella; Ministro, João Paulo dos Reis Velloso. E ele sonhava, Heráclito, e dizia que Parnaíba precisava de duas pernas: uma era a ponte para o Maranhão, a Ponte do Jandira, que deu certo; a outra era este Porto de Luís Correia. A perna está lá amputada, quebrada... E ele injetou recursos - você sabe como é.

Então, quero dar a minha observação para o Heráclito Fortes, que outro dia deu um ponto de vista correto e foi mal-entendido - e eu sou testemunha. Então, ele injetou recursos. Uma empresa construtora do Ceará, um engenheiro novo, não tinha, vamos dizer, know-how em porto - eu até agradeço, porque ele votou e mandou votar em mim. Você sabe como é campanha, não é? Aí, tacaram pedra no cais - pá, pá, pá! Era pedra mar adentro e tal, e na hora de inaugurar, com os recursos que João Paulo dos Reis Velloso tinha mandado, e todos nós animados, com o Deputado Federal José Alto de Abreu, que fez o Dia do Piauí, 19 de outubro, que fez o discurso aqui, como Parlamentar dizendo: “Que a morte é um naufrágio”. Mozarildo, ele dizia que, já que a morte é um naufrágio, ele o queria nos verdes mares bravios lá de Luís Correia; e, ainda assim, ele faria um esforço para voltar à tona e ver as luzes do Porto de Luís Correia. José Alto de Abreu morreu e não foi como ele sonhou.

Mas João Paulo dos Reis Velloso chegou a determinar a inauguração - eu era Deputado Estadual: 1979, 1980, 1981, 1982, por aí. Quando foram ver - atentai bem para a inexperiência do nosso País! -, onde deveria ter um calado de quatorze metros, Mozarildo, para os navios encostarem, só tinha seis metros e meio. Aí disseram que foi um assoreamento. “Que diabos é assoreamento!” Eu era Deputado e vi. O rio Parnaíba, que percorre seus 1.854km, vem trazendo areia, e o seu braço, Igaraçu, o enterrou - a areia enterra. Então, a decepção; o porto não pôde ser iniciado.

Depois, Deus me permitiu ser Governador do Estado. Aí podem perguntar: “Mas por que você não o terminou?” Não o terminei porque o Governador que nos antecedeu, que foi o engenheiro Alberto Silva, acho que com boa-fé, tinha privatizado o porto, entregando-o a uma empresa do Ceará, que tem estaleiro. Então, quando eu governei o Piauí, o porto não era meu. Sonhei, tinha um sonho. Cheguei a ver até quanto era. Com US$10 milhões, na época, o dólar era mais pesado, hoje ele caiu, seria possível construir um porto reduzido. E eu não podia, porque era privatizado. Mas, cheguei até a ver um empresário que toparia. Mas, Mozarildo, está uma vergonha, queriam um negócio de luvas. É um rolo doido, só tem pilantra nessa história, entendeu? E eu tinha dito para ele que eram US$10 milhões. Aí, ele disse: “Não, mas tem outras coisas” E eu perguntei: “Que outras coisas, moço?” E ele disse: “Para passar...”, entendeu como é, Mozarildo? Aí foi o tempo que me tiraram do Governo, e o povo me colocou aqui.

Mas, acreditando na importância do porto, Heráclito Fortes, não mais um grande porto como Epitácio Pessoa e Getúlio Vargas sonharam. Por quê? Porque eu sei que transporte marítimo é para longas distâncias e com cargas pesadas. Hoje, o Ceará tem porto, e o Maranhão tem um dos melhores portos do mundo, e tem um grande navio que faz a ligação com a Europa: de Roterdâ, na Holanda, a São Luís. É um grande cargueiro, e, quanto maior, o frete é mais barato. É como passagem de avião: quanto maior o avião, mais barato. Os pequenininhos são caros.

