Pronunciamento de Romero Jucá em 02/06/2008
Discurso durante a 91ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Registro da formalização da criação da União das Nações Sul-Americanas, a UNASUL.
- Autor
- Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA EXTERNA.:
- Registro da formalização da criação da União das Nações Sul-Americanas, a UNASUL.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/06/2008 - Página 18819
- Assunto
- Outros > POLITICA EXTERNA.
- Indexação
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- REGISTRO, FORMALIZAÇÃO, CRIAÇÃO, ORGANISMO INTERNACIONAL, PARTICIPAÇÃO, PAIS, AMERICA DO SUL, COMPROMISSO, BUSCA, INTEGRAÇÃO, NATUREZA POLITICA, NATUREZA ECONOMICA, NATUREZA SOCIAL, NATUREZA CULTURAL, MEIO AMBIENTE, INFRAESTRUTURA, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, AUMENTO, REPRESENTAÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, VIABILIDADE, DEBATE, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
- ELOGIO, ATUAÇÃO, DIPLOMACIA, BRASIL, EXPECTATIVA, BENEFICIO, RESULTADO, CRIAÇÃO, GRUPO.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, no último dia 23 de maio, aqui em Brasília, Chefes de Estado da América do Sul formalizaram a criação da União de Nações Sul-Americanas, a Unasul. Notícia auspiciosa, pois a decisão se enquadra perfeitamente bem no cenário mundial contemporâneo. Em um mundo cada vez mais globalizado, com o extraordinário avanço do sistema produtivo, embalado por incessantes inovações tecnológicas e em face de mercados abertos profundamente competitivos, a aproximação de países de uma mesma região, cujas afinidades são bem maiores que eventuais diferenças, torna-se imperiosa e inadiável.
Unasul surge como bloco comprometido com a integração política, econômica, social, cultural, ambiental e de infra-estrutura de nosso sub-Continente. Com ele, pretende-se, pois, reduzir as assimetrias socioeconômicas e fortalecer a democracia e a soberania em todos os países que o integram.
Gesto de maturidade política, o Tratado Constitutivo da Unasul foi assinado pelos governos do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Sintonizados com as exigências do tempo presente, os signatários do documento concordam que “a integração e a união sul-americanas são necessárias para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar de nossos povos, assim como para contribuir para resolver os problemas que ainda afetam a região, como a pobreza, a exclusão e a desigualdade social persistentes”.
Creio, Sr. Presidente, tratar-se também de mais uma vitória da diplomacia brasileira, comprovada, inclusive, com a escolha de Brasília para selar a fundação da Unasul. Uma vez mais, reitera-se a importância conferida pelo Governo brasileiro às relações com os vizinhos sul-americanos, sem que isso signifique dar as costas ao resto do mundo. Enganam-se os que pensam ser a América Latina carta fora do baralho da política internacional contemporânea. Sua densidade populacional, a crescente capacidade de produzir e a disponibilidade de recursos fundamentais para a economia mundial são a garantia de que os espaços de sua participação no cenário global existem e devem ser ampliados. Unidos, como pretende a Unasul, os países da região terão mais força e presença nos foros mundiais.
Não passa pela cabeça de ninguém que um bloco como a Unasul surja para eliminar todas as diferenças entre seus componentes, muito menos para assegurar que, em tudo e por tudo, ajam sempre na mesma direção. Ora, nem a União Européia, a mais exitosa experiência de integração que se conhece, teve a veleidade de supor ser possível algo assim. Claro que existem percepções distintas acerca de determinados temas, como, por exemplo, o relativo à criação do Conselho Sul-Americano de Defesa. Eles terão de amadurecer, certamente, e a Unasul apresenta-se como local privilegiado para o debate franco e aberto em relação a esse e a outros temas.
A Unasul não será mera academia de debates. A agilidade com que montou sua estrutura é, ao contrário do que possam pensar analistas mais apressados, a comprovação de que veio para ficar e não pode se dar ao luxo de demora injustificável para seu pleno funcionamento. Claro que os Parlamentos serão chamados a opinar sempre, até porque o pressuposto do nascente bloco é justamente a defesa da democracia na região.
Feito o registro, Sr. Presidente, resta-me torcer para o êxito da Unasul. O Brasil e seus vizinhos, cada vez mais unidos pela parceria que os dias de hoje requerem, estão demonstrando maturidade e o desejo de se inserirem na ordem mundial de maneira afirmativa, sem qualquer laivo de subalternidade. Isso não é pouco!
Muito obrigado!