Então, Mozarildo Cavalcanti, nós poderíamos ter um porto menor, mas que existisse, porque ele já se tem US$90 milhões encravados lá. Com os US$10 milhões, nós o concluiríamos. Realmente, eu coloquei em todas as minhas emendas - porque, no início, eu sonhava com 30 milhões, mas o Governo cortou, e tem praticamente 18 milhões, aí, para se iniciar. Antes tive entendimentos com S. Exª, o Governador do Estado, e ele garantiu, com o apoio do Partido dos Trabalhadores, que ele iria reconquistar o porto. E eu coloquei todas as minhas emendas. Mas era Heráclito Fortes, por que eu fiz isto? Sei que ele não pode, e o Presidente José Sarney está certo. Ele fez o porto dele lá - um dos melhores do mundo, em São Luis, que fica perto. Se eu tivesse sido Presidente - o que seria uma boa para o País -, governaria melhor do que o Luiz Inácio e teria feito era o Porto de Luis Correa. O José Sarney fez o do Maranhão.

Mas isso já passou. Vamos transformar aquilo, vamos tirar lucro do prejuízo. Se já temos lá os US$90 milhões, vamos transformar em um porto médio, misto. Um porto que tenha, pelo menos, um terminal de petróleo. E é viável, sim, porque sou cirurgião, sei fazer as coisas. Como nós, está aí o Juscelino, que deu o exemplo.

Então, Paracuru, Heráclito. V. Exª conhece a praça? Vá lá com a Mariana. É uma beleza! É a 100km de Fortaleza. E a praça é assim: em frente à praia tem um negócio francês que a gente come. Como é? Quebra-se assim, com algo que parece uns alicates. Como é? Sim; escargot. É, o Mozarildo anda pela França. Lá tem criação. Olha, eu nunca tinha... A gente come assim, parece um alicate. Como é? Escargot. Tem um francês lá, meu amigo, a 100km. E eu com Adalgisa lá, na coisa, e toma escargot. E eu vi. O que é aquilo? É uma terminal de petróleo. Simples, numa cidadezinha como Paracuru, mais tímida do que a nossa Luís Correia, Heráclito. Então, eu, ali, perguntei o que era aquilo. E fui ver. Então o petróleo lá é extremamente barato.

Atentai bem, Heráclito, e por isso que exigi a presença de V. Exª. Então, de onde é o petróleo? E quis Deus estar aí Mozarildo! O petróleo do Brasil, do qual se extrai a gasolina, o óleo, o gás de cozinha, é o mais caro do mundo - frise-se: do mundo! Está aí o Mozarildo, que é vizinho de Chávez. Lá, olha, o que tem de brasileiro para encher o tanque está fora de conta, porque a gasolina na Venezuela do Chávez é dez vezes mais barata.

Quantas vezes? (Pausa.) Muito mais. Um tanque de carro.

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - Um litro custa 20 centavos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um litro custa 20 centavos. Então, o do Piauí, você imagine... Ele vem de Fortaleza, vai para Teresina, que é no meio, e vem para o nosso litoral. Ou vem de São Luís, vai para Teresina e para o litoral. Então, é o mais caro do Brasil, que é o mais caro do mundo. Esse pequeno porto, Heráclito, podia ter um terminal de petróleo, como tem Paracuru. Só isso já justificaria, um misto de pesca. Ali, Mozarildo, tem uma riqueza de pescado extraordinária, pelo Delta, porque, atentai bem, nós, que somos professores de Biologia, o rio Parnaíba, nos seus 1.854 quilômetros, arrasta vegetais das regiões ribeirinhas, e os mangues, que são vegetações com raízes aéreas, engancham os vegetais. É um meio de cultura para os pescados proliferarem lá. Então, podia ser também um entreposto de pesca.

Essas foram as razões que coloquei, todas, combinado com o Governador, que já começou a adquirir. Agora, a preocupação do Heráclito Fortes, muito correta e justa, de que se faça uma concorrência e que ganhe uma pessoa, uma empresa que tenha know how, para que não tenhamos o desprazer que viveu João Paulo dos Reis Velloso. Na hora de inaugurar, o porto estava assoreado.

Então, que não se entregue abruptamente aos batalhões de construção do Exército. Eu usei, quando Governador, o Exército, mas todos nós sabemos que o Exército hoje está meio sucateado, sofrido. Em tecnologia, eles não têm know how para construção de porto. Eu os utilizei para a construção de estradas e de açudes. Esta era a preocupação do Senador Heráclito Fortes: que se entregassem esses recursos que eu coloquei no Orçamento a uma empresa especializada. Isso seria fundamental para aquele sonho do Presidente Sarney, a ZPE, Zona de Processamento de Exportação, que lá está parada. Isso avançaria, consolidaria a ZPE sonhada pelo Presidente Sarney há mais de 20 anos, inspirada no desenvolvimento da China.

Isso seria também necessário e, sem dúvida nenhuma, recuperaria a estrada de ferro central do Piauí. Como diz o Padre Antônio Vieira, Senador Mozarildo, um bem nunca vem só. O porto forçaria o Governo a recuperar a estrada de ferro, seria até uma oportunidade para o Presidente Luiz Inácio manter a sua palavra, porque, nas campanhas passadas, ele levou Alberto Silva, Presidente do meu Partido. Ninguém é livre de ser enganado, qualquer um pode ser enganado. Disseram que, em 60 dias, estaria recuperada a estrada de ferro de Parnaíba e o Porto Luís Correia; em 60 dias. Em quatro meses, Parnaíba a Teresina. Não trocaram nem um dormente, que é aquele pau que segura o ferro. Ficou a mentira, a mentira e a mentira.

Hitler tinha um comunicador que dizia que uma mentira repetida se torna verdade. Esta é a estratégia deste Governo: cacareja mentiras, cacareja mentiras, mentiras e aí vai.

Então, nós pediríamos, e tanto é verdade que está aqui... Nós mandamos aqui ao Sr. Pedro Nascimento:

Cumprimentamos V. Exª e, por oportuno, informamos que consta emenda da Bancada do Estado do Piauí à OGU-2008 para esta Secretaria, número 71190015, funcional programática.26.784.1459.0022 - OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA NO PORTO DE LUÍS CORREA - PI [eu coloquei, mas cortaram do Orçamento. Então nós, eu e o Heráclito, juntos a defendemos], valor total de R$17.895.200,00.

Portanto, há recurso orçamentário, e eu coloquei todas as minhas emendas acreditando na conclusão do Porto de Luís Correia.

Diante disso, solicitamos os préstimos de V. Exª quando ao empenho e liberação total dos recursos da referida emenda para o Porto de Luís Correia.

Aproveitamos a ocasião para renovar-lhe nossos agradecimentos pela atenção com tem distinguido, sempre, a Bancada Federal do Estado do Piauí.

Atenciosamente, Deputado Mussa Demes.

Viu, Heráclito? Mussa Demes, que é o coordenador da Bancada, fez esse comunicado a S. Exª, o Sr. Pedro Brito do Nascimento. Então, tem recurso. Está aí, Luiz Inácio. Isso aqui deu uma oportunidade de salvaguardar a palavra de Vossa Excelência, o nosso Presidente. Porque, senão, ele vai ficar como mentiroso: disse que ia para os 60 dias e tudo. Quer dizer, eu coloquei o recurso, tive a palavra também do Governador, e o Mussa Demes, que é o grande coordenador de nossa marca, comunica que foi cortado um bocado de dinheiro, mas estão liberados, estão legalizados R$17,895 milhões para começar. E com certeza, está aqui a finalidade: “os partícipes resolvem celebrar o presente convênio com a finalidade de executar os serviços e obras de retomada da construção do Porto de Luís Correia, no Estado do Piauí.”

Estão vendo? Então, está aqui o dinheiro encaminhado, legalizado. Como a esperança é a última que morre,....

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou já lhe concede, pois V. Exª tem de participar. Quero endossar as preocupações de V. Exª sobre uma empresa, vamos dizer, que tenha know how, que tenha experiência, para que não haja o que houve no passado.

Está aqui também o meu pedido ao Mussa para agilizar:

Cumprimentando-o cordialmente, venho à presença de V. Exª solicitar a elaboração de ofício à Secretaria Especial de Portos, pleiteando a priorização do empenho de R$17.895.200 (dezessete milhões, oitocentos e noventa e cinco mil e duzentos reais) ...[...]... Obras de Infra-Estrutura no Porto de Luís Correia (PI), referente a minha Emenda de Bancada do Estado do Piauí ao Orçamento Geral da União de 2008.

Heráclito Fortes, vamos juntos ver o que nós podemos fazer pelo Porto.

Com a palavra, este grande representante do Piauí, Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Meu caro Senador Mão Santa, eu me congratulo com V. Exª pelo discurso que faz hoje. Escargot à parte...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas o da Dª Maria, quando você for a Fortaleza... são cem quilômetros. Eu gostei. Eu nunca tinha comido esse negócio francês.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Pelo visto, em Roraima tem muito. Porque o Senador Mozarildo não apenas se lembrou como também riu ali, como um grande saboreador dessa iguaria que a França nos ensinou a comer.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas eu comi mesmo foi em Paracuru. Aliás, agradeço a V. Exª, pois vou à Genebra, representando a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, no dia 5. Se tiver escargot lá, eu vou comer, porque gostei.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Mas, Senador Mão Santa, essa questão do Porto de Luís Correia é muito séria para que setores do Governo do Piauí a tratem com o desprezo e com o deboche que vem sendo tratada. Em meu primeiro pronunciamento - sou muito cauteloso no que digo -, tive o cuidado de dizer que de concreto a única coisa que havia era a emenda colocada por V. Exª. 

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aprendi com V. Exª aquela frase: o homem é escravo da palavra guardada e senhor da palavra guardada.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - É dono da palavra guardava e escravo da palavra guardada. Pois bem. O resto todo é penduricalho e carona.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E cacarejamento.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Cacarejamento. V. Exª disse muito bem. O Porto de Luís Correia é um assunto muito sério, é uma reivindicação e um sonho de todos nós piauienses. Não podemos permitir que se transforme em uma frustração, ou em uma outra frustração. Concordo que o Governador tem o direito de se entusiasmar com a possibilidade de seu governo dar continuidade a essa obra. Mas daí a dizer que vai concluí-la, que vai torná-la viável para atender não apenas ao Piauí, mas também ao Estado da Bahia, que vai inaugurá-la em 2009 e que vai fazer a obra integrada com a linha férrea Teresinha-Luís Correia vai uma distância muito grande. Vamos por partes. Durante esta semana, esta Casa toda assistiu à discussão sobre o Reporto. Hoje, o Porto de Luís Correia tem, juridicamente, uma situação indefinida. Eles insistem em que um decreto retomou o porto para a administração do Estado. Lembro aos doutos juristas que se envolvem no processo que o porto pertence à União, e que, para que a cessão à empresa privada fosse feita, foi preciso anuência do Governo Federal. O Governo Federal transferiu a cessão do Estado, a pedido do próprio Estado, para essa empresa cearense. Decreto, nem na ditadura, anulava contrato. Só há duas coisas que podem findar um contrato feito entre partes: decisão de Justiça ou acordo. Não é decreto, permitam-me as autoridades jurídicas do Estado do Piauí. E a arrogância e a prepotência fizeram com que, pelo menos até há dez dias, a empresa que administra teoricamente o porto não fosse chamada para fazer esse destrato. E esse destrato se faz necessário até para a tranqüilidade futura do Governador. Imagine que, amanhã, um sucessor dele ou a Enace resolva entrar na Justiça contra S. Exª. Os zelosos bajuladores do Governador não estão atentando para esse fato. O Governador poderá pagar na Justiça por um deslize dessa natureza, até porque a impressão que tenho é que, neste momento, a Enace não oferece nenhum obstáculo em devolver o porto. Só quer a segurança jurídica de que não será importunada no futuro. Não lhe cobraram a indenização pelas invasões de área, pelo não cumprimento de cláusulas contratuais. Se bem que, aí, a Enace alega que o Estado não cumpriu também com parte desse contrato. Como não conheço o contrato em detalhes, não posso falar sobre isso. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é o novo projeto. O Governador anunciou que estavam fazendo uma modificação no projeto. Qual era a empresa contratada para essa modificação? Afinal, é um projeto de delicadeza, pois é preciso examinar a técnica da engenharia de obras submersas. Não se pode colocar qualquer empresa nesse projeto. Segundo ponto: onde está a licitação, quando foi feita, quem ganhou, quem vai fazer e como fazer? Terceiro ponto: o assoreamento. O porto tem que ter um calado de oito a nove metros. Com sete dá para começar. Só que o tempo, o movimento das águas, os ventos, a areia... Foi o movimento da areia. Hoje, esse porto está entre uma média de dois a três metros, precisa de ser desassoreado. É o primeiro ponto para isso. Segundo, a primeira etapa que o Governador quer inaugurar vai servir para quê? Para combustível, como diz V. Exª? É mais rápido, é mais barato, é possível. E é uma solução perfeita porque vai baratear os custos de combustível no Piauí. Mas como é que a Bahia vai usar o combustível de Luís Correia, se tem porto mais próximo? E aí vem a guerra fiscal. Por outro lado, como é que vai inaugurar e construir, restabelecer a estrada de ferro, se, hoje, no antigo traçado, estão construídas casas com iluminação, com telefone, com esgoto? E desvio de estrada de ferro não é tão fácil assim. Portanto, quero, mais do que ninguém, ver esse porto concluído. Não acredito passar meus dias sem vê-lo, fazendo a realização de várias e várias gerações. V. Exª se lembra, por exemplo, do Dr. Mariotte...

           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mariotte Pires Rebelo.

           O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Mariotte Pires Rebelo. Piauiense ilustre, que dedicou uma vida grande para ver seu sonho realizado. Aliás, Senador Mão Santa, eu lhe sugiro que apresente um projeto nesta Casa dando o nome desse porto, no dia em que for feito, de Mariotte Pires Rebelo, porque é justo e merecido. Esse homem trabalhou muito, encontrou soluções, foi quem sensibilizou o Velloso a investir naquela obra. É preciso que o sentimento da gratidão continue entre todos nós, porque o que se vê, em alguns casos, é que a gratidão passa a ser a esperança de favor futuro. Estou dizendo isso porque V. Exª corre o risco de sequer ser chamado para qualquer ato ou qualquer solenidade de inauguração de etapa ou de início de obra desse porto, muito embora V. Exª o tenha viabilizado. Os R$17 milhões estão aí. O resto é lorota. Agora, o Sr. Pedro Brito, que tem ligações com o Piauí, vai a nossa terra, anuncia uma obra, dez dias depois vai à Europa e assina contrato de revitalização, construção e recuperação de vários portos. Anuncia na televisão. O Piauí não tem um tostão. Vemos, por exemplo, a questão da própria Ministra Dilma Rousseff. As informações que ela tinha, como mãe do PAC, eram todas desencontradas. Não culpo a Ministra, não. Culpo o Governo do Estado, que não leva a sério os projetos do Piauí. Na semana passada, eu não estava no Brasil, estava na África, cumprindo missão parlamentar, soube depois, o Bom Dia Brasil fez uma reportagem, mostrando o descaso e o caos da educação do Piauí por falta de planejamento e de administração: computadores guardados nas escolas, nos depósitos da Secretaria de Educação, e os alunos a mercê de oportunidade de ensino. Esse é o retrato do Estado. V. Exª fique tranqüilo, que a sua consciência lhe dá o direito do repouso justo todas as noites, porque cumpriu a sua parte. Mas V. Exª, pelo temperamento que tem, sei que vai cobrar a partir de agora, diariamente. E tome cuidado com o conselho que o amigo vai-lhe dar: não permita que esse dinheiro seja desviado a partir de setembro, quando se fazem os remanejamentos, para outras obras. Escute bem o que lhe estou dizendo hoje, porque estão cometendo um crime e traindo a confiança de um Senador da República que, embora não seja ligado politicamente ao Governo do Estado, deu uma demonstração soberana de que os interesses do Piauí estão acima. O desvio desse recurso para qualquer outro setor é uma traição não só para com V. Exª, mas também para com o Estado. É apenas um alerta. Esses fatos acontecem; no Piauí não seria a primeira vez. De forma que é uma leviandade, uma irresponsabilidade prometer ao povo do Piauí a inauguração dessa obra para 2009. Seria melhor que se propusesse um esforço conjunto, comum de todos nós, para a construção dessa obra. O mesmo está acontecendo agora com o pronto-socorro, 18 anos, 20 anos depois, quase, que comecei a obra...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Uma obra iniciada por V. Exª, quando era Prefeito de Teresina, e eu, de Parnaíba.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Fui surpreendido pelo PT, em propaganda política eleitoral, avocando para si essa obra, que não tenho sequer o direito de dizer que é minha. Mas tenho, sim, o direito de dizer que a comecei, que a idéia foi minha e que os outros ajudaram. Agora, aparece uma barriga de aluguel de lá, que agora está muito na moda, alguém que areava os seus copos quando V. Exª era Governador, agora é o Presidente do Partido dos Trabalhadores lá. O PT fez 60% do pronto-socorro. Se se gastaram 60% do pronto-socorro, vamos ficar de olho, porque alguém comeu alguma coisa, e não acredito que o Prefeito de Teresina permita isso. Não há a menor possibilidade. Falta humildade. Falta dividir os louros de conquistas que são coletivas e não são individuais. Portanto, Senador Mão Santa, no primeiro dia dessa discussão - V. Exª não estava nem aqui -, louvei a iniciativa sua. Podia, por questões pessoais ou políticas, não colocar o dinheiro onde colocou, mas fez isso. Sentimento de amor ao Piauí, principalmente à região de V. Exª - Parnaíba, Luís Correia e todo o litoral. A propósito, quero dizer que, com a sua devida autorização em conversas que tivemos semana passada, continuei a conversa com o Senador Tasso Jereissati, que é o Relator do projeto das ZPEs, em cujo projeto consta a criação da ZPE do litoral piauiense. Por questões lógicas e estratégicas, ela vai ficar situada no Município de Cajueiro da Praia, exatamente para fazer divisa com o Ceará e haver a possibilidade de, num ato só, atender a duas regiões. Mas sabe V. Exª que vai atender todo o litoral piauiense. Passo-lhe essa informação e o parabenizo por esse pronunciamento que faz. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos a participação do Senador Heráclito Fortes e achamos isto: que temos de unir todas as forças para realizar aquele sonho do Piauí. O próprio Deputado José Alves de Abreu, num discurso seu, disse: ”Se a morte é um naufrágio, quero que esse seja nas praias de Luís Correia, que faço um esforço de voltar à tona e ver as luzes do Porto”.

Quero mostrar um documento encaminhado ao nosso coordenador, o extraordinário Deputado Federal Mussa Demes. Mussa Demes, coordenador da Bancada Federal, manda a Pedro Brito do Nascimento a legalização de R$17.895.200,00 de emendas, todas minhas, que coloquei no Porto de Luís Correia. E o Ministro responde, dizendo que está fazendo um convênio, confiando nesses recursos.

Então, assim esperamos; a esperança é a última que morre. Naquele livro O Velho e o Mar, Ernest Hemingway disse que a maior estupidez é perder a esperança”. Vai adiante e diz: “O homem pode ser destruído, derrotado nunca”. Esperamos que os piauienses recebam esse apoio e essa obra do Presidente Luiz Inácio. O Piauí, que confiou nele, que votou nele. Até o Governador do Estado é do PT. E um bem nunca vem só, como diz Padre Antônio Vieira: virão as ZPEs e a estrada de ferro Central do Brasil.

Essas são as nossas preces a Deus e os nossos pedidos a Luiz Inácio.

Obrigado pela generosidade do tempo concedido, Senador Mozarildo Cavalcanti. Aliás, o Garibaldi termina o mandato, não pode reeleger-se, e V. Exª é um extraordinário Presidente.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa, quero saber do Senador Mozarildo, que entende de escargot, qual é o nome daquele passarinho, encontrado lá no Norte, que ocupa o ninho alheio?

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - São dois...

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Corrupião? Corrupião é um, mas há um outro.

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - São o japiim e o jacamim.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Vamos falar do corrupião, que temos no Nordeste. Serve o corrupião. Mão Santa, está cheio de corrupião se apropriando do ninho alheio, isso está! Vamos ter cuidado com os corrupiões. E pior: apropriam-se e viram as costas para o passarinho que, com tanto sacrifício, construiu aquele ninho. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Fui professor de Biologia, mas V. Exª é autoridade em Zoologia: sabe o nome do animal francês, escargot, e dos vegetais. Meus parabéns.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2008 - Página 17535